quarta-feira, 29 de outubro de 2008

“Chegou a hora da política”


Palavras do Presidente Lula, em Salvador Ba. Afirma que chegou a hora de por fim ao jogo especulativo das corporações e pessoas que fazem dinheiro, "comprando e vendendo papéis", sem nenhuma preocupação com os setores produtivos da sociedade, e com os rumos que ditavam à economia, numa supervalorização artificial desses "papéis", sobre a qual lastreavam todo o sistema econômico.

O Presidente foi enfático, "O que estou defendendo... é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro...", tirando-o do atoleiro em que está, devido ao jogo especulativo dos agentes financeiros.

Ressaltou que o Estado não é responsável pelos prejuízos sofridos por empresas que fizeram apostas irresponsáveis e gananciosas em derivativos, "quem foi para a jogatina perdeu". Numa clara manifestação de que, ao contrário do que pregam governos de direita e a grande mídia corporativa, o Estado não deve e não vai investir dinheiro público em socorro a apostadores irresponsáveis.

Leia aqui o texto, apresentado pela Agência Carta Maior, comentando a declaração do Presidente Lula e do primeiro-ministro de Portugal, José Socrates.

O que fazer?


Essa pergunta ficou muito famosa, ao ser título de um livro de Lênin, no qual expos suas noções de um Partido Político de massas, de trabalhadores organizados que sob um a estrutura disciplinada e hierárquica, deveriam destruir o antigo Estado e estabelecer um novo, Um Estado de e para o proletariado.

Os tempos são outros, a Revolução, e o regime capenga que se instalou após, foram derrotadas, os ideais liberais ganharam força e terminaram por implantar um internacionalismo diferente daquele pregado pelos comunistas: O internacionalismo do capital.

O Estado foi desmontado, vendido ou simplesmente entregue a grupos privados, acentuaram-se a expeculação financeira e o volume de operações financeiras, sem o lastro de riquezas reais, sendo simplesmente papéis, avalizados por mais papéis.

A expansão desmedida do crédito sem garantias reais, implodiu na mais séria crise econômica mundial dos últimos tempos, analisada por alguns como a crise definitiva, o colapso do sistema econômico mundial.

Mais uma vez a pergunta surge com muita força: O que fazer? Paul Singer, economista e Secretário Nacional de Economia Solidária, responde em texto publicado pela Agência Carta Maior.
PAUL SINGER

A relação entre as finanças e a economia da produção e do consumo

Para superar a crise financeira e impedir que ela lance a economia real em recessão, é essencial que o crédito seja restaurado, o que possivelmente exigirá uma intervenção efetiva do poder público nos bancos. Se os governos não fizerem isso, é provável que o dinheiro público injetado nos bancos seja entesourado, porque é o que todos os agentes privados fazem enquanto o pânico perdura.

Texto na íntegra aqui.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Polícia civil convoca greve no dia 04 de novembro.


A greve dos bancários acabou na semana passada, agora é a vez da Polícia Civil. A exemplo do governo tucano paulista, o governo tucano guasca não oferece proposta de reajuste de seus servidores.

O site da Ugeirm, critica a dispartdade entre o auto reajuste de 143% nos vencimentos da governadora, frente aos 0% oferecidos à categoria.

Fica a expectativa de novas ações violentas por parte da tropa do coronel Mendes a mais um grupo de manifestantes, como ocorreu com os Bancários, professores, com a Marcha dos Sem e com todo e qualquer movimento social, bem como à pessoas que portem bandeiras (como ficou evidente na capital no pleito de ontem), marca da "política de segurança pública" de governos tucanos.

Abaixo o manifeto do sindicato:

"O calendário de mobilização definido pela categoria ainda no mês de julho na cidade de Santa Maria está mantido. O caminho tomado pela categoria se mostrou o mais correto e a proposta de orçamento enviada pela governadora Yeda demonstra isso. Yeda propõe 0% de aumento para o ano que vem. A Ugeirm conjuntamente com outras entidades da segurança pública, inclusive da Brigada Militar, ofereceu proposta de emenda, mas segundo manifestação da própria governadora em cerimônia ocorrida ontem, dia 15 no palácio Piratini, as emendas não serão aceitas.

A Ugeirm convida aos delegados de polícia a estarem juntos dos agentes nesta paralisação. A luta pela dignidade da polícia também é tarefa dos delegados.Se a governadora não reconhece a segurança como prioridade, vamos ter que buscar isso com nossas próprias forças, dialogando com a sociedade gaúcha pra denunciar o descaso de Yeda com o serviço de proteção aos gaúchos. A atividade será das 08:30h do dia 04, até as 18hs do dia 06 de novembro."

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Diário Gauche: As microondas estão danificando o cérebro de Míriam Leitão




As microondas estão danificando o cérebro de Míriam Leitão

Texto extraído do Blog Diário Gauche, no qual Cristóvão Feil, expõe mais uma articulação anti-estado da grande mídia corporativa. É impresionante a forma como esses "jornalistas" se entregam a papéis tão ridículos, posicionando-se como capachos dos interesses de seus patrões, que por sua vez são "alimentados" pelos grupos interessados na desregulamentação dos setores econômicos, da total entrega do patrimônio público a cofres privados, da especulação desenfreada, que em momentos de crise, tem seus danos reduzidos por imensas injeções de fundos públicos.
Abaixo o texto de Feil:

Jornalista de mercado diz que “o governo está cedendo à sua compulsão estatizante de sempre”

Está muito hilária a coluna de Míriam Leitão (foto), de ontem. Ela diz que “o governo deu um tiro no pé hoje com a Medida Provisória que permite aos bancos públicos comprarem bancos”. Bom, se Leitão diz que foi "tiro no pé", desde já fico sereno. A jornalista, das Organizações Globo e “de mercado”, é porta-voz privilegiada do que há de mais financista e predatório no Brasil. Tudo que ela diz e escreve deve ser lido com o sinal trocado.

Mais adiante, Leitão afirma que essa “compulsão estatizante de sempre” do governo Lula resultou no aumento do risco Brasil que foi a 650 pontos, os juros futuros explodiram e a Bovespa teve circuit breaker. E segue o “terrorismo” de Leitão: “rumores circularam de que existem fundos e bancos com problemas”. Esse alerta, certamente é um “furo” na concorrência. Notável.

Vejam a desonestidade intelectual (e moral) desta senhora: ela corta o fio condutor dos fatos, isolando-os da realidade internacional, e daí para a frente passa a examinar a conjuntura solteira e singular, a partir do evento que denomina “compulsão estatizante de sempre”. Imaginem, 650 pontos no risco Brasil. Imaginem, explosão de juros. Imaginem, circuit breaker. Imaginem, (e agora conta um segredo de polichinelo) “rumores circularam de que existem fundos e bancos com problemas”.

Leitão nacionalizou, abrasileirou, lulalizou a crise estrutural do capitalismo, edição 2008.

A hecatombe financeira internacional não conta? Quem produziu a crise e seus efeitos foi o governo Lula, com a sua “compulsão estatizante de sempre”? Aliás, que “compulsão” é essa, Leitão? Lula nunca estatizou um banco de jardim, que fosse. Ao contrário, dá provas continuadas de que não se mete em política bancária, tendo emitido carta branquíssima ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para fazer o que bem entendesse, inclusive manter os juros básicos mais elevados do mundo, mesmo depois da eclosão da crise e mesmo face à tendência internacional dos BC’s de diminuirem juros para aumentar a liquidez e o consumo. Sem falar no estímulo do BC à especulação perigosissíma com moedas futuras, que está quebrando mais de 200 empresas, inclusive a Sadia e as papeleiras guascas. É o reconhecimento desta irresponsabilidade mesmo que está na raiz do motivo da Medida Provisória que permite ao BB e CEF comprarem bancos privados. Lula deu uma de Gordon Brown (dizem que aí tem o dedo de Rousseff): se o mercado não é responsável por seus atos, o Estado o será.

Leitão, finalmente, tem que parar de acreditar nestas agências de classificação, as mesmas que apontam 650 pontos no chamado risco Brasil. Se essas agências fossem idôneas e confiáveis teriam antecipado a tempo o “risco capitalismo mundial”. Mas agora estão completamente desmoralizadas, e levam de roldão para a rua da amargura e do opróbrio as jornalistas “de mercado”.

Leitão, que passa o dia no celular recebendo pitacos furados de operadores temerários e investidores suspeitos, deve cuidar com a exposição prolongada às microondas do telefone móvel. Houve caso em que o usuário de risco – como ela – teve o cérebro cozinhado pelo celular.

Coisas da vida.

Forte greve dos bancários dobra banqueiros.

A greve acabou.

Nas assembléias realizadas hoje em todo o país, os bancários aprovaram aproposta feita pela Fenaban na madrugada passada, e em sua maioria, decidiram acabar com a greve, que em alguns estados foi deflagrada já no dia 30 de setembro.


Os demais estados entraram em greve no dia 8 de outubro, após advertência dos bancários, em paralização de 24 horas, os banqueiros não cederam e a greve por prazo indeterminado foi deflagrada em todo o país.


A mídia não mostrou quase nada do que aconteceu. Várias cidades sem serviços bancários, nas capitais os piquetes mobilizaram milhares de trabalhadores, Helicópteros foram usados na madrugada para desviar dos piquetes e levar trabalhadores sob assédio ao trabalho, em São Paulo, no Paraná e em outros estados. Mas estranhamente pouca gente soube disso. Será que é coincidência o fato de o "Jornal Nacional" ser patrocinado por bancos?


O judiciário foi outro empecilho ao movimento, sendo favorável aos famigerados Interditos Proibitórios, que impedem o direito constitucional de organização e greve. Contra tudo isso e a intransigência dos banqueiros, que postergavam as negociações dia após dia, na tentativa de acabar com o movimento por via judicial, os trabalhadores foram vitoriosos.


A proposta não contempla as reivindicações dos trabalhadores, mas não ficou apenas na reposição da inflação como foi oferecido. Várias cláusulas continuam sendo discutidas em mesas temáticas entre os trabalhadores e os patrões, podendo resultar em mais avanços.


Não há outra forma de manter e conquistar direitos, senão pela organização dos trabalhadores, essa greve que só apareceu na grande mídia quando trabalhadores em manifestação foram covardemente espancados pela Tropa de Choque da Brigada Militar em Porto Alegre, mas que foi um inegável avanço na luta dos trabalhadores por melhores condiçoes de vida.


Parabéns a todos os bancários pela vitória.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

COMO O PARTIDO DOS RICOS VENCE ELEIÇÃO DIZENDO DEFENDER OS POBRES

Texto extraído do blog Vi o Mundo , de Luís Carlos Azenha, no qual expõe algumas formas de manipulação eleitoral, comuns em nosso processo eleitoral e no de "outros países subdesenvolvidos".


Quem é leitor deste site há muito tempo sabe que um dos assuntos de meu interesse é o crescente uso da mídia corporativa tanto em campanhas políticas quanto em guerras comerciais. Às vezes as duas coisas se combinam.
Desde que George W. Bush se elegeu em 2000, graças a uma fraude eleitoral e à supressão de votos na Flórida, me interesso especialmente pelo uso da informação em campanhas eleitorais. Li sobre a fraude na mais recente campanha presidencial do México e sobre a campanha internacional que tem o objetivo de apear Hugo Chávez do poder, que usou todo tipo de artifício para tentar derrotar o venezuelano, inclusive naquele referendo em que Chávez foi confirmado no cargo, em 2004.
Sempre que existe uma forte polarização política, como a que vivemos atualmente no Brasil, aumenta a possibilidade de golpes de toda ordem. É preciso ficar de olho não só no uso do noticiário como no das pesquisas e na possibilidade de fraude eletrônica. Como repórter, testemunhei "por dentro" o comportamento de uma emissora de televisão na campanha presidencial de 2006. Houve uso do noticiário para dar ênfase a determinados assuntos e esconder outros e o engajamento até mesmo de programas de entretenimento na "venda" de uma candidatura.
As técnicas de marketing político precisam ser reveladas e estudadas. E nada melhor do que estudar o que acontece nos Estados Unidos para entender o que pode vir a acontecer no Brasil. Os marqueteiros americanos, afinal, já vieram vender suas próprias bruxarias a candidatos brasileiros. James Carville, que ajudou Bill Clinton a se eleger, assessorou Fernando Henrique Cardoso.
Tomem como exemplo a transmutação de Gilberto Kassab em "administrador eficiente", quase apolítico, apoiado (pelo menos no horário eleitoral) por gente simples da periferia.
É com esse espírito que traduzo o seguinte artigo, publicado pelo New York Times com o título de "Os verdadeiros encanadores" e assinado por Paul Krugman:
Quarenta anos atrás Richard Nixon fez uma descoberta de marketing. Ao explorar as divisões dos Estados Unidos -- sobre o Vietnã, sobre mudanças culturais e, sobretudo, sobre divisões raciais -- ele foi capaz de reinventar a marca republicana. O partido dos plutocratas foi reempacotado como o partido da "maioria silenciosa", do homem comum -- dos brancos, nem é preciso dizer -- que não gostavam das mudanças sociais que estavam acontecendo.
Era uma fórmula ganhadora. E a grande coisa é que a nova embalagem não exigiu mudanças no conteúdo do pacote -- na verdade, o Partido Republicano conseguiu vencer eleições ainda que suas políticas tenham se tornado mais pró-plutocratas e favorecendo cada vez menos os trabalhadores americanos.
A estratégia final de John McCain, na reta decisiva, é baseada na crença de que a velha fórmula ainda funciona.
E assim vemos Sarah Palin expressando seu prazer em visitar as partes "pró-americanas" do país -- sim, somos todos traidores aqui na área central de Nova Jersey. Enquanto isso temos John McCain fazendo de Samuel J. Wurzelbacher, o João encanador -- que confrontou Barack Obama durante a campanha, alegando que o candidato democrata iria aumentar os impostos dele -- a peça central de seu ataque contra as propostas econômicas de Obama.E quando ficou claro que havia alguns problemas com o novo ícone da direita, como o fato de que não tem licença de encanador ou a comparação que Joe fez de Obama com Sammy Davis Jr., os conservadores se fizeram de vítimas: viram só como essas elites odeiam o homem comum?Mas o que está acontecendo de verdade com os encanadores de Ohio e com os americanos em geral?Em primeiro lugar, não estão ganhando um monte de dinheiro. Talvez você se lembre que em um dos debates entre candidatos democratas o Charles Gibson, da rede ABC, sugeriu que o salário da classe média era de 200 mil dólares por ano. Mas diga isso a um encanador de Ohio: de acordo com estatística de maio de 2007 do Bureau de Trabalho, a renda média anual de "encanadores" em Ohio foi de 47.930 dólares.Segundo, a renda real dos encanadores estagnou ou caiu, mesmo nos anos supostamente bons. O governo Bush nos garantiu que a economia estava bombando em 2007 -- mas a renda do encanador de Ohio em 2007 foi apenas 15,5% maior que em 2000, não suficiente para cobrir o aumento de 17,7% nos preços do Meio Oeste. E assim como a renda dos encanadores de Ohio caiu, a dos americanos em geral também: a renda média por domicílio, ajustada para considerar a inflação, era menor em 2007 do que em 2000.
Terceiro, encanadores de Ohio têm dificuldades para conseguir seguro de saúde, especialmente se eles trabalharem para firmas pequenas. De acordo com a Fundação Kaiser Family, em 2007 apenas 45% das companhias com menos de 10 empregados ofereceram benefícios de saúde, menos que os 57% de 2000.E considerem que esses dados são de 2007 -- um dos melhores. Agora que o "boom do Bush" acabou, podemos ver que obteve um feito: pela primeira vez uma expansão econômica não conseguiu elevar a renda da maioria dos americanos acima do pico anterior.Desde então, naturalmente, as coisas foram ladeira abaixo, com milhões de americanos perdendo seus empregos e suas casas. E todos os dados sugerem que as coisas vão ficar muito piores nos próximos anos.
O que isso diz sobre os candidatos? Quem realmente defende os encanadores de Ohio?McCain diz que a política de Obama levaria a um desastre econômico. Mas as políticas do presidente Bush já levaram a um desastre -- e ainda que ele diga que não as políticas de McCain seriam essencialmente a continuidade das de Bush, além do fato de que ele tem as mesmas posições de Bush contra o governo e contra a regulamentação do mercado.
E quanto à acusação de João, o encanador, de que os americanos comuns teriam impostos mais altos em um governo de Obama? O fato é que Obama propõe aumentar impostos apenas para as duas faixas de renda mais altas -- com renda superior a 184.400 dólares por ano, já com deducões.Talvez haja alguns encanadores em algum lugar que ganhem tanto e que perderiam com a modesta taxação de Obama sobre dividendos e ganhos de capital -- os Estados Unidos são um grande país e é possível que haja um encanador de alta renda que tenha ações na bolsa. Mas o encanador típico pagará menos, não mais, impostos em um governo de Obama, e teria muito mais chance de conseguir seguro de saúde [Obama tem um plano nacional nesse sentido].Não pretendo dizer que todos ficariam melhor com o plano econômico de Obama. João, o encanador, com certeza sim; mas Richie, o gerente de um fundo de ações, vai perder.
Mas esse é exatamente o ponto. O Partido Republicano pode ser qualquer coisa hoje em dia, mas não é o partido dos trabalhadores americanos.Atualizado em 21 de outubro de 2008 às 16:27 Publicado em 21 de outubro de 2008 às 16:08
Quem é leitor deste site há muito tempo sabe que um dos assuntos de meu interesse é o crescente uso da mídia corporativa tanto em campanhas políticas quanto em guerras comerciais. Às vezes as duas coisas se combinam.
Desde que George W. Bush se elegeu em 2000, graças a uma fraude eleitoral e à supressão de votos na Flórida, me interesso especialmente pelo uso da informação em campanhas eleitorais. Li sobre a fraude na mais recente campanha presidencial do México e sobre a campanha internacional que tem o objetivo de apear Hugo Chávez do poder, que usou todo tipo de artifício para tentar derrotar o venezuelano, inclusive naquele referendo em que Chávez foi confirmado no cargo, em 2004.
Sempre que existe uma forte polarização política, como a que vivemos atualmente no Brasil, aumenta a possibilidade de golpes de toda ordem. É preciso ficar de olho não só no uso do noticiário como no das pesquisas e na possibilidade de fraude eletrônica. Como repórter, testemunhei "por dentro" o comportamento de uma emissora de televisão na campanha presidencial de 2006. Houve uso do noticiário para dar ênfase a determinados assuntos e esconder outros e o engajamento até mesmo de programas de entretenimento na "venda" de uma candidatura.
As técnicas de marketing político precisam ser reveladas e estudadas. E nada melhor do que estudar o que acontece nos Estados Unidos para entender o que pode vir a acontecer no Brasil. Os marqueteiros americanos, afinal, já vieram vender suas próprias bruxarias a candidatos brasileiros. James Carville, que ajudou Bill Clinton a se eleger, assessorou Fernando Henrique Cardoso.
Tomem como exemplo a transmutação de Gilberto Kassab em "administrador eficiente", quase apolítico, apoiado (pelo menos no horário eleitoral) por gente simples da periferia.
É com esse espírito que traduzo o seguinte artigo, publicado pelo New York Times com o título de "Os verdadeiros encanadores" e assinado por Paul Krugman:
Quarenta anos atrás Richard Nixon fez uma descoberta de marketing. Ao explorar as divisões dos Estados Unidos -- sobre o Vietnã, sobre mudanças culturais e, sobretudo, sobre divisões raciais -- ele foi capaz de reinventar a marca republicana. O partido dos plutocratas foi reempacotado como o partido da "maioria silenciosa", do homem comum -- dos brancos, nem é preciso dizer -- que não gostavam das mudanças sociais que estavam acontecendo.
Era uma fórmula ganhadora. E a grande coisa é que a nova embalagem não exigiu mudanças no conteúdo do pacote -- na verdade, o Partido Republicano conseguiu vencer eleições ainda que suas políticas tenham se tornado mais pró-plutocratas e favorecendo cada vez menos os trabalhadores americanos.
A estratégia final de John McCain, na reta decisiva, é baseada na crença de que a velha fórmula ainda funciona.
E assim vemos Sarah Palin expressando seu prazer em visitar as partes "pró-americanas" do país -- sim, somos todos traidores aqui na área central de Nova Jersey. Enquanto isso temos John McCain fazendo de Samuel J. Wurzelbacher, o João encanador -- que confrontou Barack Obama durante a campanha, alegando que o candidato democrata iria aumentar os impostos dele -- a peça central de seu ataque contra as propostas econômicas de Obama.E quando ficou claro que havia alguns problemas com o novo ícone da direita, como o fato de que não tem licença de encanador ou a comparação que Joe fez de Obama com Sammy Davis Jr., os conservadores se fizeram de vítimas: viram só como essas elites odeiam o homem comum?Mas o que está acontecendo de verdade com os encanadores de Ohio e com os americanos em geral?Em primeiro lugar, não estão ganhando um monte de dinheiro. Talvez você se lembre que em um dos debates entre candidatos democratas o Charles Gibson, da rede ABC, sugeriu que o salário da classe média era de 200 mil dólares por ano. Mas diga isso a um encanador de Ohio: de acordo com estatística de maio de 2007 do Bureau de Trabalho, a renda média anual de "encanadores" em Ohio foi de 47.930 dólares.Segundo, a renda real dos encanadores estagnou ou caiu, mesmo nos anos supostamente bons. O governo Bush nos garantiu que a economia estava bombando em 2007 -- mas a renda do encanador de Ohio em 2007 foi apenas 15,5% maior que em 2000, não suficiente para cobrir o aumento de 17,7% nos preços do Meio Oeste. E assim como a renda dos encanadores de Ohio caiu, a dos americanos em geral também: a renda média por domicílio, ajustada para considerar a inflação, era menor em 2007 do que em 2000.
Terceiro, encanadores de Ohio têm dificuldades para conseguir seguro de saúde, especialmente se eles trabalharem para firmas pequenas. De acordo com a Fundação Kaiser Family, em 2007 apenas 45% das companhias com menos de 10 empregados ofereceram benefícios de saúde, menos que os 57% de 2000.E considerem que esses dados são de 2007 -- um dos melhores. Agora que o "boom do Bush" acabou, podemos ver que obteve um feito: pela primeira vez uma expansão econômica não conseguiu elevar a renda da maioria dos americanos acima do pico anterior.Desde então, naturalmente, as coisas foram ladeira abaixo, com milhões de americanos perdendo seus empregos e suas casas. E todos os dados sugerem que as coisas vão ficar muito piores nos próximos anos.
O que isso diz sobre os candidatos? Quem realmente defende os encanadores de Ohio?McCain diz que a política de Obama levaria a um desastre econômico. Mas as políticas do presidente Bush já levaram a um desastre -- e ainda que ele diga que não as políticas de McCain seriam essencialmente a continuidade das de Bush, além do fato de que ele tem as mesmas posições de Bush contra o governo e contra a regulamentação do mercado.
E quanto à acusação de João, o encanador, de que os americanos comuns teriam impostos mais altos em um governo de Obama? O fato é que Obama propõe aumentar impostos apenas para as duas faixas de renda mais altas -- com renda superior a 184.400 dólares por ano, já com deducões.Talvez haja alguns encanadores em algum lugar que ganhem tanto e que perderiam com a modesta taxação de Obama sobre dividendos e ganhos de capital -- os Estados Unidos são um grande país e é possível que haja um encanador de alta renda que tenha ações na bolsa. Mas o encanador típico pagará menos, não mais, impostos em um governo de Obama, e teria muito mais chance de conseguir seguro de saúde [Obama tem um plano nacional nesse sentido].Não pretendo dizer que todos ficariam melhor com o plano econômico de Obama. João, o encanador, com certeza sim; mas Richie, o gerente de um fundo de ações, vai perder.
Mas esse é exatamente o ponto. O Partido Republicano pode ser qualquer coisa hoje em dia, mas não é o partido dos trabalhadores americanos.

domingo, 19 de outubro de 2008

Diário Gauche: Carta aberta ao programa “Sala de Redação”


Carta aberta ao programa “Sala de Redação”

Publicada no Diário Gauche, carta de Claudio Carneiro de Oliveira, Secretário Geral do CPERS-Sindicato ao programa Sala de Redação da Rádio Gaucha.

Senhores radialistas do "Sala de Redação", da Rádio Gaúcha de Porto Alegre
Ouvi de um dos senhores no programa da última sexta-feira, o comentário de que os movimentos populares e sindicais queriam uma vítima entre os participantes da Marcha dos Sem de 16 de outubro, para usá-la como trunfo contra o governo. Esta afirmação fantasiosa, ofende o movimento dos trabalhadores. Não agimos assim. Somos lutadores e não oportunistas. Não queremos e não precisamos de feridos e muitos menos de mortos para divulgar as nossas idéias.
Mas, vamos denunciar sempre as agressões contra os trabalhadores.
Passo aos senhores duas fotos feitas no dia 16 de outubro, que mostram a nossa colega Marli Helena Kümpel da Silva, Diretora do Núcleo de Erechim do CPERS, ferida pela explosão de uma "bomba de efeito moral", como são chamadas eufemisticamente e com impropriedade estes artefatos, tanto pela Brigada Militar como pela imprensa. O impacto em Marli foi direto, deixando-a com uma fratura exposta na perna. Nossa colega, ainda agora, encontra-se em recuperação no Hospital Ernesto Dornelles.
Marli é uma dirigente do CPERS e participa do nosso Conselho Geral. Não queremos nossos dirigentes fora de combate ou imolados em sacrifício.
Queremos todos vivos e saudáveis, dirigindo a luta dos educadores. A Brigada Militar jogou de forma covarde, três bombas sobre a passeata, o suficiente para ferir 17 pessoas, a maioria na cabeça, com cortes feitos pelos estilhaços e queimaduras pela pólvora, o que por si só atesta o alto poder explosivo dos artefatos.
Quem está querendo fazer vítimas? Será que não está claro?
Foi afirmado no "Sala de Redação", que poderíamos ter feito uma concessão, e falado de onde foi detido o carro de som, abrindo mão de chegar ao Palácio Piratini. Mas, porque teríamos que fazer esta concessão?
Vejam as nossas razões:
A "Marcha dos Sem" é uma tradicional manifestação unitária dos movimentos sindicais e populares do Rio Grande do Sul, que se repete todos os anos, desde 1995, terminando sempre em frente ao Palácio Piratini, quando então é entregue uma carta reivindicatória dos participantes ao Governador do Estado. Será que não dá para compreender e aceitar o significado simbólico desta manifestação?
Em 13 anos, nunca aconteceu nenhum incidente. Desta vez, a Marcha do Sem foi reprimida com selvageria pela Brigada Militar, a poucos metros da Catedral Metropolitana, do Palácio Piratini e da Assembléia Legislativa, quando chegaria então ao seu final. O que temiam o Governo Estadual e a Brigada Militar? Era a paranóia de sempre com o MST? Saibam que a maior parte dos 17 feridos na Praça da Matriz, eram educadores, filiados ao CPERS.
Depois da manifestação, com a Praça da Matriz esvaziada, um policial militar recolhia dos canteiros alguns pequenos galhos apodrecidos de jacarandá, daqueles que se quebram com facilidade, ali caídos, e algumas pedras portuguesas soltas na calçada. Depois mostraram para a televisão aquelas "armas" dizendo que haviam sido usadas contra a Brigada Militar. Uma farsa.
Os achados foram feitos exatamente no local onde estavam os manifestantes, e não no trecho da Rua Duque de Caxias, onde haviam estado antes os policiais militares, e onde deveriam estar as pedras caso tivessem sido arremessadas contra os soldados.
Quero ainda lembrar que em 16 de setembro, o BOE e a cavalaria da Brigada Militar investiram contra uma manifestação do CPERS, que buscava uma audiência com a governadora, agredindo com violência a categoria e a Diretoria do Sindicato.
Será o destino do Rio Grande do Sul ser transformado em um estado policial militar, onde a questão social é tratada como questão de polícia, como era na República Velha e na ditadura, onde sindicalista era tido como "baderneiro"?
Atentem na repressão que está sendo desencadeada contra os movimentos sindicais e populares. Ela já está fora de controle e representa uma ameaça às liberdades democráticas.
Gosto muito do "Sala de Redação", até mesmo quando o programa transcende o futebol e os senhores falam da realidade em que vivemos, mas faço um apelo para que não ignorem os argumentos daqueles que lutam pelos seus direitos.
Em 18 de outubro de 2008.
Clóvis Carneiro de Oliveira
Secretário-Geral do CPERS-Sindicato
Fotos: Eduardo Seidl

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Duas amostras da truculência e violência da polícia de Yeda num mesmo dia

Do blog RS URGENTE


A Brigada Militar voltou a entrar em ação, desta vez, contra a 13ª Marcha dos Sem, em frente ao Palácio Piratini. Os brigadianos trancaram a passagem do carro de som da manifestação e usaram balas de borracha e as chamadas "bombas de efeito moral" para dispersar os manifestantes. As primeiras informações dão conta que cerca de dez pessoas ficaram feridas.


Os deputados Raul Pont, Dionilso Marcon, Ronaldo Zulke, Mariza Formolo, do PT, e Raul Carrion, do PCdoB, saíram da Assembléia e foram conversar com o comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Roberto Mendes, que comandava a operação. Criou-se uma grande confusão e os parlamentares chegaram a ser empurrados por brigadianos. Ronaldo Zulke disse ao coronel Mendes: "O senhor pode falar conosco. Somos parlamentares. Não precisa se esconder atrás dos PMs".


O carro de som dos manifestantes acabou sendo liberado e foi para a frente do Palácio Piratini. Sob o olhar do coronel Mendes que permaneceu na porta da Catedral Metropolitana, cercado por PMs do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Foi saudado pelos manifestantes da Marcha que entoaram em côro: "fascista, fascista!".


(*) Quase ao mesmo tempo, em São Paulo, outro governo tucano, de José Serra, também recorria à Polícia Militar para reprimir uma marcha de policiais civis, em greve há um mês. Pelo menos agora se dirá na imprensa que os policiais civis de SP estão em greve há 30 dias. No confronto com a PM paulista, pelo menos três pessoas ficaram feridas.

Por Marco Aurélio Weissheimer

Ataque bárbaro à bancários em greve



A política de "segurança pública" do Governo Yeda-Pau-Em-Manifestantes-Crussius, faz novas vítimas na capital da província. Cerca de duzentos bancários, puseram-se em frente a Agência Central do Banrisul, reivindicando a retomada das negociações entre a direção e os bancários, em greve desde a última sexta-feria.

O Banco solicitou interferência policial, o que foi prontamente atendido pela "Tropa de Elite" do coronel Paulo Mendes, o BOE (Batalhão de Operações Especiais), tropa altamente treinada para odiar e espancar trabalhadores que reivindicam ou contestam.

O Estado vive uma espécie de Ditadura do BOE, que está sendo desviado de sua função (combater a criminalidade), para por em prática o ideário fascista de seu comandante, o coronel Mendes, e salvaguardar a sua tresloucada governante do protestos que são levantados contra suas "yedices".

O "saldo" da Operação de Espancamento de Trabalhadores de hoje, ainda não é conhecido, mas a julgar pela violência registrada nas imagens que recebi da Federação dos Bancários, deve ter deixado muitos feridos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Precisa-se de Ministro de Estado, de preferência que conheça a História do Brasil.

Da Folha de São Paulo de ontem:
Lobão defende período ditatorial no Brasil

AGNALDO BRITO


O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu hoje 9ontem) num evento em São Paulo o regime militar no Brasil, que comandou com punho forte o país entre os anos de 1964 a 1985, quando o governo voltou às mãos civis.

Lobão é um dos principais ministros do atual governo, no qual fazem parte hoje alguns dos ex-presos políticos no período militar. Entre os nomes mais importantes do governo Lula está a atual ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Dilma foi presa e torturada durante o período militar. Hoje, Lobão a substitui à frente do ministério de Minas e Energia.

Segundo Lobão, o governo daquele período não pode ser taxado como uma ditadura. "Ditadura mesmo foi com o Getúlio [Vargas]", disse durante um discurso de quase uma hora para empresários paulistas. "Era um regime de exceção, autoritário com [uma] Constituição Democrática que fazia eleições regularmente", afirmou.

Durante 20 anos, o país foi comandado por presidentes da república escolhidos entre os militares e também não havia eleições para os governos estaduais e para as principais capitais. No parlamento, um terço do Senado era "biônico".

Noutro trecho do discurso, no qual defendeu o governo militar, disse: "Foi um momento em que o Brasil reencontrou seu futuro, sua vocação para o desenvolvimento." Numa rápida coletiva de imprensa, Lobão preferiu não voltar ao tema. Apenas reafirmou que um governo ditatorial só ocorreu mesmo no período do presidente Getúlio Vargas.

Ele citou várias vezes o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979).

Lobão foi deputado federal pela Arena e depois pelo PDS (posteriormente PFL e agora DEM), entre 1978 e 1982. É um homem público da linhagem política de José Sarney. Foi governador do Maranhão entre 1991 e 1994. Antes de assumir o ministério de Minas e Energia, em janeiro deste ano, havia migrado do DEM para o PMDB.


Nota do blogueiro. O governo Lula precisa rever com urgência seus critérios para a escolha de ministros. O título desse post pode ser utilizado como sugestão de anúncio de vaga, com algumas alterações básicas como: "conhecimento da área de atuação".


O Ministro faz por merecer o apadrinhamento político que tem, José Sarney, ex-ARENA, PDS, que brilhantemente migrou para o PMDB antes da anunciada derrota dos partidários da ditadura no colégio eleitoral que escolheu Tancredo Neves para a Presidência da República.


As afirmações do Ministro de que não houveram torturas e assassinatos no "Período de Exceção", vão de encontro a todos os movimentos que lutam pelo reconhecimento dessas, o julgamento dos responsáveis por esses atos, e o crescente clamor por justiça em todos os países latino-americanos que passaram por ditaduras militares.


Provavelmente a justificativa do Ministro, para o sem-número de cadáveres sem identificação encontrados em covas rasas do Cemitério de Perus (SP), reconhecidos como sendo de militantes torturados e assassinados pela ditadura, devem ser fósseis, de períodos pré-históricos. Os inúmeros depoimentos de torturados (inclusive o da Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Russef), amigos e familiares dos mortos, devem ser um caso de alucinação coletiva, o segundo na História, já que alguns também afirmam que não ocorreu extermínio de judeus na 2ª Guerra Mundial.


Convenhamos Ministro, deverias voltar às salas de aula, agora que não são tecnicistas como as que foram criadas durante a ditadura militar.



segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Charge do Santiago




Os "pacificadores" e o deserto da memória



O texto abaixo foi extraído do blog RS URGENTE, de Marco Aurélio Weissheimer. Este texto, explica de forma bem clara, a estratégia dos partidos das coligações de ocasião do Estado, cujo paradigma norteador é o Anti-Petismo:

Por que o presidente da República está proibido de apoiar candidaturas nas eleições municipais e os governadores estão liberados para manifestar tal apoio? Se o presidente é presidente de todos, independente de partido, o mesmo se aplica aos chefes dos executivos estaduais. O argumento é rigorosamente o mesmo. Não é o que pensa o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB). Em entrevista ao jornal Zero Hora (12/10/2008), Fogaça volta a defender a isenção presidencial na disputa municipal: “Considero o presidente Lula um estadista, que manterá posição de imparcialidade. Ele será justo no processo”.


O argumento que vale para Lula não vale para a governadora Yeda Crusius. Fogaça recebeu esta semana o apoio de Yeda e não argumentou que ela deveria ser imparcial. Não que o apoio de Yeda signifique um reforço para a campanha de Fogaça. Pelo contrário, o tema foi tratado com discrição até porque, dias antes, o vice de Fogaça, José Fortunatti (PDT), disse que não queria a presença da governadora na campanha do segundo turno. Mas fica evidente a falácia apresentada por Fogaça como um discurso republicano.


Outra falácia esgrimida pelo prefeito na entrevista consiste em afirmar que “Porto Alegre está pacificada”: “É uma cidade que não é mais dividida em dois blocos, o do governo e o dos que estão contra ele”.


Aqui, Fogaça requenta um discurso utilizado por Rigotto na campanha de 2002. A oposição ao PT no Estado gosta de usar as palavras “arrogância” e "autoritarismo" para definir o estilo petista. Mas o que dizer de forças políticas que simplesmente não suportam que seu principal adversário no Estado governe? Quando o PT está no governo, vive-se uma “guerra permanente”. Quando sai o PT ocorre uma “pacificação”. Quando o PT está no governo, há “guerra e ideologia”. Quando não está, há “paz e gestão técnica”. Rigotto, em 2002, Fogaça, em 2004, e Yeda, em 2006, repetiram esse discurso e seguem repetindo.


Segundo Fogaça, hoje, Porto Alegre “é uma cidade que não é mais dividida em dois blocos, o do governo e o dos estão contra ele”. Ou seja, há um só bloco, o do seu governo. E o PT é que é arrogante, ideológico e autoritário. Para completar a falsificação, Fogaça acusa o PT de querer “manipular” o Orçamento Participativo. O OP, que os partidos que apóiam Fogaça e Yeda, combateram sistematicamente quando de sua implementação. O OP, uma das terríveis criações do período em que Porto Alegre estava “em guerra”. A pacificação apregoada por Fogaça é a paz do cemitério da memória e da história.


Esse discurso falsário e mentiroso é o alimento que nutre as escolhas políticas dos “pacificadores”. Nas últimas décadas da história política do RS, esses partidos sempre estiveram juntos. Estiveram juntos no governo Britto e na escolha pelas privatizações de empresas públicas gaúchas. Estiveram juntos no combate ao OP e ao Fórum Social Mundial. Estiveram juntos aqui no Estado sustentando o governo Fernando Henrique Cardoso e suas políticas que apostaram nas teorias do Estado mínimo, das vantagens da globalização financeira e da desregulamentação do mercado como fator de desenvolvimento. Estão juntos agora no governo Yeda Crusius, que retoma essas idéias sob a máscara do “novo jeito de governar”. Sempre estiveram do mesmo lado procurando “pacificar” o Estado e acabar com a “divisão em dois blocos”. O objetivo, como confessou o prefeito, é que haja um só bloco, “plural e democrático” (sic).


domingo, 12 de outubro de 2008

200 anos de Banco do Brasil, funcionários comemoram nas ruas, em greve.


Um requintado evento ocorreu hoje no Teatro Municipal da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma festa, em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil. De acordo com a direção do Sindicato dos Bancários daquela cidade, a festa foi organizada somente para membros da diretoria, clientes vips e grandes empresários, funcionários da instituição não forma convidados.


Bancários organizaram em protesto contra a organização dessa festa, que terá um custo elevadíssimo, exatamente no momento em que o banco nega, praticamente todas as reivindicações da categoria. Segundo a direção do sindicato, os bancários foram orientados a levar as canecas alusivas aos 200 anos que receberam do banco, para pedir esmolas em frente ao Teatro, como forma de chamar atenção para a luta dos bancários.


A categoria se encontra em greve desde o último dia 8, sendo que em alguns estados, a greve foi deflagrada, já no último dia 30. Suas reivindicações são reajuste de 13, 23%, um novo modelo de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), auxílio-alimentação de R$ 415, fim das metas abusivas, a manutenção do auxílio creche.


A greve continua amanhã, sendo que em Porto Alegre, os bancários terão novas assembléias, onde devem aderir a greve por prazo indeterminado.

Na foto acima, bancários protestam em frente ao Palácio da Alvorada, na tarde de ontem.

sábado, 11 de outubro de 2008

Diário Gauche: Grampo em Gilmar Mendes não existiu


Paulo Lacerda deve voltar à Abin
Deu na Folha, hoje, coluna “Painel”:
Não encontrado 1. O inquérito da Polícia Federal sobre o telefonema grampeado entre o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) deverá concluir que a interceptação, "se existiu", não partiu nem da Polícia Federal, nem da Abin.Não encontrado 2. Com conclusão prevista para a primeira quinzena de novembro, o relatório colocará em dúvida a própria realização do grampo, dada a divulgação apenas da transcrição da conversa, sem o áudio. Suas conclusões devem abrir caminho para o retorno de Paulo Lacerda à direção-geral da Abin.
...............
A se confirmar a notícia, o presidente Lula devia (pretérito imperfeito) chamar “às falas” tanto Gilmar Mendes, quanto o ministro Nelson Jobim.
Contudo, não acredito que o faça.
Mendes, Jobim e a revista Veja tentaram um golpe para amenizar o tratamento (na forma da lei) aos indiciados e réus do colarinho branco, como Daniel Dantas e muitos outros. Não deu certo. Mas continuam por aí, com a cara de pau que pediram à Deus.

Nota do blogueiro: É, faz-se qualquer coisa para manter a atual "ordem" político-social do país. Trabalhadroes algemados e criminosos com muitas posses, livres da cadeia e sem a possibilidade de investigação sigilosa de seus delitos.
Ainda bem que não acontece no Brasil.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Banqueiros não podem ser algemados, mas bancários...


Poucos meses atrás a prisão de um banqueiro, por crimes contra o sistema financeiro, enriquecimento ilícito, evasão de divisas e diversos crimes fiscais, gerou uma ferrenha discussão entre os mais diversos agentes públicos.

O presidente do Supremo Tribunal Federal indignou-se com o tratamento dispensado ao banqueiro e sua quadrilha, pelo fato de terem sido algemados.

Ficou praticamente decretado que no Brasil, "gente fina" não pode ser presa da mesma forma que os demais. Esse paradigma dominou os debates entre vários membros dos quatro poderes (podemos incluir a mídia golpista entre os eles).

Agora recebo e-mail do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, no qual constava uma denúncia que merece uma profunda reflexão.

Abaixo o conteúdo do e-mail:


Diretora do Sindicato é presa durante manifestação na greve dos bancários
Fonte: Imprensa/SindBancários

Uma diretora do SindBancários foi presa na tarde desta quinta-feira, dia 9, durante uma das manifestações da greve dos bancários, realizada na agência Borges de Medeiros do Banco Real, no Centro de Porto Alegre. A dirigente foi abordada por policias militares e levada até o Centro de Operações da Brigada Militar, no Largo Glênio Peres. O diretor Jurídico do SindBancários, Lúcio Mauro Paz, disse que foi utilizada desnecessariamente a força policial para deter a diretora, que foi algemada e constrangida.

Depois de ser ouvida no posto policial, a dirigente sindical foi liberada. Com essa atitude, o Banco Real descumpriu liminar obtida pela Federação dos Bancários do RS nesta quinta-feira, na 5ª Vara da Justiça do Trabalho de Porto Alegre, que garante a livre manifestação dos trabalhadores e impede os bancos de usarem interditos proibitórios para impedir o acesso dos dirigentes sindicais às agências bancárias para convencer os colegas de maneira pacífica a aderirem à greve nacional da categoria.

O presidente do SindBancários, Juberlei Baes Bacelo, condena a atitude do banco de chamar a força policial para cumprir um interdito proibitório, coibindo o exercício do direito constitucional de greve. Acrescenta que a truculência usada pelos policiais foi totalmente desnecessária, uma vez que se tratava de uma manifestação pacífica, ordeira e legítima dos bancários em greve por melhores salários e condições de trabalho. “Mais uma vez usaram algemas para os bancários, reprimindo o direito de greve dos trabalhadores”, conclui.

Nota do blogueiro: Nesse país, protestar por melhores condições de trabalho leva trabalhadores à cadeia ALGEMADOS. Roubo, pilhagem do patrimônio público, tráfico de influência, crimes fiscais, crimes financeiros, extorção e suborno, dão direito ao maior advogado do país, o Presidente do Supremo, mas isso somente se você for um banqueiro corrupto. Além de não ser molestado por esse instrumento de imobilização de pobres (a nova definição da palavra algema).

E ainda falam que não existe conflito de classes.
Tenha paciência.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sem proposta dos banqueiros, bancários fecham mais de 3.000 agências em todo o país


O dia foi de protesto e greve dos bancários em todo o país. Os sindicatos esperam mais adesões para amanhã.
Abaixo a relação divulgada pela Contraf, dos locais que estão em greve hoje:


São Paulo - SP

Rio de Janeiro - RJ

Brasília (iniciada em 30/9)

Belo Horizonte - MG

Curitiba - PR

Porto Alegre - RS (exceto Banco do Brasil e Banrisul, que aprovou greve de 24h no dia 10)

Bahia - Salvador (iniciada em 1/10)

Pernambuco (iniciada em 3/10)

Ceará

Florianópolis - SC

Mato Grosso

Alagoas

Piauí

Acre

Rondônia

Espírito Santo

Paraíba

Sergipe (iniciada em 1/10)

Pará e Amapá (iniciada em 6/10)

Maranhão (iniciada em 30/9)

Rio Grande do Norte (iniciada em 30/9)

Roraima

Sul Fluminense - RJ

Campina Grande - PB

Criciúma - SC

Campo Grande - MS

Campo Mourão - PR

Itabuna - BA

Santo Ângelo - RS

Teresópolis - RJ

Vitória da Conquista - BA

Bauru (iniciada em 30/9)

Santa Cruz - RS

Carazinho - RS (continua na Caixa e Bradesco até às 12h)

Teófilo Otoni - MG

Mogi das Cruzes - SP

Chapecó - SC

Ipatinga - MG

Feira de Santana - BA

Jacobina - BA

Concórdia - SC (apenas Caixa)

Joaçaba - SC

Araranguá - SC

Região do ABC - SP

Araraquara - SP

Assis - SP

Barretos - SP

Catanduva - SP

Guarulhos - SP

Jundiaí - SP

Limeira - SP

Presidente Prudente - SP

Taubaté - SP

Andradina - SP

Campinas - SP

Niterói - RJ

Cornélio Procópio - PR

Dourados - MS

Franca - SP

Jaú - SP

Araçatuba - SP

Jequié - BA

Londrina - PR

Marília - SP

Navirai - MS

Oeste Catarinense - SC

Paranavaí - PR

Arapoti - PR (a partir 9/10)

Ribeirão Preto - SP (greve Caixa, privados e BB em estado de greve)

Rondonópolis - MT

Santa Maria - RS

Erechim - RS (Caixa já estava)

São Borja e Itaqui - RS

São José dos Campos - SP

São José do Rio Preto - SP

Umuarama - PR

Apucarana - PR

Vale do Araranguá - PR

Vale do Paranhana - PR

Irecê - BAItaperuna - RJ

Sorocaba - SP

Petrópolis - RJ

São Miguel do Oeste - SC (greve na Caixa, demais bancos não)

Patos de Minas - MG

Teresópolis - RJ

São Leopoldo - RS (greve continua na Caixa e privados: HSBC, Real, Unibanco. BB não está em greve)

Zona da Mata e Sul de Minas - MG

Uberaba - MG


O "novo jeito de fritar secretários"

Uma mostra de que o atual (des) governo do Estado é um simples arranjo eleitoreiro, sem perspectivas, desprovido de proposta real e montado com um incrível descritério, a (des) governadora Yeda Rorato Crussius "frita" mais um de seus quadros políticos.

Ronei Ferrigolo foi defenestrado da presidência da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs). Esse é o 18º membro do governo Yeda a cair desde o início de seu mandato.

O cai-cai de CCs desse (des) governo se deu por diversas razõe, em destaque os crescentes escândalos de corrupção que marcaram essa administração. No caso do presidente da PROCERGS, havia uma denúncia de pagamento de "mesada" da federasul, com motivações ainda não esclarecidas, mas não tão difícil de se imaginar.

Abaixo a lista dos dezessete membros do (des) governo Yeda que foram "fritados" antes de Ferrigolo, extraída do blog RS URGENTE:


Ênio Bacci – Segurança Pública (área que é considerada prioridade desse "governo")

José Francisco Mallmann – Segurança Pública (imagina se não fosse?)

Vera Callegaro – Meio Ambiente (despachos das papeleiras)

Luiz Fernando Zacchia – Casa Civil e Sedai (de casas a governadora entende)

Cezar Busatto – Casa Civil (mas não dessa)

Delson Martini – Secretário Geral de Governo (Esse Martini deve ter dado uma ressaca!)

Ariosto Culau – Planejamento (Existe algum?)

Flávio Vaz Netto – Detran (Palco da lambança)

Nelson Proença – Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Financiamento público de transnacionais)

Paulo Azeredo – Obras (Alguém está vendo alguma?)

Paulo Fona – Porta-voz e Comunicação (Deveria ter aprendido a impedir gravações)

Cel. Edson Ferreira Alves – Brigada Militar (Mas está muito bem a segurança!)
Cel. Nilson Nobre Bueno - Brigada Militar (como se pode notar)
Pedro Wesptphalen - Ciência e Tecnologia (Notou-se a presença dele?)
Luiz Augusto Lara - Turismo (Deve ter feito muito turismo)

Renato Breunig – Fepam (Hum, essa está a serviço de algun$$$)

Marcelo Cavalcanti – “Embaixador” do RS em Brasília (embaixador brasileiro no Brasil, hahaha)


terça-feira, 7 de outubro de 2008

AGORA, É GREVE


Sem proposta, bancários aprovam greve por tempo indeterminado em todo o país

Acatando orientação do Comando Nacional, os bancários aprovaram nas assembléias realizadas nesta terça-feira à noite em todo o país greve nacional por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira 8. A greve foi deflagrada porque os bancos não apresentaram nova proposta depois da paralisação de 24 horas da terça-feira da semana passada, quando os bancários rejeitaram a oferta de 7,5% de reajuste salarial apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

Os bancários reivindicam aumento real de 5% (a proposta da Fenaban é de apenas 0,35% acima da inflação), valorização dos pisos salariais, participação nos lucros e resultados (PLR) maior e simplificado, fim das metas abusivas e do assédio moral.
"Os bancos são o setor que mais ganha dinheiro na economia e apresentaram uma proposta muito aquém das reivindicações, abaixo do que outras categorias profissionais já conquistaram neste semestre. E ainda propõem uma PLR que é menor do que a que foi paga no ano passado. A categoria já rejeitou a proposta, mas os banqueiros não se manifestam. Eles apostaram no confronto e os bancários reagiram com a greve por tempo indeterminado", diz Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e coordenador do Comando Nacional.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Da Agência Carta Maior

O "ESPÍRITO" DA ELEIÇÃO


O jornalista Mauro Carrara escreve sobre uma reveladora experiência de rua no domingo da eleição na maior cidade do país. "Já são 18h20... Alguém grita do interior da casa: "o Kassab está ganhando". Os três jovens urram de prazer. Está se iniciando a longa noite até o segundo turno".

Por Mauro Carrara*

Conforme costume antigo, costumo visitar velhos amigos em dias de eleição. Perambulo pela cidade à procura do "espírito" da eleição, pois, sim, cada uma tem o seu, das barbadas aos prélios mais renhidos.

Desde cedo, notei certa tendência de defecção nos redutos "progressistas". Havia nos fundos do Tucuruvi um jovem negro, em trajes de grife surfe, distribuindo discretamente santinhos de Kassab. Vejam bem, ele não fazia campanha para um candidato à vereança, mas para o majoritário. Só.

O rapaz é estudante do terceiro ano do segundo grau, comprou recentemente seu primeiro computador, a crédito. O pai é vigia (conseguiu carteira assinada há três anos) e a mãe é diarista. Ele atualmente não trabalha regularmente. Nos fins de semana, atua como assistente de som em bailes na região dos Jardins. É o típico emergente da nova classe C.

João (vamos chamá-lo assim) afirma que o governo Lula "acostuma mal os vagabundos" com o Bolsa Família. A mãe sempre votou em Marta, mas o pai costuma odiar qualquer petista. "Meu velho não quer saber do casamento gay em São Paulo, nem eu", sentencia, alisando a sobrancelha.

Mais tarde, encontro-me na região do Jardim Aricanduva, na Zona Leste. Márcia (vamos chamá-la assim) come uma coxinha num bar próximo a uma escola estadual. Vai votar em seguida.

Tem uma colinha de Kassab (DEM) e de um candidato a vereador do PSDB.

- Vai votar em quem?

- Dessa vez é no Kassab - revela a moça, que graças ao crescimento da renda familiar (ela e dois irmão conseguiram emprego nos últimos três anos) pôde matricular-se numa faculdade privada.

- Por que nele?

- É o menos pior...

- E pra vereador?

- Voto é segredo. Mas vai ser no PSDB. Um amigo da faculdade me indicou. É um cara que escreveu vários livros de auto-ajuda.

- É o Chalita (ex-secretário estadual de educação)?

- A gente precisa de pessoas cultas na Câmara. Esse aí é o melhor escritor do Brasil.

- O que você já leu dele?

- Ainda não li, porque não tenho tempo. Mas esse meu amigo diz que é muito bom.

- A Marta era mais forte por aqui, não era?

- Era, mas ela fez o apagão aéreo e mandou o povo gozar depois do estupro. Tem como uma pessoa passar uma hora, uma hora e meia, esperando o avião?

- Como?

- O povo ficar horas esperando o avião...

- É chato mesmo - respondo.

- Mas você já viajou de avião? - indago.
- Nunca. O mais longe que fui na vida foi para Mongaguá (litoral sul).

- Entendo. E o trânsito em São Paulo?

- Péssimo. Entre metrô e ônibus, fico umas 4 horas e meia no transporte, todo dia. Não anda.

- E de quem é a culpa?

- Sei lá... Tem muito carro na rua. Precisava fazer alguma coisa.

- E você não acha que o Kassab tem alguma responsabilidade nisso?

- (silêncio)... Não sei. Não parei para pensar.

- Isso afeta sua vida, não?

- Muito, mas a gente tem que lidar com isso...

Quase cinco da tarde, na região dos Jardins. O filho de um amigo chega da votação com três colegas. O rapaz é o único que votou em Marta Suplicy. Dos colegas, dois preferiram Kassab. O outro votou em Geraldo Alckmin.

- Na verdade, eu e toda minha família somos malufistas, mas o Kassab é o único que pode ganhar dessa "vaca" da Martaxa - diz Paulo (vamos chamá-lo assim), exaltado.

- Sim, as taxas devem ter prejudicado muito sua família... - pondero.

- Meu pai fez a empresa dele sem ajuda de ninguém. A gente tá cansado de pagar os impostos que o PT inventou. Cada dia tem um imposto novo.
- Que imposto novo?

- Vários.

- Mas quais?

- Vários. Tudo para sustentar vagabundo nordestino. E olha que eu não sou nem um pouco racista. Tenho até amigo japonês, negro, de todo tipo. Mas com esse negócio de bolsa, o cara se acostuma a não trabalhar e fica tomando cachaça o dia inteiro. É preciso ensinar o cidadão a pescar, e não dar o peixe.

- Mas o Bolsa Família está integrado a vários projetos de promoção e inclusão. Tem a contrapartida educativa... - tento argumentar, quando sou interrompido.

- Tem nada. Isso aí é coisa da mídia que o Lula comprou.

- Mas a mídia costuma ser contra o presidente - afirmo.

- Nada disso. O senhor viaja muito, pelo que eu sei, não é? Aqui, eles inventam pesquisa para dizer que a vida do povão melhorou. Melhorou nada.

- Mas e os dados do Ipea, do IBGE?

- Eu estudo Administração. Isso é tudo mentira.

- Quer dizer que o país não melhorou em nada?

- Esse semi-analfabeto deu sorte. Aproveitou o Plano Real e o crescimento da China... Agora, quero ver. Estou só esperando para ver o que vai acontecer. E vou dar risada.

- Mas o país não estava muito bem em 2002 - intervenho.

- O PT é o "partidão", não é?
- Não que eu saiba - respondo.

- É sim... Eu abri os olhos de muito colega sobre esse comunismo disfarçado aí... Nessa eleição, eu convenci muito petista a votar no Kassab.
- Quem?
- O nosso motorista, o jardineiro que vai lá em casa...

Já são 18h20... Alguém grita do interior da casa: "o Kassab está ganhando". Os três jovens urram de prazer. Está se iniciando a longa noite até o segundo turno.

* Mauro Carrara é jornalista, nascido em 1939, no Brás, em São Paulo. É o segundo filho de Giuseppe Carrara, professor de Filosofia em Bologna, e de Grazia Benedetti, uma operária e militante comunista de Nápoli. O casal chegou ao Brasil em 1934, fugindo da perseguição fascista. Mauro foi para a Itália em 1959, por sugestão do amigo dramaturgo G. Guarnieri. Em Firenze, estudou arte, ciências sociais e comunicação. De volta ao Brasil, passou dois anos na Amazônia. Ao atuar na defesa dos povos indígenas, foi preso pelo regime militar. Libertado, voltou à Itália. Como free-lancer, produziu reportagens para jornais como L'Unita e Il Manifesto. Com o primo Antonino, esteve no Vietnã, no início da década de 70. Em 1973, no Chile, juntou-se à resistência ao golpe contra Allende. No Brasil, como clandestino, aproximou-se do cartunista Henfil, cujos trabalhos traduziu para uma revista alternativa italiana. Na década de 80, prestou serviços para a ONU em países como China, Iraque e Marrocos. Nos anos 90, assessorou ONGs brasileiras, especialmente na área de Direitos Humanos. Ainda atua na área de comunicação e relações internacionais.


Nota do blogueiro: Com uma simples entrevista, Carrara desnuda os principais fatores que levam a sociedade brasileira a manter no poder, as mesmas oligarquias, que ascederam no início do século passado: A desinformação, o medo, o preconceito, o racismo, a manipulação.


Fantástica a entrevista da menina que achava um absurdo a espera por aviões nos aeroportos, situação que ela nunca viveu, mas não questionava o caos no trânsito, que vive diariamente. A propaganda preconceituosamente negativa e depreciativa do Bolsa-Família, discurso levantado pelas classes abastadas, reproduzido pela mídia oligárquica e que encontra ecos naqueles que, se não fosse o crescimento econômico do último período, certamente seriam os beneficiários.


Um bom escritor (auto-ajuda), recomendado por um universitário, sendo o melhor escritor do Brasil? E a menina não leu, mesmo o considerando dessa forma?


O malufista que inventou impostos que só ele conhece. Que afirma "eu não sou nem um pouco racista", mas nordestinos são vagabundos sustentados pelos impostos cobrados pelo PT de seu pai. Essá é a síndrome chamada anti-petismo, preconceito, intolerância, racismo, sexismo, e a continua defesa de seu patrimônio acima de qualquer coisa.


O ponto alto das entrevistas, é quando o malufista afirma que não houve melhoras no país, que o IBGE mente, que o IPEA mente, que a MÍDIA DEFENDE O PRESIDENTE LULA COM ESSES DADOS FICTÍCIOS. De que planeta teria vindo esse ente? Ah esqueci, ele sabe de tudo, afinal estuda administração.


Mas o fim da entrevista deixa evidente a classe a que pertence o indivíduo: "O nosso motorista, o jardineiro que vai lá em casa..." Precisa mesmo de Kassabs, Serras, Alckmins, Aécios, Malufs...





Para compreender a crise financeira


Recomendo a leitura do excelente ensaio de Antonio Martins, para o jornal Le Monde Diplomatique, no qual explora a atual crise do capitalismo global, suas bases, a derrocada dos paradigmas liberais e possíveis saídas desse abismo.


"Mercados internacionais de crédito entraram em colapso e há risco real de uma corrida devastadora aos bancos. Por que o pacote de 700 bilhões de dólares, nos EUA, chegou tarde e é inadequado. Quais as causas da crise, e sua relação com o capitalismo financeirizado e as desigualdades. Há alternativas?"


Leia o texto na íntegra aqui.

Diário Gauche: Manuela Atitude D’Ávila foi uma piada pronta

Narcisismo conduz brittistas sem expressão à Câmara de Porto Alegre. Essa pode ser uma síntese da melhor análise que li sobre a candidatura de Manoela-Cambada-do Britto, nesse período de cinzas eleitorais. Abaixo o texto de Cristóvão Feil:




Só o PPS brittista riu e gozou


O arranjo eleitoral direitista PC do B mais o PPS do ex-governador Antonio Britto, com o PSB de contrapeso foi uma armadilha para Manuela Atitude D’Ávila.


O inexpressivo brittismo conseguiu colocar três vereadores na Câmara de Porto Alegre, o PSB, um vereador, e o PC do B zero vereador.


Como fazer 842 votos na legenda (o PPS) e conquistar três vereadores na Capital – eis a fórmula do sucesso do brittismo de resultados.


O golpe eleitoral no PC do B foi perfeito. O brittismo manteve os ovos de sua serpente em duas cestas, no fogacismo da preguiça e no manuelismo da vaidade.


Alguém aí viu, escutou ou assistiu um só militante do brittismo ser exonerado do governo Fogaça? Busatto apoiou quem? A mulher de Busatto, militante do PPS, secretária do prefeito Fogaça, apoiou quem? Alguém a viu ser admoestada por desobedecer a diretiva do PPS em apoiar Manu Atitude?


O PPS usou a legenda do PC do B, passou mel na vaidade pessoal de Manu, e arrancou com vitória as eleições 2008: Fogaça, seu candidato do coração, chegou em primeiro, e conseguiu emplacar três vereadores na Câmara. Com míseros 842 votinhos na legenda. O PC do B fez 14.796 votos na legenda e não colocou nenhum representante na Câmara. Desastre total.


Ao fracasso político-eleitoral do PC do B se junta àquilo que chamamos na semana passada neste blog de “queima de navios” por parte da candidata Manuela Atitude (foto). Ilhada numa aliança direitista, ela (e, de resto, o próprio partido pós-comunista) queimaram pontes e navios que pudessem reconduzí-los novamente ao seio da esquerda.


Agora é tarde, e Inês – Manu – é morta. De vaidade, cupidez, despolitização e oportunismo exagerados.


domingo, 5 de outubro de 2008

O mapa político da Província


O Estado continua altamente conservador. Os números da eleição, por partidos, mostra que a direita está extremamente enraizada nos pampas.

Abaixo a legenda e o número de municípios em que elegeu prefeitos, em chapa "pura" e em coligações:


Partido / Eleitos em chapa pura / Coligados / Total


Partido Progressista (PP) (Esse nome é uma piada) /24 /122 /146

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) /10 /132 /142

Partido Democrático Trabalhista (PDT) /2 /62 /64

Partido dos Trabalhadores (PT) /1 /57 /58

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) /3 /28 /31

Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)/ 5 /14 /19

Democratas (DEM) (Esse nome é mais engraçado ainda) /1 /12 /15

Partido Socialista brasileiro (PSB) /0 /12 /12

Partido Popular Socialista (PPS) (Esse partido existe mesmo?) /0 /4 /4

Partido Humanista da Solidariedade (PHS) /0 /1 /1

Os demais não tem representantes eleitos para os executivos municipais.

Quadro atualizado às 22:53 hs, podendo sofrer alterações.

Fogaça e Maria do Rosário no segundo turno em Porto Alegre


Com a totalização da contagem dos votos, realizada as 22:11 hs, Porto Alegre define os candidatos que disputarão o segundo turno da eleição municipal.

José Fogaça (PMDB) com 346.427 votos (43,85%) , vai disputar a segunda etapa do pleito com Maria Do Rosário (PT), que atingiu a marca de 179.587 (22,73%).

A forte reação dos petistas, no final do primeiro turno, quando sua candidata estava sendo eliminada da disputa, de acordo com várias pesquisas de opinião, divulgadas pelos "muito confiáveis" meios de comunicação do Estado.

Agora começarão as negociações para a formação das alianças para o segundo turno, o que vai ser no mínimo engraçado, pois alguns terão de engolir o que disseram no primeiro turno.

Aguardemos o horário eleitoral para dar boas risadas.

Fragorosa derrota da oposição em Santiago


Com a contagem da votação totalizada às 20:45, define-se a eleição majoritária em Santiago. O prefeito eleito Júlio Ruivo atingiu a marca de 15.596 votos, o candidato Vulmar Leite, da coligação PSDB-PDT-PRB-DEM-PMDB, ficou com 7.516, Sandro Palma, do PTB-PPS, 5.040 e Júlio Prates, do PT, 694 votos.

A composição da câmara de vereadores, amplamente favorável ao executivo eleito ficou composta da seguinte forma:

Candidato Partido Nº de votos
Marcos Peixoto (PP) 2.516
Bianchini (PP) 2.198
Davi Erbice Vernier (PP) 2.058
Claudio Cardoso (PP) 1.738
Pelé (PP) 1.414
Nelson Abreu (PDT) 1.059
Arlindo Alves da Silva (PMDB) 997
Diniz Cogo (PMDB) 928
Mara Rebelo (PP) 859
Bassin (PSDB) 700

A composição altamente conservadora da câmara, e a eleição do candidato da situação, com tamanha folga sobre os demais (dois por um sobre o segundo colocado), merecem uma profunda análise por parte da pseudo-oposição de Santiago, em especial pelo Partido dos Trabalhadores, que a anos se abstém de lançar candidatos próprios, e nesse ano, segundo informações extra-oficiais que recebi, não deu apoio ao seu candidato, sendo que muitos dos candidatos a vvereador do partido, faziam campanha para Vulmar Leite do PSDB.

Voltarei ao tema futuramente.

Diário Gauche: Só ZH ignora notícias sobre a papeleira Aracruz


Folha de S. Paulo dominical dá manchete de capa

As trapalhadas especulativas da papeleira só são ignoradas pela RBS. Os jornais do Centro do País trazem informações e comentários sobre a “ganância” da papeleira ao “especular contra a própria moeda brasileira”, segundo criticou ontem o presidente Lula.

Aguarda-se manifestação da governadora tucana Yeda Rorato Crusius – mãe-de-santo das papeleiras que exploram e predam o bioma Pampa – sobre o tema, de resto, pautado pela própria empresa de papel e celulose a partir de uma comunicação de fato relevante, onde
informa (telegraficamente) ao mercado que passa por graves problemas de caixa.
Por Cristóvão Feil para o blog Diário Gauche

Lula critica manobra especuladora da Aracruz

Ao anunciar que não haverá pacote econômico no Brasil, em socorro às empreas que fizeram apostas irresponsáveis em mercados futuros, o Presidente Lula criticou duramente a Aracruz Celulose e a empresa de gêneros alimentícios Sadia.

“Essas empresas, no fundo, no fundo, estavam especulando contra a moeda brasileira. Portanto, não tiveram prejuízo. Elas praticaram, por conta própria, por ganância, esse prejuízo. Portanto, não coloque isso na crise não. Isso é problema delas, que tentaram especular de forma pouco recomendada”, afirmou o presidente.

Lula negou que o governo brasileiro esteja pensando em adotar um pacote de medidas para conter os efeitos da crise econômica mundial. “Não existirá pacote. Nós vamos tomar medidas pontuais para que a gente acompanhe a economia mundial e o seu desenrolar. O povo brasileiro pode ficar tranqüilo”, disse. Para o presidente, o Brasil vai ensinar ao mundo “como é que se vence uma crise”. "Não podemos ficar olhando de papo para ar, chorando e esperando que o Bush resolva a crise. Somos nós que temos que resolver".

A informação é da Agência Brasil

Resumindo, aos que expecularam e perderam com a alta do dólar, NÃO HAVERÁ DINHEIRO PÚBLICO PARA RETIRÁ-LAS DO ATOLEIRO. O povo está cansado de PROERS, o famigerado bolsa-banqueiro do governo tucano.

sábado, 4 de outubro de 2008

Conflito das enquetes em Santiago chega ao extremo

No vídeo acima, gravado pelo circuito interno de segurança da rodoviária de Santo Angelo, podemos identificar conhecidos e proeminentes cidadãos de Santiago, integrantes de uma das coligações que disputam o poder local, simplesmente roubando toda a edição do jornal Correio Regional.

O jornal continha mais uma enquete, das tantas que foram alvo de contestações judiciais por parte da coligação que apóia o candidato ao paço municipal, o ex-prefeito Vulmar Leite.

Uma campanha com a cara do modo de se fazer política em Santiago, começando pela morte a tiros de uma vaca, passando por denúncias de pedofilia e chegando ao furto de uma edição inteira de um jornal local.

Tudo isso pelo "bem da população de Santiago". Situação e oposição, em Santiago são tão diferentes, que seus métodos são iguais,

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A ESTRATÉGIA DO MEDO


O cineasta Michael Moore, ativista político e diretor de vários documentários que desnudam a crueldade, a fragilidade e a superficialidade do "American Way Of Life", fala sobre o que chama de "o maior assalto da história dos Estados Unidos". Essa é a forma como denomina o PROER estadunidense, ou o Bolsa-Banqueiro, promovido pelo governo Bush, na esperança de salvar os "apostadores" de Wall Street.

Abaixo o texto traduzido por Marco Aurélio Weissheimer, extraído do site da Agência Carta Maior:


Algumas coisas que a mídia não diz sobre a crise nos EUA

Em um artigo intitulado "Querem nos meter medo", o cineasta Michael Moore (foto) conta como centenas de milhares de pessoas entupiram os telefones e correios eletrônicos dos congressistas dos EUA contra a lei proposta pelo governo Bush para salvar os bancos em crise. E aponta como Wall Street e seu braço midiático (as redes de TV e outros meios) seguem com a estratégia de atemorizar a população.

Michael Moore - Página 12


Quem acompanha a cobertura da crise nos Estados Unidos feita pela imprensa brasileira pode ser levado a acreditar que a política está "atrapalhando" a busca de uma solução para o problema. Essa afirmação vem sendo feita todos os dias por vários jornalistas e colunistas econômicos em todo país, supostamente especializados no assunto. A aprovação da proposta de ajuda aos bancos quebrados é apontada como uma condição necessária para evitar o caos. Há vários silêncios nesta cobertura, aqui e também nos EUA.


Em um artigo intitulado "Querem nos meter medo", o cineasta Michael Moore conta como centenas de milhares de pessoas entupiram os telefones e correios eletrônicos dos congressistas dos EUA contra a lei proposta pelo governo Bush para salvar os bancos em crise. E aponta como Wall Street e seu braço midiático (as redes de TV e outros meios) seguem com a estratégia de atemorizar a população, omitindo, entre outras coisas, que a proposta apresentada ao Congresso não trazia qualquer esperança para os pobres mortais ameaçados de perder suas casas hipotecadas (Marco Aurélio Weissheimer)


Tradução do artigo de Michael Moore publicado no jornal Página 12:


Querem nos meter medo


Todos diziam que a lei seria aprovada. Os especialistas do universo já estavam fazendo reservas para celebrar nos melhores restaurantes de Manhattan. Os compradores particulares em Dallas e Atlanta foram despachados para fazer as primeiras compras de Natal. Os homens loucos de Chicago e Miami já estavam abrindo as garrafas e brindando entre eles muito antes do café da manhã.


Mas o que não sabiam era que centenas de milhares de estadunidenses tinham acordado pela manhã e decidido que era tempo de se rebelar. Milhares de chamadas telefônicas e correios eletrônicos golpearam o Congresso tão forte como se Marshall Dillon (Comissário Dillon, personagem de uma série de televisão) e Elliot Ness tivessem descido em Washington D.C. para deter os saques e prender os ladrões.


A Corporação do Crime do Século foi detida por 228 votos contra 205. Foi um acontecimento raro e histórico. Ninguém conseguia lembrar de um momento onde uma lei apoiada pelo presidente e pelas lideranças de ambos os partidos fosse derrotada. Isso nunca acontece. Muita gente está se perguntando por que a ala direita do Partido Republicano se uniu à ala esquerda do Partido Democrata para votar contra o roubo. Quarenta por cento dos democratas e dois terços dos republicanos votaram contra a lei.


Eis o que aconteceu:


A corrida presidencial pode estar ainda muito parelha nas pesquisas, mas as corridas no Congresso estão assinalando uma vitória esmagadora dos democratas. Poucos questionam a previsão de que os republicanos receberão uma surra no dia 4 de novembro. As previsões indicam que os republicanos perderão cerca de 30 cadeiras na Câmara de Representantes, o que representaria um incrível repúdio a sua agenda. Os representantes do governo têm tanto medo de perder seus assentos que, quando apareceu esta “crise financeira” há duas semanas, deram-se conta que estavam diante de sua única oportunidade de separar-se de Bush antes da eleição, fazendo algo que fizesse parecer que estavam do lado da “gente”.


Estava vendo ontem C-Span, uma das melhores comédias que assisti em anos. Ali estavam, um republicano depois do outro que apoiaram a guerra e afundaram o país em uma dívida recorde, que tinham votado para matar qualquer regulação que mantivesse Wall Street sob controle – ali estavam, lamentando-se e defendendo o pobre homem comum.Um depois do outro, usaram o microfone da Câmara baixa e jogaram Bush sob o ônibus, para baixo do trem (ainda que tenham cotado para retirar os subsídios aos trens também), diabos, teriam jogado o presidente nas águas crescentes de Lower Ninth Ward (bairro de Nova Orleans) sepudessem prever outro furacão.


Os valentes 95 democratas que romperam com Barney Frank e Chris Dodd eram os verdadeiros heróis, do mesmo modo como aqueles poucos que votaram contra a guerra em outubro de 2002. Reparem nos comentários dos republicanos Marcy Kaptur, Sheila Jackson Lee e Dennis Kucinich. Disseram a verdade. Os democratas que votaram a favor do pacote o fizeram em grande parte porque estavam temerosos das ameaças de Wall Street, que se os ricos não recebessem sua dádiva, os mercados enlouqueceriam e então adeus às pensões que dependem das ações e adeus aos fundos de aposentadoria. E adivinhem? Isso é exatamente o que fez Wall Street! A maior queda em um único dia no índice Dow da Bolsa de Valores de Nova York.


À noite, os apresentadores de televisão gritavam: os estadunidenses acabaram de perder 1,2 bilhão de dólares na Bolsa! É o Pearl Harbour financeiro! Caiu o céu! Gripe aviária! Obviamente, quem conhece a bolsa sabe que ninguém “perdeu” nada ontem, que os valores sobem e baixam e que isso também acontecerá porque os ricos compraram agora que estão baixo, os segurarão, depois os venderão e logo em seguida os comprarão novamente quando estiverem baixos de novo. Mas, por enquanto, Wall Street e seu braço de propaganda (as redes de TV e os meios de comunicação que possuem) continuarão tratando de nos meter medo. Algumas pessoas perderão seus empregos. Uma débil nação de fantoches não suportará muito tempo esta tortura. Ou poderemos suportar?


Eis no que acredito: a liderança democrata na Câmara baixa esperava secretamente todo o tempo que esta péssima lei fracassasse. Com as propostas de Bush derrotadas, os democratas sabiam que poderiam então escrever sua própria lei que não favoreça apenas os 10% mais ricos que estavam esperando outro lingote de ouro. De modo que a bola está nas mãos da oposição. O revólver de Wall Street, porém, aponta para suas cabeças. Antes que dêem o próximo passo, deixem-me dizer no que os meios de comunicação silenciaram enquanto se debatida essa lei:


1. A lei de resgate NÃO prevê recursos para o chamado grupo de supervisão que deve monitorar como Wall Street vai gastar os 700 bilhões de dólares;


2. A lei NÃO considerava multas, sanções ou prisão para nenhum executivo que roubar dinheiro público;


3. A lei NÃO fez nada obrigar aos bancos e aos fundos de empréstimo a renovar as hipotecas do povo para evitar execuções. Esta lei não deteria uma sequer execução!


4. Em toda a legislação NÃO havia nada executável, usando palavras como “sugerido” quando se referiam à devolução do dinheiro do resgate a ser feito pelo governo.


5. Mais de 200 economistas escreveram ao Congresso e disseram que esta lei poderia piorar a crise financeira e provocar ainda MAIS uma queda.


É hora de nosso lado estabelecer claramente as leis que queremos aprovar.


Tradução para o espanhol: Celita Doyhambéhére


Tradução para o português: Marco Aurélio Weissheimer