quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Do Cloaca News:

YEDA CRUSIUS INAUGURA PEDAÇO DE PAU FOSSILIZADO


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No bruxulear de sua despirocada temporada como governadora do Rio Grande do Sul, a tucana Yeda Crusius resolveu deixar como legado, além dos incontáveis e milionários escândalos de corrupção que campearam o Piratini nos últimos quatro anos, uma obra iniciada ainda no tempo dos dinossauros, vale dizer, cerca de 200 milhões de anos atrás.
Na verdade, trata-se de um toco de madeira petrificada, semelhante ao da imagem acima, extraído de um sítio paleontológico no interior do estado, onde é tão abundante que as pessoas utilizam tais fósseis como banquinhos de botequim e até como ladrilhos para calçadas.
A surpreendente realização da mandatária foi noticiada, com alarde, pelo portal do governo estadual gaúcho (clique aqui para ler – e rir a dar com pau.
 
Nota do blogueiro: É inacreditável. Mas em se tratando desse governo, até inauguração de pau é possível.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Grampo sem áudio?

Veja mente! Novamente e descaradamente, mente!
Grampo sem áudio?
Existe algo assim?
Talvez se houvessem grampeado uma tumba...
Mas a revista-panfleto Veja, o ex-supremo Presidente do Supremo e o Senador DEMÓstenes Torres afirmaram que sim, isso existe, não podemos provar mas existe: creiam irmãos! (depois disso o resto do PIG engrossou o caldo).
Mandaram o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, "passear" (em Portugal) por causa de um grampo sem áudio.
Agora a mesma Polícia Federal confirma que não existem duendes grampos sem áudio.
Alguém vai se retratar?
Quantas páginas da revista-panfleto Veja serão dedicadas ao "desculpem, publicamos uma mentira cabeluda"?
Repatriarão o diretor?
O que acontecerá ao ex-supremo-Presidente do Supremo, autoridade máxima do Poder Judiciário, "pego na mentira"?
E ao Senador que se prestou a tal feito (ou malfeito?), será "chamado às falas" no senado?
Como diriam no interior do Rio Grande do Sul: "Mas acho brabo!".

No link, comentário de Luiz Nassif sobre essa farsa, bem como a transcrição da mentira da revista-panfleto Veja:

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-farsa-do-grampo-sem-audio-um-crime-impune

sábado, 25 de dezembro de 2010

"Então é natal"

Transcrevo texto do historiador Mário Maestri, publicado no Blog Diário Gauche, a respeito da hipocrisia da celebração da data de hoje.
Sem delongas:

Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral


Por que não festejo e me faz mal o Natal

Não festejo e me faz mal o natal por diversas razões, algumas fracas, outras mais fortes. Primeiro, sou ateu praticante e, sobretudo, adulto. Portanto, não participo da solução fácil e infantil de responsabilizar entidade superior, o tal de "pai eterno", pelos desastres espirituais e materiais de cuja produção e, sobretudo, necessária reparação, nós mesmos, humanos, somos responsáveis.

Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: "Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César"!

O natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.

Não festejo e me desgosta o natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos males sociais e espirituais da humanidade.

Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração que reúne egoísta apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se frequentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.

Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que a grande mídia nos intoxica com impudícia crescente, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo, ao igual dos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam - vide o peru de Bush, no Iraque - o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.

Não festejo o natal porque, desde criança, como creio para muitíssimos de nós, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.

Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebéia, aberta a todos, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.

Artigo do professor e historiador Mário Maestri, publicado originalmente no portal La Insignia, em dezembro de 2006.

Nota do blogueiro: Irrita-me essa data, pelas razões citadas por Maestri, e o fato de não haver espaço para a contestação de seu significado (ou não-significado).
Irrita-me sobremaneira, a forma como cristãos e o comércio deturpam a tudo nesse período, criando significados natalinos para o que originalmente não tem, e nunca teve.
É o caso da "interpretação que a cantora Simone, e sua gravadora deram a música Happy Xmas, do cantor e compositor John Lennon.
A música de Simone, utilizando-se de uma parte do refrão da música de Lennon, remete o ouvinte às crendices e tradições bíblico-comerciais das festividades natalinas, enquanto a música Happy Xmas é baseada em uma campanha anti-guerra (no caso a sangrenta e altamente impopular guerra do Vietnã), levada a cabo pelo cantor e sua esposa, Yoko Ono, no final de 1969.
Tal campanha que alugou outdoors e cartazes em onze cidades em todo o mundo, nos quais anunciava: "War is over/If You Want It/Happy Christmas John e Yoko!" (A guerra acabou/Se você quizer/Feliz natal John e Yoko). As cidades incluídas Nova Yorque, Los Angeles, Toronto, Roma, Atenas, Amsterdam, Berlim, Paris, Londres, Tóquio, Hong Kong e Helsinque.
Lennon denuncia a hipocrisia do "feliz natal", exposta por Maestri, a cantora Simone quer preservá-la, com essa versão "carola" e totalmente desfigurada, alijada de seu significado orignal.
Aproveite e veja as cenas utilizadas para a elaboração desse vídeo clip, combinam muito com uma data de reverência ao comércio burgês, fomentador de guerras e incontáveis massacres:


ET: Por alguma razão, totalmente desconhecida por esse blogueiro, não é possível incorporar esse vídeo ao Blog, mas clicando no link acima é possível acessá-lo. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Viver em estado de interpretado

Vale a pena conferir: José Pablo Feinmann e o conceito do "Viver por procuração".

Extraído do Blog Diário Gauche, do sociólogo Cristóvão Feil:

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Do Diário Gauche.

Um silêncio vergonhoso


O Brasil no banco dos réus

"Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? (...) Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão". Estas frases do Evangelho de Mateus caem como uma luva para as discussões recentes a respeito da posição brasileira sobre direitos humanos.

Durante todo o ano de 2010 ouvimos a indignação de vários setores da sociedade e da imprensa contra posições ambíguas do Brasil sobre problemas de direitos humanos no Irã, em Cuba, entre outros.

Com razão, eles lembravam que o Brasil é hoje um país de ambições geopolíticas internacionais, que exigem que ele seja capaz não apenas de reconhecer, mas de pautar suas ações a partir de princípios presentes no direito internacional resultantes de lutas seculares pela universalização da liberdade.

Igualdade entre homens e mulheres, liberdade de opinião e divergência são pontos importantes na pauta do longo processo de racionalização de formas de vida.

No entanto, boa parte destes setores dão a impressão de que direitos humanos é algo que cobramos apenas dos inimigos e desafetos. Pois a voz firme contra as ambiguidades brasileiras deu lugar ao silêncio vergonhoso diante de um fato que demonstra nossa posição aberrante perante do direito internacional. Na semana passada, a Corte Interamericana de Justiça condenou o Brasil pelas mortes de membros da luta armada contra a ditadura militar que desapareceram no Araguaia.

Como se não bastasse o fato das Forças Armadas brasileiras continuarem a perpetrar o crime hediondo de ocultação de cadáveres (o que, por si só, já mereceria punição), a Corte declarou que os dispositivos da Lei da Anistia que "impedem a investigação e sanção de graves violações dos direitos humanos" são incompatíveis com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.

Neste sentido, a decisão da Corte apenas demonstra que, ao votar a questão sobre a interpretação da Lei da Anistia apelando a um acordo nacional que nunca ocorreu (a lei foi aprovada somente com votos do partido do governo, a antiga Arena), o STF colocou o Brasil na ilegalidade perante o direito internacional. Certamente, outras condenações internacionais virão.

Àqueles que procuram reeditar a "teoria dos dois demônios" e dizer que a luta armada era tão nefasta quanto a ditadura, vale a pena lembrar que mesmo a tradição liberal reconhece que toda ação contra um Estado ilegal é uma ação legal. Contra os que, por sua vez, preferem o simples esquecimento, vale a pena lembrar que nunca haverá perdão enquanto não houver reconhecimento do crime.

Nunca haverá perdão enquanto a trave ainda estiver nos nossos olhos.

Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Publicado na Folha, edição de hoje.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Alguém passa fome? Dane-se, quero saber do meu lucro.

Pode ser interpretada dessa forma a lamentável manifestação do presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), que pode ser lida no texto abaixo, extraído do Blog RS Urgente, de Marco Aurélio Weissheimer:

A comida não pode ser barata? Uma resposta cúmplice aponta a causa dessa injustiça

Por Antonio Cechin e Jacques Távora Alfonsin
“A sociedade tem de aceitar que a época da comida barata acabou.” Assim, o presidente da Farsul resumiu sua opinião sobre o preço da comida, na edição de sexta-feira, 17, do jornal Zero Hora.
Para quem ainda passa fome no Brasil, é difícil recordar quando, no passado, a comida foi barata. Em todo o caso, tratando aquela opinião de uma necessidade vital das pessoas, como é a de se alimentar, é conveniente analisar-se o dito no que ele pode revelar sobre as causas de uma injustiça social como essa, pois, pelo jeito, não temos saída e estamos condenados a aceitá-la.
Segundo essa maneira de pensar, cabe uma comparação. Entre o possível prejuízo que a fração de empresários representada pela tal liderança possa ter na venda do indispensável à vida das pessoas, e o que essas possam sofrer por não poderem pagar o que lhes mata a fome, quem não pode sair perdendo é o dono do capital (nem sempre identificado, em tudo, com o “produtor rural”, a economia familiar que o comprove), pois, em todo o contexto explicativo da entrevista, a “comida barata” aparece como prejuízo certo desse personagem.
Como o mercado, onde esse capital se alimenta de dinheiro e não de comida, é um ente abstrato, de humor desconhecido, refletido em expressões tão grandiloqüentes quanto aleatórias do tipo “crise da economia mundial”, “excesso de demanda”, “defesa da liberdade de iniciativa econômica”, “globalização”, as causas dos perversos efeitos da previsão feita pelo presidente da Farsul geralmente ficam isentas de qualquer investigação sancionatória, inclusive do ponto de vista jurídico. A “mão invisível” (Adam Smith) dos seus ciclos econômicos de crise, exploração da natureza e das gentes, trata de imunizá-lo.
Algumas mãos visíveis de defesa desse tipo de irresponsabilidade, todavia, podem ser identificadas, como prova a afirmação categórica do ministro da agricultura, publicada na mesma edição de ZH, segundo a qual “índices de produtividade é assunto encerrado.”
Ali aparece, novamente, o porque de se encerrar esse assunto: “Quem deve definir o que, como e quando o produtor brasileiro vai produzir é o mercado, a visão que ele tem de oportunidades de negócios, perspectivas de preço, demanda do mercado interno e internacional. Não pode ser um ato autoritário, de cima para baixo, dizendo que tem de produzir com tais índices de produtividade. Não é assim que se faz”.
Entre o que a sociedade, portanto, “tem de aceitar” como diz o presidente da Farsul, e a forma como essa aceitação deve ser feita (“assunto encerrado”, “não é assim que se faz”…), como diz o ministro da Agricultura, o Estado, a democracia, os Poderes Públicos, o ordenamento jurídico não têm que dar palpite nem se meter.
A lei e o direito, assim, não têm voz nenhuma aí. Quem deve mandar sobre o que deve se produzir “é o mercado”, “as oportunidades de negócios”, as “perspectivas de preços”, somente o dinheiro, em última análise. Poucas vezes se reconheceu, com tanta clareza e pelas vozes dos seus mais fiéis representes, onde se encontra, efetivamente, o “ato autoritário, de cima para baixo”, a que faz referência o ministro da agricultura. Ele desce do mercado e é indiscutível, fatal, como ato caracteristico de toda ditadura. A/o pobre faminta/o que se submeta a esse ente-ídolo capaz de ditar o que, como, quando e quanto ele deve comer. Não é por acaso, portanto, que acabe morrendo de fome. O Estado e a democracia prossigam fingindo terem o poder de garantir a vida e a liberdade do povo pobre.
Haja fome, então, para suportar uma opressão a esse nível. Ela comprova a maior contradição presente em todo o nosso sistema econômico. Justamente quando a produção rural conquista quantidades de alimento mais do que suficientes para alimentar o povo todo, o chamado “preço de mercado” cai a níveis tão baixos, que somente a retenção dessas quantidades consegue cobrir o custo da produção, seja o real, seja o inventado por quem sabe manipular dados a favor do seu lucro. Aí o Estado deixa de ser o vilão e passa a ser a solução…
Não é preciso ser economista para compreender onde tudo isso vai dar. Esse ar de fatalidade, no qual se inspiram as opiniões das referidas lideranças, não é igual ao do clima, corriqueiramente invocado em favor das alegadas dificuldades pelas quais passam os seus liderados. Que a freqüência desse repetido queixume já alcançou status de segunda natureza, isso não dá para negar, pois não há ano em que ele não repita o seu choro.
Quanto cinismo e hipocrisia se refletem, pois, quando o respeito à lei, especialmente a da segurança nacional, é invocado com veemência, por essas lideranças, sempre que o povo necessitado de casa e comida toma em suas próprias mãos a iniciativa de proclamar que o tal respeito só vale, de fato e materialmente, em favor de minorias historicamente protegidas por uma ideologia sem outras referências que não as da propriedade e as do mercado. Se o destinatário de algumas vantagens previstas em lei é a/o pobre, elas ignoram e desprezam a lei. Essa exige, por exemplo, o cumprimento da função sal da propriedade, “em prol do bem coletivo”, das “necessidades dos cidadãos”, da “erradicação da pobreza”, de “direitos humanos fundamentais”, expressões que não faltam na Constituição Federal, no Estatuto da Terra e no Estatuto da Cidade, entre outras regras jurídicas. Aí, o seu efeito material, concreto, é igual a zero, já que o mercado, pelo menos o refletido nas opiniões publicadas pela ZH, não precisa se preocupar com isso.
O direito à alimentação, por exemplo, somente entrou expressamente na Constituição em fevereiro deste ano (Emenda 64), como se a satisfação de uma necessidade vital como essa, de tão desrespeitada no país, tivesse necessidade de se proclamar em lei, para ser reconhecida como direito. Muito antes, os tratados internacionais que o Brasil assinou, como o dos direitos econômicos, sociais e culturais de 1966, já vinculavam o nosso país, inclusive, à reforma agrária capaz de, no mínimo, atenuar as danosas conseqüências da comida cara.
Os conceitos de “soberania alimentar” e de “segurança alimentar”, capazes de dar sustentação a direitos fundamentais de todo o povo, garantindo-lhe presidir o que plantar, colher, criar e abater, sem correr o risco da fome, pela falta de acesso à terra, devem inverter os sentidos das lições ditadas pelo presidente da Farsul e pelo ministro da Agricultura. O primeiro “tem de aceitar” e o segundo não pode “encerrar assunto” que envolva direitos como os que as suas opiniões desconsideram. O “realismo econômico” da comida cara, sem outro remédio, previsto por eles, se está sendo pelo menos mitigado nos seus danosos efeitos sociais, isso não se deveu ao mercado, lá erguido à panacéia dos nossos males, mas sim aos assentamentos gerados pela reforma agrária, pelo menos os que deram certo justamente por obedecer à outra lógica que não a exclusiva do mercado. Não foi este também que presidiu a política pública de implantação do Fome Zero e do Bolsa Família.
Se existem mais brasileiros saciados, hoje, não devem isso ao mercado. Felizmente, há uma outra economia em curso, familiar, solidária, cooperativa, diferente dessa que acumula na mão de poucos o que falta na mesa de muitos. É por isso que a reforma agrária, esses assentamentos e essas políticas públicas recebem críticas tão ácidas das lideranças latifundiárias e daquelas que, no exercício do Poder Público, lhes são fiéis. “Paternalismos oficiais”, “favelas rurais” costumam aparecer sustentando essas críticas. É que o ídolo ao pé do qual elas se ajoelham, rezam e acendem velas diárias de adoração, não aceita outra forma de produção, distribuição e partilha dos bens indispensáveis à vida das pessoas que não passe pelo seu poder de exclusão, medido de acordo com a capacidade de pagar que cada uma dessas tenha alcançado.
Aquela outra economia sabe que o dinheiro não se come, nem impõe um “ter de aceitar” ou um “assunto encerrado” prepotentes e anti-democráticos como os publicados pela ZH do dia 17. Os direitos e os interesses alheios não lhe são estranhos ou, até, hostis. O que ela mais deseja é a suficiência para todas/os e não somente para um pequeno grupo. Está a serviço de uma justiça social capaz de produzir comida e mesa fartas onde ninguém se assente constrangido pela dor de saber-se estranho à comum união.

Religião não define caráter.

Mas o medo dela, define o caráter preconceituoso da ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros), que barrou uma campanha de esclarecimento da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos).
O tema da campanha é o título desse post "Religião não define caráter", e mostraria peças publicitárias dos ateus em ônibus de São Paulo, Salvador e Porto Alegre.
O texto abaixo foi extraído do jornal Zero Hora:

Veto à campanha publicitária fortalece movimento de ateus e agnósticos

Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) alcançou 1,74 mil membros na semana passada

Maurício Palazzuoli foi mórmon até perto dos 30 anos. Alfredo Spínola mastigava a hóstia das missas matinais, no colégio interno católico, para investigar a verdade. Daniel Sottomaior é descrente de nascença. Se acreditassem em alma, os três seriam a da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), entidade fundada por eles em 2008 e que alcançou 1,74 mil membros na semana passada.

Duzentos e noventa desses sócios, o equivalente a 17% do total, foram amealhados em apenas seis dias, como consequência de uma polêmica que colocou a Atea em evidência nos jornais e na internet. O motivo da controvérsia foi o veto, em São Paulo, Salvador (BA) e Porto Alegre, de uma campanha concebida pela entidade para combater o preconceito contra os ateus. O episódio deixou o trio ainda mais convencido de que a sociedade brasileira não aceita sequer conceder a palavra a quem não crê na existência de deuses.

– O preconceito é tão grande que não conseguimos sequer lançar uma simples campanha. No Brasil, o ateu é associado a tudo de horrível. É visto como criminoso, alguém que acredita em demônios, que quer a morte de todos. Mas o ateu é apenas alguém que não acredita em mitos – diz Palazzuoli, um biólogo de 40 anos que responde pela tesouraria da Atea.

O fato novo é que, no Brasil e em várias partes do mundo, os ateus não estão mais dispostos a ficar calados. Favorecidos pela internet, que os colocou em contato por meio de comunidades de discussão, os descrentes se articularam e começaram a lançar campanhas para enfrentar o preconceito e expor seu ponto de vista. Também saíram à rua para protestar, como durante a recente visita papal à Espanha. A onda ateísta contou ainda com uma série de best-sellers publicados por intelectuais importantes, como o evolucionista Richard Dawkins (Deus – Um Delírio) e o jornalista Christopher Hitches (Deus Não é Grande).

O Brasil seguiu na mesma onda, e a Atea é uma das manifestações do fenômeno. Sua campanha publicitária segue o modelo já adotado em países europeus e nos Estados Unidos. Na capital gaúcha, os anúncios deveriam estampar a traseira de 10 ônibus durante um mês. Na última hora, a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) barrou as peças, justificando que a legislação municipal proíbe manifestações religiosas (na verdade, são vetadas peças que estimulem a discriminação religiosa).

O presidente da entidade, o engenheiro civil Daniel Sottomaior, 39 anos, anunciou que vai acionar judicialmente a ATP.

Sottomaior é o rosto do ateísmo no Brasil há cerca de uma década. Curitibano radicado em São Paulo, ele se tornou conhecido por comparecer a programas de TV e rádio para defender o ponto de vista dos céticos. A militância rendeu-lhe ataques dos crentes na internet e ameaças de morte por e-mail e telefone. Ele conta que o pai e a mãe transitaram por diferentes credos, mas nunca o introduziram à religião.

– Tive a imensa sorte de não ser doutrinado quando criança. Todo mundo nasce ateu. Depois, o conceito de deus é introduzido à força. Eu pude escolher meu caminho – afirma.



Dinheiro é investido em ações e campanhas

Casado com uma agnóstica, Sottomaior tem uma filha de seis anos, a quem faz questão de manter afastada da religião. Ao procurar uma escola para ela, peregrinou por estabelecimentos que se diziam laicos, mas que punham as crianças a rezar na hora das refeições. Só na terceira tentativa encontrou uma instituição que não oferecia a ideia de que deuses existem.

Foi por meio de comunidades de ateus na internet que Sottomaior conheceu o biólogo Palazzuoli e o advogado Spínola, o que levou à criação da Atea. A entidade mantém um site (www.atea.org.br) bem fornido, com notícias, argumentos para ser ateu e um espaço para incentivar os descrentes a sair do armário. O dinheiro da entidade (25% dos sócios são contribuintes) é investido nos procedimentos legais contra quem ataca os ateus e em campanhas de esclarecimento.

– É muito mais representativo quando uma ação vem da associação do que quando chega de ateus isolados. O ateu é uma minoria e precisa se unir – diz Palazzuolo.

Ele é o único que acreditou em divindades. Batizado como mórmon, não faltava às celebrações dominicais no templo até os 30 anos. A crença desmoronou ao ter contato com a ciência: ingressou na faculdade de Biologia em 1998, foi exposto à teoria da evolução e converteu-se ao ateísmo.

O veterano é o advogado Spínola, 61 anos e passagem por várias escolas católicas na infância. Em uma delas, na qual era interno, os padres diziam que a hóstia era o corpo de Jesus e não deveria ser mastigada, ou verteria sangue. Spínola passou a mordê-la todos os dias. Não saiu sangue nenhum.

– Percebi tantas mentiras que comecei a desconfiar de tudo – diz.

sábado, 18 de dezembro de 2010

O Brasil de Miami.

Do Blog do Professor Hariovaldo Almeida Prado, dono de um sarcasmo sem igual, reduzindo a realidade à estigmas das classes abastadas do país, utilizando-se de sua ideologia, conceitos e preconceitos, de forma que deve os deixar envergonhados, pois reflete seu real penasmento.
Adoro esse Blog.
Abaixo ele subverte os índices de popularidade do Presidente Lula, sob o prisma desses abastados, que consideram o Brasil seu Brazil. O resto é gado:

Lula amarga rejeição recorde

Pesquisa Dataprado

De acordo com a nova pesquisa SNI/Dataprado divulgada hoje, Lula amarga a pior rejeição de um presidente em fim de mandato no Brasil, um fenômeno negativo jamais visto na política nacional, mesmo com o vultuoso gasto de milhões de dólares distribuídos na grande mídia comprada para que ela mentisse a seu favor. Não foi o bastante as principais redes de tv, revistas e jornais terem ficados pró-governo, o povo não deixou se enganar com tanta bazófia e o rejeita completamente pois ele representa um governo fracassado e falido.
Lula é rejeitado em todas as regiões brasileiras, entre todas as classes, dos Jardins à Ipanema, em Higienópolis ou em Miami, todos desaprovam o socialista na presidência. É um fim já previsível para um intruso  na seara do poder com o seu governo da e para a gentalha. Já vai tarde.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Lei não pode proteger assassinos e torturadores, diz a OEA.

Do Correio do Brasil, extraído do Blog Contexto Livre:


Brasil é condenado na OEA por caso Araguaia
Corte Interamericana de Direitos Humanos determina que o Estado brasileiro deve investigar os fatos ocorridos na época da guerrilha do PCdoB na região
A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Brasil por sua responsabilidade pelos desaparecimentos de 62 pessoas, ocorridos entre 1972 e 1974, na região conhecida como Araguaia.
Na ocasião, a chamada Guerrilha do Araguaia, formada por militantes do PCdoB, foi duramente reprimida pelo Exército brasileiro, sob o comando da ditadura civil-militar que havia se instalado no país em 1964. Em sua sentença, a Corte IDH determina que o Estado brasileiro investigue penalmente os fatos por meio da Justiça ordinária, já que, segundo a corte, “as disposições da Lei de Anistia que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana e carecem de efeitos jurídicos”. Assim, a Lei de Anistia não representaria um obstáculo para a identificação e punição dos responsáveis. A Corte Interamericana já notificou a respeito de sua sentença o governo brasileiro, os representantes das vítimas e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Além disso, a Corte IDH determinou que o Brasil também é responsável “pela violação do direito à integridade pessoal de determinados familiares das vítimas, entre outras razões, em razão do sofrimento ocasionado pela falta de investigações efetivas para o esclarecimento dos fatos”. Para completar, o órgão conclui, igualmente, que o país é responsável pela violação do direito à informação estabelecido na Convenção Americana, devido à “negativa de dar acesso aos arquivos em poder do Estado com informação sobre esses fatos”. Por outro lado, reconheceu as iniciativas e medidas de reparação que vêm sendo adotadas.
 
Nota do blogueiro: Ao não permitir a revisão da lei da anistia, o STF pôs o Brasil na delicada condição de condenado, por violações aos Direitos Humanos.
Esse reles blogueiro espera que essa vergonhosa situação seja revertida, pela investigação, apuração e condenação dos criminosos que serviram a um Estado terrorista.

Que diabos de comunista é esse?

O deputado comunista de legenda (como explicar um comunista agindo em defesa do lucro e da propriedade, em detrimento do meio ambiente e de toda a sociedade?), Aldo Rebelo, pretende dar caráter de urgência ao seu projeto de reforma do código florestal (que, em resumo, acaba com as reservas legais e anistia latifundiários multados pela destruição dos biomas).
O caráter de urgência impedirá o debate e a discussão desse projeto, tornando mais fácil uma vitória da bancada da moto-serra, contra o meio ambiente, como explica o texto da Via Campesina do Brasil, abaixo:

Código Florestal não é um problema, é uma solução


A Via Campesina Brasil reafirma a sua posição pela manutenção do atual Código Florestal Brasileiro.

Rechaçamos a proposta de alteração apresentada pelo deputado Aldo Rebelo [PCdoB/SP], que incorpora as grandes pautas dos ruralistas, como redução da Área de Preservação Permanente e a anistia das multas por desmatamentos.

O Código Florestal é uma legislação inovadora, que está pautada pela utilização sustentável da floresta. Ao contrário do que dizem os ruralistas e seus aliados, o Código Florestal não cria áreas improdutivas, intocadas.

Ele apenas define que, acima dos interesses privados e do lucro, está o interesse de toda a sociedade brasileira para que a floresta seja usada de forma sustentável.

A Via Campesina defende um amplo pacote de políticas públicas e programas que possibilitem a utilização sustentável das áreas de preservação permanente e de reserva legal.

Desde 2009, apresentamos como propostas assistência técnica capacitada para o manejo florestal comunitário; crédito e fomento para desenvolvimento produtivo diversificado; recuperação das áreas degradadas com sistemas agroflorestais; planos de manejo madeireiro e não-madeireiro simplificados; canais de comercialização institucional que viabilizem a produção oriunda das florestas.

Para quem produz alimento, que são os agricultores camponeses, quilombolas e indígenas, o Código Florestal não é um problema, mas sim a ausência do Estado em sua correta implementação.

Para o latifúndio do agronegócio, que se utiliza da monocultura, de quantidades gigantescas de agrotóxicos e de trabalho escravo, o Código Florestal é um empecilho, que deve ser destruído assim como as florestas da Amazônia, da Caatinga e do Cerrado.

É fundamental lembrarmos que a proposta apresentada pelo deputado Aldo Rebelo é apoiada somente pelos ruralistas.

Além da oposição de partidos como PT, PV e PSol, o relatório do deputado foi rechaçado por todos os grandes movimentos sociais do campo brasileiro, pelas principais entidades de pesquisa acadêmica do país e por inúmeras organizações e intelectuais.

Em mais um esforço para a destruição do Código Florestal, deputado Aldo está pressionando os líderes dos partidos a dar caráter de urgência ao seu relatório, colocando-o para votação imediata.

É evidente a manobra do deputado e da bancada ruralista, que visa apenas evitar o debate aprofundado da sociedade. Querem no apagar das luzes de seus mandatos imprimir um golpe fatal contra o meio ambiente e toda a sociedade brasileira, em uma atitude totalmente antidemocrática.

Conclamamos toda a sociedade e, em especial, às organizações aliadas da luta da Via Campesina, a enviarem correios eletrônicos para todos os deputados federais, exigindo que haja mais tempo para o debate desse tema tão importante e tão polêmico.

A mobilização social é fundamental, pois com o encerramento do ano essa votação pode acontecer a qualquer momento, a partir desta terça-feira, dia 14 de dezembro.

Digamos não ao pedido de urgência para o relatório do deputado Aldo Rebelo!

Via Campesina/Brasil
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal - ABEEF
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento das Mulheres Camponesas – MMC
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimentos dos Pescadores e Pescadoras Artesanais
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Pastoral da Juventude Rural -




Ao torcedor colorado:

Extraída do Blog do Márcio Brasil

domingo, 12 de dezembro de 2010

WikiLeaks mostra execução sumária de civis no Iraque.

O site WikiLeaks revela imagens da execução de um grupo de 15 a 20 pessoas, de acordo com a conta de quem "puxou os gatilhos", como pode ser visto nos vídeos abaixo (doze vítimas fatais de acordo com o WikiLeaks).
O exército invasor afirma que foram atacados por insurgentes armados, e que apenas reagiram.
Veja o "ataque" e o contra ataque do "exército invasor":





Foto do veículo de ataque utilizado no extermínio:



Detalhes da arma disparada:


Fácil entender porque os Estados Unidos querem Julian Assange na cadeia (os republicanos e os fascistas do Tea Party o querem morto).

sábado, 11 de dezembro de 2010

No brasil a crença é protegida, a não-crença, perseguida.

Trecho do artigo 5º da Constituição Federal:

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Invoco o artigo supracitado, com ênfase ao "ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política". Bom, por causa de crenças, são raros os casos de privação de direitos, especialmente dos cultos dominantes (correntes cristãs), agora, quando se trata de "convicção ideológica ou política" é que nossa sociedade descamba para a perseguição, intolerância, discriminação e privação de direitos, como no caso abaixo, extraído do Blog Contexto Livre:


A quem tiver interesse de acompanhar os desdobramentos do caso, sugiro o site da ATEA, Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos.
“Empresas de mídia barraram uma campanha publicitária com dizeres contra a religião patrocinada pela Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos). (veja aqui e aqui). As firmas se recusaram a veicular os anúncios mesmo depois de o contrato já ter sido assinado. A Atea estuda as medidas judiciais cabíveis.
As peças de propaganda, com frases como "Religião não define caráter" e "A fé não dá respostas; ela só impede perguntas", deveriam circular em ônibus de Salvador, São Paulo e Porto Alegre pelo período de um mês. A recusa ocorreu primeiro em São Paulo e depois em Salvador, sob a alegação de que as mensagens poderiam violar dispositivos das respectivas leis de publicidade em espaços públicos. Há informações ainda não confirmadas de que a empresa de Porto Alegre também vai romper o contrato.
"As seguidas recusas de prestação de serviço são uma confirmação contundente da força do preconceito contra os ateus, e da necessidade de acabar com ele. Nossas peças nada têm de ofensivas, e o teor de suas críticas empalidece frente às copiosas afirmações dos livros sagrados de que ateus são odiosos, cruéis, maus e devem ser eliminados. Existe um duplo padrão em ação aqui", diz Daniel Sottomaior, presidente da Atea.”
Hélio Schwartsman
Folha.com
Abaixo o material que seria exibido na campanha da associação:
O material não possui nada de ofensivo. É educativo, e elaborado para a defesa de uma parte dos brasileiros que não é levada em conta. Não-crentes não são contados e incluídos nas estatísticas oficiais, não são citados, exceto em caráter ofensivo (ver aqui e aqui), e agora,não podem conduzir uma campanha de esclarecimento.
Hoje, pela manhã, a caminho de Goiânia, ficamos por alguns momentos atrás de um ônibus, de uma empresa de transportes local. Chamou-me a atenção a inscrição em azul, destacada no fundo branco que dizia: "Eu confio em Deus".
As empresas que fazem esse tipo de publicidade podem apresentar campanhas de facções religiosas, sem medo de ferir ou ofender seguidores de outras religiões, de outros deuses, ou mesmo, quem não crê ou segue nenhum, sem medo de represálias do Estado ou mesmo das empresas. Quando se trata de uma minoria hostilizada, como os ateus e agnósticos, utilizam-se desse argumento para romper os contratos assinados.
A inquisição condenava os descrentes como hereges, sentenciando-os à penas cruéis, até mesmo de extermínio. A intolerância dos dias de hoje, condena-os ao extermínio verbal, pelo cerceamento de seu direito de expressão e manifestação.
Esse blogueiro, que também não acredita em fantasmas e outras figuras folclóricas, espera que esse quadro se reverta, e essa campanha de esclarecimento possa ser efetivada, pelo fim da perseguição ideológica de quem exerce seu direito de não crer.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tucano emprega a mulher, o irmão, o cachorro, papagaio... é uma farra.

Tucano anuncia "aparentamento" do Estado, mas não é nepotismo.
O governador tucano Beto Richa, que censurou pesquisas eleitorais que lhes eram desfavoráveis durante as eleições, mostra que, assim como fez uma campanha séria, vai fazer um governo sério, criando oportunidades para todos:
Todos os seus parentes, já anunciou que empregará a esposa e o irmão, além de um conhecido político acusado de corrupção no esquema do "mensalão do demo", no Distrito Federal. Os detalhes podem ser lidos aqui.
O Paraná em boas mãos, um governo "de família".
Ah, antes que eu esqueça, o governador eleito afirma que, assim como a censura às pesquisas na campanha não era censura, o nepotismo descarado visto até aqui, não é nepotismo.
Ele quer reeditar os dicionários?  Talvez contrate algum cunhado para fazê-lo. O "gado" do Paraná que pague:


Do dicionário on-line Priberam.


Folha de São Paulo censura blog e processa blogueiros.

Reproduzo abaixo, o apelo de dois blogueiros que tiveram seu modesto blog, o Falha de São Paulo, censurado pelo jornal que se diz defensor da liberdade de expressão.
"De quebra", o jornalão ainda pede uma voluptosa indenização por danos morais, supostamente causada pela existência do blog (assim acabam com a existência financeira dos blogueiros).
Leia o texto. Lembre-se dele cada vez que veres as palavras liberdade de expressão nas páginas da Bolha de São Paulo (ops, parodiei o nome do jornal, será que vou ser processado?).


Um processo inédito na história da Internet e do jornalismo brasileiro //  Um blog de paródia censurado pela primeira vez na história do país, abrindo precendente para agressões de outras empresas // O maior jornal do país querendo arrancar dinheiro de dois irmãos como “indenização por danos morais”, mostrando total incompreensão sobre o que é internet e democracia // Apoio de Gilberto Gil, Marcelo Tas e centenas de blogueiros // Comentários e discussões em todas as redações, da Folha inclusive.


A gente podia tá roubando, podia tá matando, mas tamo aqui pedindo: por favor escreva para uns gringos!
Mesmo assim, nenhum veículo chamada grande imprensa (ou “velha imprensa”, ou “mídia tradicional”) noticiou o caso. Até a ombudsman da Folha, que já afirmou várias vezes que o jornal tem que “ser corajoso para noticiar as críticas que recebe”, ignorou nossos apelos.
Por isso lançamos hoje uma campanha internacional de denúncia da censura da Folha, que na verdade é um atentado grotesco contra toda a internet brasileira. No topo da página há links para textos em inglês, espanhol, francês e italiano. Foram escritos  pensando no público estrangeiro, contextualizando a criação do blog na realidade do país e explicando, de forma didática, porque é mais do que um simples processo e porque “não é notícia” aos olhos da tradicional imprensa brasileira.
Ao longo da semana, vamos subir os vídeo de Gil legendado para inglês e francês e também o mesmo texto-denúncia em alemão. O original, em português, está disponível no botão “divulgue” acima, e é bom para ser repassado a jornalistas de Portugal e outros países lusófonos.
É A SUA GRANDE CHANCE DE AJUDAR! Por favor escreva para TODOS os contatos que tiver no exterior, jornalistas ou não, repassando os links. Se você é jornalista, por gentileza repasse para os colegas da mídia estrangeira. Se você não tem contatos, nos ajude buscando na internet emails de jornais, rádios, sites, TVs ou revistas para os quais você possa enviar os textos.
POR FAVOR PERCA UNS MINUTOS HOJE MESMO NOS AJUDANDO A DENUNCIAR ESSA PALHAÇADA QUE AMEAÇA TODA A INTERNET BRASILEIRA!
MUITO OBRIGADO MESMO

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Kátia Abreu ganha prêmio 'Motosserra de Ouro' por defesa do desmatamento

Do site do MST:

8 de dezembro de 2010
Líder da bancada do agronegócio no Congresso e fiel defensora das propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) recebeu das mãos de uma ativista do movimento indígena da Amazônia, junto com o Greenpeace, o prêmio Motosserra de Ouro, símbolo de sua luta incansável pelo esfacelamento da lei que protege as florestas do país.
A ativista tentou presentear Kátia Abreu com uma réplica dourada do instrumento usado para desmatar florestas no lobby do hotel em que está hospedada em Cancún, onde participa da 16ª Conferência de Clima da ONU (COP16). A senadora desprezou o agrado, visivelmente irritada, e deixou para a ativista apenas os comentários irônicos de seus assessores. A condecoração serviu para lembrar aos ruralistas defensores do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que prevê alterações na lei, que essa proposta representa uma grave ameaça ao ambiente.
O projeto ruralista anistia desmatadores e reduz o tamanho da área que o proprietário de terra e o Estado estão obrigados a conservar para o bem público. Fazendas, dependendo do tamanho, ou serão dispensadas de ter árvores ou poderão ter menos do que devem atualmente. O projeto também diminui as faixas de floresta em beiras de lagos e rios e em encostas, que além de servir como corredores de biodiversidade evitam enchentes, deslizamentos e protegem a qualidade da água.
Caso a turma da motosserra consiga mudar a lei nos termos em que pretendem, tornarão inviável para o Brasil honrar as metas de queda de desmatamento assumidas em Copenhague, na COP15, que preveem a redução até 2020 de 36% a 39% de nossas emissões de gases-estufa. A proposta prejudica também as negociações sobre Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), que institui o pagamento para a conservação de floresta para quem vive nela. “Se o Brasil legalizar mais desmatamentos, o custo da conservação aumentará muito e pode tornar a aplicação do REDD no Brasil inviável”, explica André Muggiati, representante da Campanha Amazônia do Greenpeace na COP16.
A bancada da motosserra continua lutando nos bastidores para que um novo e enfraquecido código seja votado a qualquer preço, ainda este ano. Querem que algo tão importante para o Brasil seja decidido já, por uma Câmara em fim de mandato, e sem a devida discussão com a sociedade. “As alterações no Código Florestal representam um retrocesso em uma das legislações florestais mais avançadas do mundo”, diz Muggiati.
Este protesto teve o apoio do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
Feliz Natal?
Em um apelo ao espírito natalino, um grupo de ONGs, entre elas o Greenpeace, levou Papai Noel até Cancún para ajudar a impedir que a bancada do agronegócio empurre suas propostas de mudança no Código Florestal goela abaixo dos brasileiros.
O bom velhinho ficou nesta manhã na porta do Cancun Messe, um dos prédios onde acontece a COP16, entregando mudas de árvores aos que passam, acompanhado de ativistas com dois cartazes, em português e inglês, onde se lia “Mudar o Código Florestal = Um Natal sem árvores”. Se as alterações no código forem aprovadas no Congresso, o Brasil pode se preparar para, no futuro, celebrar Natais com bem menos áreas de florestas.
O Papai Noel em Cancún teve como parceiros o Observatório do Clima, o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), além do Greenpeace.

Nota do blogueiro: A agropecuarista goiana, Kátia Regina de Abreu (que jura que uma área de 2.268 ha vale R$ 10.000), que atua no legislativo em causa própria, e de seus parceiros do atrasado e devastador agronegócio recebe justa homenagem.
Com a recusa do prêmio ela quer o quê? Passar uma imagem de "defensora do meio ambiente"? 
Querem acabar com as reservas legais, com as matas ciliares e "flexibilizar" (em bom português: acabar) a proteção aos biomas. Moto serra é pouco, deveriam fazer um troféu utlizando aqueles "bulldozeres" que utilizam-se de correntes para por florestas abaixo com um único puxão.
O próximo agraciado deveria ser o "agro-comunista" Aldo Rebelo, autor do projeto em questão.
Abaixo, foto do único bioma defendido pela dupla Rebelo-Abreu:

Os "biomas" defendidos pela dupla Rebelo-Abreu.




Por que o mundo precisa do WikiLeaks?



Quem responde é o próprio Julian Assange neste vídeo de 19 minutos. A entrevista é de julho de 2010, e foi realizada em Oxford, na Inglaterra.

Para ler a legenda em português basta clicar em "View subtitles" e escolher o nosso idioma.

Extraído do Blog Diário Gauche, do sociólogo Cristóvão Feil.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Entrevista com Julian Assange.

Reproduzo entrevista com o fundador do Wikileaks, Julian Assange, publicada no Blog Opera Mundi:

Em entrevista, Assange nega acusações e diz que 'é fascinante ver os tentáculos da elite americana corrupta'


O fundador do site Wikileaks, Julian Assange, falou com exclusividade ao Opera Mundi nesta segunda-feira (06/12). Assange não escondeu a irritação com o congelamento de sua conta bancária na Suíça, por estar registrada em um endereço local, apesar de ele não morar mais no país europeu e com outras ações tomadas contra a organização desde o lançamento de documentos sigilosos de embaixadas dos Estados Unidos.

Assange: observar a reação dos EUA é tão importante quanto ver o material que publicamos

Efe (28/10/2010)
Ele se preparava para se apresentar à polícia britânica, o que aconteceu na manhã de hoje (07/12) em Londres. Assange é acusado de crimes sexuais na Suécia. A acusação não é clara, mas inclui a prática de sexo desprotegido com duas mulheres, na mesma época em dava uma palestra em Estocolmo. Desde o dia 18 de novembro, a justiça sueca expediu mandado de prisão com o objetivo de interrogá-lo por "suspeitas razoáveis de estupro, agressão sexual e coerção". O fundador do Wikileaks deve ser ouvido ainda hoje num tribunal de Westminster, na região central de Londres, onde será decidido se ele será extraditado à Suécia.

Nesse momento, quais acusações pesam sobre você?
São muitas as acusações. A mais séria é que eu e o nosso pessoal praticamos espionagem contra os EUA. Isso é falso. Também a famosa alegação de "estupro" na Suécia. Ela é falsa e vai acabar se extinguindo quando os fatos reais vierem à tona, mas até lá está sendo usada para atacar nossa reputação.

Sobre essa acusação de espionagem, há algum processo judicial correndo?
Não. É uma investigação formal envolvendo os diretores do FBI, da CIA e o advogado-geral norte-americano. A Austrália, meu país, também está conduzindo uma investigação do mesmo tipo - em que se junta todo o governo - e ao mesmo tempo estão asssessorando os EUA. Uma da fontes alegadas para essa investigação, Bradley Manning [militar acusado de ser a fonte do Wikileaks], está preso em confinamento solitário em uma cela na prisão no estado da Virginia, nos EUA. Ele pode pegar até 52 anos de prisão se for condenado por todas as acusações, que incluem espionagem.

Leia também:
Por dentro do Wikileaks: a democracia passa pela transparência radical
Stédile: EUA são os maiores terroristas do planeta
Wikileaks: documento diz que MST e movimentos sociais são obstáculos a lei antiterrorismo no Brasil 
Wikileaks: documentos revelam que Itamaraty é considerado inimigo da política dos EUA 


Qual a diferença entre o que faz o Wikileaks e espionagem?
O Wikileaks recebe material de "whistle-blowers" (pessoas que denunciam algo errado nas organizações onde trabalham) e jornalistas e os entrega ao público. Nos acusar de espionagem quer dizer que nós teriamos que trabalhar ativamente para adquirir o material e o repassar a um estrangeiro.

No caso da Suécia, o que as mulheres alegam?
Elas dizem que houve sexo consensual. O caso chegou a ser arquivado por 12 horas quando a procuradora-geral em Estocolmo, Eva Finne, leu os depoimentos. Depois foi reaberto, após uma articulação política. Todo esse caso é bastante perturbador. Agora, eles acabaram de congelar minha conta em um banco na Suíça, nosso fundo para pagar minha defesa.

Com base em quê?
Eles estão alegando que eu os coloco em risco. Mas não têm nada que sugira isso, e de qualquer forma isso é falso.

Leia mais:
EUA condenam vazamento de documentos pelo Wikileaks 

Wikileaks: embaixador dos EUA diz que golpe em Honduras 'foi ilegal' 
Países árabes e Israel pediram aos EUA que atacassem Irã, diz Wikileaks 
Wikileaks: em troca de abrigo a presos de Guantánamo, EUA ofereceram visita de Obama e dinheiro 

 
E qual é a sua opinião sobre o congelamento de transferêcias de dinheiro pela empresa PayPal, e o fato de que a Amazon retirou o site do ar? Como você vê essas ações?
É fascinante ver os tentáculos da elite norte-americana corrupta. De certo modo, observar essa reação é tão importante quanto ver o material que publicamos. A Paypal e a Amazon congelaram nossas contas por razões políticas. Com o Paypal, 70 mil euros foram congelados. Com o nosso fundo de defesa, cerca de 31 mil euros.

O que eles alegam?
Eles dizem que estamos fazendo "atividades ilegais", o que é, claro, uma inverdade. Mas estão ecoando as acusações de Hillary Clinton [secretária de Estado norte-americana] sobre como publicamos documentos que podem causar transtornos aos EUA. Mesmo assim, o líder do comitê de segurança nacional no Senado disse com muito orgulho que ele havia ligado para a Amazon e exigido o fechamento no site.

O que o Wikileaks está fazendo para se defender do congelamento das doações? 
Nós perdemos 100 mil euros somente nesta semana como resultado do congelamento dos pagamentos. Temos outras contas em bancos - na Islândia e Suécia, por exemplo, que o público pode usar. Estão em um site. Também aceitamos cartões de crédito.

O que mais o Wikileaks está fazendo para se defender?
Nós estamos contando com a diversidade e o apoio de boas pessoas. Temos mais de 350 sites pelo mundo que reproduzem nosso conteúdo. Precisamos disso mais do que nunca. 

*Natália Viana é jornalista e colaboradora do Opera Mundi

Prisão de Assange fere a democracia

Por Altamiro Borges

Satanizado pelos EUA e furiosamente perseguido pela Interpol, o australiano Julian Assange, criador do sítio Wikileaks, decidiu se entregar à polícia do Reino Unido na manhã desta terça-feira (7). A prisão representa um duro golpe contra a liberdade de expressão, principalmente contra a liberdade na internet. Não é para menos que os barões da mídia, no Brasil e no mundo, evitam fazer alarde. Se um blogueiro fosse detido na China, Irã ou Cuba, a gritaria seria infernal.

A desculpa para justificar a caçada a Assange é a denúncia da Justiça sueca de que ele teria cometido crimes de estupro, assédio sexual e coerção ilegal contra duas mulheres, em agosto passado. A sentença é bastante confusa, levando-se em conta que no país a prática de sexo desprotegido, sem o uso de preservativo, é considerada uma categoria leve de estupro. Assange nega as acusações e garante que a perseguição é uma retaliação ao Wikileaks pelo vazamento de documentos das embaixadas dos EUA.

Cresce o apoio ao Wikileaks

Apesar da cumplicidade da mídia ianque e das suas sucursais colonizadas, a prisão de Assange não deverá cair no silêncio. Desde que os EUA deflagraram a caçada mundial ao Wikileaks, exigindo sua retirada do ar e a prisão do seu criador, cresce o apoio ao sítio. Através do Twitter foi lançado na semana passada o movimento "imwikileaks" ("eu sou Wikileaks"). Em apenas dois dias, mais de 500 sítios na web clonaram o seu conteúdo para "tornar impossível que o Wikileaks seja retirado totalmente do ar".

Também está em curso uma jornada internacional de boicote à Amazon Web Server (AWS), empresa que hospedava o sítio, mas que se sujeitou à censura imposta pelo governo de Barack Obama. O portal está agora hospedado num servidor do Partido Pirata suiço e oferece instruções para que qualquer sítio use o seu conteúdo. No mundo da internet, pelo menos por enquanto, o poder imperial dos EUA mostra-se vulnerável. Eric Holder, censor dos EUA, já admitiu que Washington tem dificuldade para silenciar o Wikileaks.

A prisão de Julian Assange é um grave atentado à democracia, à verdadeira liberdade de expressão. Merece repúdio imediato. Uma das formas de solidariedade é continuar difundindo os textos "sigilosos" que comprovam que a diplomacia ianque é um antro de espionagem e terrorismo. Ela serve aos interesses do império - uma obviedade, mas que deve ser repetida para muitos que achavam que o imperialismo já não existia.
Nota do blogueiro: Essa prisão mostra-nos, como esses Estados definem democracia. Lamentável.
Texto extraído do Blog do Miro.

Ossos do ofício militar


Charge do Angeli, extraída (junto com o título) do Blog Diário Gauche.