quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Queima de arquivo.

A comissão da verdade precisa acelerar os trabalhos, especialmente a convocação de testemunhas-chave de eventos não protegidos pela malfadada Lei da Anistia, como o atentado à bomba ao Rio Centro, em 1981, organizado pelo governo terrorista estabelecido após o golpe de 64, visando atribuir a culpa pelas mortes a grupos de esquerda.
Uma dessas testemunhas fora assassinada em Porto Alegre, em 01 de novembro, o coronel Julio Miguel Molina Dias,  ex-chefe do DOI-CODI, à época do atentado.
Chama a atenção a velocidade e presteza com que um dos jornais que foram criados após esse golpe, por apoiadores e simpatizantes do governo terrorista, divulga uma afirmação destemperada de um delegado da polícia civil gaúcha, que, sem investigação alguma descarta motivações ligadas à atividade "militar" do ex-chefe do DOI-CODI, o que poderíamos chamar de queima de arquivo.

O texto abaixo fora extraído do Blog Diário Gauche, do Sociólogo Cristóvão Feil:


A Polícia gaúcha tem um Sherlock Holmes e não sabia




Vinte e três dias depois do assassinato do ex-chefe do DOI-Codi, o delegado da Polícia Civil/RS, Luís Fernando Martins de Oliveira, é categórico, e está tão seguro do que afirma que chegou a fazer declarações peremptas ao jornal ZH: "Pelo que consta ali, já descartamos a hipótese de o coronel ter sido morto por vingança em razão da atividade no Exército".



Ocorre que o falecido coronel Julio Miguel Molinas Dias, assassinado no último dia 01 de novembro, em Porto Alegre, não tem um passado nebuloso e contestado pelo fato de ter tido "atividade no Exército", mas sim por ter sido chefe do DOI-Codi, à época do atentado terrorista (perpetrado por membros das Forças Armadas do Brasil, sem farda) ao Riocentro, no Rio de Janeiro, no ano de 1981.



É de estranhar, portanto, a conclusão-relâmpago do delegado da Polícia gaúcha. Com tantas hipóteses a serem investigadas, o delegado se sente suficientemente seguro para prestar uma declaração à imprensa com convicções formadas e inabaladas pela dúvida ou pela incerteza, mesmo sabendo que tenham passados mais de três décadas do atentado datigrada ao Riocentro.



Ora, o coronel assassinado em Porto Alegre, foi nada menos que o chefão da tigrada, segundo o jargão das próprias Forças Armadas para aqueles militares renitentes em aceitar os termos do "processo de abertura lenta, gradual e segura" - como queriam o general-ditador Ernesto Geisel e seu sucessor, João Figueiredo.  O general Geisel, aliás, chamava essa linha dura dos seus comandados da repressão de "bolsões sinceros, porém radicais", um eufemismo para designar assassinos e torturadores fardados à serviço do Estado brasileiro.



Tão radicais, que não hesitaram em tentar colocar bombas assassinas em um local fechado, onde se realizaria um grande show musical com milhares de civis, inocentes todos. A sorte é que a bomba - por uma trapalhada dos seus operadores - acabou explodindo antes da hora, e justo no colo de um dos terroristas chefiados pelo coronel Molinas Dias, assassinado dias atrás em Porto Alegre.   



Diante da certeza - manifestada publicamente à imprensa - do delegado Martins de Oliveira é de sugerir que o mesmo seja condecorado com alguma ordem do mérito por genialidade investigativa. A Polícia civil gaúcha tem um Sherlock Holmes e não sabia.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Negro é negro, índio é índio...

Com a çábia sentença que intitula esse texto, o pastor-deputado Marcos Feliciano, do Partido Social Cristão, inicia sua ilação homofóbica e racista, em defesa de uma prática banida pelo Conselho Federal de Psicologia: O "Tratamento Para a Cura da Homossexualidade."
Negro é negro, índio é índio e não podem ser mudados, afirma o pastor-deputado, comparando as duas etnias ao que considera aberrações, os homossexuais, que, de acordo com seu dogmatismo demente, devem ser transformados naquilo que considera normal. 
Como o próprio afirma que legisla por causas bíblicas, e esse livro defende a escravidão, e condena não seguidores de sua doutrina, podemos, claramente exaltar o viés racista do discursante.
A Comissão de Ética da Câmara não pode deixar essa passar em branco. Congresso não é pupto de igreja evangélica, nem um grupelho skinhead...
O texto abaixo é do site notícias.gospelmais:


“Negro é negro e não tem como mudar. Homossexualismo pode ser mudado”, diz pastor Marco Feliciano, durante audiência pública na Câmara

A Comissão de Seguridade Social e Família realizou uma audiência pública para discutir a resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe os profissionais do setor de atenderem pessoas interessadas em modificar sua orientação homossexual.
Durante a audiência pública foi sentida a ausência de debatedores favoráveis à resolução, fato que foi criticado pelo pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), de acordo com informações da revista Exame.
Outro parlamentar presente na audiência, deputado federal pastor Eurico (PSB-PE), afirmou que não se trata de implantar “tratamento compulsório”, mas permitir que existam alternativas aos interessados, o que atualmente não existe: “É preciso pensar no direito de quem quer deixar o homossexualismo”, afirmou.
Ressaltando que apesar de a homossexualidade não ser considerada uma doença pela Organização Mundial da Saúde, o pastor Feliciano afirmou que é passível de tratamento, quando há interesse por parte do indivíduo: “Índio nasce índio, não tem como mudar; negro nasce negro não tem como mudar; mas quem nasce homossexual pode mudar. Até a palavra homossexual deveria ser abolida do dicionário, já que se nasce homem ou mulher”, disse, numa tentativa de argumentar contra a acusação de que seria preconceito contra homossexuais a existência de um tratamento comportamental específico, segundo informações da Agência Câmara de Notícias.
Toni Reis, ativista homossexual e presidente a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais) classificou como fraude a proposta de cura gay: “Prometer cura para o que não é doença, no caso para a homossexualidade, é charlatanismo”.
A psicóloga cristã Rozângela Justino afirmou que passou a ser perseguida pelo Conselho Federal de Psicologia: “Sou discriminada por ser evangélica. Sempre atendi pessoas com desejo de não sentir atração por pessoas do mesmo sexo”, afirmou, revelando ainda que após ser punida em 2009 por atender pacientes que buscavam ajuda para abandonar a prática homossexual, abandonou a profissão.