quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sobre a real existência de "Nações Unidas"

Funcionaria mais ou menos assim: Uma organização supranacional, reunindo senão todas, pelo menos as principais nações, operando em todo o mundo com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais, estabelecer relações cordiais entre as nações do mundo, obedecendo aos princípios da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos e incentivar a cooperação internacional na resolução de problemas econômicos, sociais, culturais e humanitários.

Esse seria o papel da Organização das Nações Unidas (ONU).

Agora lendo o texto de José Saramago, publicado pela Agência Carta Maior, dá pra concluir que os objetivos da Organização mudaram um "pouquinho". Agora seriam mais ou menos esses:

- Interferir nos conflitos que atingem negativamente nossos maiores financiadores.

- Virar as costas à povos que não contribuem de forma expressiva com o "caixa" da organização.

- Nunca interferir em conflitos provocados por nações que são patrocinadas por nossos patrocinadores.

Quando da invasão do Iraque pelos maiores "patrocinadores da ONU", falou-se em uma ampla reforma da instituição, tendo em vista o descrédito que lhe foi lançado com esse ato tresloucado de um de seus membros, ignorando suas determinações e agindo como "pistoleiro solitário".

Nada foi feito. Agora, outro "pistoleiro solitário" age e a ONU aguarda autorização desse para levar mantimentos aos desgraçados que foram trucidados, em mais um ato hostil, mais uma ação armada, mais um massacre, perpetrado por um de seus membros.

Ou esse "clubinho se recicla" ou fecha as portas de vez, poupando seus patrocinadores, que poderiam destinar mais recursos públicos à Ford ou à GM.

Abaixo o texto de José Saramago:

Gaza e os vestígios de um deus rancoroso e feroz

Desde o dia 9 de dezembro os caminhões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelense lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas?



José Saramago


A sigla ONU, toda a gente o sabe, significa Organização das Nações Unidas, isto é, à luz da realidade, nada ou muito pouco. Que o digam os palestinos de Gaza a quem se lhes estão esgotando os alimentos, ou que se esgotaram já, porque assim o impôs o bloqueio israelense, decidido, pelos vistos, a condenar à fome as 750 mil pessoas ali registadas como refugiados. Nem pão têm já, a farinha acabou, e o azeite, as lentilhas e o açúcar vão pelo mesmo caminho.
Desde o dia 9 de dezembro os caminhões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelense lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas? Contando com a cumplicidade ou a co´vardia internacional, Israel ri-se de recomendações, decisões e protestos, faz o que entende, quando o entende e como o entende.

Vai ao ponto de impedir a entrada de livros e instrumentos musicais como se se tratasse de produtos que iriam pôr em risco a segurança de Israel. Se o ridículo matasse não restaria de pé um único político ou um único soldado israelense, esses especialistas em crueldade, esses doutorados em desprezo que olham o mundo do alto da insolência que é a base da sua educação. Compreendemos melhor o deus bíblico quando conhecemos os seus seguidores. Jeová, ou Javé, ou como se lhe chame, é um deus rancoroso e feroz que os israelitas mantêm permanentemente atualizado.

Estou de volta

Atendendo aos reiterados pedidos de meus quatro leitores, após um longo período sem postar nada no blog, voltei.

Mudei de ares, por razões profissionais deixei a cidade de São Borja e me instalei na cidade de Silvânia, no estado de Goiás. A mudança foi grande, demorei a ter de volta velhos "luxos", como a internet e meu computador, que só chegou aqui domingo úlimo.

Fiquei um pouco alheio ao que ocorria na província de São Pedro, mas logo que meu computador chegou, percorri os blogs pampeanos (únicas fontes confiáveis de informação na terra do PRBS), e o que li não diferia muito do que lia quando morava por esses pagos: Truculência do Governo do Estado para com os movimentos sociais, caos na segurança pública, professores em pé de guerra com um governo que não reconhece seus direitos e lhes oferece o arroxo como política salarial, a volta de conceitos brittistas ao ideário político guasca, maracutaias entre empreiteiras e membros do poder público em Porto Alegre, escândalos que se arrastam para o ano seguinte (Detran, Prefeituras), a farsa do déficit zero, a tentativa de prorrogar os contratos das administradoras de pedágios anos antes de seu vencimento, a imprensa gaúcha paparicando o governo estadual enquanto tenta construir a candidatura do atual prefeito de Porto Alegre como potencial candidato a sucessão de Sua Rainha, e muito mais, mas passaria a tarde relacionando os sucessivos desastres que li.

Mas voltando ao início do post, meus quatro leitores podem ficar tranquilos, seguirei, como diria Cristóvão Feil, "jogando pedra nas vidraças da casa grande", seja sobre a política guasca, nacional, mundial, ou da terra que agora me recebe.