domingo, 30 de novembro de 2008

Parece coincidência, mas não é.

Texto do sociologo Juremir Machado da Silva, publicado no jornal Correio do Povo de hoje, no qual fala sobre as loucuras de um governo autoritário e sem razão de ser. Onde lê-se Palomas, pode-se substituir por Rio Grande do Sul, sem prejuízo de contexto.


SÓ EM PALOMAS MESMO

Por Juremir Machado da Silva


Tem coisas, juro, que só acontecem em Palomas! Lá, por exemplo, somente o Estado tem direito de matar, seja aprovando uma lei da pena de morte, seja enviando os palomenses à guerra. Sem contar que a Polícia se dá o direito de eliminar alguns elementos incômodos alegando legítima defesa ou empregando um recurso muito eficaz e expedito, a bala perdida que sempre acha um alvo, embora nem sempre o desejado. Tudo é original em Palomas. Se professor faz greve, a secretaria de Educação corta o ponto e não paga os dias trabalhados. Dar calote é uma atribuição exclusiva do Estado. Tem professor em Palomas, contratado em regime emergencial, que não recebe há seis meses. Nesse tipo de caso, bastante comum, ninguém fala em ruptura unilateral de contrato ou em radicalismo das autoridades.


Depois da última greve, com o ponto cortado, teve um professor em Palomas que recebeu R$ 80,00. Eu disse OITENTA! Não acreditam? Pois é, esse tipo de coisa só acontece em Palomas. Lá o governo tem direito ao calote de longo prazo, os chamados precatórios. Deve, não nega, mas não paga nem fixa prazo para saldar as dívidas. Palomas é tão especial que por lá só o Estado tem direito de não cumprir as leis. Às vezes, porém, não tem jeito. Sai uma investigação. Dificilmente algum figurão é punido. Algo realmente exclusivo de Palomas é a secretaria da Educação. O cargo de secretário é quase sempre exercido por um ex-presidente do sindicato dos professores. Basta mudar de lado do balcão para que a pessoa se transforme radicalmente. Quem antes lutava por negociação, num passe de poder começa a exigir punições rigorosas. Quem exigia aumentos endossa o desrespeito a leis federais aumentando salários. Palomas é coerente na sua incoerência. Faz malabarismos para continuar conservadora. Os palomenses acham-se os mais cultos e politizados da Nação. Na hora de pega pra capar, conforme o linguajar de lá, comportam-se como o resto do país. Falam muito na importância da educação, mas não querem pagar salários justos aos professores. Aqui entre nós, Palomas é muito reacionária.


A governadora de Palomas (a vila, assim como o Rio Grande do Sul, é administrada por uma mulher de faca na bota) já foi à capital federal defender os privilégios das concessionárias de pedágios. Nunca o fez pelos professores. Em Palomas, pobre não tem vez. Chega a ficar meses na fila do SUS para fazer algum exame banal. Palomas é uma vaca holandesa. Todo mundo quer mamar nas suas tetas. É que os palomenses colocam a família acima e dentro de tudo. Nunca se viu gente mais família. Até no trabalho bem pago todos querem estar juntos. Preciso insistir num ponto redundante para evitar comparações inadequadas. Estou falando de coisas que só acontecem em Palomas. Qualquer semelhança com outros lugares é mera coincidência.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"Pro inferno com quem me diz não, e todas as benesses as que me dizem amém"




O título do post refere-se ao texto publicado por Marco Aurélio Weissheimer em seu blog, o RS URGENTE. Na prática o texto mostra o tratamento dado pela desgovernadora à seus aliados corruptos, e a forma como atua frente as reinvindicações dos servidores do Estado:




O ponto que Yeda não cortou

O governo Yeda está irredutível. Não aceita abonar faltas de professores que estão em greve e de policiais que fizeram paralisações. Nem o compromisso dos professores de recuperar as aulas perdidas e nem o argumento dos policiais de que não é mais possível enfrentar a crescente hostilidade dos delinqüentes sem as mínimas condições de trabalho, demovem a governadora. Do alto de sua arrogância, Yeda não consegue perceber que há mais virtude no diálogo do que na força. Cega, teimosa e refugiada em seus próprios argumentos, Yeda não vê que quem está na Praça da Matriz a lutar por justos direitos, são trabalhadores que servem não à ela, governadora, mas à sociedade gaúcha que leva os filhos para a escola e que precisa da proteção dos policiais.

Esta rigidez, contudo, é prática nova na conduta da governadora. Ela nem sempre foi tão radical assim. Veja-se, por exemplo, o caso de Carlos Dahlem da Rosa (foto), o advogado que é um dos denunciados pela Justiça, acusado de integrar a quadrilha que roubou R$ 44 milhões do Detran. Pois é, antes de ter seu nome citado pela Justiça Federal, Carlos Dahlem da Rosa era funcionário da CEEE desde 1980 e, em março de 2007, teve autorizada sua cedência para a Casa Civil de Yeda. Entretanto, o advogado ficou nove meses sem aparecer para trabalhar em nenhum dos dois órgãos e nem Yeda, nem qualquer secretário seu, cortaram-lhe o ponto ou descontaram seu salário.

Yeda até pode alegar que alguém garantia a efetividade do advogado e, segundo a imprensa, isto teria sido obra de outro réu do Detran, o então diretor administrativo da CEEE, Antônio Dorneu Maciel. Não consta, porém, que Maciel tenha recebido alguma sanção de Yeda por ter assinado uma falsa efetividade durante quase um ano. Yeda também pode alegar que afastou os dois, mas vale lembrar que isto só aconteceu depois que a Justiça "sugeriu" este procedimento. E não foi pela falcatrua da efetividade, foi por suspeita de roubo mesmo.

Os diretores das escolas, ao contrário, provavelmente serão punidos por não terem fornecido ao governo os nomes dos professores em greve que não compareceram às escolas. Ora, os diretores também estão em greve... Mas Yeda não quer explicações, quer cortes; não quer conversa, quer punição; não quer acordo, quer queda-de-braço. Se esta disposição houvesse sido manifestada com relação ao Detran os cofres públicos agradeceriam.

No caso de Dahlem Rosa, a situação só foi regularizada em novembro de 2007, nove meses depois da cedência, e ainda assim porque a imprensa denunciou que ele recebia sem trabalhar e não por obra da "coerência" do governo Yeda. O advogado teve seus salários devolvidos num acordo que lhe garantiu a devolução de quase 40 mil reais (quantos anos um professor deve ficar em greve para dever 40 mil ao Estado?!) em módicas parcelas que não ofendessem o sustento da família... Talvez valha para Yeda a frase de que lançou mão na CPI do Detran outro denunciado pela fraude, Carlos Ubiratan dos Santos, o Bira Vermelho. Encurralado por perguntas dos deputados sobre envolvimento com a quadrilha, sem saída, Bira lascou algo como "...nesta vida, deputado, tudo são relações..." (Maneco)

Leitores revoltados "detonam" Época

por Luis nassif

O caso Época A rebelião dos leitores da Época com a reportagem sobre De Sanctis caminha para se tornar um case na Internet. Os leitores de Época a vêem como uma espécie de antídoto para Veja. Com a linha editorial dos produtos da Globo entorpecida pelo continuado patrulhamento ideológico de Ali Kamel, no entanto, a revista não ousou ocupar esse espaço anti-Veja.

A matéria colocou cacos ironizando o juiz. A rebelião dos leitores foi ampla, de uma virulência desproporcional ao teor da matéria, uma enchente de leitores indignados que, em pouco tempo, lotaram a seção de comentários da revista armados da chamada ira santa. Alguns hackers se valeram da falta de filtros da revista para direcionar as mensagens ou para a Carta Capital ou para a série O Caso de Veja.

Quando a revista se deu conta do estrago, tentou deter a avalanche. Tirou o link dos comentários - provavelmente enquanto anulava o hacker. Os leitores começaram a colocar comentários com links para as páginas seguintes de comentários. Depois, a revista passou a tirar comentários com ataques mais graves contra o repórter. Mas, antes disso, leitores já tinham copiado os comentários e, agora, ameaçam criar um blogue com eles.Clique aqui para acompanhar esse fenômeno de indignação.

A Época agiu abertamente, permitindo comentários sem moderação. Agora, pergunto: o que se passa com os comentários na revista Veja. Na edição de hoje, por exemplo, só tem duas cartas tendenciosas de leitores, contra a Satigraha. A revista está em uma redoma, isolada do mundo e da indignação quase unânime? É evidente que não.

Sei por fonte segura que a ficha de Roberto Civita começou a cair, sobre o estrago que a dupla Eurípedes-Sabino produziu na revista. Se algum conselheiro leal sugerisse a ele a leitura das mensagens vetadas pela direção, emails, cartas ou comentários, certamente aceleraria o processo de tirar a revista do lamaçal em que se meteu nos últimos anos.

Nota do blogueiro: Esse foi um movimento expontâneo de grande relevância. Finalmente são expostos pensamentos contrários a "linha burra" das grandes editoras brasileiras. O povo começa a perceber que está sendo conduzido por uma série de "homens de bem", que estão interessados em incrementar suas rendas com a desgraça de uma nação que é partilhada entre os entes mais torpes de uma "classe política" decadente.

Esse momento deveria ser melhor explorado, para ma ampla campanha de cancelamento de assinaturas, e esclarecimento das falcatruas desses "trustes informativos" à população, como foi feito pelo movimento "Zero Fora".

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Espigões e campanhas eleitorais


Na coluna de hoje do sociólogo Juremir Machado da Silva, destaca a declaração do vereador Cláudio Sebenelo de que teria recebido uma proposta de "ajuda financeira" da empresa que comprou a área do antigo Estaleiro Só, durante a campanha eleitoral.

O relato do vereador é deveras esclarecedor e deixa bem claro o que pode ter motivado os "Nobres Edis" a aprovar de forma tão rápida e om tanto entusiasmo. Totalmente compreensível, afinal, dívidas de campanha tem de ser pagas, não importa a que custo.

Abaixo o texto publicado por Juremir no Correio do Povo de hoje:

O PONTAL DAS AJUDINHAS
Por Juremir Machado da Silva

Está longe de terminar a polêmica em torno do projeto Pontal do Estaleiro, cuja aprovação pelos nossos representantes municipais, em meio a um clima de Bombonera, deixou seqüelas. Houve xingamentos, insultos, disputas, ameaças e lances discutíveis e extremamente discutidos. Boatos não faltaram de que houve isto e aquilo, que é como se chama 'aquilo' que não quer se denominar de 'isto' por falta de provas ou de interesse. Telefonei ontem para Cláudio Sebenelo, vice-presidente da Câmara de Vereadores, com a intenção de entender um pouco melhor o desfecho do episódio. Ele me contou uma historinha que dá muito a pensar. Cada um que tire as suas conclusões tranqüilamente.


Em agosto, ou começo de setembro, um enviado da BM PAR, a empresa que comprou a área do Estaleiro Só com o fim de construir ali um condomínio de ricos e faturar com a mudança da lei em vigor, procurou Cláudio Sebenelo e ofereceu ajuda financeira para a sua campanha eleitoral. Como qualquer candidato, Sebenelo estava com pouco dinheiro. Como em qualquer eleição, o dinheiro é decisivo. O enviado generoso não estabelecia condições nem expectativas. Nada propunha, nada pedia, nada sugeria, nada cobrava. Tudo ficava implícito. Sebenelo diz ter explicado ao autor da oferta que não podia aceitar ajuda de uma empresa interessada na aprovação de projetos pela Câmara de Vereadores. Elementar! É o que se chama de recusa ética.


Sebenelo não se elegeu. Ficou como primeiro suplente. Votou contra o Pontal do Estaleiro. Está agora preocupado com a imagem da Câmara de Vereadores junto à opinião pública. Garante estar pronto para repetir a sua história ao Ministério Público. Ninguém duvida da existência de homens sérios entre os políticos. Generalizações não são pertinentes. Mas também é certo que quando os lobistas circulam à vontade entre parlamentares e oferecem ajuda, não é simplesmente por apreço à cor dos olhos de cada um. Como adoram dizer os liberais, com muita razão, não existe almoço grátis. Muito menos ajudinha eleitoral desinteressada. Ainda mais quando dorme nas gavetas do parlamento um projeto decisivo e rentável a ser aprovado depois das eleições. Faz muito que a filosofia sustenta um primado simples: não há conseqüência sem causa. Nunquinha! A historinha de Cláudio Sebenelo poderá servir de subsídio ao prefeito José Fogaça na hora de tomar a sua decisão quanto à lei aprovada pela Câmara de Vereadores. O bom senso indica-lhe uma só coisa a fazer: vetar. Na falta de luz suficiente para o exame transparente dos fatos, obscurecidos por interesses diversos e gananciosos, nada melhor do que abrir uma nova janela para o debate público. Se Fogaça vetar, a Câmara pode ter a grandeza de render-se. Um plebiscito seria o melhor caminho para resolver o caso. Nisso tudo, porém, ficam três perguntinhas ingênuas, infantis, simplórias: não caberia uma CPI do Pontal? Será que o enviado da BM PAR só ofereceu ajuda a Cláudio Sebenelo? Não lhe teria ocorrido a idéia de oferecer o mesmo apoio financeiro a outros necessitados? Perguntar, como dizia o bordão de um ex-humorista, não ofende. Aquilo que ofende muito é a falta de respostas. Com quantas ajudinhas se faz um pontal? Só!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"O Governo Yeda ataca o funcionalismo, mas não a bandidagem"


A Marcha da Polícia Civil, que percorreu na tarde de hoje o trajeto do Palácio da Polícia até o Piratini, foi uma manifestação contra os baixos salários e a falta de condições de trabalho da categoria. "Recuperação da Segurança" era o slogan da manifestação. Ainda durante a caminhada, Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, declarou: "O governo Yeda ataca o funcionalismo mas não ataca a bandidagem". Ortiz deu alguns números: De cada mil ocorrências policiais, apenas 10 se transformam em inquérito, hoje, no Estado; os policiais estão há cinco meses sem receber hora-extra; há 1 milhão de inquéritos atrasados nas delegacias; e há horas já passamos dos mil homicídios sem que perceba uma reação a este dado aterrorizante.

Nas faixas que os policiais carregavam e nas manifestações feitas no caminhão de som, alguns recados à governadora:

Yeda vai ter que engolir o seu decreto (aquele que desconta os dias em que os funcionários estiverem em greve) .

Policiais civis repudiam o Decreto Lei 45959/08 que tenta desestabilizar a Polícia.

Yeda 143% / Polícia zero%

Nós, Yeda, é que pagamos o teu salário

Corrupção no Detran, corrupção na cultura, corrupção nos pedágios. Esses milhões fazem falta para a segurança. E falta explicar a casa da governadora.

Março: greve unificada dos servidores.

Mendes é o cão de guarda, o pitt bull da governadora, mas desta vez ele não botou a cara pra fora.

Apesar de botarem os brigadianos para bater no funcionalismo, sabemos que eles ganham um salário miserável.

Policiais da República de Santa Maria protestam contra a corrupção.
Em nome da bancada do PT, falou o deputado Elvino Bohn Gass: "Imaginem se vocês estivessem trabalhando normalmente nas suas delegacias. Não haveria uma solenidade no Palácio para anunciar este trabalho rotineiro que é a obrigação de cada um. Pois, hoje, a governadora fez uma solenidade para anunciar o 13º salário em dia, ou seja, para anunciar que ela não vai fazer mais do que a sua obrigação. Ela faz isso porque não tem notícia para dar sobre suas realizações, porque não pode fazer solenidade para dizer que mandou bater em servidores públicos. Precisamos ter nitidez de que o déficit zero que ela anunciou, significa serviço público zero".

Pelo PSOL, falou a deputada Luciana Genro: "Este é um governo desmoralizado pela corrupção, pelo desmonte da saúde, da segurança e da educação". Luciana Genro estava acompanhada da ex-senadora Heloísa Helena e do delegado federal Protógenes Queiroz cujo trabalho na Operação Satiagraha levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas mas tem sido contestado por outros setores da Polícia Federal. Segundo a deputada, "Protógenes ousou mexer com o mais poderoso bandido do país que mantinha um império criminoso que tem seus tentáculos no Poder Judiciário com o presidente do Supremo (Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal) concedendo habeas corpus". Em seguida falou Protógenes, mas seu discurso estava mais para deputado do que para policial: "Podem contar comigo. Me chamem que estarei aqui".

Apesar do alto tom das manifestações, a Marcha da Polícia acabou sem incidentes. Antes do final, os organizadores ainda denunciaram a pressão exercida pelo Chefe da Polícia Civil no Estado, delegado Pedro Rodrigues, para que os policiais não participassem do protesto. Foi inútil. Mesmo com a ameaça da governadora de cortar-lhes o ponto, mais de 300 policiais de quase todas as regiões do Estado estiveram no ato. (Maneco)

Fotos: Kiko Machado
Texto extraído do blog RS URGENTE, professores e policiais civis em greve, contra as arbitrariedades de um governo que só tem olhos para os pedágios, empreendimentos ilegais, eucaliptos, os extratosféricos reajustes de seus quadros e, obviamente, os cofres públicos.

Um governo desastrado como esse, só poderia comemorar o pagamento do 13º salário do funcionalismo. Que mérito.


Sobre professores e mendigos


Transcrevo e-mail que recebi de Flavio Jose Pastoriz, da Executiva do Sindibancários. Faz uma comparação, devida, entre o salário dos professores da rede pública estadual, e a renda de mendigos, isso mesmo, de mendigos.

No momento em que a governadora Yeda-143%-de-reajuste-Crussius tenta barrar o novo piso da categoria (módicos R$ 950.00), e a categoria indignada paralisa suas atividades, a reflexão é muito bem vinda.

Abaixo a transcrição do e-mail de Pastoriz:

MATEMÁTICA DE MENDIGO

Um sinal de trânsito muda de estado em média a cada 30 segundos (trinta segundos no vermelho e trinta no verde). Então, a cada minuto um mendigo tem 30 segundos para faturar pelo menos R$ 0,10, o que numa hora dará: 60 x 0,10 = R$6,00.

Se ele trabalhar 8 horas por dia, 25 dias por mês, num mês terá faturado: 25 x 8 x 6 = R$ 1.200,00.

Será que isso é uma conta maluca? Bom, 6 reais por hora é uma conta bastante razoável para quem está no sinal, uma vez que, quem doa nunca dá somente 10 centavos e sim 20, 50 e às vezes até 1,00.

Mas, tudo bem, se ele faturar a metade: R$ 3,00 por hora terá R$600,00 no final do mês, que é o salário de um estagiário com carga de 35 horas semanais ou 7 horas por dia. Ainda assim, quando ele consegue uma moeda de R$1,00 (o que não é raro), ele pode descansar tranqüilo debaixo de uma árvore por mais 9 viradas do sinal de trânsito, sem nenhum chefe pra'encher o saco' por causa disto.

Mas considerando que é apenas teoria,vamos ao mundo real. De posse destes dados fui entrevistar uma mulher que pede esmolas, e que sempre vejo trocar seus rendimentos na Panetiere (padaria em frente ao CEFET). Então lhe perguntei quanto ela faturava por dia. Imagine o que ela respondeu?

É isso mesmo, de 35 a 40 reais em média o que dá(25 dias por mês) x 35 = 875 ou 25 x 40 = 1000, então na média R$ 937,50 eela disse que não mendiga 8 horas por dia.

Moral da História :

É melhor ser mendigo do que estagiário (e muito menos PROFESSOR), e pelo visto, ser estagiário e professor, é pior que ser Mendigo...

Se esforce como mendigo e ganhe mais do que um estagiário ou um professor.
Estude a vida toda e peça esmolas; é mais fácil e melhor que arrumar emprego. Lembre-se : Mendigo não paga 1/3 do que ganha pra sustentar um bando de ladrões.

Viva a Matemática.

Que Estado é esse?

sábado, 15 de novembro de 2008

Charges do Kayser

"Democracia" a dar com pau!






Ainda do RS URGENTE. Pérolas da "Câmara mais politizada do Brasil"

Nanda Duarte acompanhou a votação envolvendo o projeto Pontal do Estaleiro, quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e fez uma seleção de algumas pérolas produzidas pelos edis defensores da construção de um complexo de seis prédios na orla do Guaíba:

Luiz Braz (PSDB)
“Para mim, tanto fez como tanto faz.”

Elias Vidal (PPS)
“Futuras gerações? Eu quero é para mim e agora”.
“Ecologia o caramba”.
“Essa empresa vem com responsabilidade para Porto Alegre devolver a orla para nós”.

Brasinha (PTB)
"Eu queria que tivesse mais três, quatro pontal do estaleiro.”
“Eu votava duas vezes esse projeto”.
“Eles ali (os empresários) querem o crescimento. Vocês não querem?”

Haroldo de Souza (PMDB)
“Machuca o meu coração quando levanta alguma suspeita de que pode estar correndo dinheiro por este projeto”.
“Esse é o momento mais sublime da vida do vereador”.
“Vai mostrar esse dinheiro para o teu pai”.

José Ismael Heinen (DEM)
“A iniciativa privada, auto-sustentável, vai trazer riqueza para nós”.
“Chega do Império do Público”.
“De repente, nossos filhos universitários tenham que continuar indo aos Estados Unidos encontrar oportunidades”.

Nereu D'Avila (PDT)
“Presidente, os mal educados têm que se retirar”.
“Essa casa aqui não é circo”.
“Nós somos vereadores e temos o direito de usar a tribuna em silêncio”.

Nilo Santos (PTB)
“Reclamam que não se poderá ver o Guaíba, mas há uma via de 20 metros para o carro passar”.

João Antônio Dib (PP)
“Não vai acontecer outra construção na orla do Guaíba”.
”Eu não quero ver aquilo virar outra vila do Chocolatão.”

Dr. Goulart (PTB)
"Moesh, que é a pessoa viva que mais entende de meio ambiente”.
"Aqui tá o Iberê no meio da selva." [mostrando foto do museu]
"Quem manda aqui é o vereador, não é a Justiça."
"A Justiça é para trabalhar com criminoso, não com vereador."
"Quem decide altura de prédio é vereador."
Nota do blogueiro: "Os gaúchos são o povo mais politizado do País", afirmam membros do governo, lideranças políticas, a mídia oligárquica da Província, os "tradicionalistas" e mais uma série de sábios e "entendidos".
Tal é o nível de politização (deve ter sido medido pelo INMETRO), que na câmara de vereadores da Capital dos "mais politizados", colhem maravilhas como as que estão expostas acima, com destaque para a manifestação do "Nobre Edil" José Ismael Heinen (DEM):
"Chega do império do público", significaria o que? Que finalmente chegou a hora da iniciativa privada, e da livre regulamentação do mercado? Onde será que vive esse Ente? Será que não acompanhou os últimos anos, quando suas idéias puseram o mundo abaixo?
Se os representantes dos gaúchos, expressam aquilo que pensam seus eleitores, então o Rio Grande do Sul é um dos Estados mais despolitizados do país.
“Para mim, tanto fez como tanto faz.” Luiz Braz (PSDB)

Palácio Piratini, 16h45min.

Do blog RS URGENTE, de Marco Aurélio Weissheimer:



Foto tirada agora há pouco mostra duas fileiras de policiais militares em frente ao Palácio Piratini. Eles aguardam a chegada da passeata dos professores que partiu do Gigantinho, após a assembléia que decididiu pela greve da categoria por tempo indeterminado. Pela manhã, o comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, já havia determinado reforço do policiamento, no Gigantinho e nas proximidades do Palácio, para acompanhar a mobilização dos professores públicos estaduais.

Foto: Kiko Machado

Nota do blogueiro: Tal aparato deve ter por motivação a defesa do Palácio e seus ocupantes contra a "horda de professores fortemente armados com sinetas, cartazes, bandeiras e palavras de ordem." Quando não há diálogo...

Magistério em greve por tempo indeterminado



Governo Yeda já sinaliza com punições e retaliações

Mais de dez mil educadores, reunidos na tarde de ontem, em assembléia no Gigantinho, decidiram por ampla maioria pela greve geral por prazo indeterminado. A medida foi tomada por conta da intransigência do governo Yeda na condução da imlantação do piso nacional da categoria, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Lula.

Yeda e sua secretária de contenção de "despesas educacionais' Marisa Abreu, encaminharam um projeto para a Assembléia Legislativa do Estado, afirmando que "piso não é piso", ou seja, pode-se equiparar o piso dos professores da província ao nacional (R$ 950,00) mas não quer que sejam calculados em cima desse piso as demais vantagens da categoria.
Se aprovado o projeto do "piso que não é piso", não haverá nenhuma vantagem aos educadores do Estado.

O Governo Yeda já sinalizou retaliações e punições, como corte do ponto dos funcionários paralisados e com a substituição desses, desrespeitando a Lei de greve e estabelecendo um perigoso conflito com a categoria, que promete "engrossar" o movimento pelo interior da Província.

Abaixo manifesto do CPERS Sindicato, publicado em seu site:
Reunidos em assembléia geral na tarde desta sexta-feira 14, no Gigantinho, em Porto Alegre, os trabalhadores em educação decidiram entrar em greve. A assembléia reuniu aproximadamente dez mil educadores, que, por ampla maioria, votaram pelo início imediato da paralisação para barrar os ataques do governo à educação e aos educadores.
A categoria exige a retirada imediata da Assembléia Legislativa do projeto que cria um piso regional que descaracteriza a lei federal que criou o Piso Salarial Nacional e ainda ameaça os planos de carreira dos professores e funcionários.
O projeto de R$ 950,00 proposto pelo governo não é básico, pois considera todas as vantagens da carreira. Já o piso nacional, em janeiro de 2010, terá que ser aplicado como básico da carreira, incidindo sobre ele todas as vantagens. Após a assembléia, os educadores realizaram uma caminhada até o Palácio Piratini, onde entregaram um documento comunicando a decisão da assembléia geral e exigindo a retirada do projeto que se encontra na Assembléia Legislativa.
O sentimento de força e unidade contagiou a todos que estiveram na atividade. O apoio manifestado pela população fez aumentar a energia e a disposição de luta de todos que participaram das atividades.
Agora é hora de paralisar todas as escolas no Estado e forçar o governo e a Assembléia Legislativa nenhum projeto que ataque à escola pública e os educadores. Cada região estará organizando o seu comando de greve, procure seu Núcleo e participe da luta

Juremir Machado da Silva

Mais uma vez reproduzo uma crônica do sociólogo Juremir Machado da Silva, na qual ele relata acontecimentos de uma localidade do interior, onde eventos fantásticos ocorreram durante a última semana.

De acordo com Juremir, toda e qualquer semelhança com o golpe sofrido pelo povo de Porto Alegre, com a alteração da lei que impedia "grandes obras" na orla do Guaíba, é apenas coincidência.



TIÃO, O MODERNIZADOR

Por Juremir Machado da Silva


Palomas tem vivido momentos históricos palpitantes. É uma polêmica atrás de outra. Em meio às escaramuças, desponta uma figura destemida, Tião, o modernizador. Normalmente gentil, cordato e afetuoso, Tião, nos últimos tempos, tem rugido como um leão. Primeiro, conseguiu proibir a circulação de carroças nas ruas do vilarejo, em defesa dos cavalos, bichos maltratados e infelizes, cuja magreza e olhos melancólicos denunciam a grande miséria deles e dos seus donos. A medida, no entanto, é extremamente complicada para os pobres de Palomas, que ganham a vida catando papel. Mas os carros flamejantes precisam andar rápido, não podem ser atrapalhados por meios de transporte primitivos, feios e sujos. As carroças são péssimas para a imagem de Palomas no exterior (em Rivera, por exemplo). Dentro de alguns anos, graças a essa medida modernizadora, Palomas estará, enfim, livre dessa chaga, pois há um prazo a ser cumprido. O desenvolvimento precisa, às vezes, de alguns trancos. Era fundamental uma lei contra maus-tratos a cavalos. Agora só falta uma lei contra maus-tratos a carroceiros.


Nesse acelerado processo de modernização, Palomas aceitou passivamente a retirada dos pobres da orla do seu rio. A lei impedia moradias à margem do Goiaba. Tião não se notabilizou pelo combate contra a remoção dos moradores da favela Sai-Sai. Talvez o tenha feito sem que a mídia palomense tenha notado. A mídia palomense, ao contrário do que ocorre no resto do mundo, é tendenciosa e parcial, parte dela tendo inclusive interesses imobiliários incompatíveis com informação. A ralé acabou enxotada. Mais uma vez, Palomas deu um salto para o futuro, tornando-se mais bela e limpa, rumo ao Primeiro Mundo. Tinha cabimento a plebe querer morar num cenário de cartão-postal protegido por uma lei de preservação permanente? Curiosamente, depois dessa limpeza, apareceu um projeto radical de modernização. Tião aderiu.


O tal projeto prevê a construção de espigões à margem do Goiaba, justamente numa área de proteção permanente. Para tornar um ângulo do pôr-do-sol privilégio ao alcance de poucos aquinhoados, seria necessário superar um pequeno obstáculo: a legislação em vigor. Tião votou pela mudança da lei. Lutou com unhas e dentes pela modernização e pela revitalização da orla palomense. É sabido desde tempos imemoriais que pobres morando em algum lugar representam atraso. Ricos, contudo, encarnam a modernidade e a beleza. Em lugar de barracos, arranha-céus. Muita gente atrasada, especialmente entre os jornalistas, levantou-se contra o projeto modernizador. Tião, que nem era o pai da idéia, enfureceu-se e ameaçou processar um colunista rastaqüera. Qualquer semelhança desse relato com o que acontece em outros lugares é mera coincidência. Palomas é original. Nada disso deve ser verdade. A prova de que é ficção, tão ao gosto da gente daquelas plagas, é que Palomas nem tem rio. No máximo, um arroio desplumado, longe da zona central. Certo, porém, é que Tião, o modernizador, ainda vai fazer de Palomas uma província evoluída, sem carroças, com espigões para todo lado, conjuntos arquitetônicos de vanguarda e até com passarelas para que o pobrerio, vigiado por câmeras, possa chegar, alguns dias, à beira das suas águas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Até o Feijó critica pressa na prorrogação dos pedágios


O vice-governador, Paulo Afonso Feijó, criticou a pressa do Governo Estadual em prorrogar a concessão dos pedágios em mais 15 anos, mesmo faltando cinco para vencer os contratos. Ele afirma que esse período deveria ser aproveitado para colher melhores benefícios dessas concessões: 'É visível que o Rio Grande do Sul precisa de infra-estrutura e de investimentos, mas isso não precisa ser feito a toque de caixa. Se houver prejuízo neste sistema, quem vai pagar a conta é o contribuinte', afirma.


Se deu para o segundo-em-comando criticar as ações da "Rainha", imagina só o que deve estar acontecendo nos bastidores dessa negociata, prorrogar até o ano de 2028, o pedágio mais caro do país, com o "benefício" da duplicação de parcos 160 km de estradas.


O lucrativo negócio do cerceamento e taxação do direito de ir e vir, livremente no Território Nacional, previsto na Constituição, deve estar fazendo um poderoso lobby, sobre figurinhas que não perdem uma "boca-livre", e que infelizmente, hoje, governam a Província.



A lista dos "privatecas" de Porto Alegre


Segue abaixo a lista dos vereadores que votaram a favor da construção de "Espigões" na Orla do Guaíba:


Alceu Brasinha (PTB)

Bernardino Vendrúscolo (PMDB)

Almerindo Filho (PTB)

Dr. Goulart (PTB)

Elias Vidal (PPS)

Ervino Besson (PDT)

Haroldo de Souza (PMDB)

João Antonio Dib (PP)

João Bosco (PDT)

João Carlos Nedel (PP)

José Ismaelo Heinen (DEM)

Luiz Bras (PSDB)

Maria Luiza (PTB)

Maristela Meneghetti (DEM)

Maurício Dziedricki (PTB)

Mauro Zacher (PDT)

Nereu D´Ávila (PDT)

Nilo Santos (PTB)

Sebastião Melo (PMDB)

Valdir Caetano (PR)


A todos aqueles que estiverem, um dia, caminhando na esperança de ver o pôr do sol do Guaíba, na área do antigo Estaleiro Só, e só o que puderão ver são as torres e suas sombras, lembrem-se desses vinte "Nobres Edis", que contrariando os interesses da maioria da população, autorizaram a entrega desse espaço à empreiteiras.

Muito concreto, aço, vigas e sombras, onde poderia haver um parque, ou alguma área de interesse comum.

Porto Alegre fica mais cinza.

E mais triste.



Juremir Machado da Silva

Ainda sobre a privatização da Orla do Guaíba, reaizada ontem pela Câmara de Porto Alegre, transcrevo a coluna do sociólogo Juremir Machado da Silva, publicada hoje no jornal Correio do Povo:

VENDA DE DOAÇÕES

Por Juremir Machado da Silva

O grande pensador Jean-Jacques Rousseau era bom de frases. Um dia, saiu-se com esta: 'A gente sempre sabe o que se ganha com o progresso. O problema é saber o que se perde'. Tradução: cuidado com a sacanagem! A modernidade é uma serpente especialista em autopromoção. Essa imagem é de péssimo gosto. Assim como certas manobras para iludir a plebe. É costumeiro que, em nome do desenvolvimento e da criação de preciosos empregos, o Estado doe um terreno para que uma empresa privada se instale. Passam-se os anos e a dita empresa entrega os pontos. Aí surge um novo e sensacional projeto para a mesma área e, embora contrariando interesses coletivos, defende-se o livre uso do espaço em questão por ser uma propriedade privada. O ciclo é claro e recorrente: o público vira privado pelo bem comum. Depois, o bem comum deixa de ser atendido por ser considerado anacrônico colocar o interesse público acima do bem privado.

Recebi um número tão grande de e-mails sobre a questão do Pontal do Estaleiro que não pude sequer responder a cada remetente. A leitora Néia Uzon, porém, enviou-me uma informação que precisa ser compartilhada, ainda mais que ela fala 'na condição de quem já coordenou a área de patrimônio do município de Porto Alegre'. Os seus dados provam o funcionamento desse ciclo da serpente que privatiza pelo bem público: 'Toda a área da orla (da Ponta da Cadeia à Ponta do Melo e desta à Ponta do Dionísio) foi doada pelo Estado do RS ao município de Porto Alegre. Na época, corriam tratativas para a doação desta área à empresa Estaleiro Só S/A por parte do Estado, e a orla veio ao domínio do município com a condição de essa doação ter continuidade. A Procuradoria do município elaborou a minuta do projeto de lei autorizativa, bem como da escritura de doação ao Estaleiro Só S/A, com cláusula de reversão ao patrimônio público em caso de desvirtuamento das finalidades, doação ou falência da empresa. Sabe o que aconteceu?'.

Isto: 'Veio uma carta do então governador do Estado ao prefeito ordenando que a doação fosse feita sem qualquer cláusula de reversão (o que é de praxe, por motivos óbvios, em doações de áreas públicas) por ‘MOTIVOS DE SEGURANÇA NACIONAL’. Eram os anos de chumbo, prefeito nomeado, mandava quem podia e obedecia quem precisava... E agora? Qual é a desculpa do prefeito para não ter invocado vício de iniciativa? Se a moda pega, lá se vão os (poucos) limites que ainda mantêm um mínimo de moralidade na condução da questão urbana. Assim sendo, o município ou o Estado deveriam ter recomprado algo que era do povo desta cidade e que foi doado para ‘preservar a segurança nacional’, coisa que até hoje não consegui entender nem engolir. Em que a privatização de parte da orla ao Estaleiro afetava positivamente a segurança do país? A administração pública é um troço kafkiano. Agora só nos resta espernear. E vamos continuar esperneando até o fim porque até paciência de contribuinte (que parece não ter fim) tem limite! Obrigada pelos teus artigos!'. A proverbial falta de memória dos brasileiros quase sempre ajuda a enterrar detalhes que atrapalham a 'marcha inexorável do progresso'. Há sempre alguém, no entanto, para lembrar o que deveria ser esquecido pelo bem dos que adoram os bens públicos com tanto apego que os pegam para eles. Será que recordações desse gênero incômodo não influenciam os votos dos vereadores de Porto Alegre?
Nota do blogueiro: Em nenhuma outra parte do mundo, o Público e o Privado se misturam, de forma tão homogênea aos interesses das elites nacionais e estrangeiras. Será que algum dia poderemos realmente chamar o Brasil de República?

A Escória


Bancada dos Espigões vence em sessão "circense"

A área do antigo Estaleiro Só foi entregue à exploração imobiliária desenfreada, na noite passada, em tumultuada sessão, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Os protestos contra a alteração da lei municipal, que proibia a construção de "Espigões" na orla do Guaíba, começaram cedo. A reação da bancada do espigão foi intensa e desproporcional. Um dos mais ferrenhos defensores da alteração da lei, o vereador Nereu D`Ávila, classificou os opositores ao empreendimento de "Escória da cidade".

Opôr-se a projetos que privatizam o meio público, em busca de áreas preferenciais, para a comercialização desses espaços a alguns "cidadãos preferenciais", em detrimento dos demias e do meio ambiente, é fazer parte de uma escória?

O que sobra então para os que, "mimado$" pelas empreiteiras interessadas, defenderam a todo o custo a legalização do imoral? Os mesmos "entes políticos" que tentam a todo o custo prorrogar os contratos de exploração das estradas da Província, cinco anos antes de seu vencimento, com preços exorbitantes e contrapartidas duvidosas, tornam o espaço público (privatizado por uma ordem nos anos de chumbo), um lucrativo negócio para empreteiras.

E esse "Nobre Edil" tem a audácia de falar em escória.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Contra a privatização do pôr do sol

Juremir Machado da Silva, em sua coluna de hoje do jornal Correio do Povo, traz a público, de forma irônica, debochada e muito realista, as questões que estão sendo debatidas em caráter de urgência na Câmara Municipal de Porto Alegre, que prevêm alterações na lei municipal que proíbe a construção de "Espigões" na orla do Guaíba.

O tema ganhou amplos espaços de discussão na "blogosfera", por tratar-se de tema espinhoso, opondo dois campos em lutas bem definidas: A população, que quer continuar tendo a visão do Guaíba, juntamente com aqueles que temem a degradação da orla, e exploradores imobiliários, ávidos pelos imensos lucros que tal destruição lhes proporcionaria.

Abaixo o texto de Juremir Machado da Silva:

O PONTAL DA HIPOCRISIA


Está marcada para amanhã, se a Justiça deixar, a votação, na Câmara dos Vereadores, do projeto Pontal do Estaleiro. A malandragem costuma adotar expressões modernosas para enganar os incautos: revitalização, embelezamento, criação sustentável de empregos, adoção de um perfil urbanístico de Primeiro Mundo. Tudo conversa fiada. A mesma turma que pretendia se apropriar de quase toda a orla do Guaíba na época do governo Collares, com um papinho semelhante, voltou ao ataque para tentar o golpe do novo milênio. Comprou a área do antigo Estaleiro Só por míseros R$ 7,2 milhões, preço vil em função da lei que impede a construção de prédios residenciais no local, e pretende, mudando a lei, ganhar rios de dinheiro. Estrategicamente, os vereadores deixaram a votação para depois das eleições. A manobra não passou.


Depois que escrevi sobre esse assunto, há alguns dias, tenho recebido toneladas de insultos de pretensos modernos. Por favor, mandem mais. Dizem-me que a área é privada. Pois devia ter sido comprada por essa merreca pelo município de Porto Alegre ou pelo Estado. É um espaço que deve ser público. Mais de 20 entidades vêm protestando contra essa privatização do pôr-do-sol. Indicam que haverá engarrafamento na avenida Padre Cacique, bloqueio do sol e do vento e aumento da produção cloacal. A lei estabelece que a orla é área de proteção permanente. O pessoal da grana, que sonha com um janelão à beira do rio, acha que basta mudar a lei. Afinal, eles têm os meios que movem o mundo. Eu já pensei em ter uma cabana no meio do Parcão. Só para deitar na rede e olhar as patricinhas correndo. Não tenho dinheiro para eliminar os obstáculos ao meu projeto. Além disso, teria de ver também as peruas. Outra idéia genial seria um espigão de 50 andares no meio da Redenção. Tudo pela modernidade.


Dá para embelezar o Pontal do Estaleiro com jardins, quadras de esportes, bares, restaurantes, teatros, museus e uma infinidade de equipamentos de interesse coletivo. A verdade é que há um novo mecanismo de chantagem na praça. Internacional e Grêmio querem estádios novos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014. Só atingirão esse objetivo vendendo os Eucaliptos e o Olímpico. Quem pode comprar condiciona o negócio à mudança da lei para que seja possível construir arranha-céus de mais de 30 andares. O Estaleiro é apenas a ponta de uma jogada para pisotear as leis de proteção ambiental e alterar o perfil urbanístico de Porto Alegre de modo a saciar enfim o apetite vertical dos ganhadores de dinheiro como esporte principal. Atenção, o mundo mudou. Aquilo que se podia fazer 30 anos atrás agora não desce mais redondinho.O cartel dos espigões terá de enfrentar a resistência da população. Estudantes e ambientalistas devem acorrentar-se ao longo do território ameaçado para defendê-lo do avanço inimigo. Parte da mídia faz ouvidos de mercador aos que gritam. Afinal, interesses imobiliários conjugados podem reduzir a liberdade de expressão sem que isso faça corar os jornalistas. Por trás de cada discurso sobre os benefícios da modernidade, sempre tão arrogantes e especializados, esconde-se a mais velha das ambições: ganhar dinheiro fácil e levar vantagem em tudo. A Câmara dos Vereadores vai virar uma Bombonera. Os representantes do povo sentirão o bafo da massa na hora de votar.
juremir@correiodopovo.com.br

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Seminário debaterá reparação às vítimas da ditadura

As vítimas da ditadura têm direito à reparação? Aqueles que cometeram crime de tortura devem ser punidos? Os documentos do período devem ser tornados públicos? Essas e outras questões serão debatidas no Rio de Janeiro em um seminário organizado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o Clacso e a Uerj.

Leia o texto na íntegra aqui.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diário Gauche: Banco do Brasil promete reagir

Estatal irá adquirir cerca de cinco bancos




Deu na Folha, hoje:


[...] O Banco do Brasil avalia a compra de outros bancos. Ao menos cinco estariam na lista de aquisições, segundo a Folha apurou.


Procurada, a assessoria do BB afirmou que a direção não iria comentar o assunto. Nas últimas semanas, aumentaram as especulações sobre prováveis negociações com bancos de pequeno e médio porte.Aliada à compra das três instituições estaduais, a aquisição de um banco de porte médio daria de volta ao BB a liderança no ranking. A liderança no ranking de bancos do país é simbólica para o PT.


O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gostou de ver o BB perder o posto histórico no seu governo, mas avalia-se na administração petista que o sistema financeiro brasileiro ainda passará por uma nova fase de consolidação e que a crise abriu várias oportunidades para o BB. O importante, avaliam os técnicos do governo, é que "agora o BB está no jogo". [...]

Texto extraído do blog Diário Gauche.

Nota do blogueiro: Se é pra ver o Banrisul sucateado, alvo dos "Salteadores do Piatini", e finalmente privatizado, então que o BB compre-o de uma vez, continuará sendo estatal, gerando desenvolvimento para a sociedade, e não exclusivamente para um grupinho qualquer.

Zero Hora afirma que ditador Figueiredo foi eleito

Deu no RS URGENTE:


A seção “Há 30 anos em ZH”, publicada pelo jornal Zero Hora, traz hoje uma pérola informativa. Segundo ZH, o general Figueiredo, último presidente da ditadura, foi “eleito”:

“João Baptista Figueiredo, presidente eleito*, iniciou um roteiro de campanha política pelo Rio Grande do Sul, pedindo apoio nas eleições de 15 de novembro. Depois de visitar Estrela e Arroio do Meio, o general precisou voltar para Porto Alegre porque seu avião não pôde pousar em Pelotas - cidade prevista em seu roteiro -, devido ao mau tempo. Em Estrela, a concentração teve que ser realizada dentro de um galpão, com a participação de mais de mil pessoas. Na ocasião, Figueiredo discursou, afirmando que a Arena será vitoriosa no pleito. "Eu não gosto de perder porque não entro em luta para perder", declarou o general”.
*grifo meu

Nota do blogueiro: Zero Hora se supera, além de tentar moldar o presente, apoiando conchavos e noticiando o que convém aos seus interesses político-partidário-financeiros, quer agora tentar reformular o passado, transformando os ditadores que criaram o jornal, "Presidentes Eleitos".

Não vai demorar até conseguir, o povo anda mal de memória (Alguém sabe quantos apoiadores da ditadura detém cargos políticos no país? Tudo bem, essa é difícil, vamos tentar uma mais "fresca": Alguém sabe em que presídio anda Daniel Dantas?). Não se surpreendam se nas próximas edições for apresentado o quadro político das "Eleições diretas da madrugada 31 de Março de 1964". (Madrugada de 31 de março não é 1º de abril? O que há de errado com os livros de história?).

Gilmar Mendes inicia campanha tucana para 2010


O Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Gilmar-Tira-Banqueiro-Ladrão-Da-Cadeia-Mendes já posiciona-se frente ao processo de sucessão do Presidente Lula. Ontem, ao comentar a declaração da Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que afirmou que os torturadores da última ditadura, não poderiam ser beneficiados pela prescrição de seus crimes (tortura, de acordo com a constituição de 88 é um crime imprescritível e inafiançável), tratou de classificá-la como terrorista, por ter participado de movimentos armados contra essa ditadura, nos anos 70.


O porta voz tucano no STF afirma que de acordo com o mesmo preceito, deveria ser revista a aplicação da prerrogativa da prescrição a todos os que enfrentaram a tirania do Estado pegando em armas, atigindo a principal pré candidata petista ao Planalto.


Gilmar Tucano Mendes, indicação de FHC ao Supremo, começa a por suas "manguinhas de fora", tentando antecipar o debate eleitoral, para favorecer seu candidato, José-Pau-Nos-Grevistas-Serra.


O Ministro deve ter esquecido dos fatos: O Brasil sofreu um golpe civil-militar em 1964. Um presidente legalmente instituído foi alijado de seu posto e o mecanismo de repressão Estatal não permitia a menor crítica ao regime, com penas que variavam da prisão sem julgamento, o banimento, a tortura e o extermínio.


Alguns cidadãos rebelaram-se contra um Governo ILEGAL, pegando em armas para tentar derrotá-lo e restaurar o Estado Democrático de Direito, extinto naquele não tão distante 1º de Abril.


Ao classificar esses cidadãos como terroristas, o Tucano esquece de que quando o lado mais forte exerce uma "pressão maior", a tendência é provocar a reação do outro lado. Nesse caso, a democracia foi derrotada pela força das armas das elites, sendo um dever cívico do povo, enfrentar essa excrescência.