segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A guerra...

...como deveria ser mostrada, como deveria ser vista.

Extraído do Youtube:


Pelos discursos das autoridades, comandantes-em-chefe dos sucessivos massacres que seguiram aos utilíssimos (para os belicosos belicitas estadunidenses) ataques de 11 de setembro de 2001, e as imagens mostradas pelas emissoras de tv, revistas e jornais, parece que ninguém sofre com as guerras promovidas pelo capitalismo global.
Sucessivas cenas de armas disparadas, sem a mostra dos alvos atingidos, imagens de bombas "fazendo o seu serviço", com aquela visão distorcida de câmeras infravermelhas, não mostram ao aprovador público, o que estão aprovando.
E assim, seguimos aplaudindo massacres.
Em nome do mercado...
Do lucro...
E do "espírito empreendedor".
Amém.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

As drogas causam violência...

...mas algumas são lícitas, os traficantes não pagam impostos, tem participação política ativa e querem fazer da sociedade uma imensa "boca-de-fumo-divina".
O ópio do povo.

So site UOL:

Evangélica esquarteja os pais por dívida de dízimo
Lineusa Rodrigues da Silva se ajoelha na delegacia no último domingo, 25 (Foto: Reprodução/MeioNorte.com) (Reprodução/MeioNorte.com)
Lineusa Rodrigues da Silva se ajoelha na delegacia no
último domingo, 25 (Foto: Reprodução/MeioNorte.com)

Frequentadora de uma igreja evangélica, Lineusa Rodrigues da Silva, de 24 anos, matou os pais como uma machadinha porque eles não deram o dinheiro do dízimo. O crime, cometido no último domingo, chocou a cidade de Timon, no Maranhão.
O inferno é mesmo pavimentado com boas intenções. De tanto que queria pagar o dízimo à sua igreja, Lineusa matou os pais adotivos a golpes de machadada. Joana Borges da Silva, 104 anos, que mal se levantava da cama, e Lourival Rodrigues da Silva, 84, tiveram as mãos esquartejadas com um serrote e foram seguidamente golpeados com um pedaço de pau.
Objetos usados por Lineusa no assassinato dos pais (Foto: Reprodução/Telacrente)
Objetos usados por Lineusa no assassinato dos pais
(Foto: Reprodução/Telacrente)

A jovem foi encontrada pela polícia depois de receber ligações dos vizinhos que ouviram barulhos estranhos durante a noite. Ela confessou o crime e relatou os detalhes dos assassinatos. A delegada da Central de Flagrantes de Timon, Wládia Holanda da Silva, disse que os corpos ficaram totalmente irreconhecíveis. “Em toda a minha experiência como delegada nunca tinha visto nada parecido”, disse ela ao MeioNorte.com.
Lineusa acumulou dívidas de dízimo junto ao pastor da igreja que frequentava, e justificou os assassinatos pela religião. “Eu fiz por Deus”, disse a estudante, que chegou a se ajoelhar na delegacia.
Adotada com cinco meses pelo casal, Lineusa vinha discutindo com os pais adotivos há algum tempo, segundo informou a filha do casal assassinado, Francisca Oliveira da Cruz. Ela também contou que Lineusa tem histórico de problemas mentais.
Não dá para saber quem fez pior, a assassina, que foi levada a cometer um crime em nome do fanatismo religioso, ou do pastor que, sabendo da condição da jovem, fazia qualquer tipo de cobrança.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Villaverde debaterá retirada de símbolos religiosos da Assembleia

Pré-candidato a prefeito de Porto Alegre pelo PT, o deputado estadual Adão Vilaverde encampa a luta por um estado laico, estado que ainda vive sobre as sombras da cruz.

Extraído do diário eletrônico Sul 21:

Felipe Prestes
Um grupo de movimentos sociais entregou nesta segunda-feira (5) documentos solicitando à Assembleia Legislativa e ao Governo do Estado a retirada de símbolos religiosos dos espaços públicos. Na Assembleia, o grupo foi recebido pelo presidente da Casa, Adão Villaverde, que prometeu levar adiante o debate com as bancadas. Ele considerou que se trata de um “bom” e “polêmico” debate, e disse que vai colocar o assunto em pauta na reunião de líderes desta terça (6).
Como presidente da Assembleia, o deputado entende que não deve manifestar sua opinião pessoal sobre o tema e prometeu buscar uma opinião comum de todos os deputados que compõem o Parlamento. “Minha função é criar condições para este debate transite aqui e daremos plenas condições para isto. Vamos produzir uma opinião da Casa. O importante é que isto chegue a todas as bancadas”, disse.
Villaverde prometeu todos os meios para a discussão, como a realização de audiências públicas, por exemplo, se os deputados julgarem necessário. Ele explicou que o primeiro encaminhamento será político. Depois, o pedido pode ser encaminhado para a procuradoria da Casa avaliá-lo juridicamente, o que já está ocorrendo na Câmara Municipal de Porto Alegre.
No dia 7 de novembro, os movimentos sociais entregaram pedidos semelhantes à Câmara e ao TJ-RS. No Parlamento municipal, o documento foi repassado à assessoria jurídica da Casa e até hoje não foi distribuído a algum dos advogados para análise. No TJ-RS sabe-se que um parecer foi encaminhado ao corregedor do Tribunal, mas os ativistas não conseguem obter acesso ao teor do parecer.
“O que a gente quer é a pluralidade. A partir do momento em que são retirados símbolos de uma religião específica, está se privilegiando todas as religiões, não uma religião em detrimento das outras”, defendeu o coordenador jurídico do grupo Somos, Bernardo Amorim. Além do Somos, assinam os documentos a Liga Brasileira de Lésbicas, o grupo feminista Themis, a Rede Feminista de Saúde, a Marcha Mundial das Mulheres e o grupo Nuances.
Além de Bernardo, foram até a Assembleia, Ana Naiara Malavolta e Mari Macedo, ambas da Liga Brasileira de Lésbicas e companheiras há 26 anos, e Célio Golin, do Nuances. Em seguida, os quatro atravessaram a Rua Duque de Caxias e foram até o setor de protocolo do Palácio Piratini onde entregaram um documento com o mesmo pedido. O Sul21 não conseguiu até o fechamento desta reportagem uma posição do governo sobre o pedido.
Naiara explica que os quatro pedidos são semelhantes, mas não iguais. Ao governo estadual, por exemplo, há uma ênfase na retirada dos símbolos religiosos das escolas. Uma das preocupações que os ativistas manifestam é com a ideia disseminada de que o Brasil tem uma religião oficial ou principal, que está acima das outras e que acaba influenciando em todas as esferas, até mesmo no serviço público.
“A gente se cria ouvindo que há uma religião oficial no Brasil, as posições da Igreja Católica acabam sendo levadas em conta em todos os assuntos. E as posições da Igreja sempre são conservadoras em relação a nós, bichas”, afirmou Célio Golin. “É o que se chama de tutela religiosa sobre a moral coletiva. Sobre as cabeças dos dirigentes nas repartições sempre paira uma cruz”, complementou Ana Naiara Malavolta.
Naiara explicou que o pedido dos movimentos sociais se baseia no artigo 19 da Constituição, que estabelece a laicidade do Estado, o que não só é garantido pela carta de 1988, mas em todas as constituições brasileiras desde 1891. “Quem tem que ter religião são as pessoas. Se alguém não concorda, tem que mudar a Constituição, ou então temos que cumpri-la”.
Os movimentos sociais têm uma petição online de apoio à retirada dos símbolos religiosos. O RS é o segundo estado em que se solicita aos poderes o fim dos símbolos. A Liga Brasileira de Lésbicas já fez pedido anteriormente no Piauí, diretamente ao Ministério Público do Estado. O MP foi favorável à retirada dos símbolos religiosos e determinou que isto fosse feito nos três poderes locais, mas em seguida uma liminar derrubou a determinação. O próximo estado a ser alvo de ação semelhante deve ser São Paulo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Fascismo-cristão húngaro mostra como enfrenta a pobreza...

...livrando-se dos pobres.
Primeiro, vejamos quem governa a Hungria, e o que propõem ao Estado:

Nova Constituição húngara: “Deus, Pátria, Família”

A maioria de direita que governa a Hungria e preside à União Europeia aprovou o novo projecto de Constituição do partido do primeiro ministro Victor Orban no qual se sublinham a importância do cristianismo na “preservação da nossa nacionalidade”, a pertença do país à “Europa cristã” e o papel da família como base da sociedade, conceito que, no limite, permitirá aos pais votar em nome dos filhos menores.
A maioria de direita que governa a Hungria e preside à União Europeia aprovou o novo projecto de Constituição do partido do primeiro ministro Victor Orban no qual se sublinham a importância do cristianismo na “preservação da nossa nacionalidade”, a pertença do país à “Europa cristã” e o papel da família como base da sociedade, conceito que, no limite, permitirá aos pais votar em nome dos filhos menores.

“Deus abençoe a Hungria” é o subtítulo do projecto constitucional aprovado terça-feira pelo Parlamento de Budapeste e que deverá entrar em vigor em 1 de Janeiro de 2012. O documento afirma a separação das igrejas e do Estado mas no preâmbulo “reconhece o papel do cristianismo na preservação da nossa nacionalidade”, embora admita a existência de “diferentes tradições religiosas no nosso país”.
“Estamos orgulhosos de que o nosso rei Santo Estêvão tenha criado a Hungria com alicerces fortes há mil anos tenha tornado o nosso país membro da Europa cristã”, afirma o preâmbulo da nova Constituição.
O documento salienta igualmente o papel da Hungria “batalhando ao longo de séculos para proteger a Europa”, querendo isso dizer, segundo os autores, o envolvimento nas guerras contra os turcos e os soviéticos.
O novo texto é apresentado pelos autores como “uma Constituição para o século XXI” e define a família como “base para a sobrevivência da nação”, estabelecendo vantagens fiscais e eleitorais para os agregados familiares mais numerosos.
Um aspecto considerado “único” pelos dirigentes do partido Fidesz de Orban é o conteúdo do artigo XXI, no qual uma super-maioria de dois terços poderá proporcionar poderes adicionais aos pais de famílias numerosas para votarem em nome dos filhos menores. O artigo é omisso quanto à situação de pais divorciados mas permite concluir, por exemplo, que a família do actual primeiro ministro, com quatro filhos ainda menores, poderá votar seis vezes.
O artigo afirma que “não pode ser considerada uma infracção à lei da igualdade dos direitos de voto” a atribuição de votos adicionais aos pais em nome de filhos menores. Associações de cidadãos começaram já a lutar contra este artigo por considerarem que viola a Declaração Fundamental dos Direitos do Homem, mas o partido de Orban dispõe de super-maioria de dois terços no Parlamento.
A nova Constituição húngara é discriminatória, designadamente para os homossexuais. A Hungria, afirma, “protege a instituição do casamento entre o homem e a mulher, uma relação matrimonial voluntariamente estabelecida”. Interrogado sobre a eventualidade dos casamentos homossexuais, um porta-voz do Fidesz explicou que nada na legislação europeia impõe que esse tipo de união seja questão para uma Constituição do século XXI.
A interrupção voluntária da gravidez torna-se liminarmente anti-constitucional à luz da nova Lei Fundamental húngara: “a vida de um feto deve ser protegida desde a concepção”, lê-se no documento.
De acordo com a nova Constituição, o Estado deve manifestar “sentido de responsabilidade” na defesa dos húngaros fora do país, designadamente apoiando “os seus esforços para preservarem a cultura húngara”.
A Lei Fundamental da Hungria passa a exigir maiorias de dois terços no Parlamento para aprovar legislação europeia, designadamente eventuais alterações ao Tratado de Lisboa.
Artigo publicado no site do Grupo Parlamentar Europeu do Bloco de Esquerda

Em seguida, como os carolas húngaros pretendem erradicar à pobreza: Eliminando os pobres.
Hungria condena sem abrigo a trabalhos forçados
Nova lei prevê a prisão por dois meses de quem for apanhado duas vezes a dormir na rua, ou o pagamento de multa de 480 euros. Associações dizem que governo devia atacar a pobreza, não os pobres.
Sem abrigo serão condenados a trabalhos forçados. Foto de Paulete Matos
Entrou em vigor esta quinta feira na Hungria uma lei aprovada em novembro, proposta pela bancada do partido Fidesz, do primeiro-ministro Victor Urban, que condena os sem abrigo “reincidentes” a dois meses de trabalhos forçados na prisão, ou 480 euros de multa.
São alvo desta lei todos os cidadãos apanhados a dormir em locais públicos duas vezes num espaço de seis meses.
Ao mesmo tempo, foi aprovada outra lei que torna obrigatório o trabalho nas prisões, só deixando de fora os presos inválidos.
“Já fomos varridos do centro de Budapeste, das estações de Metro, das florestas e do 8º bairro. Será que eles querem expulsar-nos completamente do país? Para onde iremos?”, questionou um sem abrigo, ouvido pelo site myeurop.info.
A lei aplica-se a todos os municípios que tenham centros de abrigo. Ocorre, porém, que existem de 20 mil a 30 mil sem abrigo no país, e apenas 9 mil vagas em albergues.
“O governo devia atacar o problema de pobreza, não os pobres”, disse um dirigente da associação A Varos Mindenkié (Cidade para todos). “É possível fazê-lo diminuindo o desemprego, garantindo salários e pensões corretas, e introduzindo um direito constitucional à habitação, aumentando radicalmente os subsídios à habitação e apoiando uma rede significativa de habitação social”.

Nota do blogueiro: Ambos os textos foram extraídos do Blog Esquerda.net.
Um dos mais repetidos lemas do fascismo, em algumas variantes, mas à exemplo do brasileiro, três pilares o sustentam: religião, ufanismo patriótico e xenófobo e conservadorismo social (deus, pátria e família).
A Hungria mostra o que pode ocorrer com o mundo em crise econômica, social e ética. No lugar da tão esperada revolução, cuja finalidade seria a destruição do atual sistema econômico, e a construção de um novo, podemos assistir ao estabelecimento de ditaduras teocrático-fascistas, que utilizará de todos os meios para manter os "divinos privilégios" do 1%.
A Hungria encontrou uma saída barata para o problema dos sem-casa: Mandar quem não tem para onde ir, embora. Não gastam um centavo dos acumuladores (o 1%) e dá fim a "poluição visual" dos sem-casas em roupas nada chiques, ocupando o passeio dos maganos.
Trabalhos forçados e expulsões. Quanto tempo até campos de concentração e extermínio?

O terceiro ato da guerra imperialista.

Novo movimento na escalada da guerra


“A Primeira Guerra Mundial foi um trágico e desnecessário conflito” – assim se abre o excelente estudo do historiador britânico John Keegan sobre aquele confronto. Todas as guerras são uma só e permanente, iniciada não se sabe quando. Os raros períodos de paz têm sido os das tréguas impostas pela exaustão.
Em 1922, desmobilizado depois da derrota de seu país, o cabo Adolfo Hitler conclamaria a Alemanha à desforra: “não é possível que dois milhões de alemães tenham sido mortos em vão. Não podemos perdoar, nós queremos vingança”.
O confronto de 1914-1918 teve sua origem em outra guerra ocorrida quatro décadas antes, entre a França e a Alemanha. Como a mentira e a provocação são sempre instrumentos do poder, a guerra de 1870 fora provocada pela jogada de Bismarck, falsificando um telegrama que narrava encontro entre o embaixador da França, Conde Benedetti, e o rei Guilherme I, no balneário de Bad Ems. A conversa ocorrera em termos corteses, com o soberano alemão se negando a aceitar uma reivindicação da França. Bismarck mudou os termos do telegrama, afirmando que o embaixador e o rei se haviam insultado mutuamente, chegando quase aos bofetões. Divulgado o texto fraudado, a opinião pública dos dois paises exigiu a guerra — e a França caiu na armadilha, declarando-a em primeiro lugar, em julho de 1870.
A Alemanha em pouco tempo levou suas tropas a Paris. Bismarck se apossou logo da Alsácia e da Lorena, com a desculpa de que necessitava proteger-se no futuro contra o inimigo vencido. Lord Salisbury, depois primeiro ministro da Inglaterra, fez o alerta contra tal pretensão, em artigo publicado no calor dos fatos, em outubro de 1870, na famosa Quarterly Review. Escreveu o estadista que “as outras nações da Europa são levadas a deduzir que devem temer mais a intoxicação de uma Alemanha triunfante, do que uma França diante da violência e da Revolução. Uma Alemanha pacífica é apenas conversa de diplomatas. Nada existe na História para justificar semelhante situação”.
“Dia virá – diz Salisbury em outra passagem — no qual os sonhos ambiciosos da Alemanha virão chocar-se, em seu caminho, com um povo suficientemente forte para por os seus ressentimentos à prova. Esse dia será, para a França, o da restituição e o da revanche”.
Por duas vezes, em 1918 e em 1945, a Alemanha pagou pelas suas ambições. Na Primeira Guerra Mundial, a aliança entre a França e a Inglaterra, com a contribuição norte-americana, levou-a ao chão. Os sentimentos de revanche, capitalizados por Hitler, conduziram-na novamente ao desvario. Desta segunda vez, não obstante a brava resistência da Grã Bretanha e a ação interna dos patriotas dos países ocupados, o povo mais forte foi o da União Soviética. Quem derrotou a Alemanha foi o Exército Vermelho, a partir da heróica reviravolta de Stalingrado, até sua chegada a Berlim.
A Europa atual, em lugar de ter aprendido com o passado, parece ter perdido de vez a lucidez. Não há mais Salisbury, Disraeli, ou Churchill, entre os ingleses, mas pigmeus, como David Cameron e seus antecessores imediatos. No resto da Europa, o cenário é o mesmo. Incapazes de governar, posto que desprovidos de inteligência política, os simulacros de governantes entregam o poder aos banqueiros e a consultores empresariais. Como comediantes, lêem discursos que correspondem aos interesses dos reais donos do poder, e se reúnem com seus pares, fazendo de conta que lideram: não passam de meros delegados dos grandes banqueiros.
Ao mesmo tempo, cresce, na França e na Inglaterra, mas também na Itália e na Espanha, uma tendência a retomar, assimilar e assumir o espírito germânico de conquista e domínio, tão bem identificado por Salisbury há 140 anos. É assim que podemos ver a mobilização acelerada de Paris e Londres, sob o patrocínio norte-americano, contra o Irã e a Síria. Não é a violação dos direitos humanos, que eles mesmos desrespeitam em seus países, a movê-los – mas a hipótese, cada vez mais provável, de que as manifestações de inconformismo dentro de suas próprias fronteiras passem do protesto à revolução.
A deplorável e estranha invasão da embaixada britânica em Teerã, não era de interesse de Ahmadinejad. O governo inutilmente pediu desculpas e prometeu punir os responsáveis - mas isso não bastou. O tom irado e belicoso subiu nas chancelarias da Europa Ocidental. Repete-se a mesma história: a fim de obter a coesão interna, diante da insatisfação crescente de seus povos contra o neoliberalismo, apela-se para o falso patriotismo e a xenofobia. A guerra de agressão pode ser o passo seguinte.
É nesse cenário que vemos a alteração geopolítica do mapa mundial, com suas perspectivas e prováveis conseqüências. Os grandes países emergentes – China, Rússia (que reemerge) Brasil e Índia – deixaram claro que não admitem a intervenção na Síria, nem no Irã, fora dos mandamentos da Carta das Nações Unidas. Os russos mantêm uma base militar no porto sírio de Tartus – equipada com foguetes de defesa aérea de alta eficiência – e naves militares bem equipadas para uma guerra no Mediterrâneo. Os chineses têm também navios de guerra patrulhando aquele grande mar interior.
Os norte-americanos, em sua velha insensatez, parecem desafiar Moscou, ao anunciar que deixarão de cumprir certas cláusulas do Tratado das Forças Militares na Europa, no que se refere à Rússia. Esse tratado reduzia a presença de exércitos e armas convencionais no Continente, e o aviso prévio e recíproco entre Washington e Moscou de seu deslocamento militar na região. O tratado foi cumprido rigorosamente pelos russos, que fizeram recuar grande parte de suas tropas para além dos Urais.
Um ataque à Síria exigiria neutralizar o poder russo na base de Tartus, e é quase certo que haveria retaliação. Por outro lado, o Irã está muito perto da Rússia, e uma ação da Otan naquele país ameaçaria diretamente a segurança de Moscou.
Essa razão levou os Brics a aconselhar negociações com o governo de Teerã, em busca da paz na região, e a condenar qualquer iniciativa que viole os princípios da Carta das Nações Unidas. Um desses princípios é o da autodeterminação dos povos. O entendimento desses países, no encontro de Moscou, revela uma entente bem clara entre a China, a Rússia e a Índia, no espaço eurasiático, com todo o seu poderio militar (incluídos os arsenais atômicos), ao lado do Irã e da Síria.
A declaração oficial da diplomacia russa sobre a ameaça à Síria não poderia ter sido mais explícita, quando afirma que “ a situação dos direitos humanos em um ou em outro país pode ser, evidentemente, objeto de preocupação internacional, mas em nenhum caso se pode admitir que questões de direitos humanos sejam usadas como pretexto para qualquer tipo de intervenção nos assuntos internos de estados soberanos, como se vê hoje, no caso da Síria. Cabe aos sírios decidir sobre o próprio destino, sem qualquer ‘empurrão’ vindo do exterior. A Rússia de modo algum aceita cenário que inclua a intervenção militar na Síria”.
Por detrás da Europa, há a ação permanente dos Estados Unidos, a proteger Israel e a instigar Londres e Paris à agressão, na esperança de, como das outras vezes, impor sua “paz” ao mundo. Uma paz que, em 1945, lhes trouxe o controle das matérias primas mundiais, entre elas, o petróleo, e a cômoda situação de únicos emitentes de moeda no planeta.
Estamos à margem de um conflito que, se ocorrer, será tão trágico, ou mais trágico, do que os outros. Enfim, a paz sempre depende da vontade de que haja paz para todos - com equidade e justiça.
 
Extraído do Blog Contexto Livre