segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A guerra...

...como deveria ser mostrada, como deveria ser vista.

Extraído do Youtube:


Pelos discursos das autoridades, comandantes-em-chefe dos sucessivos massacres que seguiram aos utilíssimos (para os belicosos belicitas estadunidenses) ataques de 11 de setembro de 2001, e as imagens mostradas pelas emissoras de tv, revistas e jornais, parece que ninguém sofre com as guerras promovidas pelo capitalismo global.
Sucessivas cenas de armas disparadas, sem a mostra dos alvos atingidos, imagens de bombas "fazendo o seu serviço", com aquela visão distorcida de câmeras infravermelhas, não mostram ao aprovador público, o que estão aprovando.
E assim, seguimos aplaudindo massacres.
Em nome do mercado...
Do lucro...
E do "espírito empreendedor".
Amém.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

As drogas causam violência...

...mas algumas são lícitas, os traficantes não pagam impostos, tem participação política ativa e querem fazer da sociedade uma imensa "boca-de-fumo-divina".
O ópio do povo.

So site UOL:

Evangélica esquarteja os pais por dívida de dízimo
Lineusa Rodrigues da Silva se ajoelha na delegacia no último domingo, 25 (Foto: Reprodução/MeioNorte.com) (Reprodução/MeioNorte.com)
Lineusa Rodrigues da Silva se ajoelha na delegacia no
último domingo, 25 (Foto: Reprodução/MeioNorte.com)

Frequentadora de uma igreja evangélica, Lineusa Rodrigues da Silva, de 24 anos, matou os pais como uma machadinha porque eles não deram o dinheiro do dízimo. O crime, cometido no último domingo, chocou a cidade de Timon, no Maranhão.
O inferno é mesmo pavimentado com boas intenções. De tanto que queria pagar o dízimo à sua igreja, Lineusa matou os pais adotivos a golpes de machadada. Joana Borges da Silva, 104 anos, que mal se levantava da cama, e Lourival Rodrigues da Silva, 84, tiveram as mãos esquartejadas com um serrote e foram seguidamente golpeados com um pedaço de pau.
Objetos usados por Lineusa no assassinato dos pais (Foto: Reprodução/Telacrente)
Objetos usados por Lineusa no assassinato dos pais
(Foto: Reprodução/Telacrente)

A jovem foi encontrada pela polícia depois de receber ligações dos vizinhos que ouviram barulhos estranhos durante a noite. Ela confessou o crime e relatou os detalhes dos assassinatos. A delegada da Central de Flagrantes de Timon, Wládia Holanda da Silva, disse que os corpos ficaram totalmente irreconhecíveis. “Em toda a minha experiência como delegada nunca tinha visto nada parecido”, disse ela ao MeioNorte.com.
Lineusa acumulou dívidas de dízimo junto ao pastor da igreja que frequentava, e justificou os assassinatos pela religião. “Eu fiz por Deus”, disse a estudante, que chegou a se ajoelhar na delegacia.
Adotada com cinco meses pelo casal, Lineusa vinha discutindo com os pais adotivos há algum tempo, segundo informou a filha do casal assassinado, Francisca Oliveira da Cruz. Ela também contou que Lineusa tem histórico de problemas mentais.
Não dá para saber quem fez pior, a assassina, que foi levada a cometer um crime em nome do fanatismo religioso, ou do pastor que, sabendo da condição da jovem, fazia qualquer tipo de cobrança.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Villaverde debaterá retirada de símbolos religiosos da Assembleia

Pré-candidato a prefeito de Porto Alegre pelo PT, o deputado estadual Adão Vilaverde encampa a luta por um estado laico, estado que ainda vive sobre as sombras da cruz.

Extraído do diário eletrônico Sul 21:

Felipe Prestes
Um grupo de movimentos sociais entregou nesta segunda-feira (5) documentos solicitando à Assembleia Legislativa e ao Governo do Estado a retirada de símbolos religiosos dos espaços públicos. Na Assembleia, o grupo foi recebido pelo presidente da Casa, Adão Villaverde, que prometeu levar adiante o debate com as bancadas. Ele considerou que se trata de um “bom” e “polêmico” debate, e disse que vai colocar o assunto em pauta na reunião de líderes desta terça (6).
Como presidente da Assembleia, o deputado entende que não deve manifestar sua opinião pessoal sobre o tema e prometeu buscar uma opinião comum de todos os deputados que compõem o Parlamento. “Minha função é criar condições para este debate transite aqui e daremos plenas condições para isto. Vamos produzir uma opinião da Casa. O importante é que isto chegue a todas as bancadas”, disse.
Villaverde prometeu todos os meios para a discussão, como a realização de audiências públicas, por exemplo, se os deputados julgarem necessário. Ele explicou que o primeiro encaminhamento será político. Depois, o pedido pode ser encaminhado para a procuradoria da Casa avaliá-lo juridicamente, o que já está ocorrendo na Câmara Municipal de Porto Alegre.
No dia 7 de novembro, os movimentos sociais entregaram pedidos semelhantes à Câmara e ao TJ-RS. No Parlamento municipal, o documento foi repassado à assessoria jurídica da Casa e até hoje não foi distribuído a algum dos advogados para análise. No TJ-RS sabe-se que um parecer foi encaminhado ao corregedor do Tribunal, mas os ativistas não conseguem obter acesso ao teor do parecer.
“O que a gente quer é a pluralidade. A partir do momento em que são retirados símbolos de uma religião específica, está se privilegiando todas as religiões, não uma religião em detrimento das outras”, defendeu o coordenador jurídico do grupo Somos, Bernardo Amorim. Além do Somos, assinam os documentos a Liga Brasileira de Lésbicas, o grupo feminista Themis, a Rede Feminista de Saúde, a Marcha Mundial das Mulheres e o grupo Nuances.
Além de Bernardo, foram até a Assembleia, Ana Naiara Malavolta e Mari Macedo, ambas da Liga Brasileira de Lésbicas e companheiras há 26 anos, e Célio Golin, do Nuances. Em seguida, os quatro atravessaram a Rua Duque de Caxias e foram até o setor de protocolo do Palácio Piratini onde entregaram um documento com o mesmo pedido. O Sul21 não conseguiu até o fechamento desta reportagem uma posição do governo sobre o pedido.
Naiara explica que os quatro pedidos são semelhantes, mas não iguais. Ao governo estadual, por exemplo, há uma ênfase na retirada dos símbolos religiosos das escolas. Uma das preocupações que os ativistas manifestam é com a ideia disseminada de que o Brasil tem uma religião oficial ou principal, que está acima das outras e que acaba influenciando em todas as esferas, até mesmo no serviço público.
“A gente se cria ouvindo que há uma religião oficial no Brasil, as posições da Igreja Católica acabam sendo levadas em conta em todos os assuntos. E as posições da Igreja sempre são conservadoras em relação a nós, bichas”, afirmou Célio Golin. “É o que se chama de tutela religiosa sobre a moral coletiva. Sobre as cabeças dos dirigentes nas repartições sempre paira uma cruz”, complementou Ana Naiara Malavolta.
Naiara explicou que o pedido dos movimentos sociais se baseia no artigo 19 da Constituição, que estabelece a laicidade do Estado, o que não só é garantido pela carta de 1988, mas em todas as constituições brasileiras desde 1891. “Quem tem que ter religião são as pessoas. Se alguém não concorda, tem que mudar a Constituição, ou então temos que cumpri-la”.
Os movimentos sociais têm uma petição online de apoio à retirada dos símbolos religiosos. O RS é o segundo estado em que se solicita aos poderes o fim dos símbolos. A Liga Brasileira de Lésbicas já fez pedido anteriormente no Piauí, diretamente ao Ministério Público do Estado. O MP foi favorável à retirada dos símbolos religiosos e determinou que isto fosse feito nos três poderes locais, mas em seguida uma liminar derrubou a determinação. O próximo estado a ser alvo de ação semelhante deve ser São Paulo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Fascismo-cristão húngaro mostra como enfrenta a pobreza...

...livrando-se dos pobres.
Primeiro, vejamos quem governa a Hungria, e o que propõem ao Estado:

Nova Constituição húngara: “Deus, Pátria, Família”

A maioria de direita que governa a Hungria e preside à União Europeia aprovou o novo projecto de Constituição do partido do primeiro ministro Victor Orban no qual se sublinham a importância do cristianismo na “preservação da nossa nacionalidade”, a pertença do país à “Europa cristã” e o papel da família como base da sociedade, conceito que, no limite, permitirá aos pais votar em nome dos filhos menores.
A maioria de direita que governa a Hungria e preside à União Europeia aprovou o novo projecto de Constituição do partido do primeiro ministro Victor Orban no qual se sublinham a importância do cristianismo na “preservação da nossa nacionalidade”, a pertença do país à “Europa cristã” e o papel da família como base da sociedade, conceito que, no limite, permitirá aos pais votar em nome dos filhos menores.

“Deus abençoe a Hungria” é o subtítulo do projecto constitucional aprovado terça-feira pelo Parlamento de Budapeste e que deverá entrar em vigor em 1 de Janeiro de 2012. O documento afirma a separação das igrejas e do Estado mas no preâmbulo “reconhece o papel do cristianismo na preservação da nossa nacionalidade”, embora admita a existência de “diferentes tradições religiosas no nosso país”.
“Estamos orgulhosos de que o nosso rei Santo Estêvão tenha criado a Hungria com alicerces fortes há mil anos tenha tornado o nosso país membro da Europa cristã”, afirma o preâmbulo da nova Constituição.
O documento salienta igualmente o papel da Hungria “batalhando ao longo de séculos para proteger a Europa”, querendo isso dizer, segundo os autores, o envolvimento nas guerras contra os turcos e os soviéticos.
O novo texto é apresentado pelos autores como “uma Constituição para o século XXI” e define a família como “base para a sobrevivência da nação”, estabelecendo vantagens fiscais e eleitorais para os agregados familiares mais numerosos.
Um aspecto considerado “único” pelos dirigentes do partido Fidesz de Orban é o conteúdo do artigo XXI, no qual uma super-maioria de dois terços poderá proporcionar poderes adicionais aos pais de famílias numerosas para votarem em nome dos filhos menores. O artigo é omisso quanto à situação de pais divorciados mas permite concluir, por exemplo, que a família do actual primeiro ministro, com quatro filhos ainda menores, poderá votar seis vezes.
O artigo afirma que “não pode ser considerada uma infracção à lei da igualdade dos direitos de voto” a atribuição de votos adicionais aos pais em nome de filhos menores. Associações de cidadãos começaram já a lutar contra este artigo por considerarem que viola a Declaração Fundamental dos Direitos do Homem, mas o partido de Orban dispõe de super-maioria de dois terços no Parlamento.
A nova Constituição húngara é discriminatória, designadamente para os homossexuais. A Hungria, afirma, “protege a instituição do casamento entre o homem e a mulher, uma relação matrimonial voluntariamente estabelecida”. Interrogado sobre a eventualidade dos casamentos homossexuais, um porta-voz do Fidesz explicou que nada na legislação europeia impõe que esse tipo de união seja questão para uma Constituição do século XXI.
A interrupção voluntária da gravidez torna-se liminarmente anti-constitucional à luz da nova Lei Fundamental húngara: “a vida de um feto deve ser protegida desde a concepção”, lê-se no documento.
De acordo com a nova Constituição, o Estado deve manifestar “sentido de responsabilidade” na defesa dos húngaros fora do país, designadamente apoiando “os seus esforços para preservarem a cultura húngara”.
A Lei Fundamental da Hungria passa a exigir maiorias de dois terços no Parlamento para aprovar legislação europeia, designadamente eventuais alterações ao Tratado de Lisboa.
Artigo publicado no site do Grupo Parlamentar Europeu do Bloco de Esquerda

Em seguida, como os carolas húngaros pretendem erradicar à pobreza: Eliminando os pobres.
Hungria condena sem abrigo a trabalhos forçados
Nova lei prevê a prisão por dois meses de quem for apanhado duas vezes a dormir na rua, ou o pagamento de multa de 480 euros. Associações dizem que governo devia atacar a pobreza, não os pobres.
Sem abrigo serão condenados a trabalhos forçados. Foto de Paulete Matos
Entrou em vigor esta quinta feira na Hungria uma lei aprovada em novembro, proposta pela bancada do partido Fidesz, do primeiro-ministro Victor Urban, que condena os sem abrigo “reincidentes” a dois meses de trabalhos forçados na prisão, ou 480 euros de multa.
São alvo desta lei todos os cidadãos apanhados a dormir em locais públicos duas vezes num espaço de seis meses.
Ao mesmo tempo, foi aprovada outra lei que torna obrigatório o trabalho nas prisões, só deixando de fora os presos inválidos.
“Já fomos varridos do centro de Budapeste, das estações de Metro, das florestas e do 8º bairro. Será que eles querem expulsar-nos completamente do país? Para onde iremos?”, questionou um sem abrigo, ouvido pelo site myeurop.info.
A lei aplica-se a todos os municípios que tenham centros de abrigo. Ocorre, porém, que existem de 20 mil a 30 mil sem abrigo no país, e apenas 9 mil vagas em albergues.
“O governo devia atacar o problema de pobreza, não os pobres”, disse um dirigente da associação A Varos Mindenkié (Cidade para todos). “É possível fazê-lo diminuindo o desemprego, garantindo salários e pensões corretas, e introduzindo um direito constitucional à habitação, aumentando radicalmente os subsídios à habitação e apoiando uma rede significativa de habitação social”.

Nota do blogueiro: Ambos os textos foram extraídos do Blog Esquerda.net.
Um dos mais repetidos lemas do fascismo, em algumas variantes, mas à exemplo do brasileiro, três pilares o sustentam: religião, ufanismo patriótico e xenófobo e conservadorismo social (deus, pátria e família).
A Hungria mostra o que pode ocorrer com o mundo em crise econômica, social e ética. No lugar da tão esperada revolução, cuja finalidade seria a destruição do atual sistema econômico, e a construção de um novo, podemos assistir ao estabelecimento de ditaduras teocrático-fascistas, que utilizará de todos os meios para manter os "divinos privilégios" do 1%.
A Hungria encontrou uma saída barata para o problema dos sem-casa: Mandar quem não tem para onde ir, embora. Não gastam um centavo dos acumuladores (o 1%) e dá fim a "poluição visual" dos sem-casas em roupas nada chiques, ocupando o passeio dos maganos.
Trabalhos forçados e expulsões. Quanto tempo até campos de concentração e extermínio?

O terceiro ato da guerra imperialista.

Novo movimento na escalada da guerra


“A Primeira Guerra Mundial foi um trágico e desnecessário conflito” – assim se abre o excelente estudo do historiador britânico John Keegan sobre aquele confronto. Todas as guerras são uma só e permanente, iniciada não se sabe quando. Os raros períodos de paz têm sido os das tréguas impostas pela exaustão.
Em 1922, desmobilizado depois da derrota de seu país, o cabo Adolfo Hitler conclamaria a Alemanha à desforra: “não é possível que dois milhões de alemães tenham sido mortos em vão. Não podemos perdoar, nós queremos vingança”.
O confronto de 1914-1918 teve sua origem em outra guerra ocorrida quatro décadas antes, entre a França e a Alemanha. Como a mentira e a provocação são sempre instrumentos do poder, a guerra de 1870 fora provocada pela jogada de Bismarck, falsificando um telegrama que narrava encontro entre o embaixador da França, Conde Benedetti, e o rei Guilherme I, no balneário de Bad Ems. A conversa ocorrera em termos corteses, com o soberano alemão se negando a aceitar uma reivindicação da França. Bismarck mudou os termos do telegrama, afirmando que o embaixador e o rei se haviam insultado mutuamente, chegando quase aos bofetões. Divulgado o texto fraudado, a opinião pública dos dois paises exigiu a guerra — e a França caiu na armadilha, declarando-a em primeiro lugar, em julho de 1870.
A Alemanha em pouco tempo levou suas tropas a Paris. Bismarck se apossou logo da Alsácia e da Lorena, com a desculpa de que necessitava proteger-se no futuro contra o inimigo vencido. Lord Salisbury, depois primeiro ministro da Inglaterra, fez o alerta contra tal pretensão, em artigo publicado no calor dos fatos, em outubro de 1870, na famosa Quarterly Review. Escreveu o estadista que “as outras nações da Europa são levadas a deduzir que devem temer mais a intoxicação de uma Alemanha triunfante, do que uma França diante da violência e da Revolução. Uma Alemanha pacífica é apenas conversa de diplomatas. Nada existe na História para justificar semelhante situação”.
“Dia virá – diz Salisbury em outra passagem — no qual os sonhos ambiciosos da Alemanha virão chocar-se, em seu caminho, com um povo suficientemente forte para por os seus ressentimentos à prova. Esse dia será, para a França, o da restituição e o da revanche”.
Por duas vezes, em 1918 e em 1945, a Alemanha pagou pelas suas ambições. Na Primeira Guerra Mundial, a aliança entre a França e a Inglaterra, com a contribuição norte-americana, levou-a ao chão. Os sentimentos de revanche, capitalizados por Hitler, conduziram-na novamente ao desvario. Desta segunda vez, não obstante a brava resistência da Grã Bretanha e a ação interna dos patriotas dos países ocupados, o povo mais forte foi o da União Soviética. Quem derrotou a Alemanha foi o Exército Vermelho, a partir da heróica reviravolta de Stalingrado, até sua chegada a Berlim.
A Europa atual, em lugar de ter aprendido com o passado, parece ter perdido de vez a lucidez. Não há mais Salisbury, Disraeli, ou Churchill, entre os ingleses, mas pigmeus, como David Cameron e seus antecessores imediatos. No resto da Europa, o cenário é o mesmo. Incapazes de governar, posto que desprovidos de inteligência política, os simulacros de governantes entregam o poder aos banqueiros e a consultores empresariais. Como comediantes, lêem discursos que correspondem aos interesses dos reais donos do poder, e se reúnem com seus pares, fazendo de conta que lideram: não passam de meros delegados dos grandes banqueiros.
Ao mesmo tempo, cresce, na França e na Inglaterra, mas também na Itália e na Espanha, uma tendência a retomar, assimilar e assumir o espírito germânico de conquista e domínio, tão bem identificado por Salisbury há 140 anos. É assim que podemos ver a mobilização acelerada de Paris e Londres, sob o patrocínio norte-americano, contra o Irã e a Síria. Não é a violação dos direitos humanos, que eles mesmos desrespeitam em seus países, a movê-los – mas a hipótese, cada vez mais provável, de que as manifestações de inconformismo dentro de suas próprias fronteiras passem do protesto à revolução.
A deplorável e estranha invasão da embaixada britânica em Teerã, não era de interesse de Ahmadinejad. O governo inutilmente pediu desculpas e prometeu punir os responsáveis - mas isso não bastou. O tom irado e belicoso subiu nas chancelarias da Europa Ocidental. Repete-se a mesma história: a fim de obter a coesão interna, diante da insatisfação crescente de seus povos contra o neoliberalismo, apela-se para o falso patriotismo e a xenofobia. A guerra de agressão pode ser o passo seguinte.
É nesse cenário que vemos a alteração geopolítica do mapa mundial, com suas perspectivas e prováveis conseqüências. Os grandes países emergentes – China, Rússia (que reemerge) Brasil e Índia – deixaram claro que não admitem a intervenção na Síria, nem no Irã, fora dos mandamentos da Carta das Nações Unidas. Os russos mantêm uma base militar no porto sírio de Tartus – equipada com foguetes de defesa aérea de alta eficiência – e naves militares bem equipadas para uma guerra no Mediterrâneo. Os chineses têm também navios de guerra patrulhando aquele grande mar interior.
Os norte-americanos, em sua velha insensatez, parecem desafiar Moscou, ao anunciar que deixarão de cumprir certas cláusulas do Tratado das Forças Militares na Europa, no que se refere à Rússia. Esse tratado reduzia a presença de exércitos e armas convencionais no Continente, e o aviso prévio e recíproco entre Washington e Moscou de seu deslocamento militar na região. O tratado foi cumprido rigorosamente pelos russos, que fizeram recuar grande parte de suas tropas para além dos Urais.
Um ataque à Síria exigiria neutralizar o poder russo na base de Tartus, e é quase certo que haveria retaliação. Por outro lado, o Irã está muito perto da Rússia, e uma ação da Otan naquele país ameaçaria diretamente a segurança de Moscou.
Essa razão levou os Brics a aconselhar negociações com o governo de Teerã, em busca da paz na região, e a condenar qualquer iniciativa que viole os princípios da Carta das Nações Unidas. Um desses princípios é o da autodeterminação dos povos. O entendimento desses países, no encontro de Moscou, revela uma entente bem clara entre a China, a Rússia e a Índia, no espaço eurasiático, com todo o seu poderio militar (incluídos os arsenais atômicos), ao lado do Irã e da Síria.
A declaração oficial da diplomacia russa sobre a ameaça à Síria não poderia ter sido mais explícita, quando afirma que “ a situação dos direitos humanos em um ou em outro país pode ser, evidentemente, objeto de preocupação internacional, mas em nenhum caso se pode admitir que questões de direitos humanos sejam usadas como pretexto para qualquer tipo de intervenção nos assuntos internos de estados soberanos, como se vê hoje, no caso da Síria. Cabe aos sírios decidir sobre o próprio destino, sem qualquer ‘empurrão’ vindo do exterior. A Rússia de modo algum aceita cenário que inclua a intervenção militar na Síria”.
Por detrás da Europa, há a ação permanente dos Estados Unidos, a proteger Israel e a instigar Londres e Paris à agressão, na esperança de, como das outras vezes, impor sua “paz” ao mundo. Uma paz que, em 1945, lhes trouxe o controle das matérias primas mundiais, entre elas, o petróleo, e a cômoda situação de únicos emitentes de moeda no planeta.
Estamos à margem de um conflito que, se ocorrer, será tão trágico, ou mais trágico, do que os outros. Enfim, a paz sempre depende da vontade de que haja paz para todos - com equidade e justiça.
 
Extraído do Blog Contexto Livre

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Estados Carolas do Brasil?



O mais incrível é que até a dita esquerda, caiu nessa.

Do site da Carta Capital, escrito pelo deputado federal Jean Wyllys.

O começo de uma teocracia no Brasil?
Soube que o colega João Campos – fundamentalista cristão e deputado federal pelo PSDB de Goiás – andou coletando assinaturas para apresentar o que eu chamo de “PEC da Teocracia” meses atrás, quando fui abordado por um dos muitos coletores de assinaturas para PECs e frentes parlamentares que se espalham pelos corredores da Câmara dos Deputados (daqui a pouco eu explico por que eu assim “batizo” a PEC). Como não assino proposição alguma sem, antes, ler seu conteúdo, assim que me dei conta do que pretende a PEC de Campos (e o que ela pretende me dá arrepios de pavor), não só recusei-me a subscrevê-la como passei a alertar os deputados aliados do perigo que a proposta representa.
 
Apesar de minha iniciativa, o deputado João Campos conseguiu o número de assinaturas necessário para protocolar sua “PEC da Teocracia”, em parte porque a bancada cristã na Câmara é numerosa, em parte porque é grande o número de deputados que, na pressa, assinam qualquer proposição sem ao menos ler seu conteúdo.
'A PEC da teocracia dará um instrumento para abortar
 leis ou atos normativos que estendam a cidadania
 a homossexuais'. Foto:
A notícia da “PEC da Teocracia” causou alvoroço entre os setores progressistas da sociedade e nas redes sociais da internet. Choveram críticas ao propositor da emenda constitucional e, sobretudo, aos deputados do PT, PV, PC do B e PPS – partidos considerados de esquerda e históricos defensores de um estado laico e democrático de direito – que a subscreveram. Constam lá, por exemplo, as assinaturas dos petistas Domingos Dutra e Nelson Pellegrino, dois parlamentares que, aparentemente, jamais endossariam qualquer proposição legislativa que pusesse em risco a laicidade do Estado e o bem-estar de minorias sociais e religiosas.
Alguns desses parlamentares de “esquerda” argumentaram, em defesa própria, que assinaram a “PEC da Teocracia” apenas para “fomentar o debate”; que não pretendem votar pela sua aprovação… O curioso é que esses mesmos parlamentares não assinaram a PEC do Casamento Civil Igualitário, que não oferece qualquer perigo à laicidade do Estado nem às liberdades individuais, muito pelo contrário. Não assinaram nem mesmo para “fomentar o debate” na sociedade em torno da negação de direitos fundamentais à comunidade homossexual. Haja incoerência…
Mas voltemos à PEC n° 99 de 2011: a “PEC da Teocracia”… Eu assim a batizo porque ela pretende que as “associações religiosas” possam “propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal”. O que isso significa? Que, caso essa PEC venha a ser aprovada, as “associações religiosas” passam a fazer parte do seleto rol dos legitimados pela Constituição de 1988 a darem início ao processo de “controle concentrado de constitucionalidade”: (a) o Presidente da República; (b) a Mesa do Senado Federal; (c) a Mesa da Câmara dos Deputados; (d) o Procurador-Geral da República; (e)o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (f) partido político com representação no Congresso Nacional; (g) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (h) Governador de Estado ou do Distrito Federal; e (i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Qual seria o sentido em se admitir “associações religiosas” entre os legitimados a darem início ao processo de “controle concentrado de constitucionalidade” se a finalidade institucional das entidades confessionais não é promover a supremacia da Constituição, mas, sim, desenvolver a fé em seus adeptos? Ora, se o Estado é laico – como o é o brasileiro desde 1980 – questões de cunho moral e místico não podem ser parâmetro nem para a elaboração das normas nem para o seu controle. Valores espirituais não podem ser impostos normativamente ao conjunto da população, nem de forma afirmativa nem por via reflexa do controle, sob pena de violar a laicidade do Estado. A laicidade significa que as religiões devem estar protegidas da interferência abusiva estatal em suas questões internas e, por outro lado, que o Estado deve ser neutro em relação às diferentes concepções religiosas e deve estar a salvo de tais influências indevidas. Em uma sociedade multicultural e plurirreligiosa como a nossa, em que convivem pessoas das mais diferentes crenças (e também aquelas que não professam credo algum e que devem ser reconhecidas e respeitadas!), a laicidade é indispensável para que todos sejam tratados com o mesmo respeito e consideração.

O fundamentalista João Campos refere-se em sua PEC, malandramente, a “associações religiosas”. Porém, deve-se tomar essa expressão por “igrejas cristãs”, pois é certo que ele e quejandos não estão incluindo, aí, os centros de umbanda ou espíritas, os terreiros de candomblé nem as mesquitas islâmicas, pois, não é segredo para ninguém que o esporte predileto dos fundamentalistas cristãos é, depois da perseguição aos homossexuais, a demonização das religiões concorrentes. A “PEC da Teocracia” será então o endosso, por parte do Estado, das religiões cristãs… Ora, o endosso do Estado de alguma religião fará com que aqueles que não a adotam tornem-se cidadãos de segunda classe. As normas religiosas, na media em que são compartilhadas por apenas alguns membros da população, e na medida em que pertencem à esfera moral e não jurídica, não podem ser impostas por meio das leis do Estado, nem servir de parâmetro de controle para estas.

A “PEC da Teocracia” viola cláusula pétrea dos direitos e garantias individuais. Ou seja, de acordo com a literalidade da Constituição Federal, qualquer proposta de emenda constitucional que tenda a esse tipo de violação não pode sequer ser apreciada. Na hipótese de as associações religiosas serem legitimadas para propor ações de inconstitucionalidade, os critérios adotados para esse controle seriam valores morais de uma determinada confissão - e isso aniquilaria a inviolabilidade de crença de todos os outros cidadãos que não compartilham da mesma fé.

Na prática, caso seja aprovada, a “PEC da Teocracia” servirá para que fundamentalistas cristãos como João Campos e quejandos tenham mais um instrumento para abortar leis ou atos normativos que estendam a cidadania a homossexuais ou procurem preservar sua dignidade humana. Ou ainda proposições legislativas que objetivem a descriminalização da maconha (bandeira histórica do PV) e a legalização do aborto por anencefalia. A emenda nem é mesmo uma proposição que visa à pluralidade das concepções religiosas. Pelo contrário: é fruto de uma onda encampada por um segmento que pretende impor seus credos — que devem pertencer à esfera privada — a toda a coletividade.

Mais uma cidade cai na armadilha Teocrática.

Em Araguaína, Tocantins, crianças serão obrigadas a ler partes da bíblia antes das aulas.
Crianças serão obrigadas, pelo Estado, a crer...
A lenta morte do estado laico...carolas juntam lenha...


Lei de Araguaina obriga leitura diária da Bíblia nas escolas antes das aulas
Mané Mudança, do DEM
A Câmara Municipal de Araguaina (TO) aprovou lei que obriga os alunos das escolas públicas a lerem um versículo da Bíblia por dia, antes das aulas. A lei, que vai ser sancionada pelo prefeito Félix Valuar de Sousa Barros, diz que o versículo poderá ser selecionado pelo professor ou escolhido aleatoriamente.

“Isso é um absurdo”, disse um leitor de Tocantins. “Num Estado laico, pode uma coisa dessas?”

Trata-se de uma ilegalidade porque o artigo 19 de Constituição proíbe que qualquer instância do Estado se envolva em atividades religiosas. O Ministério Público poderá recorrer à Justiça para para invalidar a lei.

Araguaina fica no norte de Tocantins e a 350 km de Palmas, a capital do Estado. Tem mais de 150 mil habitantes.

O autor da lei, o vereador Manoel Moreira de Brito, o Mané Mudança (foto), é do mesmo partido do prefeito, o DEM. Para ele, é “muito importante que as crianças e os professores reflitam” sobre os ensinamentos Bíblia.

Na Câmara, a Bíblia já é lida antes das sessões.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O 1% reage...

...com a conhecida fórmula dos porretes e escudos, de suas "forças de segurança".

O país que utiliza toneladas de bombas para "exportar democracia", mostra, dentro de casa, a "democracia" que exporta.

O texto e o magnífico vídeo foram extraídos do Blog Diário Gauche, do sociólogo Cristóvão Feil:

New York, New York!



A cantada e decantada democracia estadunidense já não é mais a mesma.

No vídeo, as imagens da nova New York, agora envolta nas brumas cinzas da brutalidade policial e do deficit crescente nos direitos e garantias individuais e coletivas (para usar o jargão economicista da banca).

Os Estados Unidos e a Eurolândia estão com os quatro pés na esteira do regressismo civilizacional. Quando a dupla do barulho Merkozy (Merkel + Sarkozy) afirma, num jogral sinistro - sem enrubescer - que "o processo eleitoral, agora, seria muito perigoso", tudo fica envolto na incerteza, subsumido ao caos financeiro que destroi as relações sociais e nos joga para o passado, que supunhamos que havíamos superado.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A ilusão do progresso.

O legado de um mundo em decomposição e ocaso

O debate sobre a reforma política requer um preâmbulo bem estruturado onde no centro do debate esteja a própria política, visando banir a hegemonia esgotadora do capital financeiro que nos subjuga há três longas décadas
Quem ainda acredita no mito do progresso, pode muito bem acreditar na lenda do Papai Noel, na infantilização comercial da festa religiosa da Páscoa cristã, etc. Está mais que provado que o avanço das tecnologias no auxílio à reprodução do capital não logra êxito mecânico nas esferas da democracia, da República e no fazer político.
O chamado “progresso” (um dos grandes fetiches do Iluminismo), por si só, não nos leva a lugar algum. Ao contrário, nas últimas três décadas, com o advento esmagador da hegemonia do capital financeiro globalizado, nós assistimos à erosão de muitas conquistas que tínhamos como definitivas. No campo dos direitos humanos houve retrocesso evidente, admitido até pelos que o violaram, como o governo dos Estados Unidos e seus aliados da Otan na Europa. Com a ameaça terrorista internacional (metade real, metade mito, criado justamente pelos interessados no retrocesso institucional) foram suprimidos diversos direitos individuais, forjados mecanismos de vigilância/controle/monitoramento dos cidadãos, o uso da tortura e da prisão ilegal sem processo de julgamento, vimos o reforço das bases militares dos EUA, hoje mais de mil unidades, nos cinco continentes, onde impera o arbítrio, a força bruta e as regras de ocasião.
Nos Parlamentos, seja no Brasil, seja nos EUA, na Europa, ou na Ásia, predominam os representantes dos grandes interesses econômicos aliados das estratégias geopolíticas que sustentam a força dos bancos de um lado, e um permanente clima de tensão internacional que contribui para as guerras de conquistas, especialmente de petróleo e gás, sustentado por lobbies da velha aliança industrial-militar que orientam a Casa Branca, desde sempre.
Para suprir ou mitigar a ilegitimidade político-institucional e o flagrante abuso do poder econômico que achata a cidadania e seus direitos violados e elege o consumidor como sujeito privilegiado da farsa democrática, avulta cada vez mais a força das midias e da publicidade contemporâneas no mundo todo.
Hoje, o chamado espaço público é cada vez mais o espaço da publicidade e da mídia – como porta-vozes e justificadores ideológicos de um mundo rarefeito de democracia mas coalhado de mercadorias, onde os direitos coletivos de cidadania cedem vez à mera capacidade individual de consumo. Discutimos (ou somos induzidos a fazê-lo) muito mais moda, tendências, novas tecnologias e gadgets da hora (iPod, iPad, artefatos inúteis) do que direitos fundamentais, voto, expressão política, garantia de conquistas, esgotamento da democracia representativa, etc.
Neste sentido, me parece que falta ao debate sobre a pretendida (e sempre adiada, pelos motivos acima referidos) reforma política esse grande preâmbulo introdutório do tema. Discutir reforma política, assim, solta no ar, suspensa sobre a névoa cinzenta das nossas interrogações e incertezas, me parece quase uma irresponsabilidade. A reforma política, mais que algumas modificações nas regras eleitorais e de representação parlamentar, deve significar a reintrodução da própria política no centro do debate contemporâneo, para bem além dos economicismos reducionistas pautados pela banca. Deve significar o deslocamento e o próprio banimento da hegemonia do capital financeiro, depois de trinta anos de esmagamento da política, substituída que foi pelos truques manjados dos econometristas de fórmulas matemáticas que nos legaram esse mundo em decomposição e ocaso.
Artigo de Cristóvão Feil, publicado originalmente na edição 31 da publicação impressa Jornalismo B, que circula em Novembro/2011.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ateu é indenizado por fala discriminatória de apresentador.

Datena e Band são condenados a indenizar cidadão ateu

No último dia 12 de setembro, a juíza Márcia Rezende Barbosa de Oliveira, da 3ª Vara Cível de Taubaté, condenou a TV Bandeirantes e o apresentador José Luis Datena a indenizarem Sisenando Calixto em R$ 10 mil. Calixto é ateu e se sentiu ofendido por declarações de Datena no programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, no dia 27 de julho de 2010. No programa, o apresentador dedica vários minutos a ligando crimes hediondos ao ateísmo, (assista abaixo). Os réus recorreram no mês de outubro e o recurso de apelação ainda não foi julgado.
O autor da ação, que faz parte do conselho jurídico da Liga Humanista Secular do Brasil, chegou a propor acordo à emissora e ao apresentador. Ele retiraria a ação se fosse lida uma retratação aos ateus no programa. O acordo não foi aceito.
A Bandeirantes tentou se isentar das declarações do apresentador. Os réus também tentaram dizer que o autor da ação não podia ser indenizado porque as declarações eram genéricas. Para a juíza de primeira instância, restou provado que o autor era ateu, pelo depoimento de várias testemunhas e ela também rechaçou que as declarações do apresentador pudesse ser apenas uma crítica.
“Não há como qualificá-las como mera crítica, porque não expressam juízo fundamentado, cuidando-se de ofensas gratuitas (…). Elas se apoiam exclusivamente num pensamento preconceituoso”, disse. E ressaltou que a conduta de Datena não estava amparado no direito à liberdade de informação porque as declarações externaram apenas “opinião pessoal, preconceituosa e ofensiva, sem caráter informativo”.
Ela também rechaçou a tentativa da emissora de se eximir da conduta de seu empregado. A juíza afirmou que a Bandeirantes forneceu subsídios para que fosse feita inclusive uma enquete, que perguntava se o telespectador acreditava ou não em Deus, que, segundo Datena, serviria para provar “que o bem é maioria”. Além disto, anotou a juíza, a emissora não esclareceu aos espectadores que se tratavam de “afirmações absurdas”.



Extraído do Blog Contexto Livre.

Nota do blogueiro: Parabéns à Liga Humanista Secular pelas ações levantadas contra esse discurso medieval, preconceituoso e discriminatório.
Esse ateu sente-se contemplado pela vitória de Sisenando Calixto sobre a obscuridade do criminoso discurso desse indivíduo, que deveria ter perguntado ao assassino, em questão, se era crente ou ateu.
Aposto um café, como é crente. Talvez até tenha ouvido um chamado...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Malditos comunistas!

Extraído do site da agência Carta Maior:


Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.
Mais uma vez!
Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.
Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.
Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.
Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.
Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?
Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.
A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.
Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.
Tudo para fazer propaganda comunista!
Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.
Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.
E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.
Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.
A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.
Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.
Pô, assim não vale!
Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.
Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.
Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Malditos comunistas...
José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Al gran pueblo Argentino Salud"

Do Site Último Segundo:

Torturadores da ditadura argentina pegam prisão perpétua

Pena máxima foi dada a 15 repressores, enquanto outros quatro foram sentenciados a 25 anos
A Justiça da Argentina condenou na terça-feira 15 repressores da última ditadura militar (1976/83) sob acusação de crimes contra a humanidade nos centros clandestinos de detenção nas cidades de Mar del Plata e Buenos Aires, informou uma fonte judicial.
O Tribunal Oral Federal Nº 2 de Buenos Aires condenou à prisão perpétua depois de um julgamento oral e público sobre 181 crimes cometidos em três prisões clandestinas durante o regime. A corte também sentenciou outros quatro réus a 25 anos de prisão e absolveu um acusado, indicaram as fontes.
A pena máxima recaiu no ex-policial Julio Simón, conhecido como "El Turco Julián", que em 2006 foi sentenciado a 25 anos de prisão pelo desaparecimento em 1978 de um chileno e uma argentina, na primeira sentença no país após a anulação da anistia a violadores de direitos humanos. Simón e o ex-policial Samuel Miara foram considerados culpados por mais de 100 sequestros e assassinatos nos centros clandestinos de detenção "El Banco", "Club Atlético" e "El Olimpo".
Também receberam prisão perpétua Raúl González, Juan Avena, Eduardo Kalinec, Jorge Uballes, Luis Donocik, Oscar Rolón e Roberto Rosa, além do ex-militar Enrique del Pino e os ex-oficiais da Gendarmería Eugenio Apestegui e Guillermo Cardozo.
O tribunal condenou ainda a 25 anos de prisão o ex-agente civil do Exército Raúl Antonio Guglielminetti, o ex-chefe do Batalhão de Inteligência 601 Carlos Alberto Roque Tepedino, o vice-comandante do 601 Mario Alberto Gómez Arenas e o ex-diretor da Polícia Federal Ricardo Taddei. O policial aposentado Juan Falcon foi o único absolvido.
A sentença foi recebida com aplausos por integrantes de organizações políticas e de direitos humanos que se concentraram em frente à sede dos tribunais federais de Buenos Aires. No julgamento, que durou 13 meses, foram tratados 181 crimes cometidos contra uma parte dos 1,5 mil detidos ilegalmente em três antigas prisões clandestinas de Buenos Aires durante a ditadura.
Já o Tribunal Federal de Mar del Plata condenou três à prisão perpétua por "privação ilegal de liberdade duplamente agravada e por tortura agravada".
"O ex-militar (do Exército) Alfredo Manuel Arrillaga e os ex-membros da Marinha Justo Ignacio Ortiz e Roberto Luis Pertusio foram condenados por crimes contra a humanidade cometidos na base naval de Mar del Plata", disse o Centro de Informação Judicial (CIJ). O processo envolvia nove presos políticos detidos no centro de extermínio instalado na base naval de Mar del Plata.
*Com EFE e AFP

Nota do Blogueiro: E os nossos torturadores, continuarão livres, falando em golpe democrático? Hein STF?

Gaddafi torturado, sodomizado e assassinado.

Alerto aos meus fiéis seis leitores que se algum é menor de 18 anos, ou sensível à imagens abomináveis, não deve clicar no link abaixo.
Nada justifica os bárbaros atos perpetrados pelas tropas rebeldes aliadas da OTAN, nossos "protetores":

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Falha nocauteia a Folha.

Do Blog do Miro:

Falha detona a covardia da Folha

Do blog Desculpe a Nossa Falha:

O dono da Folha, Otávio Frias Filho, acaba de soltar uma nota assinada por ele, pelo editor-executivo Sérgio Dávila e pelo secretário de redação Vinicius Mota desqualificando a audiência pública de quarta-feira sobre a censura que ele está promovendo, dizendo que o assunto é “superado”, chamando o deputado federal que propôs a audiência de “desinformado” e afirmando que nosso antigo blog, censurado pela Folha, “não é independente” e estaria a serviço do Partido dos Trabalhadores.


Para sustentar seu argumento, Otávio lembra que trabalhei para a Prefeitura de São Paulo durante a gestão Marta Suplicy (2001-2004). No pé desse post, reproduzo a nota enviada pelo dono do jornal à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. E abaixo respondemos aos ataques do “Jornal do Futuro” e corrigimos algumas inverdades:

- Diferentemente do que a Folha afirma, o assunto não é “matéria superada”. A decisão a que Otavio Frias se refere é em primeira instância. Conforme o próprio jornal noticiou, cabe recurso em 2ª instância e, posteriormente, aos tribunais superiores de Brasília;

- Sobre a afirmação do jornal de que a Falha não se tratava de paródia, do blog ser “parasitário” e do endereço ser “virtualmente idêntico”, vamos fazer como os executivos da Folha e evocar a sentença proferida pelo juiz Gustavo Coube de Carvalho, da 29ª Vara Cível:


TRECHO 1) “O discurso do réu circunscreve-se nos limites da paródia, estando o conteúdo crítico do website, inclusive a utilização de imagens, logomarcas e excertos do jornal da autora, abrigado pelo direito de livre manifestação do pensamento, criação, expressão e informação, previsto nos arts. 5º, IV, e 220, caput, da Constituição Federal”.

TRECHO 2) “No presente caso, a possibilidade de confusão não existe, pois a paródia é revelada, inteiramente, já pelo nome de domínio. O trocadilho anuncia, ao mesmo tempo, que se trata de uma sátira, e quem é objeto dela. Nem mesmo um ´tolo apressado´ seria levado a crer tratar-se de página de qualquer forma vinculada oficialmente ao jornal da autora, pois a paródia, anunciada pelo nome de domínio, é reiterada pelo conteúdo do website”.

TRECHO 3) “dadas as posições das letras “A” e “O” no teclado QWERTY, tradicionalmente utilizado nos computadores pessoais e demais eletrônicos por meio dos quais a internet é acessada, fica afastada qualquer possibilidade de typosquatting, modalidade de cybersquatting em que o usuário, por simples erro de digitação, acaba por acessar website diverso do pretendido. Pelo nome de domínio registrado pelo autor e conteúdo crítico do website correspondente, portanto, não há que se falar em violação dos direitos de marca da autora”.

TRECHO 4) “Descabida, ainda, a imposição, ao réu, do dever genérico e permanente de se abster de utilizar de imagens, logomarcas e excertos do jornal da autora, o que equivaleria a proibi-lo de parodiar o jornal, caracterizando indevida limitação ao direito de livre manifestação do pensamento, criação, expressão e informação previsto nos arts. 5º, IV, e 220, caput, da Constituição Federal”



- Enfim, o juiz recusou todos os argumentos da Folha e só manteve o site fora do ar por causa de um link e uma oferta de assinaturas da Carta Capital, o que configuraria uma ameaça comercial ao jornal. Sobre isso, a revista divulgou uma nota esclarecedora que pode ser lida aqui.

- Sobre a recusa em participar da audiência pública no Congresso e a certeza que o jornal tem de sua posição, cabe perguntar: por que então nenhum representante veio a público defender essa posição? E por que o jornal não manda um representante a Brasília para esclarecer a questão de uma vez por todas? Como diz o ditado, quem não deve, não teme.

- Não é verdade que o jornal era satirizado apenas quando falava de administrações petistas, e temos diversos exemplos à disposição da Folha ou de quem se interessar.

- De fato trabalhei na Secretaria de Governo da gestão Marta Suplicy, entre meados de 2001 e 2004. Tenho quase 17 anos de carreira, e por 3 anos e meio, trabalhei com a gestão municipal capitaneada pelo PT. Todos os outros 14 anos de minha vida profissional estive no mercado (Abril, Trip e Grupo Folha, entre outros). É o suficiente para o jornal utilizar-se de sua conhecida tática de desqualificação do interlocutor, acusando-o de estar “a serviço” de algum partido –friso ainda que não sou nem nunca fui filiado a partido algum.

- Sobre a afirmação final de que não é sátira, o juiz discorda. Nós também. Toda blogosfera brasileira também (desafiamos o jornal a achar um único blog a seu favor). A Organização Repórteres sem Fronteiras tampouco concorda. Os humoristas Claudio Manoel e Marcelo Tas (ambos notoriamente grandes críticos do PT) também não concordam com a Folha, como demonstram em vídeos no nosso site. Gilberto Gil também não concorda com Frias, nem Julian Assange ou os órgãos internacionais que noticiaram o caso (Financial Times e Wired, entre outros).

- Sobre sermos ou não independentes, reafirmo e desafio publicamente o jornal a provar o contrário: eu e meu irmão vivemos do nosso salário. Desde sempre. Não temos departamento jurídico, assessoria de imprensa, nada. Criamos o site por acreditar que a Folha merecia ser criticada porque não diz a verdade quando afirma ser imparcial e apartidária. E agora sabemos que também não é sincera quando afirma defender liberdade de expressão total e irrestrita.

Respeitosamente, Mário e Lino Bocchini

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ateofobia.

Do Blog Excreva Lola, escreva.

GUEST POST: ATEOFOBIA, NEGAÇÃO DA LÓGICA ATEÍSTA E INCITAÇÃO À INTOLERÂNCIA

Deus não acredita em ateus; logo, ateus não existem.
Robson, do blog Consciência, já nos deu um guest post importante (dividido em três partes) sobre por que não se deve mais usar homem quando queremos dizer humano. Agora ele fala de um outro problema, a ateofobia e a incitação do ódio contra os ateus.
Que triste! Esses pedófilos não têm Deus no coração!”. Assim foi a expressão de diversos religiosos no Twitter depois do caso do blog de pedofilia que foi alvo de campanha de denúncia em massa no site na madrugada de 26 para 27 de junho últimos. Numa investida coletiva contra pedófilos, quem acabou em parte pagando o pato foram os ateus, cuja descrença em divindades acabou sendo a ferramenta dos ateofóbicos para os equipararem a criminosos. Porque, afinal, para eles não existe o bem sem Deus, o que podemos explicar por diversos motivos.
Essa é uma das várias formas de cristãos fundamentalistas expressarem seu etnocentrismo religioso que, direta ou indiretamente, nega a existência de qualquer lógica em credos ou não credos que excluam o deus bíblico. Para essas pessoas, existe amor, bondade, justiça, compaixão, ética, o bem quando seu deus está presente. Seres humanos são vistos como incapazes de qualquer realização benigna sem a influência da divindade.
Isso leva à crença de que a falta de Deus é tudo de ruim. É maldade, é imoralidade, é perversidade, é injustiça, é violência. Só que quem pensa assim acaba ignorando, ou até mesmo desconhecendo, que existem pessoas que não acreditam nesse deus e não são ruins. E fatalmente a ignorância dos que não acreditam em uma lógica fora de Deus acaba se convertendo num preconceito dos mais pesados.
E isso vem aumentando à medida em que esses crentes começam a usar mais intensivamente a internet e se deparam com os ateus se expressando nas redes sociais. Se por um lado continuam imersos em uma fantasia onde o ateísmo enquanto descrença provida de lógica própria não existe, por outro chocam-se (em todos os sentidos) com os descrentes e declaram-lhes aversão. O que dá origem à estereotipação lógica de associar a descrença ateísta/”falta de Deus no coração” à criminalidade e à perversidade e, por tabela, taxar ateus como imorais e potenciais criminosos.
O perfil @ateus_atentos no Twitter, pelo qual o ativista em prol do respeito aos ateus Daniel Sottomaior denuncia, com minha colaboração, a ateofobia naquela rede-microblog, escancara quase diariamente essa endemia de ateofobia. Os ditados preconceituosos e aversivos que encontra e expõe via retweets nos permitem concluir o que este artigo teoriza: a intolerância contra quem não acredita em Deus se explica tanto pela fantasia religiosa em que se nega a existência de uma lógica não teísta como pela reação de estranhamento hostil à até então ignorada existência de ateus, mais um terceiro motivo que explico adiante.
Ideal e teoricamente isso só diminuiria até o status de comportamento minoritário e socialmente inaceito quando as igrejas em geral começassem a aceitar a existência dos descrentes em Deus e buscar interpretações bíblicas que incentivem a coexistência respeitosa entre cristãos e ateístas.
Porém isso é muito improvável hoje em dia, uma vez que nem mesmo a existência de uma categoria ainda mais óbvia e tornada visível, a dos LGBT, é aceita e tolerada pela esmagadora maioria das denominações cristãs. E o pior é que lésbicas e gays são discriminad@s pelos cristãos por muito menos -– amar pessoas do mesmo sexo –- do que os ateus que, quando incitados, negam a existência da entidade suprema do cristianismo, algo inaceitável e hediondo para muitos religiosos.
E há um segundo motivo que na prática inviabiliza a generalização do respeito aos descrentes: a existência de ateus prósperos e de “bom coração”, que respeitam as leis humanas e portam muitas virtudes sem precisarem se escorar nos ditames morais cristãos, prova que é sim possível uma vida reta, ética e próspera sem Deus. Assim o ateísmo acaba sendo encarado como uma ameaça aos desígnios das igrejas de se manterem em crescimento e arrogarem o monopólio sobre a moral humana.
Aceitar a existência de uma lógica de vida desprovida da divindade seria abrir as portas dos templos para os fiéis evadirem do controle social e psicológico exercido pelos sacerdotes, bispos e padres. E isso contraria os interesses daqueles clérigos mais inescrupulosos, avessos à liberdade de aderir e desaderir de religiões por livre-arbítrio.
Isso explica grande parte do porquê de as igrejas não adotarem de bom grado o princípio da tolerância para com ateus e preferirem manter os fiéis presos na Caverna de Platão onde o ateísmo é nada mais do que a sombria “falta de Deus” e, logo, a compilação de tudo o que é mau, imoral e perigoso. E nos revela mais uma razão, talvez a mais forte de todas, para a ateofobia que se escancara tantas vezes em que pedófilos, racistas e assassinos são denunciados à sociedade: os clérigos incitam a intolerância.
Essa incitação ganha toda uma lógica quando é observado o seu paralelo atualmente mais em evidência, a incitação dos crentes à homofobia por parte dos regentes das igrejas. Estes, ao mesmo tempo em que mantêm íntegra a Caverna de Platão sem ateísmo, açulam a caluniosa e difamatória crença de que quem deixa de crer em Deus se entrega às trevas, ao capeta, se torna mau como o Pica-Pau e compra uma passagem só de ida para o inferno eterno. Isso de uma forma um tanto parecida com quando incitam o ódio contra quem desobedece aos ditames homofóbicos do Pentateuco bíblico.
Assim, esperar que as denominações cristãs voluntariamente façam as pazes com os incrédulos acaba sendo uma ingenuidade. A solução para a inaceitabilização social da ateofobia é bem mais complicada do que isso. Penso que há pelo menos duas alternativas realistas hoje: levar a cabo iniciativas neoateístas de contrapropagandeamento das religiões mais intolerantes e retromorais, ou incentivar-se entre os ateus a disposição de se reunirem em torno da causa antipreconceito, tornando esta a segunda coisa em comum entre grande parte deles (a primeira é a própria descrença em deuses).
Como não sou um neoateu que deseja o fim de qualquer forma de crença religiosa -– embora deseje sim o colapso daquelas denominações eclesiais, hoje tão numerosas, que têm a fanatização, a atrofização intelectual, a retromoralidade e o açulamento de intolerâncias como praxes –-, eu aposto na segunda opção. A questão é como torná-la realidade neste contexto atual em que nem mesmo os próprios ateus, talvez em sua maioria, reconhecem ser alvos de preconceito e discriminação e tantos em sua categoria rejeitam associar-se a grupos de mobilização seja lá quais forem. [Adendo da Lola: eu incluo outro entrave -- infelizmente, há muitos ateus machistas, homofóbicos e racistas. Ficaria estranho se eles abraçassem uma causa antipreconceito].