terça-feira, 29 de setembro de 2009

Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador...

"Governo interino", "governo de fato", "coalizão que governa Honduras", tudo eufemismo para o velho golpe de estado, praticado pelos membros da elite econômica local, com a "imprensa livre" e os saudosistas da inquisição, utilizando-se do exército como sua "escadinha". Sem citar no suporte das elites estrangeiras, sempre prontas a enviar alguns dólares para pagar uma pseudo-greve, alguns assassinatos, a compra de "otoridades", e financiar o que podemos chamar de "elitaço" (golpe das elites).
Isso foi o que ocorreu em Honduras, mesmo que os jabores, leitões e outros bichos acreditem que se tenha criado um novo tipo de "democracia", com o "golpe legal" ou o "golpe democrático".
A mídia oligárquica, saudosa dos "elitaços" só fala em negociações, no absurdo da posição brasileira de permitir que o Presidente de Honduras retorne ao país, afirma que o governo não possui alternativas, ignora a comunidade internacional que condena com veemência o golpe (com exceção dos bushistas remanescentes no governo Obama), alguns já falam em "saída honrosa" e em entregar Zelaya aos golpistas.
Emissoras de rádio e tv foram fechadas, com destaque muito menor do que o que obteve a não renovação da conceção da RCTV da venezuela. Mas não é golpe.
Os direitos civis foram "suspensos". Mas não é golpe.
Ignoraram tratados e leis internacionais, utilizando-se de armas químicas contra a representação de uma nação soberana. Mas não é golpe, não são terroristas.
Prendem diariamente, e de forma arbitrária seus opositores. Mas não é golpe.
Viram as costas aos organismos internacionais, expulsando membros desses. Mas não é golpe.
Ou melhor, é um golpe, mas não é golpe.
Só a mídia brasileria reconhece essa excrescência.
Utilizam até a constituição Hondurenha para tentar justificar o injustificável, mas nunca vão mostrar esse trecho:
ARTICULO 3.- Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador ni a quienes asuman funciones o empleos públicos por la fuerza de las armas o usando medios o procedimientos que quebranten o desconozcan lo que esta Constitución y las leyes establecen. Los actos verificados por tales autoridades son nulos. el pueblo tiene derecho a recurrir a la insurrección en defensa del orden constitucional.
*Charge do kayser

domingo, 27 de setembro de 2009

PSDB, a favor do BRAZIL?

Em um seminário sobre educação, ocorrido em Natal, contando com a presença do governador de São Paulo, José Serra (que não está em campanha), distribuíram o adesivo da foto acima "PSDB a favor do BRAZIL.
Sabemos que a índole desse partido, é de entregar o patrimônio público a conglomerados estrangeiros.
Sabemos que no exterior, em especial em países de língua inglesa, se escreve Brasil com Z.
Irônico esse "ato falho", não?
Seria um prenúncio?

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pedra cantada

Tentaram dizer que foi um mal súbito (causado por disparo de arma de grosso calibre, à queima roupa e pelas costas, mas um mal súbito), tentaram ogar a culpa no MST, só faltou culpar algum mordomo (mas está meio fora de moda), mas como já havia dito o ex-ouvidor agrário do Governo Yeda, acabariam jogando a culpa em cima de algum soldado, e esse pagaria "a conta" sozinho. Sabe o que os espertos-tucano-guascas fizeram? Puseram a culpa no soldado.

Para ouvir a entrevista em que Adão Paiani afirma que o assassino de Elton seria um alto oficial da brigada, e que a culpa seria creditada a um soldado, clique aqui.

O texto abaixo foi extraído do blog RS URGENTE:

A morte de Elton: nomes, silêncios e ausências

A divulgação do nome do soldado Alexandre Curto dos Santos - pelos jornalistas Carlos Wagner e Cid Martins (Zero Hora e Rádio Gaúcha, respectivamente) – como o autor do disparou que matou o sem terra Elton Brum da Silva, dia 21 de agosto, em São Gabriel, expôs a estratégia do comando da Brigada Militar de manter sigilo no caso. Quando convocou uma entrevista coletiva para anunciar que tinha identificado o autor do disparo, o comando da BM disse que tinha imagens que comprovariam o momento e a autoria do tiro. Essas imagens, porém, nunca foram mostradas. Ainda segundo a Brigada, o soldado Alexandre teria confessado o crime. Confissão que teria ocorrido de madrugada, sem a presença de um advogado. Contatado hoje por Cid Martins, o soldado, que estaria muito abatido psicologicamente, disse que não poderia falar por determinação de seus superiores.

Há uma outra versão, já exposta aqui neste blog por Adão Paiani, ex-ouvidor da Secretaria da Segurança Pública do Estado. Paiani tem informações de que o autor do disparo teria sido, na verdade, um alto oficial. Nos dias seguintes ao assassinato de Elton, ele advertiu para a possibilidade de que um soldado fosse apontado como o autor. Essa possibilidade passaria, entre outras coisas, por uma promessa de que “não vai dar nada”. O problema para o acusado, nesta hipótese, é que a possibilidade do “não vai dar nada” não é garantida. Há duas investigações em curso: uma no âmbito da Brigada e outra no da Polícia Civil. Se a acusação final for de homicídio culposo, o julgamento se daria na Justiça Militar. Mas se for de homicídio doloso (com intenção), o caso seria julgado pelo Tribunal do Júri de São Gabriel. A divulgação do nome do soldado, hoje, movimenta esse tabuleiro marcado até aqui por silêncios e ausências.

Jabor afirma que o golpe em Honduras foi "Democrático".

A Globo noticiou, com recortes cirúrgicos na cosntituição Hondurenha, que o golpe foi posto em prática, por culpa de Zelaya, que pretendia, via plebicito, alterar partes de seu texto. O golpismo da Globo fica mais evidente, quando seu "hintelectual de plantão", Arnaldo Jabor fez seu discurso diário.
O homem que já afirmou ser a "verdadeira esquerda", nas capas da revista-panfleto Veja, escancara o pensamento retrógado que seus empregadores difundem em seus jornalões. "Golpe Democrático" é um verdadeiro insulto à língua, e a inteligência do gado que o assiste. Reforça o imaginário que querem construir, de que algumas ditaduras de direita são melhores, "são das boas", "são do bem", como a ditabranda da Folha de São Paulo.
Ao mesmo tempo em que faz esse desastroso comentário, Jabor insiste em afirmar ser ditatorial um governo que exerce suas funções consultando a população. Segue a cartilha global de desqualificação de Chavez, Morales, Ortega, Lula e as demais lideranças de esquerda da América Latina.
A Globo está, como sempre esteve, em campanha aberta contra governos progressistas, até porque, progresso para eles, é a "monocultura" da informação, ou da formação.
Abaixo o abjeto discurso político de Arnaldo Jabor, o homem que já afirmou ser a verdadeira esquerda do Brasil:

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Só a Globo reconhece o Governo Golpista de Honduras.

Muita gente deve ter sido convencida de que o Governo golpista de Honduras é "quem tem razão", e que a crise foi provocada por Zelaya e agravada por Hugo Chavez e o Presidente Lula, após a edição do Jornal Nacional de hoje.
A matéria, tendenciosa como sempre, não deixou dúvidas sobre a tradicional postura da empresa, de dar guarida à golpistas e governos ditatoriais de direita. A Globo, tentou justificar o golpe, esquartejando e mostrando pedaços da constituição Hondurenha, e obviamente, todos favoráveis a retirada de um presidente que tentasse fazer reformas.
A reporcagem entrevistou partidários do golpe (somente empresários), "escavou" um lunático com um megafone protestando contra o abrigo à Zelaya, com ênfase à crítica ao ato do Governo Brasileiro, com o gritinho de "No queremos Lula", do partidário do golpe.
Clique aqui, para ver a matéria global adocicada sobre o golpe.
Clique aqui para ler sobre a medida do governo dos Estados Unidos, que cancelou os vistos dos golpistas, inclusive do Micheletti. Só a Globo reconhece esse "governo".

Uma oposição sem lastro


*Por Mauro Santayana

Talvez, em seu natural entusiasmo pelos êxitos nacionais, o presidente Lula credite ao governo muito do que se deve ao povo brasileiro. Ao contrário daqueles que a desdenham, a nossa gente tem sido muito melhor do que a sua sofrida história, feita sob a opressão de elites, nacionais e estrangeiras, insensíveis, hedonistas, e, em alguns momentos, cruéis. A oposição deveria reconhecer que a presença de um trabalhador na chefia do Estado estimulou a esperança e, com ela, os esforços dos que sempre estiveram “do outro lado da estrada de ferro”, para lembrar a expressão norte-americana.

O discurso do presidente, ontem, na Assembleia Geral das Nações Unidas, foi pragmático e sóbrio, mas com a pontuação do orgulho que os fatos permitem. Não tivemos, no atual governo, gênios harvardianos, como os houve, para nosso desengano, em passado recente. Provavelmente por estar munido mais de dúvida do que de certezas, pôde o governo confrontar-se com as crises políticas e econômicas, e manter o país produzindo. Não obstante os êxitos administrativos, ainda persistem, na equipe econômica, resíduos do pensamento neoliberal. Só assim, podemos entender a decisão de ampliar, de 12,5% a 20%, a participação estrangeira no capital do Banco do Brasil, de acordo com o noticiário. Trata-se de um dos mais importantes instrumentos da política macroeconômica do Estado, como se tornou claro na crise recente. É óbvio que, quanto maior for a participação estrangeira no banco – mesmo sem direito a voto – menor será a margem de liberdade do governo. Se o presidente meditar o assunto, naturalmente reverá sua posição, se já a tomou. Lula tem combatido a abertura do capital da Petrobras aos estrangeiros, e com razão.

É provável que o governo tenha incorrido mais em erros políticos internos do que administrativos, na condução da sociedade. O presidente, por exemplo, não conseguiu superar o afeto pessoal por alguns de seus companheiros, em momentos de algumas escolhas republicanas. Voltando ao dia de ontem e a Nova York, seu discurso foi também corajoso, ao reafirmar a responsabilidade do Estado na orientação da economia, e debitar à falida ditadura do mercado os riscos que a comunidade internacional correu – e ainda corre – em decorrência da excessiva liberdade concedida aos operadores financeiros. O presidente está em seus melhores dias, diante do reconhecimento internacional do desempenho brasileiro, e dos resultados econômicos da opção pela distribuição de parcela da renda tributária aos mais pobres. Os números do Pnad e outros indicadores lhe dão razão.

Não há nada, no entanto, que favoreça mais o presidente Lula do que a oposição que as circunstâncias lhe arranjaram. Ela se agita, no Parlamento, e fora dele, como diminutas mariposas na teia da aranha. Ainda nestas horas, é bom exercício intelectual assistir à tentativa de tachar a atitude brasileira, no caso de Honduras, como irresponsável – quando o mundo inteiro a reconhece necessária e correta. O alvo maior é o Itamaraty. Alguns diplomatas já retirados da carrière, de notória vinculação com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, orquestram seus ataques à equipe responsável pela política externa, falando dos riscos que o Brasil assumiu em Honduras, ao conceder refúgio ao presidente Manuel Zelaya. Ora, a vida de cada um de nós é sucessão permanente de riscos, e a vida dos Estados, uma instituição humana, não é diferente. Que diriam esses senhores se houvéssemos fechado os portões da embaixada e – o que era provável nas circunstâncias de Tegucigalpa – o presidente deposto tombasse assassinado na soleira do edifício, na fronteira do espaço conferido à soberania brasileira pelas regras diplomáticas internacionais? Não se preocupem: diriam que o Itamaraty fora irresponsável, ao não conceder o refúgio.

Quando Juscelino escolheu Israel Pinheiro para dirigir a companhia construtora de Brasília, os jornais da oposição disseram que o presidente fora leviano, ao nomear um “advogado” para a tarefa. Alguém sugeriu a Israel que revelasse sua condição de engenheiro. Astuto conhecedor da política, respondeu que não o faria. “Se eu disser que sou engenheiro, vão encontrar outro pretexto contra meu nome”.

O presidente deve agradecer também ao tartamudeio da oposição, dotada mais de preconceituosa arrogância do que de inteligência política, parte dos altos índices de popularidade interna e do respeito externo. O país merece melhor oposição.
*Mauro Santayana é jornalista, colunista da Agência de Notícias "Carta Maior", comentarista de TV e colaborador de diversos jornais.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Charge do Kayser

"Composições"

E agora José?

O político mais popular do planeta.
E agora José? Não foi na Veja, como o teu guru, foi na Newsweek.
E agora José? Tá na hora de "arranjar" outro premiozinho fajuto?
E agora José? Vai proibir alguma outra coisa em São Paulo?
E agora José? Vai "assinar" mais alguns exemplares da Veja?
E agora José? Pedir umas pesquisas novas pro *Globope? Pro *Data da Folha?
Senão a coisa vai ficar feia pra ti.
E agora José?
Matéria da Newsweek pode ser lida aqui, mas somente em Inglês.
* Ambos os apelidos, muito realistas, foram criados por Paulo Henrique Amorim.

Momento histórico

Zelaya na Embaixada brasileira: "Cambiamos de banda"
O Brasil muda a sua posição, no que se refere à quem apoia, em um golpe de estado.
Chile, 1973: navios da marinha de guerra brasileira aguardavam, junto aos chilenos, pelas ordens dos golpístas, caso houvesse resistência à tomada do poder pelo exército, setores da burguesia e forças capitalistas internacionais.
Na embaixada do Brasil, golpistas concentravam-se antes do "movimento", e a ditadura que se estabaleceu, recebeu apoio irrestrito da ditadura brasileira, inclusive na perseguição, prisão, tortura e execução de militantes de esquerda.
Hoje a história é diferente.
Outro país, outro presidente deposto, outro golpe de estado, outra vez militares aliados aos setores descontentes com as transformações sociais, e com a passagem do poder para as "mãos da gentalha". Toques de recolher, censura, perseguições, prisões arbitrárias e assassinatos.
Basicamente o mesmo modus-operandi.
A posição do governo brasileiro? Não reconhece o pseudo-governo interino, mantém conversações com a única autoridade reconhecida do país (o presidente eleito e deposto por quartelada), providencia seu abrigo em solo brasileiro e faz a defesa de seu retorno à presidência, frente aos organismos internacionais. Como nunca "antes na história desse país", havia sido feito.
A decisão brasileria não poderia ser mais correta. O presidente legítimo, deposto por um golpe, refugiado dentro de seu próprio país, ameaçado de prisão, exílio e até de morte, pelo pseudo-governo, duramente criticado pelos organismos internacionais e que não é reconhecido nem pelos Estados Unidos, histórico apoiador de golpes e ditaduras de direita na América Latina.
Os golpistas reagiram e iniciaram ataques, como a suspensão dos serviços básicos (água, energia, telefones) e o cerco a essa por soldados e tanques de guerra. Se eles fizerem algo mais, podemos retaliar.
O presidente eleito está de volta ao país, com o apoio do Governo Brasileiro. Esse ato, por si só, pode ser decisivo para o destino do país caribenho, para seu povo, ao mesmo tempo em que inaugura-se um novo paradigma na atuação, cada vez mais respeitada mundialmente, da dilpomacia brasileira.

Em tempo: Somente os vendilhões da pátria para discordar da ação brasileira, como pode ser visto aqui.

sábado, 19 de setembro de 2009

"Agora o governo (tucano de São Paulo) vai colher o que plantou."

O título do post é uma frase proferida por um presidiário, ouvida no trailer do filme, Salve Geral, de Sérgio Rezende, indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Obviamente que o preso referia-se à transferência de presos entre penitenciárias, mas vou utilizá-la sob outro aspecto: A política tucana de "segurança pública", a falta de políticas sociais e o sucateamento dos serviços básicos (investimento em educação para tucanos é gasto), deram subsídio para a criação desse filme, que fala sobre ações coordenadas do PCC, Primeiro Comando da Capital (aquele que o Alckmin disse que havia sido extinto), no ano de 2006, praticamente parando a cidade de São Paulo.
O"agora o governo vai colher o que plantou" é emblemático, não só referindo-se aos fatos de 2006, mas ao fato de que muita gente vai ver o filme, conhecer o "modo tucano de governar", e imaginar como seria um "Salve ainda mais geral", com José Serra na presidência.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Nota do MST sobre CPI protocolada no Congresso Nacional


A força das nossas mobilizações e o avanço das conquistas dos trabalhadores Sem Terra causaram uma forte reação do latifúndio, do agronegócio, da mídia burguesa e dos setores mais conservadores da sociedade brasileira contra os movimentos sociais do campo, em especial o MST, principalmente por causa do anúncio da atualização dos índices de produtividade da terra pelo governo Lula.

Denunciamos que a CPI contra o MST é uma represália às nossas lutas e à bandeira da revisão dos índices de produtividade. Para isso, foi criado um instrumento político e ideológico para os setores mais conservadores do país contra o nosso movimento. Essa é a terceira CPI instalada no Congresso Nacional contra o MST nos últimos cinco anos. Além disso, alertamos que será utilizada para atingir os setores mais comprometidos com os interesses populares no governo federal.


A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS), líderes da bancada ruralista no Congresso Nacional, não admitem que seja cumprida a Constituição Federal de 1988 e a Lei Agrária, de fevereiro de 1993, assinada pelo presidente Itamar Franco, que determina que "os parâmetros, índices e indicadores que informam o conceito de produtividade serão ajustados, periodicamente, de modo a levar em conta o progresso científico e tecnológico da agricultura e o desenvolvimento regional".


Os parâmetros vigentes para as desapropriações de áreas rurais têm como base dados do censo agrário de 1975. Em 30 anos, a agricultura passou por mudanças tecnológicas e químicas que aumentaram a produtividade média por hectare. Por que o agronegócio tem tanto medo da mudança nos índices?


A atualização dos índices de produtividade da terra significa nada mais do que cumprir a Constituição Federal, que protege justamente aqueles que de fato são produtores rurais. Os proprietários rurais que produzem acima da média por região e respeitam a legislação trabalhista e ambiental não poderão ser desapropriados, assim como os pequenos e médios proprietários que possuem menos de 500 hectares, como determina a Constituição.


A revisão terá um peso pequeno para a Reforma Agrária. A Constituição determina que, além da produtividade, sejam desapropriadas também áreas que não cumprem a legislação trabalhista e ambiental, o que vem sendo descumprido pelo Estado brasileiro. Mesmo assim, o latifúndio e o agronegócio não admitem essa mudança.


Os setores mais conservadores da sociedade não admitem a existência de um movimento popular com legitimidade na sociedade, que organiza trabalhadores rurais para a luta pela Reforma Agrária e contra a pobreza no campo. Em 25 anos, tentaram destruir o nosso movimento por meio da violência de grupos armados contratados por latifundiários, da perseguição dos órgãos repressores do Estado e de setores do Poder Judiciário, da criminalização pela mídia burguesa e até mesmo com CPIs.


Apesar disso, resistimos e vamos continuar a organizar os trabalhadores pobres do campo para a luta pela Reforma Agrária, um novo modelo agrícola, direitos sociais e transformações estruturais no país que criem condições para o desenvolvimento nacional com justiça social.


Secretaria Nacional do MST

Extraído do blog Diário Gauche.

Nota do blogueiro: Quem tem medo de ter de produzir? Simples: Aquele que não produz. É fácil receber grandes extensões de terra, arrendar a maior parte, e ficar de posse de alguma, para utilizar o financiamento subisiado do governo, para comprar caminhonetões.
Por isso esse povo não quer rever os índices. Que poderão ser estabelecidos para muito abaixo do que a tecnologia do "agrobusiness" é capaz de produzir. Mas, que pode comprometer a exploração imobiliária. Fazer com que seres que nunca viram grama, trabalhem na terra que exploram.

Duas classes da mesma categoria.

As Resoluções nº 10, de 30 de maio de 1995, e nº 9, de 8 de outubro de 1996 do do. Conselho de Coordenação e Controle das Estatais – CCE/DEST, causaram um dano enorme ao funcionalismo dos bancos públicos, a saber, hoje, Banco do brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e da casa da moeda.
Foram estabelecidas graves distinções entre os empregados admitidos anteriormente ou posteriormente à essa medida. Aos empregados ingressados anteriormente foram concedidos direitos que, aos empregados posteriores foram negados, transformando-os, indiretamente, em funcionários de segunda classe, conhecidos dentro das instituições como "Genéricos", enquanto ambas as "classes" dos empregados são atribuídas as mesmas funções.
Na devastadora onda neo-liberal dos anos 90, os tucanos esquartejaram uma categoria de mais de 400.000 empregados, visando o "aproveitamento máximo" de sua força de trabalho, mediante a remuneração mínima.
O Estado mínimo atingiu o bolso de milhares de trabalhadores.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), criaram o PL 6.259/2005, que buscava a isonomia entre as diferentes "classes", criadas por FHC. A proposta foi engavetada ao ter voto desfavorável do então relator, o Deputado Pedro Henry do PP alegando que a proposta representaria "impacto negativo na gestão dos bancos envolvidos", nada importando para esse parlamentar, o impacto negativo causado aos funcionários.
O PL .6259 foi reapresentado com substitutivo recebeu recentemente (dia 14 último), parecer favorável do atual relator, Deputado Eudes Xavier, do PT do Ceará.
O texto abaixo, extraído do site da Contraf-Cut, explica os caminhos que o PL 6.259/2005 ainda deve seguir antes de sua aprovação, tornando-se mais uma medida do atual governo, para reverter a devastação causada pela onda neo-liberal-demo-tucana:
O deputado federal Eudes Xavier (PT-CE) apresentou nesta segunda-feira 14 de setembro parecer favorável ao projeto de lei nº 6.259/2005, que institui a isonomia de direitos entre os antigos e novos bancários do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do BNB, do Banco da Amazônia e da Casa da Moeda. O projeto, de autoria do hoje senador e ex-deputado Inácio Arruda (PCdoB-CE) e do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), está neste momento aguardando a votação na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara. Depois, será encaminhado para as comissões de Finanças e Tributação e Constituição e Justiça e caso seja aprovado nas comissões entrará em vigor sem necessidade de votação em plenário.
"O parecer do relator é um passo muito importante nessa luta antiga dos trabalhadores dos bancos públicos de restituir a isonomia de tratamento, anulando resoluções impostas de forma arbitrária pelo governo FHC", afirma Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT. Os trabalhadores que ingressaram no BB, na Caixa, no BNB, no Basa e na Casa da Moeda a partir de 30 de maio de 1995 perderam uma série de direitos em relação aos antigos funcionários, por força das resoluções nº 09 (de maio de 95) e nº 10 (outubro de 96) do Conselho de Coordenação e Controle das Estatais (CCE/Dest).
Segundo o parlamentar, as resoluções do governo FHC "introduziram uma situação injusta e perversa de desigualdade intra-institucional" entre os trabalhadores das cinco empresas públicas federais. E o PL 6.259 "visa eliminar uma série de distorções" impostas "de forma unilateral e autoritária" pelas duas resoluções, que geraram um "tratamento discriminatório entre os empregados mais antigos e mais novos".
Contribuições da Contraf-CUT
Na argumentação que desenvolve para justificar o parecer favorável, o deputado Eudes Xavier cita várias vezes dados e informações fornecidos pela Contraf-CUT. Ele reconhece no relatório que "alguns direitos isonômicos, tais como conquistas salariais e de benefícios para os novos funcionários (...) têm sido alcançados em função de muitas mobilizações e greves realizadas pela categoria a partir de 2003", sendo necessária "uma solução legal definitiva para o tratamento discriminatório".
Além disso, acrescenta o parlamentar no parecer, "segundo as estimativas da Contraf o impacto da aludida isonomia sobre as folhas de pagamento das instituições financeiras públicas federais será da ordem de 0,5% a 1,5%, dependendo das estruturas internas de remuneração. Isso ocorre porque os salários dos comissionados, que representam mais de 60% das folhas salariais dessas instituições, não sofrerão qualquer reajuste, uma vez que o valor adicional decorrente da isonomia (anuênio, promoções do PCS etc.) será absorvido pelo valor de referência das respectivas funções (CTVF no Banco do Brasil e CTVA na Caixa Econômica Federal)".
Caso aprovada, a lei garantirá aos funcionários novos "igualdade de direitos salariais, benefícios diretos e indiretos e vantagens de que gozam os empregados admitidos em período anterior à edição das Resoluções nº 10, de 30 de maio de 1995, e nº 9, de 8 de outubro de 1996".

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Debaixo da "cola de um cachorro"

Na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, no interior, onde se fala leite quente, com todos os "ês" das palavras dizem que uma criatura que está muito mal, seja financeiramente, fisicamente, ou com sua imagem arranhada, ridicularizado, desmoralizado, esculachado ou cagado está "debaixo da cola de um cachorro" (ou cusco, guaipeca).
É o caso do ilustríssimo "Farol de Alexandria", em enquete realizada por algum funcionário que já foi demitido do Uol.
Numa enquete onde se pergunta: "Se tivesse que votar em um dos últimos cinco presidentes do Brasil hoje, em qual você votaria?" Oferecem cinco nomes e a opção nenhum, e Fernando Henrique Cardoso fica abaixo do nenhum, dos cinco ele fica em sexto?
Claro que não tem nenhum valor científico, mas é muito engraçado.
Tá debaixo da cola de um cusco mesmo.

Marolinha sim!

Onde estão os demo-tucanos que achincalharam o Presidente Lula, quando esse afirmou que o Brasil tinha estrutura para escapar quase incólume da Crise do Capitalismo Internacional (reduzida pelo PIG aos abstrato nome de "Crise Internacional").
Quando ele anunciou que diante do "tsunami" da crise, o que atingiria o Brasil seria uma "marolinha", a tucanalha bateu pesado: entrevistou desempregados (coisa que não existe no mundo do capital), figurantes remunerados, fotos da miséria que construiu ao longo dos anos e destilou muito veneno sobre a frase do presidente.

E agora José?

Que dizem disso, disso e disso?

Bye-bye Serra 2010.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Bisonhada

A RBS não sabe distinguir entre o inglês e o francês, na tentativa de creditar ao PT a crise do governo tucano do Rio Grande do Sul:
*Marco Aurélio, que assina charges no jornal Zero Hora, resolveu mostrar, na edição deste sábado, seus conhecimentos em línguas estrangeiras. Foi reprovado. Ao tentar fazer uma genial associação entre o PT, a disposição do governo brasileiro de comprar aviões franceses e o pedido de “impeachment” da governadora Yeda Crusius, ele saiu-se com a seguinte pérola: “O PT também está usando ‘armas francesas’ para combater aqui”.
Uma rápida pesquisa no Google, ou em algum dicionário, mostraria ao funcionário de Zero Hora que “impeachment” é uma palavra (e uma invenção) de origem inglesa e não francesa.
Hilário, de fato. O chargista, não a charge.

*Extraído do RS Urgente.

domingo, 13 de setembro de 2009

11 de Setembro, para não esquecer do Chile.

No 29º aniversário do golpe de estado, patrocinado pela CIA, que culminou com a morte do Presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, e na instauração de um dos regimes ditatoriais mais cruéis da América Latina, data que coincidiu com o primeiro aniversário do ataque ao Wolrd Trade Center e ao Pentágono, nos Estados Unidos, um chileno, residente na Inglaterra, faz uma comparação entre as duas datas.

Algo que nunca foi mostrado pela mídia corporativa, porque sem dúvida, levaria qualquer um a rever o conceito de terrorismo, condenando atos que foram apoiados pelos barões da imprensa, por nossas elites e pelos que sofreram o 11 de setembro, no ano de 2001.

No 36º aniversário do 11 de Setembro, de 1973, convém que essa comparação seja mostrada. 3000 pessoas morreram no 11 de setembro de 2001, 30.000 no de 1973.

Serra assina manifesto de apoio a ré Yeda Crusius


O Mais Honesto de Todos os Homens, o Presidente de Nascença José Serra, assinou documento de apoio e solidariedade à cleptogovernadora do RS, Yeda Crusius. Defendendo a corretíssima correligionária cleptotucana, ao lado do Grande Economista dos Trópicos estão as assinaturas de Sérgio Guerra (presidente do PSDB), o réu confesso de uso privado de recursos públicos senador Artur Virgílio Neto (PSDB-AM), os governadores tucanos de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), Minas (Aécio Neves) e Roraima (José de Anchieta Jr) e o deputado ex-petista José Aníbal (PSDB).

A cleptotucana Yeda Crusius treinando para viver em sua futura morada.

Comentário da Tia Carmela: Isso de solidariedade nunca foi o forte do Zezinho. Quando era criança, lá na Móoca, quando algum coleguinha levava uma coça por ter feito arte, ele sempre saía cantarolando: “bem-feito! bem-feito!”.

Abaixo a íntegra do manifesto dos "homens bons", em defesa da ética (tucana), da moral (tucana) e dos bons costumes (tucanos):

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de Setembro

Em 1973, morte de Salvador Allende marca o início da ditadura militar no Chile
Em um determinado momento da prolongada visita de 24 dias que o líder cubano Fidel Castro fez ao Chile de Salvador Allende, em novembro de 1971, veio à tona a questão militar. O presidente chileno ponderou que naquele país as Forças Armadas eram tradicionalmente neutras, não se intrometiam em política, ou seja, eram estritamente profissionais. Fidel retrucou que essa postura iria ser sustentada até o dia em que os interesses da classe a qual a hierarquia militar pertence fossem tocados. “Nesse dia, tomarão posição, e será contra você”.
Salvador Allende (foto) perdeu por três vezes as eleições presidenciais, em 1952, 1958 e 1964, antes de se eleger presidente do Chile, em 1970, como candidato de uma coligação de esquerda, a Unidade Popular. Entrou para a história como o primeiro marxista a chegar ao poder pelas urnas.
Allende assumiu a presidência no dia 3 de novembro de 1970 e durante seu governo nacionalizou as minas de cobre, a principal riqueza do país. Além disso, transferiu o controle das minas de carvão e dos serviços de telefonia para o Estado, aumentou a intervenção nos bancos e fez a reforma agrária, desapropriando grandes extensões de terras improdutivas e entregando-as aos camponeses.
Entretanto, os pilares socialistas no Chile não se firmaram como queria Allende. Os Estados Unidos, envolvidos na Guerra do Vietnã, não admitiam a instauração de um segundo regime socialista em sua área de influência. As nacionalizações e estatizações adotadas pela Unidade Popular também não eram bem vistas pelas grandes corporações norte-americanas.
Além disso, fatos graves começaram a acontecer, a exemplo do assassinato do Comandante em Chefe René Schneider, substituído pelo não menos constitucionalista general Carlos Prats.
Outra dificuldade foi o fato de o governo norte-americano submeter o Chile a um bloqueio econômico informal, que impedia o país de obter empréstimos internacionais ou bons preços para o cobre, principal produto de exportação. Allende acreditava que o objetivo da medida era sufocar a economia chilena até que um levante das Forças Armadas colocasse fim a "via chilena para ao socialismo".
Para agravar a situação, em setembro de 1972 iniciou-se uma greve de caminhoneiros financiada pela CIA e comandada por Leon Vilarín, um dos líderes do grupo paramilitar neofacista Patria y Libertad. A paralisação impediu o plantio da safra agrícola no país até 1973. Com o apoio dos industriais chilenos, a estratégia era provocar o desabastecimento de artigos de primeira necessidade no Chile.
A partir daí, o clima de tensão foi ficando cada vez mais intenso, com o Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR) de um lado e o direitista Patria y Libertad de outro.
No dia 29 de junho de 1973 houve então a primeira tentativa de golpe, por meio de uma aliança entre o Patria y Libertad e os militares chilenos que pretendia tomar o Palácio de La Moneda, numa operação conhecida como El Tanquetazo.
Entretanto, a ação fracassou ao ser descoberta pela inteligência do Exército, então comandado por Prats.
Com isso, o general chegou a pedir a instauração do estado de sítio no país. A solicitação foi acatada por Allende, mas negada pelo Congresso.
Assim, a tomada do poder ficava cada vez mais iminente. O general Prats, que se recusava a participar do golpe militar, renunciou depois de uma manifestação de esposas de oficiais golpistas diante de sua residência.
Foi então que Salvador Allende nomeou um antigo militar que acreditava ser de total confiança: Augusto Pinochet.
Na madrugada de 11 de setembro de 1973, aviões militares sobrevoaram e bombardearam o palácio presidencial. Lá estava Allende, quase só. Não se dispondo a sofrer humilhações, valeu-se da submetralhadora que lhe fora presenteada por Fidel Castro para pôr fim à própria existência. Estava instaurada a sanguinária ditadura pinochetista.
Lembrança
Hoje, 36 anos depois, milhares de chilenos saíram às ruas de Santiago para lembrar a morte de Salvador Allende e o início da ditadura militar, que durou até 1990 e deixou mais de 3 mil mortos.
Texto extraído do blog do Júlio Garcia.
Abaixo reprodução do último discurso proferido pelo Presidente Salvador Allende, já cercado pelos golpistas, no palácio presidencial:
"Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.
Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.
Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.
Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.
Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças. Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista. Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta. Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos.
A historia os julgará.
Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.
Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição."
Para ouvir o áudio do discurso, clique aqui.

Sobre imagens


Texto extraído do blog La Vieja Bruja, de Marcelo Duarte:

Poucos argumentos políticos poderiam ser tão inconsistentes quanto o do progressista Otomar Vivian, chefe da Casa Civil do novo jeito de governar, a fim de desqualificar o acolhimento do pedido de impeachment da governadora tucana Yeda Crusius pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ivar Pavan (PT), protocolado na Casa pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais:

- "O prejuízo é enorme à imagem do Rio Grande do Sul, não só nacionamente como internacionalmente. Temos tratativas com organismos internacionais, inclusive com o próprio Banco Mundial, já com negociações andando. Isso naturalmente gera uma relação com o Estado que todos vão começar a reexaminar até muitos investimentos".

Ele mais ou menos quis dizer que Ivar Pavan, um agente público com responsabilidades perante a Constituição Federal, antes de obedecer ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) - que determina que cabe aos presidentes dos Poderes Legislativos estaduais examinar as condições mínimas de admissibilidade dos pedidos de cassação a eles dirigidos -, deveria ter pensado na imagem pública que o RS tem diante de investidores privados em potencial.

Disso se segue que, mesmo que estivesse o deputado petista diante das maiores evidências possíveis de corrupção, deveria, antes, ter priorizado a "imagem" do estado, seja lá o que isso signifique para um investidor.

A pergunta é inevitável:

De que imagem falas, cara-pálida?

Como diz o vulgo, o filme do estado está queimado. Ou torrado, como preferirem.

O escândalo do Detran ocorreu no primeiro ano de governo de Yeda Crusius, que não conversou mais com seu vice desde a primeira semana em que foi de mala e cuia para o Palácio Piratini, onde desfraldou uma bandeira de cabeça para baixo quando tomou posse, logo depois tomado por amigos imaginários, fantasmas e bebês japoneses.

Recentemente, depoimentos lidos em Plenário pela presidente da CPI da Corrupção dão conta que a troca da Fatec pela Fundae como prestadora de serviços ao Detran - fato que deu origem a uma reorganização no esquema criminoso montado a partir da autarquia, uma vez que Ferst estaria sendo "pouco profissional", donde a necessidade de o escantear - foi autorizada pessoalmente por Yeda Crusius, e que a própria governadora teria dividido os valores da propina em uma planilha.

A governadora é alvo de uma ação civil pública de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal, de uma CPI, pela Assembleia, e de um processo de impeachment, movido pelos servidores públicos gaúchos e aceito pelo presidente do Poder Legislativo.

Crianças são alfabetizadas em escolas de lata e o estado tem o maior número de óbitos no Brasil por conta da gripe causada pelo vírus Inluenza A H1N1, sendo que o país é o líder mundial em mortes pela referida gripe.

Agentes públicos sob suas ordens diretas executam deprimentes movimentos corporais de forma ritmada em locais públicos, ameaçam e chantageiam presidentes de autarquias e devassam vidas públicas através de escutas e de investigações documentais sem autorização judicial.

A polícia militar, sob seu comando, espanca mulheres e crianças ligadas a movimentos sociais, assassina pelas costas um trabalhador rural e reprime com violência ativistas políticos ligados aos movimentos bancário e estudantil.

O custo de seu propalado déficit zero é a ausência total de investimentos públicos e uma dívida em dólares de 30 anos com um organismo internacional, e tudo isso para comprar um avião capaz de conter seu ego, embora falte gasolina para viaturas da polícia Civil e da Brigada Militar.

Com que imagem, mesmo, Otomar Vivian está preocupado? Que imagem ele quer preservar?

Otomar Vivian, muito pelo contrário, deveria mesmo era se preocupar com a imagem de quem pretende vir para cá. Sua resposta a esses investidores deveria já estar na ponta da língua:

- "Procurem um estado onde o chefe do Poder Executivo não seja réu".

Simples assim.

A única reportagem que encontrei an ZH sobre o processo de Impeachment de Yeda

Presidência da Assembleia alimenta indústria da calúnia, segundo advogado de Yeda
Fábio Medina diz que provas alegadas por Pavan são as mesmas já rechaçadas pela Justiça

"Amigos para sempre"

Argentina enfrenta a imprensa golpista.

Enquanto o Brasil comemora uma vitória no futebol, contra a Argentina, essa enfrenta os barões da mídia oligárquica, da imprensa golpista. Um projeto de lei foi enviado ao Congresso Argentino, alterando 21 pontos de seu sistema de comunicação.
A concentração de diversos meios à um mesmo grupo, pode ter um fim no País, rádio, jornais, revistas impressas, televisão, internet e demais mídias eletrônicas poderão ser segmentadas entre grupos menores, e sob um maior controle social.
A reação ocoree como de praxe: Alguém que mexa com os barões midiáticos, leva chumbo.
Uma operação de fiscalização da equivalente Argentina à Receita Federal realizada no jornal Clarín, foi traduzida pela mídia corporativa como um "ataque à liberdade de expressão" (vídeo abaixo). O combate a sonegação fiscal, à burla da legislação trabalhista, a investigação do Estado aos crimes dos oligarcas da mídia, é interpretado , pela própria mídia, como uma afronta à liberdade de expressão.
Leia mais no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorin
Abaixo a reação da "hermana Globo", contra o "ataque dos Kirchner a liberdade de expressão":

Invasão ao Clarín é considerada ataque a liberdade de expressão na Argentina

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Estados Unidos fascistas: Já chegamos lá?

Da agência Carta Maior:

As elites conservadoras dos Estados Unidos jogaram abertamente seu futuro com o das legiões de descontentes da extrema-direita. Elas deram apoio explícito e poder às legiões para que ajam como um braço político nas ruas americanas, apoiando ameaças físicas e a intimidação de trabalhadores, liberais e autoridades que se neguem a defender seus [das elites] interesses políticos e econômicos. Chegamos. Estamos estacionados exatamente no lugar onde nossos melhores especialistas dizem que o fascismo nasce. O artigo é de Sara Robinson, do blog For Our Future.

Sara Robinson - Blog For Our Future
Artigo publicado em português no site Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha.
Clique aqui para conhecer o blog For our Future
Através da escuridão dos anos do governo Bush, os progressistas assistiram horrorizados ao sumiço das proteções constitucionais, à retórica nativista, ao uso do discurso de ódio transformado em intimidação e violência e a um presidente dos Estados Unidos que assumiu poderes só exigidos pelos piores ditadores da história. Com cada novo ultraje, o punhado de nós que tinha se tornado expert na cultura e na política da extrema-direita ouvia de novos leitores preocupados: Chegamos lá? Já nos tornamos um estado fascista? Quando vamos chegar lá?
E cada vez que essa pergunta era feita, gente como Chip Berlet e Dave Neiwert e Fred Clarkson e eu mesma olhava para o mapa como o pai que faz uma longa viagem e respondia com um sorriso confortador. "Bem... estamos numa estrada ruim, se não mudarmos de caminho poderíamos acabar lá em breve. Mas há muito tempo e oportunidades para voltar. Fique de olho, mas não se preocupe. Pode parecer ruim, mas não, ainda não chegamos lá".
Ao investigar a quilometragem nesse caminho para a perdição, muitos de nós nos baseávamos no trabalho do historiador Robert Paxton, que é provavelmente o estudioso mais importante na questão de como os países adotam o fascismo. Em um trabalho publicado em 1998 no Jornal da História Moderna, Paxton argumentou que a melhor forma de reconhecer a emergência de movimentos fascistas não é pela retórica, pela política ou pela estética. Em vez disso, ele afirmou, as democracias se tornam fascistas por um processo reconhecível, um grupo de cinco estágios que identificam toda a família de "fascismos" do século 20. De acordo com nossa leitura de Paxton, ainda não estávamos lá. Havia certos sinais -- um, em particular -- em que estávamos de olho, e ainda não o reconhecíamos.
E agora o reconhecemos. Na verdade, se você sabe o que procura, repentinamente vê isso em todo lugar. É estranho que eu não tenha ouvido a pergunta por um bom tempo; mas se você me fizer a pergunta hoje, eu diria que ainda não chegamos, mas que já entramos no estacionamento e estamos procurando uma vaga. De qualquer forma, o futuro fascista dos Estados Unidos aparece bem grande diante do vidro do automóvel -- e os que dão valor à democracia dos Estados Unidos precisam entender como chegamos aqui, o que está mudando e o que está em jogo no futuro próximo se permitirmos a essa gente vencer -- ou mesmo manter o território.
O que é fascismo?
A palavra tem sido usada por tanta gente, tão erroneamente, por tanto tempo que, como disse Paxton, "todo mundo é o fascista de alguém". Dado isso, sempre gosto de começar a conversa revisitando a definição essencial de Paxton:
"Fascismo é um sistema de autoridade política e ordem social que tem o objetivo de reforçar a unidade, a energia e a pureza de comunidades nas quais a democracia liberal é acusada de produzir divisão e declínio".
Em outro lugar, ele refina o termo como "uma forma de comportamento político marcado pela preocupação obsessiva com o declínio da comunidade, com a humilhação e a vitimização e pelo culto compensatório da unidade, energia e pureza, na qual um partido de massas de militantes nacionalistas, trabalhando em colaboração desconfortável mas efetiva com as elites tradicionais, abandona as liberdades democráticas e busca através de violência redentora e sem controles éticos ou legais objetivos de limpeza interna e expansão externa".
Não considerando Jonah Goldberg, é uma definição básica com a qual a maioria dos estudiosos concorda e é a que usarei como referência.
Do proto-fascismo ao momento-chave
De acordo com Paxton, o fascismo surge em cinco estágios. Os dois primeiros estão solidamente atrás de nós - e o terceiro deveria ser de particular interesse para os progressistas nesse momento.
No primeiro estágio, um movimento rural emerge em busca de algum tipo de renovação nacionalista (o que Roger Griffin chama de palingenesis, o renascimento das cinzas, como a de fênix). Eles se reúnem para restaurar uma ordem social rompida, como sempre usando temas como unidade, ordem e pureza. A razão é rejeitada em favor da emoção passional. A maneira como a história é contada muda de país para país; mas ela sempre tem raiz na restauração do orgulho nacional perdido pela ressureição dos mitos e valores tradicionais da cultura e na purificação da sociedade das influências tóxicas de estrangeiros e de intelectuais, aos quais cabe o papel de culpados pela miséria atual.
O fascismo somente cresce no solo revolto de uma democracia madura em crise. Paxton sugere que a Ku Klux Klan, que se formou em reação à Restauração pós-Guerra Civil, pode ser o primeiro movimento autenticamente fascista dos tempos modernos. Quase todo país da Europa teve um movimento proto-fascista nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial (quando o Klan experimentou um ressurgimento nos Estados Unidos), mas a maior parte deles empacou no primeiro estágio -- ou no próximo.
Como Rick Perlstein documentou em seus dois livros sobre Barry Goldwater e Richard Nixon, o conservadorismo moderno dos Estados Unidos foi construído sobre esses mesmos temas. Do "Despertar nos Estados Unidos" [tema de campanha de Ronald Reagan] aos grupos religiosos prontos para a Ruptura [os milenaristas], ao nacionalismo branco promovido pelo Partido Republicano através de grupos racistas de vários graus, é fácil identificar como o proto-fascismo americano ofereceu a redenção dos turbulentos anos 60 ao promover a restauração da inocência dos Estados Unidos tradicionais, brancos, cristãos e patriarcais.
Essa visão foi abraçada tão completamente que todo o Partido Republicano agora se define nessa linha. Nesse estágio, é abertamente racista, sexista, repressor, excludente e permanentemente viciado na política do medo e do ódio. Pior: não se envergonha disso. Não se desculpa para ninguém. Essas linhas se teceram em todo movimento fascista da História.
Em um segundo estágio, os movimentos fascistas ganham raízes, se tornam partidos políticos reais e ganham um lugar na mesa do poder.
Interessantemente, em todo caso citado por Paxton a base política veio do mundo rural, das partes menos educadas do país; e quase todos chegaram ao poder se oferecendo especificamente como esquadrões informais organizados para intimidar pequenos proprietários em nome dos latifundiários.
A KKK lutava contra os pequenos agricultores negros [do sul dos Estados Unidos] e se organizou como o braço armado de Jim Crow. Os "squadristi" italianos e os camisas-marrom da Alemanha reprimiam greves rurais. E nos dias de hoje os grupos anti-imigração apoiados pelo Partido Republicano tornam a vida dos trabalhadores rurais hispânicos nos Estados Unidos um inferno. Enquanto a violência contra hispânicos aumenta (cidadãos americanos ou não), os esquadrões da direita estão obtendo treinamento básico que, se o padrão se confirmar, poderão eventualmente usar para nos intimidar.
Paxton escreveu que o sucesso no segundo estágio "depende de certas condições relativamente precisas: a fraqueza do estado liberal, cujas inadequações condenam a nação à desordem, declínio ou humilhação; e a falta de consenso político, quando a direita, herdeira do poder mas incapaz de usá-lo sozinha, se nega a aceitar a esquerda como parceira legítima".
Paxton notou que Hitler e Mussolini assumiram o poder sob essas mesmas circunstâncias: "Paralisia do governo constitucional (produzida em parte pela polarização promovida pelos fascistas); líderes conservadores que se sentiram ameaçados pela perda de capacidade para manter a população sob controle num momento de mobilização popular maciça; o avanço da esquerda; e líderes conservadores que se negaram a trabalhar com a esquerda e que se sentiram incapazes de continuar no governo contra a esquerda sem um reforço de seus poderes".
E, mais perigosamente: "A variável mais importante é aceitação, pela elite conservadora, de trabalhar com os fascistas (com uma flexibilidade recríproca dos líderes fascistas) e a profundidade da crise que os induz a cooperar".
Essa descrição parece muito com a situação difícil em que os congressistas republicanos estão nesse momento. Apesar do partido ter sido humilhado, rejeitado e reduzido a um status terminal por uma série de catástrofes nacionais, a maior parte produzida pelo próprio partido, sua liderança não pode nem imaginar governar cooperativamente com os democratas em ascensão. Sem rotas legítimas para voltar ao poder, sua última esperança é investir no que restou de sua "base dura", dando a ela uma legitimidade que não tem, recrutá-la como tropa de choque e derrubar a democracia americana pela força. Se eles não podem vencer eleições, estão dispostos a levar a disputa política para as ruas e assumir o poder intimidando os americanos a se manterem silenciosos e cúmplices.
Quanto esta aliança "não santa" é feita, o terceiro estágio -- a transição para um governo abertamente fascista -- começa.
O terceiro estágio: chegando lá
Durante os anos do governo Bush, os analistas progressistas da direita se negaram a chamar o que viam de "fascismo" porque, apesar de estarmos de olho, nunca vimos sinais claros e deliberados de uma parceria institucional comprometida entre as elites conservadoras dos Estados Unidos e a horda nacional de camisas-marrom. Vimos sinais de flertes breves - algumas alianças políticas, apoio financeiro, palavras-de-ordem doidas da direita na boca de líderes conservadores tradicionais. Mas era tudo circunstancial e transitório. Os dois lados mantiveram uma distância discreta um do outro, pelo menos em público. O que acontecia por trás das portas, só dá para imaginar. Eles com certeza não agiam como um casal.
Agora, o jogo de advinhação acabou. Nós sabemos sem qualquer dúvida que o movimento do Teabag foi criado por grupos como o FreedomWorks do Dick Armey e o Americans for Prosperity do Tim Phillips, com ajuda maciça de mídia da Fox News [a TV de Rupert Murdoch, o magnata da mídia, é porta-voz da extrema-direita dos Estados Unidos].
[Nota do Viomundo: O movimento do Teabag foi um protesto em escala nacional, organizado pelos republicanos, com ampla cobertura da Fox, em que eleitores protestaram contra a cobrança de impostos e o tamanho do governo federal. Uma tentativa de trazer de volta a rebelião contra a cobrança de impostos que esteve na origem do movimento de independência dos Estados Unidos. Ver Boston Tea Party]
Vimos a questão dos birther [aqueles que acreditam que Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos, mas no Quênia] -- o tipo de lenda urbana que nunca deveria ter saído da capa do [jornal sensacionalista] National Enquirer -- sendo ratificada por congressistas republicanos.
Vimos os manuais produzidos profissionalmente por Armey que instruem grupos de eleitores republicanos na arte de causar distúrbios no processo de governo democrático - e as imagens de autoridades públicas aterrorizadas e ameaçadas a ponto de requererem guarda-costas armados para sair de prédios [os protestos aconteceram durante audiências públicas para debater o novo sistema de saúde].
Vimos o líder da minoria republicana John Boehner aplaudindo e promovendo um vídeo de manifestantes e esperando por "um longo e quente agosto para os democratas no Congresso".
Este é o sinal pelo qual estávamos esperando -- o que nos diria que sim, crianças, chegamos. As elites conservadoras dos Estados Unidos jogaram abertamente seu futuro com o das legiões de descontentes da extrema-direita. Elas deram apoio explícito e poder às legiões para que ajam como um braço político nas ruas americanas, apoiando ameaças físicas e a intimidação de trabalhadores, liberais e autoridades que se neguem a defender seus [das elites] interesses políticos e econômicos.
Este é o momento catalisador em que o fascismo honesto, de Hitler, começa. É nossa última chance de brecá-lo.
O ponto decisivo
De acordo com Paxton, esse momento da aliança do terceiro estágio é decisivo - e o pior é que quando se chega a esse ponto, é provavelmente tarde para pará-lo. Daqui, há uma escalada, quando pequenos protestos se tornam espancamentos, mortes e a aplicação de rótulos em certos grupos para eliminação, tudo dirigido por pessoas no topo da estrutura de poder. Depois do Dia do Trabalho [Labor Day], quando senadores e deputados democratas voltarem a Washington, grupos organizados para intimidá-los vão permanecer na cidade e usar a mesma tática - aumentada e aperfeiçoada a cada uso - contra qualquer pessoa cuja cor, religião ou inclinação política eles não aceitem. Em alguns lugares, eles já estão tomando nota e preparando listas de nomes.
Qual é a linha do perigo? Paxton oferece três rápidas perguntas que nos ajudam a identificar:
1. Estão os neo ou proto-fascistas se tornando arraigados em partidos que representam grandes interesses e sentimentos e conseguem ampla influência na cena política?
2. O sistema econômico ou constitucional está congestionado, de forma aparentemente insuperável, pelas autoridades atuais?
3. A mobilização política rápida está ameaçando sair do controle das elites tradicionais, ao ponto que elas poderiam buscar ajuda para manter o controle?
Pela minha avaliação, a resposta é sim. Estamos muito perto. Muito perto.
O caminho adiante
A História nos diz que uma vez essa aliança [entre a elite e a tropa de choque] é formada, catalisada e tem sucesso em busca do poder, não há mais como pará-la. Como Dave Neiwert escreveu em seu livro recente, The Eliminationists, "se apenas podemos identificar o fascismo em sua forma madura - os camisas-marrom com passos de ganso, o uso de táticas de intimidação e violência, os comícios de massa - então será muito tarde para enfrentá-lo".
Paxton (que anteviu que "um autêntico fascismo popular nos Estados Unidos será crente e anti-negros") concorda que se uma aliança entre as corporações e os camisas-marrom tiver uma conquista - como a nossa aliança tenta agora [barrando a reforma do sistema de saúde proposta por Barack Obama] - pode rapidamente ascender ao poder e destruir os últimos vestígios de um governo democrático. Assim que ela conseguir algumas vitórias, o país estará condenado a fazer a feia viagem através dos dois últimos estágios, sem saída ou paradas entre agora e o fim.
O que nos espera? No estágio quatro, quando o dueto assumir o controle completo do país, lutas políticas vão emergir entre os crentes do partido - os camisas-marrom e as instituições da elite conservadora - igreja, militares, profissionais e empresários. O caráter do regime será determinado por quem vencer a disputa. Se os membros do partido (que chegaram ao poder através da força bruta) vencerem, um estado policial autoritário seguirá. Se os conservadores conseguirem controlá-los, um teocracia tradicional, uma corporocracia ou um regime militar podem emergir com o tempo. Mas em nenhum caso o resultado lembrará a democracia que a aliança derrubou.
Paxton caracteriza o estágio cinco como "radicalização ou entropia". Radicalização é provável se o novo regime conseguir um grande vitória militar [Nota do Azenha: sobre a Venezuela, por exemplo], o que consolida seu poder e dá apetite para expansão e uma reengenharia social em grande escala (Veja a Alemanha). Na ausência do evento radicalizador, podemos ter a entropia, com a perda pelo estado de seus objetivos, o que degenera em incoerência política (Ver a Itália).
É fácil neste momento olhar para a confusão na direita e dizer que é puro teatro político do tipo mais absurdamente ridículo. Que é um show patético de marionetes. Que esse povo não pode ser levado a sério. Com certeza, eles estão com raiva -- mas eles são minoria, fora do poder e reduzida a ataques de nervos. Os crescidos devem se preocupar com eles tanto quanto se preocupam com uma menina de cinco anos, furiosa, que ameaça segurar a respiração até ficar azul.
Infelizmente, todo o barulho e as ameaças obscurecem o perigo. Essa gente é tão séria quanto uma multidão linchadora e eles já deram os primeiros passos para se tornar uma. Eles vão se sentir mais altos e mais orgulhosos agora que suas tentativas de desobediência civil estão contando com apoio integral das pessoas mais poderosas do país, que cinicamente os usam numa última tentativa de garantir suas posições de lucro e prestígio.
Chegamos. Estamos estacionados exatamente no lugar onde nossos melhores especialistas dizem que o fascismo nasce. Todos os dias que os conservadores no Congresso, os comentaristas de extrema-direita e seus barulhentos seguidores conseguem segurar nossa capacidade de governar o país, é mais um dia em que caminhamos em direção à linha final, da qual nenhum país, mostra a História, conseguiu retornar.
Nota do blogueiro: A tentativa de remodelar, ou de criar um sistema de saúde nos EUA, que não mantenha o povo nas mãos das operadoras de planos de saúde, levou ao surgimento de um movimento que pretende provar, que Obama nasceu no Kenia e não nos Estados Unidos, fato que o tornaria inelegível.
No país onde a função do "lobista" é regulamentada, a pressão exercida pelos intocáveis planos de saúde privados, pode ser forte o bastante para derrubar um presidente democraticamente eleito?
O movimento ganha adeptos nos altos postos militares, como pode ser visto aqui, fato que pode dar um impulso ao"quase lá". Militares, conservadores, religiosos, um motivo falso, mas sendo lentamente transformado em fato político pela extrema direita estadunidense, que pode acabar construindo um país fascista, com o maior exército, e com o maior número de armas de destruição em massa do mundo.
No texto de Sara Robinson, há um trecho, em que ela cita movimentos rurais, elites agrárias em busca de algum "tempo perdido", ou de privilégios que estão sendo revistos, e que se unem em torno da idéia da restauração da ordem social. Presenciamos esse tipo de movimento no Brasil, com a parcimônia de parte do poder público. Livros censurados, escolas fechadas por ensinar algo diferente daquilo que os movimentos "renovadores" agrários, consideram que deve ser ensinado.
Perseguição, espancamento e assassinatos de membros de movimentos sociais.
Quão longe estamos nós, também, de chegarmos lá?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Oliver Stone filma uma Nova América.

O documentário "South Of The Border" (ao sul da fronteira), foi aplaudido com entusiasmo no Festival de Cinema de Veneza. O filme fala sobre a América Latina, as recentes transformações no meio político, com a eleição de vários líderes de esquerda, e a forma como a mídia estadunidense demoniza a figura de Hugo Chavez, declarado inimigo público número 1 por várias emissoras e jornais "do norte".
O próprio Hugo Chavez estava presente no Festival, e também foi muito aplaudido, juntamente com o diretor Stone.
O filme repete a fórmula de "Comandante", em diversas entrevistas com vários líderes da América Latina, como Cristina Kirchner, Evo Morales, Fernando Lugo, Raul Castro e o Presidente Lula. Stone tenta mostrar uma América Latina real, muito diferente da retratada pelos periódicos estadunidenses e pelos discursos ensandecidos de alguns de seus líderes.
Uma América Latina que mostra que "Sim, é possível mudar o curso da história", como afirma Chávez.
Abaixo, trailer do filme "South Of The Border":

Cada um conta o que quer contar

*Diogo Moyses
De São Paulo

**Muitos leitores devem ter notado que a TV Globo passou as duas últimas semanas celebrando o aniversário de 40 anos do Jornal Nacional. Desde a sua criação, o telejornal global é, de longe, a principal fonte de informação de milhões de brasileiros.
Bonner e Fátima Bernardes fizeram questão de nos lembrar das tantas glórias conquistadas pelo JN e pelo jornalismo da emissora. Matérias intermináveis - intermináveis mesmo, de quase 15 minutos - exaltaram os feitos do telejornal. Os mais antigos repórteres (os que certamente melhor cumprem ordens do patrão) foram chamados à bancada e, ao vivo, recordaram as coberturas dos fatos que marcaram a história recente do país.
Telespectadores desavisados, desconhecedores de episódios importantes da vida nacional, talvez até tenham ficado com lágrimas nos olhos.
É fato incontestável que o Jornal Nacional consolidou-se desde a década de 1970 (estreou em 1969) como símbolo do poder das Organizações Globo. Com uma estrutura quatro, cinco ou seis vezes maior do que os telejornais de suas concorrentes, ainda hoje bota medo na maioria dos políticos, que temem ser alvos de abordagens, digamos, pouco simpáticas. Quando as menções são positivas, aí é só festa. Dá até pra pensar em vôos mais altos. Símbolo maior desse poder é o fato de seu lobista-chefe ser chamado de "senador" nos corredores do Congresso Nacional. Sem nunca ter sido candidato nem eleito para cargo algum, desfruta de poderes que nenhum parlamentar possui.
O JN tem todo o direito de comemorar o que bem entender. Aliás, a Globo é perita em se auto-promover. Já fez isso em diversas ocasiões e continua a fazer com competência, posando de defensora da cultura nacional e da liberdade de expressão, além da já manjada face "solidária" que os Crianças Esperanças da vida buscam construir.
O perigo iminente disso tudo é que, em um país pouco conhecedor da biografia de seus meios de comunicação, corre-se o risco de reescrever a história. O temor não se faz em vão: como historiadores cansam de afirmar, a memória coletiva muitas vezes é fruto do legado dos mais fortes.
Mas voltemos ao nosso tema. Como era previsível, o JN tratou de lembrar das tantas ocasiões nas quais noticiou fatos da vida política, econômica, cultural e esportiva do país.
Esqueceu-se, no entanto - e ao acaso isso não pode ser creditado -, de recordar os momentos em que o telejornal global foi ele mesmo sujeito da história.
Ficou de fora da retrospectiva, por exemplo, que o surgimento e fortalecimento da TV Globo deu-se a partir de um acordo ilegal com o grupo estrangeiro Time-Life, que foi inclusive objeto de CPI no Congresso Nacional.
Esqueceram de dizer que a emissora foi criada e se fortaleceu com o apoio decisivo dos sucessivos governos militares. E que seu jornalismo, em especial o JN, ignorou solenemente as torturas, os desaparecimentos e as mortes dos que lutavam contra a ditadura, como se não tivessem acontecido.
O resgate histórico deixou de lado a tentativa de ignorar o movimento pelas eleições diretas nos primeiros anos da década de 1980, assim como a participação da emissora na tentativa mal sucedida de fraude nas eleições para o governo do Rio de Janeiro, com o objetivo de evitar a posse de Leonel Brizola.
A memória seletiva igualmente deu conta de apagar a participação decisiva do JN na eleição de Fernando Collor em 1989, quando a emissora editou de forma canalha o último debate entre Collor e Lula, além de utilizar contra o candidato petista as acusações lunáticas de sua ex-mulher e o seqüestro do empresário Abílio Diniz.
Nos anos seguintes, de forma nem um pouco sutil, foi linha de frente na consolidação da idéia - hoje comprovadamente furada - de que o neoliberalismo e a privatização de empresas estatais eram o único caminho a seguir, impulsionando a eleição e reeleição de FHC à Presidência.
Há ainda uma série infindável de episódios mais recentes que poderiam ser acrescentados à lista, como a cobertura favorável ao tucano Alckmin nas últimas eleições presidenciais. Ao contrário de outras tentativas, a tática não deu certo, graças à multiplicação das fontes de informação e, quem sabe, ao aumento da consciência política das classes menos favorecidas.
Fato é que, ao longo de toda a sua história, a Globo consolidou-se como os olhos e ouvidos da atrasada elite brasileira, cerrando fileiras contra movimentos sociais e quaisquer políticas distributivas. Em Brasília, seu "senador" é sempre recebido com afagos. Tapetes vermelhos se estendem aos seus pés. E assim, políticas que visam democratizar as comunicações do país são enterradas antes mesmo de nascerem.
É normal, compreensível até, que o JN tente recontar a sua própria história. O que não pode acontecer é que a história não contada por ele seja esquecida por nós.
*Diogo Moyses é jornalista e radialista especializado em regulação e políticas de comunicação, pesquisador do Idec - Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor e autor de A convergência tecnológica das telecomunicações e o direito do consumidor.
**Texto do Terra Magazine
Nota do blogueiro: A História vem sendo construída dessa forma: Contada pelos "vencedores", por narrações fantasiosas, embasadas no interesse de grupos econômicos, políticos e ou religiosos, de subverter a realidade, criando uma forma de "História do que me convêm".
Tem sido assim ao longo dos séculos, som algumas vozes bradando contra, mas todas sendo taxadas de visionárias, utópicas, lunáticas e qualquer coisa assim.
A Rede Globo, como parte integrante desse grupo dos "vencedores", constrói a História a seu gosto e interesse. Nunca houve manipulação eleitoral, a Globo nem mesmo se defende dessas acusações, utiliza-se da técnica descrita por Leonel Brizola como "Mandar para a Sibéria do ostracismo", aquilo que pode contrapor-se aos seus desatinos. Nunca houve apoio da Globo "ao regime militar", embora ela denomine a ditadura de regime, simplesmente pelo fato de a Globo não mencionar. Nunca houve acordo com um grupo extrangeiro, proibido pela lei brasileira, porque a Globo não disse nada.
O que a Globo fez com o Brasil, não tem reflexo em nenhum período histórico, nem em nenhum outro país no mundo: Tornou-se "A Verdade", uma janela para o mundo. O que é visto na Globo é real, o resto não existe, ou é "conto de lunáticos que tem inveja do crescimento dessa grande rede".
É um poder grande demais para uma única família, para uma única empresa, para a difusão de uma idéia única.
Recentemente sentiu-se ameaçada por outra corporação midiática, e estabeleceu um conflito que prometia derrubar a rival. O conflito mostrou os podres de dois veículos de comunicação que tem os mesmos objetivos: Manipular para lucrar. Mas o conflito encerrou-se subitamente, depois que a Rede Record adquiriu o documentário "Muito Além Do Cidadão Kane".
Mesmo que para isso tenha de assassinar a memória de um povo, ou pior, criar uma nova memória, baseada nos valores globais e interessantes da família proprietária.

A bosta da Veja falando do "papel higiênico Granma".

Um dos tantos blogs que os celetistas da Editora Abril mantém (talvez porque a edição impressa já esteja necessitando da pá de cal), publica uma "reporcagem" deveras interessante: O Jornal Granma, órgão oficial de imprensa do Estado cubano, estaria sendo utilizado pela população para a "higiene anal".
O subtítulo da reporcagem é o que mais chama a atenção, nessa nova tentativa de empocalhar o governo cubano: "IMPRENSA MARROM". Faltou especificar a quem melhor se adapta a expressão: Se ao jornal que está ficando marrom após ser lido, ou para a revista, que vai pra gráfica marrom, e fedendo à fezes tucanas, direitistas, entreguistas, fascistas, racistas, mirando e disparando para um lado só, escondendo entre a meleca de suas páginas, toda a porcaria que seus anunciantes e beneméritos fazem Brasil a dentro e a fora.
É nauseante ver que, em pleno século XXI, um órgão de propaganda direitista ainda não tenha "saído do armário", e evidenciado seu papel de eterno crítico das esquerdas, e eterno lambedor de botas (eu disse botas) da direita.
Entrevistam um pseudo jornalista cubano chamado YPF, ou ZYK, ou JFK, ou PPS, ou JJJ, KKK, ou sei lá, como forma de autenticar um conto cretino, saído da cabeça de algum de seus celetistas, que acabara de limpar-se com a revista e não gostou do papel, como forma de explorar o gosto pela leitura de uma nação que não tem analfabetos.
Os argumentos utilizados para desqualificar o governo cubano vão desde o fato de não faltar leite às crianças de até sete anos de idade, mas não ter disponível à todos, coisa abominável, que deixaria os donos dos grandes revistões nacionais sem leitinho, até o pseudo fiasco das economias comunistas. Ora, a culpa das crises que batem à porta do Capital internaciional, vem de Cuba? Da Venezuela? Do governo de esquerda da Espanha? Da Bolívia? Nãó é culpa do MST. É claro.
Nunca a crise vai ser creditada ao falido sistema adorado, idolatrado e canonizado pela Veja. Em meio à crise, criada, incubada e parida nos EUA, a veja publica uma escabrosa capa, com a figura do Tio Sam, apontado o dedo e afirmando que "eu salvei você". Do que? Da merda que fizeram em casa, e que a Veja deu um jeitinho de limpar por aqui.
Para uma empresa privada, que é sustentada pelo Estado, sua posição anti-estado, anti-socialista é meio confusa. Detestam a intervenção do Estado, mas adoram seus milhões.
Imprensa marrom, é um adjetivo que cabe direitinho para uma revista especializada em limpar a sujeira do "norte", em limpar cagadas de tucanos, e viver dos ralos do Estado de São Paulo.
Se um dia tivéssemos uma imprensa séria, talvez a discussão seria posta em outros níveis: Críticas da "imprensa marrom à imprensa vermelha". Debates entre a imprensa do Estado, do público, que mente em favor do público, e a imprensa corporativa, privada, que mente e distorce tudo em favor dos interesses dos poucos, que podem pagar um anúncio em suas páginas. Tudo limpo, às claras, cada lado defendendo seu ponto, sem as ridículas máscaras da insenção e da imparcialidade (palavras que na verdade, não tem significado algum).
Mas como não temos imprensa séria, como eles ainda não "saíram do armário", continuamos a receber suas "matérias estatológicas", factóides e reporcagens, com se fosse um órgão comprometido com a verdade.
Agora, se a Veja está tão preocupada com a "bunda suja dos cubanos", poderia enviar vários carregamentos de sua revista, pagos pelo José Serra, para esse nobre fim. Mas aposto, que até para isso, os cubanos vão preferir o Granma, que não sai sujo da gráfica.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Blog da Dilma pede o seu voto

Como já votei, agora divulgo:

O BLOG DA DILMA PODE SE TRANSFORMAR EM UM LIVRO NA BIENAL 2009É o único blog de Esquerda, Petista e Lulista que concorre ao melhor blog na categoria POLÍTICA no Concurso Prêmio BlogBooks da BIENAL DO LIVRO 2009. Será importantíssimo que o BLOG DA DILMA chegue em PRIMEIRO LUGAR. Chegou a hora de toda militância participar com GARRA na divulgação e na votação do Blog da Dilma.
Precisamos da união de todos, não estamos querendo nenhuma promoção pessoal, ficar famosos na internet, o que queremos é solidificar a candidatura da Dilma Rousseff, que será um TERCEIRO MANDATO DO LULA. Encerramento da votação: dia 18 de setembro. Atenciosamente, Daniel Pearl e Jussara Seixas – editores do blog.
Endereços para você votar: http://dilma13.blogspot.com/ou http://www.blogbooks.com.br/categorias/politica/

sábado, 5 de setembro de 2009

Filme Germano-Brasileiro mostra a reação de um candidato ao perder uma eleição.

Uma pena que Hittler não era careca e nem tinha a fisionomia do nosferatu:



Vídeo extraído do blog do Joel Bueno.

Alguém pensou em fazer essa pergunta?

Do site Terra Magazine:



Serra vai privatizar o pré-sal?


Marcelo Carneiro da Cunha
De São Paulo

E cá estava eu, na minha famosa e luxuosa laje de Pinheiros, revendo a imprensa nacional dos últimos dias e fui assaltado (diferentemente de tantos moradores dos Jardins) por uma dúvida!
Folheei e refolheei os jornais em papel jornal. Olhei para os digitais, nada. Ninguém. NINGUÉM mesmo, fez a pergunta mais básica nesses últimos dias, para a pessoa que mais precisa responder a tal pergunta. Então, aqui mesmo, nesse vibrante órgão da nova mídia, aqui vai:
- Governador Serra! Qual é a sua proposta para a exploração e o uso dos recursos do petróleo das novas áreas do chamado pré-sal?
Enquanto aguardo a resposta, com o pezinho aqui batendo impaciente, vamos nós, juntos, pensar um pouco no assunto.
Gente, COMO ninguém foi ali no Palácio dos Bandeirantes com um gravadorzinho ou um bloquinho na mão, perguntar ao sujeito hoje com maiores possibilidades de mudar de palácio no ano que vem sobre o que ele faria com o futuro do nosso país, caso os eleitores deem a ele essa missão?
Não importa se o cara se declara como candidato ou não. Que eu saiba, em cada pesquisa feita e refeita, o governador Serra aparece lá na frente. Aparecem ainda a Dilma, o Ciro Gomes, o Aécio, humm, quem mais? A Marina? O PSOL? Esses são os caras e é com eles que precisamos contar, a não ser que o excesso de sol aqui na minha laje me afete mais ainda os miolos e eu também resolva tirar o país do abismo em que o Lula nos colocou (segundo as viúvas do FHC).
Bom, o PSOL é tão contra tudo que deve ser contra a privatização e a estatização de tudo que se move. Aliás, eles são contra tudo que se move, e a Marina, que acredita na burrice suprema do tal criacionismo, não pode acreditar em petróleo, que teria se formado há milhões de anos, portanto, antes do mundo evangélico ter sequer surgido. Quem sobra?
O Aécio Neves é um gato, me garante a Zélia, a única mulher que manda em mim quando vem aqui dar um jeito na Guernica que é a minha casa depois de uma semana inteira das festas e recepções na Mansão Carneiro da Cunha. Mas gato não fala, aliás, não faz nada e eu não creio que esse gato aí esteja seriamente pensando em concorrer no ano que vem. Além de gato, o rapaz é moço, tem tempo pra pensar, aprender, quem sabe até aprender a falar. Vamos ver.
A Dilma, bom, acho podemos tranquilamente ser a favor ou contra do que ela pensa, uma vez que todos ficamos sabendo na apresentação da proposta do governo para o pré-sal na última segunda-feira. Faltou alguém. Ah, já sei.
Governador José Serra! O que afinal o senhor faria ou fará, na Presidência do país, caso chegue lá, com os recursos que podem redefinir o nosso futuro?
Porque o Brasil pegou jeito nos últimos cinco anos, estimados leitores, por incrível que pareça para a minha geração, que tinha se convencido que isso aqui nunca ia dar certo. Coisas criadas e planejadas gerações atrás, por brasileiros com visão de futuro, agora viraram presente e surpreendem o mundo. NENHUM país criou um sistema formado por álcool, motores flex e postos de combustível com várias escolhas. Apenas e apenas aqui a gasolina é combustível alternativo e andamos por nossas próprias pernas e octanagem, ora vejam. Nossa energia é hidrelétrica, e o atual governo nos protegeu da chance de apagões e a gente pode se ligar pra valer. Na última quarta-feira a Embraer completou 40 anos, e um vôo meu na semana que vem, com a holandesíssima KLM vai ser num jato brasileiro.
E a Petrobras, que quase virou Petrobrax no tempo do FHC, lembram? Pois é simplesmente a quarta maior empresa das Américas, sendo que nessas Américas estão os Estados Unidos da América. Sabem o que isso significa?
Num cenário desses, o pré-sal é um elemento novo e perturbador. Sabe quando você planejou, poupou, investiu e a sua vida está indo bem, as coisas funcionando a contento e existe um futuro, e aí você descobre que um tio desconhecido morreu na Venezuela deixando uma fortuna todinha pra você? Sua cabeça vira uma bagunça maior do que aqui em casa após finais de semana de festividades. Seus valores são sacudidos, seus planos passam a parecer leves demais, sua mulher começa a olhar pra loja da H Stern com outros olhos. O que você faz numa hora dessas define o sujeito que você é, e o que você e sua família vão ser.
E é nesse momento que o Brasil se encontra.
E não sei por vocês, mas baseado na experiência que eu vivi, de ter o PSDB gerenciando as nossas grandes propriedades, não sei o que esperar de uma administração desses recursos por um eventual governo José Serra.
Quando teve o poder, o PSDB foi medroso na hora de lidar com outros países e corporações. Temos celular, mas pagamos caríssimo pra usar. As estradas de SP são ótimas, e igualmente caríssimas. Alguém negociou com muito bom coração pelos sentimentos deles, não os nossos. A privatização sob o comando do PSDB foi o calcanhar de aquiles daqueles governos (e isso sem contar duas quebras e idas ao FMI, aquela paridade maluca com o dólar e o apagão). Por que eu deveria me sentir tranquilo com o que eles venham a fazer com o pré-sal?
Um grande país se faz com riquezas, com um povo unido, e muita atitude. Eu gosto da atitude do governo Lula, todos sabem. Gostei quando ele disse que a plataforma P-51 ia ser fabricada no Brasil, um bilhão de dólares, empregos e tecnologia vindo pra cá e não Cingapura, lembram? Essa atitude nos trouxe uma enorme indústria naval e o pré-sal. Qual vai ser a nossa atitude diante dessa inesperada riqueza que não é deixada por um tio misterioso, mas resultado de muito investimento, pesquisa e estratégia que somente uma empresa estatal pode realizar?
Ah, ponto importante. Manter a Petrobras sob controle parcial do estado foi uma ótima, excelente, escolha. A Argentina privatizou a YPF e não tem mais nada. Nada. E se alguém ainda tem dúvidas, o presidente Lula pode demitir o presidente do BB e fazer os juros baixarem e o crédito crescer. Alguém prefere o país sem isso?
Mudar as regras para o pré-sal foi um enorme acerto. O governo sentiu que podia peitar as corporações e o fez. Foi corajoso e eu gosto disso. O governo FHC tirava os sapatos pra entrar nos Estados Unidos, e isso me irritava. Quem tira sapatos enfrenta petroleiras internacionais pelo bem do país?
O governador Serra demonstrou bem mais coragem do que o presidente FHC ao fazer a lei dos genéricos e a lei anti-fumo aqui em São Paulo, mas não sei, quero ver e quero que ele me diga, nos diga, o que faria, ou não pode ser presidente. Se ele ainda não sabe o que pensa, não pode ser presidente. Mas ele sabe e nos deve essa informação. Até agora disse apenas que quer mais tempo. Mais tempo para quê? Para lobbies e interesses derrubarem um bom plano? Precisamos implantar essas leis já, precisamos controlar essas riquezas firmemente, e protegê-las dos políticos para que tenham os fins que o Lula descreveu: educação, pesquisa e ciência, redução da pobreza. Queriam um país decente? Aí está a proposta e o caminho.
Governador José Serra: o que o senhor acha disso?


Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista.