quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Trabalho degradadante ou até mesmo escravo, a culpa é da fiscalização.

Arvorezinha solitária resistindo ao "progresso" do agronegócio predador, entre Campo Mourão e Cascavel - PR.

Os textos abaixo são emblemáticos, evidenciam o "modus-operandi" das elites agrárias do Brasil. Abaixo, o irmão de um ferrenho defensor do agronegócio, o Deputado Ronaldo Caiado, do Demo de Goiás, autuado pelo Ministério do Trabalho, por manter trabalhadores em condições degradantes, em uma de suas propriedades rurais, afirma que o problema é a fiscalização.

Basicamente: "Se não houvesse fiscalização, não haveria crime." Ou a sua divulgação, que parece ser o único problema.

No segundo texto, extraído do Blog do Sakamoto, uma sequência de títulos de reportagens da grande imprensa, numa escalada de eventos que leva uma empresa, que constava na lista suja do trabalho escravo do Ministério do trabalho, a celebrar parceria com um grande conglomerado internacional.

Basicamente: "Se estou na lista suja, saio por liminar, celebro grande contrato, ganho milhões e volto a escravizar"

Lembro-me do Cazuza: "A burguesia fede!"


MARCELO AULER - Agencia Estado

RIO DE JANEIRO - O Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho, na companhia de uma procuradora do Trabalho, autuou a Fazenda Santa Mônica, no município de Natividade, ao sul do Estado de Tocantins, de propriedade de Emival Ramos Caiado, irmão do deputado federal e líder do DEM, Ronaldo Caiado. Na fazenda foram encontrados 26 trabalhadores, que, embora registrados, estavam submetidos ao chamado trabalho degradante: permaneciam no meio do mato consertando a cerca, sem disporem de água potável, sem equipamento de proteção individual e dormindo em um acampamento precário.

Por exigência dos auditores fiscais do trabalho, os contratos de todos os empregados foram rescindidos com o pagamento de indenização a cada empregado, calculada com base no tempo de serviço deles, que não superou os três meses. Foram pagos em torno de R$ 100 mil em dinheiro vivo. Coube a outro Caiado, o advogado Breno, irmão de Emival, levar o dinheiro ao hotel Serra Verde, no município de Campos Belos (GO), onde os fiscais do trabalho estavam sediados.

O Grupo Móvel fiscalizou outras seis fazendas na região descobrindo, na Fazenda Olho D''Água, em Montes Claros de Goiás, dois menores de idade trabalhando em carvoaria, conforme consta do registro feito pelos auditores fiscais cuja cópia foi entregue ao presidente do Conselho Tutelar da cidade, Gregório Batista dos Passos Neto.

Emival Caiado alega que "a legislação nacional não está de acordo com os costumes locais. Nas cidades grandes se tem um padrão de comportamento, uma relação em termos de acomodação que é diferenciada", diz. "No nosso caso encontraram todos os empregados registrados, mas tinham umas pessoas consertando uma cerca de arame muito longe da sede e estas pessoas, como é de hábito delas, estavam acampadas no mato. Eles falaram que aquilo não era uma acomodação condigna e decente. Era um acampamento, mas é o usual na região", argumentou.

Na crítica à fiscalização, Breno e Emival apegaram-se na história dos menores que os fiscais disseram estar trabalhando ilegalmente em carvoaria. Na explicação dos dois, os menores são filhos de um trabalhador que prepara o carvão e estariam "em férias na fazenda e tinham ido levar água para o pai" quando a fiscalização chegou. No relatório dos auditores consta que as crianças estavam há mais tempo na fazenda, apresentavam marcas de fuligem, ferimentos e queimaduras típicas do trabalho neste setor.

Texto acima extraído do Blog da Dilma.
Os veículos de comunicação noticiaram nesta segunda [01/2]:
Cosan e Shell anunciam aliança de US$ 12 bilhões (Uol)
Joint venture de Cosan e Shell terá faturamento de R$ 40 bilhões (Valor Econômico)
União entre Shell e Cosan altera lógica do mercado global de etanol (iG)
Ninguém segura este país, né? Mas vamos fazer um pequeno exercício de memória. Leia esses três títulos depois de ler os outros abaixo, publicados algumas semanas atrás, e veja a diferença:
Cosan e mais 11 empregadores entram para a “lista suja” do trabalho escravo (Repórter Brasil)
Cosan é incluída em lista de trabalho escravo (Exame)
Com isso:
Ação da Cosan despenca com inclusão em lista de trabalho escravo (O Globo)
Wal-Mart suspende contrato com Cosan por trabalho escravo (Reuters)
Aí, é claro:
Cosan adotará medidas para sair de lista de trabalho escravo (Estado de S. Paulo)
Inclusão de Cosan em lista de trabalho escravo é um erro, diz Stephanes (Folha de S. Paulo)
Liminar tira Cosan da ‘lista suja’ de trabalho escravo (Estado de S.Paulo)
Limpando o caminho para:
Cosan e Shell anunciam aliança de US$ 12 bilhões (Uol)
União entre Shell e Cosan altera lógica do mercado global de etanol (iG)
Tudo faz sentido. É a gente que só percebe tarde demais.
Texto acima extraído do Blog do Sakamoto.

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