quinta-feira, 21 de maio de 2009

Não precisamos de um ministro que diga uma bosta dessas.


O Ministro das Comunicações, o PMDBista e ex-repórter da Globo, Hélio Costa, no afã de defender os interesses das grandes empresas de comunicação (entre elas os do eterno patrão), sugeriu aos jovens brasileiros que desliguem os computadores e... assistam a TV.
Como se justifica tamanha merda? É o discurso de um Ministro de Estado, ou o de um ex-apresentador de um programa de quinta como um "Linha Direta"? É o discurso de um agente público ou de mais um dos assalariados dos Marinho?
Como se precisasse mandar brasileiros assistir a tv. Pode faltar geladeira na casa de um brasileiro, mas não a novela das dez, das oito, das sete, das seis, das cinco, das duas, dos big brotheres e dos palanques direitosos travestidos de jornais.
É foda, ainda mais sendo um ministro do Governo Lula.

O texto abaixo foi extraído do blog Zero Fora:

O Ministro, os jovens e a TV

Certa tarde de domingo, os desafortunados espectadores do Domingão do Faustão assistiram a mais ou menos o seguinte diálogo inusitado entre o apresentador Fausto Silva e a cantora Adriana Calcanhoto:
Fausto: Você gosta de música?
Adriana: Não, eu não gosto de música. Eu odeio música!
O diálogo acima foi inusitado pela resposta irônica da entrevistada, a qual é bem inteligente. Mas não é inusitado pela pergunta estúpida do apresentador. No Faustão, geralmente os entrevistados fazem cara séria, e respondem às perguntas estúpidas como se fossem perguntas inteligentes. Poucos não suportam a estupidez e chutam o pau da barraca, como Adriana Calcanhoto fez. Programas de TV são povoados por perguntas e pressupostos estúpidos como os que regem a escolha de perguntas de Fausto Silva. (Lembre do "Homer" visualizado pelo jornalista responsável pelo Jornal Nacional.) A doutrina por detrás dessa escolha é que o incompreensível afasta o público, o compreensível o atrai. E a TV quer público em quantidade, pois é remunerada pela quantidade de público. Assim, o pessoal da TV faz perguntas estúpidas na TV e apresenta programas estúpidos porque assim supostamente mantém a audiência dos que não são estúpidos, pois esses podem compreender uma estupidez, e não afasta a audiência dos estúpidos, pois esses compreendem o que é suficientemente estúpido para seu nível de compreensão.
A doutrina acima é perversa, pois estimula a estupidez, e essa não é um bem social, nem deve ou precisa ser estimulada. Podemos chamar tal doutrina da TV de doutrina da estupidez. Se essa doutrina está certa, então os mais estúpidos não são afastados, e os mais espertos aguentam o que é estúpido, pois isso ao menos é compreensível, e todos querem o conforto do conhecido, todos têm medo do desconhecido.
Bem, mas a doutrina está errada, pois nem todos têm medo do desconhecido, e os mais espertos preferem programas mais espertos. Eis porque, com a vulgarização do acesso à internet e a outras mídias onde todos podem produzir conteúdo, e há mais inteligência, houve migração e transformação de espectadores da TV para agentes do universo da web. E assim a TV e outras mídias que se regem pela doutrina da estupidez perderam público.
Entra o ministro das comunicações do Brasil, o sr. Hélio Costa. Ele está muito preocupado com o faturamento das empresas de rádio e TV, nem um pouco preocupado com a nocividade da estupidez para os jovens, como mostra a seguinte notícia:
Juventude tem que “despendurar” da internet e voltar a ver TV, diz ministro
A abertura do 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, promovido pela Abert, nesta terça-feira, 19, contou com um comentário inusitado do ministro das Comunicações, Hélio Costa. O ministro fez uma defesa arraigada do setor de rádio e televisão, e sugeriu que os jovens devem usar menos a internet e assistir mais programas de TV e de rádio.“Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na internet. Tem que assistir mais rádio e televisão”, afirmou o ministro em seu discurso, após relembrar a distância entre o faturamento da radiodifusão e das telecomunicações. “O setor de comunicação fatura R$ 110 bilhões por ano. Desse total, somente R$ 1 bilhão é do rádio e R$ 12 bilhões das TVs. O resto vocês sabem muito bem onde está”, provocou o responsável pelas comunicações do país.” (Teletime)
O Hermenauta comenta:
Vejam que o Ministro não está dizendo que os jovens têm que largar a internet e ir namorar, ou estudar, ou praticar esportes. Está dizendo que os jovens têm que despendurar da internet -- que é uma indústria de telecomunicações -- e se pendurar na televisão -- que é uma outra indústria de telecomunicações, mas é mais próxima ao Ministro.
E, por que os jovens têm que voltar para a TV? Ora, porque o setor de rádio e TV fatura apenas 13 bilhões/ano de um total de 110 bilhões/ano faturado pelo setor de comunicações, só por isso!
Ainda bem que Hélio Costa não é ministro da saúde, pois ele poderia ser convidado a palestrar em um congresso da indústria farmacêutica, e acabaria reclamando das pessoas que abandonam o cigarro e não desenvolvem câncer e das pessoas que abandonam o açucar e não desenvolvem diabetes.

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