Em ano eleitoral não existem elites, as classes sociais desaparecem, milionários são "gente do povo", todos escondem suas mansões, o hectare de terra passa a valer R$ 7,64, todos "trabalham pelo trabalhador", especialmente os patrões, latifundiários da UDR (União Democrática Ruralista) falam em reforma agrária,
"Bourbons" tornam-se "Silvas", "Alckmins" tornam-se "Geraldos", e "José Serra" torna-se "Zé".
No jingle da campanha serrista, o nome José Serra, altamente associado com o elitismo brasileiro, e substituído pelo coloquial "ZÉ".
O texto abaixo, do cineasta gaúcho Jorge Furtado, analisa a estratégia tucana, que já demonstrou, em 2006, ser muito eficaz:
Crise de identidade.
O jingle do candidato José Serra acumula as funções de tentativa de fraude e admissão de derrota.
Fraude porque mente (insistentemente) ao dizer que José Serra é o candidato da continuidade e não da oposição. O jingle mais do que sugere, afirma que Serra - subitamente transformado em Zé - é o cidadão de origem humilde que “foi a luta e venceu”, como o Lula, e por isso é o melhor candidato para o “Brasil seguir em frente”.
Nos últimos sete anos e meio, a oposição - e sua imprensa – referiu-se ao Lula como ignorante, analfabeto, bêbado, estuprador de meninos, mentiroso, ladrão e assassino. Hoje, faltando dois meses para a eleição, Lula ocupa o primeiro verso do jingle do candidato desta mesma oposição. “Era brincadeirinha, nós também adoramos o Lula! Apedeuta era elogio, quer dizer ‘fofinho’!”
Admissão de derrota porque nunca em toda a história deste país (ou de qualquer outro, que eu saiba) se ouviu um jingle de um candidato de oposição que incluísse o nome do titular do cargo ao qual este candidato faz oposição. É como se o hino do Flamengo incluísse o nome do Vasco.
O jingle da oposição investe na ignorância e/ou desatenção do eleitor, uma aposta que se tornou um padrão. Não tem dado muito certo. Depois de sete anos e meio de ataques imponderados ao presidente e ao seu governo, os demotucanos chegam à eleição com um jingle em que o refrão grita, com todas as letras, o nome de Lula da Silva, mas não o nome do seu próprio candidato, José Serra.
Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Com Zé Serra eu sei que anda
É o Zé que eu quero lá
José Serra é um brasileiro
Tão guerreiro quanto eu
É um Zé que batalhou
Estudou, foi à luta e venceu
Zé é bom e eu já conheço
Eu já sei quem ele é
Pro Brasil seguir em frente
Sai o Silva e entra o Zé
José Serra foi Ministro
Deputado e Senador
Esse Zé já foi Prefeito
Zé já foi Governador
Tá testado e aprovado
Por tudo que ele já fez
Sempre teve do meu lado
Eu quero Zé Serra dessa vez
(refrão)
Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Com Zé Serra eu sei que anda
É o Zé que eu quero lá
Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Agora é Serra Presidente do Brasil
Notas do blogueiro:
Se alguém estiver interessado em comprar terras no estado de Tocantins, essa senhora pode vender 100 hectares a R$ 764,00, é só falar com essa senhora.
Aos interessados, esse é o link para ouvir o Jingle do "Zé".
Esse, para ouvir o jingle que deu a vitória ao picolé de chuchu, digo, ao "Geraldo" em 2006 (o quê, ele não venceu? E estão usando a mesma estratégia?).
O interessante do jingle do "Zé", é que vai servir para colar de vez, todos os apelidos que Paulo Henrique Amorim e outros blogueiros puseram nele: Zé Pedágio, Zé Alagão, Zé Ladeira, Zé Apagão...
"Zé". Queria saber quanto estão pagando a esses marqueteiros...
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