quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O carnê do baú terá seu merecido fim, esse ano.

Um dos maiores símbolos do "miserê" brasileiro, o famigerado "carnê do baú", chega ao fim de sua existência. Após 50 anos transferindo renda (das camadas populares para os bolsos de seu idealizador), o carnê perde a razão da sua existência: A economia estável, permite que o cidadão pague suas parcelas, deixando de engordar o "Patrão" com seus meios-carnês pagos, que não davam direito a nada.
Segundo o documentário "Muito Além do Cidadão Kane" (Beyond Citizen Kane, Simon Hartog, 1993), o inadimplemento era a maior fonte de lucros do homem do baú.
Explico: Compro meu carnê, com a promessa de, caso não for premiado, terei todo o valor pago devolvido em mercadorias ao final desse. O cenário inflacionado da economia fazia com que grande parte dos adquirentes, não conseguisse paga-lo até o fim. Esse era o maior lucro de Sílvio Santos com esse esquema.
Além disso, a expansão do crédito, tornou os bens de consumo (imóveis e automóveis em destaque), que antes só poderiam ser alcançados nos sorteios, acessíveis a boa parte da população, como mostra o texto abaixo, extraído do excelente blog Os Amigos do Presidente Lula:


Oferta maciça de crédito que está permitindo à população satisfazer todas as suas necessidades, faz Silvio Santos acabar com o carnê do Baú
 
Um dos maiores símbolos do sonho de consumo dos brasileiros acabará até o fim do ano. O grupo Silvio Santos decidiu deixar de vender o carnê do Baú da Felicidade, que dá a seus portadores a oportunidade de concorrer mensalmente a prêmios — entre eles, a casa própria. A justificativa é simples: diante da oferta maciça de crédito no país, que está permitindo à população satisfazer todas as suas necessidades, incluindo a compra de um imóvel, o carnê deixou de seduzir a clientela.


Há mais de 50 anos no mercado, o Baú da Felicidade ficou conhecido pela população porque tinha como “garoto-propaganda” o apresentador Silvio Santos, que começou a montar seu império como camelô. Hoje, são 35 empresas com faturamento anual próximo de R$ 5 bilhões. Os carnês sempre foram apresentados como uma forma de poupança que garantia ao detentor, ao fim do pagamento, a possibilidade de levar uma série de mercadorias para casa, sobretudo eletrodomésticos.

Aposta em lojas

Diante da nova realidade econômica do país, o grupo SS mudou a estratégia do Baú da Felicidade. Em 2006, passou a apostar em lojas de varejo com a marca Baú. Hoje, são 127 pontos de venda em todo o país, que passaram a competir com grandes lojas de departamento, oferecendo produtos para o lar por meio de crediário. Em 2009, Silvio Santos chegou a cogitar a compra da rede Ponto Frio para aumentar o negócio, mas acabou sendo atropelado por Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, que também levaria o controle das Casas Bahia.

Apesar dos quase três anos em que o grupo SS vem tocando o processo de encerramento dos carnês do Baú, ainda são realizadas cerca de três mil trocas mensais por produtos nas lojas da rede.CB

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