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"Capitalismo é o máximo", diz a faixa |
Anteontem vi alguns pedaços de Mulheres Ricas, já que todo mundo no Twitter só parecia falar no novo programa da Band. Não vi inteiro porque o canal pega m
al na TV de casa, e também proque é justamente no horário de Amor e Revolução, praticamente a única coisa que vi na TV em 2011.
Bom, de cara, eu não sou o público-alvo de Mulheres Ricas. As tais cinco socialites ostentam carros importados, joias, champanhe e viagens internacionais. Vejamos. Carro, pra mim, é um meio de transporte. Feito pra levar uma pessoa do trecho A ao trecho B. E que deveria ser repensado e substituído por transporte coletivo pra que possamos ter de volta cidades mais humanas. Pra mim nunca foi símbolo de statu
s. Eu mal sei distinguir um Fusca de uma Kombi. Joias? Taí um produto que desprezo totalmente. Não tenho nem orelha furada. Nunca usei; acho horroroso, pra falar a verdade. E se 10% do que é denunciado em Diamante de Sangue for verdade, deveríamos parar com essa besteira de “diamonds are a girl's best friend”. Champanhe? Só bebo água, obrigada. Sem gás. Não engarrafada, que é pra não poluir o meio ambiente com embalagens inúteis. Não tenho problema algum em beber água de torneira, se bem que todos meus amigos de classe média garantem que vou morrer por causa disso. Sobram as viagens internacionais. Ano passado o maridão e eu passamos quinze
dias na Europa. Foi bem legal, adorei Paris, queijos e chocolates baratos. Mas, sei lá, não acho que estamos falando do mesmo padrão de andar de jatinho.
Já falei que sou de esquerda e não-consumista? Acho que nem preciso, depois dessa introdução. Eu defendo limites pra riqueza. Acho que ninguém precisa ser bilionário. Aliás, acho imoral que alguns indivíduos tenham mais dinheiro que o PIB de vários países reunidos. E nem estou pensando na África. Nos EUA, as 400 pessoas mais ricas têm mais bens que 150 milhões de americanos juntos. Sinal de um desequilíbrio monstruoso.




Mas no nosso mundo cultuamos os ricos. Há revistas dedicadas a eles, listas dos mais mais. O pessoal parece se lixar com que Bill Gates tenha um monopólio que lhe rende bilhões de dólares -– o importante é que ele faz doações! Ter uma dúzia de bilionários de “bom” coração vale mais do que ter governos que garantam justiça social. Caridade é muito mais importante que direitos!, berra o pensamento dominante.


As cinco retratadas de Mulheres Ricas negam ser ricas. Algumas disputam entre si quem é a mais endinheirada, uma diz que a outra está falida, outra que ela é melhor por ser rica de berço (sinceramente, não sei bem quem é quem, e não me interessa. Um jornalista reaça como o Guilherme Fiúza poderia namorar qualquer uma delas, e eu acharia coerente).


Imagine se o programa se chamasse Homens Ricos. Seria totalmente diferente -– e muito mais respeitado. Aí poderíamos fingir que homens ricos sim trabalham e merecem ter a fortuna que exibem. Afinal, termos como perua e socialite só existem pra definir mulher


Do Blog Escreva Lola, Escreva.
Nada à acrescentar.
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