Atos genocidas. ou genocídio? Invasão e ocupação, ou ataques preventivos? Massacre ou reação desproporcional? Tortura ou "métodos mais duros de interrogatório"? Censura ou "Controle das informações"? Arapongagem ou "Segurança Naciona"? Xenofobia ou nacionalismo? Repressão ou "formas controladas de disputa política"? Extermínio de adversários políticos ou "desaparecimentos"? Ditadura ou "ditamole" (ou essa excrescência de "DITABRANDA")?
A mídia do país do carnaval, brinca com o idioma, como se estivese redigindo um roteiro de novela, uma peça de teatro de quinta categoria, ou uma "letra" de música funk.
Apelam ao fato lamentável de o "povo não ter memória", ou somente manifestar uma memória recente, para distorcer fatos que remontam a mais tempo do que o último capítulo da novela. Transformam um regime arbitrário, corrupto na sua essência e práxis, totalitário, assassino e realmente terrorista, numa fantasia, nessa tal de "Ditamole", desculpem, "Ditabranda".
Definem a dita como "dura" ou "mole" (branda), pelo número de pessoas exterminadas?, Pelo número de cidadãos expulsos do país? Pelo número de cidadãos torturados, ou seria pela intensidade das torturas? Pelo número de vozes silenciadas? Pelo número de direitos civis caçados da noite para o dia? Pela duração do regime? Se foi um o tirano foi um único homem ou se revezaram vários?
Levanto essas questões, porque o panfleto político que se intitula jornal, Folha de São Paulo, acaba de inventar o termo "Ditabranda", em analogia ao golpe civil-militar de 1964, e aos anos que se seguiram, que são conhecidos por anos de chumbo.
Ao comentar, de forma parcial, tendenciosa e partidária enrustida, o referendo vencido pelo presidente Venezuelano Hugo Chavez, o panfleto proferiu o seguinte escárnio à memória, não só dos exilados, torturados, mortos, "desaparecidos" e seus familiares, mas da História Brasileira:
"Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente."
Direitos como o do Hábeas-Corpus, haviam sido cassados, a inviolabilidade dos lares não mais existia, qualquer lacaio da ditadura poderia efetuar prisões, em qualquer lugar, em qualquer horário, sob qualquer pretexto. E esse panfleto atreve-se a falar em "acesso à justiça"? Bom, nesse caso sou obrigado a concordar com Platão, quando afirmou que a "justiça nada mais é, do que a conveniência do mais forte." Obviamente que a família Frias, tinha acesso a "justiça", ou nem precisava. Essa era a forma "controlada de acesso à justiça", a que se refere o panfleto.
"...preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política..." Não havia disputa política, essa era a forma controlada. O "novo jeito de decretar, fingindo ser democrático". Foram autorizados o funcionamento de dois partidos políticos, a ARENA e o MDB, partidos que eram popularmente conhecidos como o "partido do sim" e o partido do "sim senhor". Todos os demais foram proscritos, e se fosse um militante de esquerda, meu caro, farias parte das estatísticas (que na época, por motivos óbvios, não eram divulgadas). Essa era a "forma controlada de disputa política", mais um eufemismo cretino de uma casta, comprometida com quem lhe deu poderes, ou mais poderes ainda.
De opiniões adaptáveis a quem mais paga, eufemismos e metáforas distorcidas vive essa imprensa, retrógada, partidária enrustida, que faz de opiniões reportagens, e de reportagens opiniões. Porque não fazem como alguns tablóides estadunidenses e tornam explícitas suas posições políticas?
A resposta é muito simples, cairia a máscara de "noticiosos", de informativos, e até mesmo um leitor assíduo da Folha perceberia que eram simples opiniões de classe, travestidas de reportagens, de jornalismo.
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