sábado, 28 de fevereiro de 2009

Meias palavras e sentenças inteiras.

Recebi um informativo da Agência Carta Maior, onde figurava um texto que fazia comparações entre a forma como foram "noticiadas' as declarações de Roberto Jefferson a respeito da existência (até hoje não comprovada), de um "esquema" de corrupção, baseada no pagamento de propinas a entes políticos, episódio denominado por Jefferson, de "mensalão", e as denúncias feitas pelo PSOL, contra a governadora tucana Yeda Rorato Crussius, no mesmo jornal (o Folha-Ditabranda-de-São-Paulo).

É um absurdo como num simples título, o PIG (Partido da Imprensa Golpista), transforma as vítimas em carrascos, e os carrascos em vítimas.

O texto segue na íntegra abaixo:

Contra PSDB, jornais exigem provas
Por Rodrigo Vianna

Em 2005, Roberto Jefferson deu uma entrevista exclusiva à Folha, em que lançava dezenas de acusações contra o governo federal. Foi nessa entrevista, também, que Jefferson cunhou a expressão "Mensalão".

Vocês se lembram da manchete da Folha de S. Paulo na época? Não? Então, relembremos:

"PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson".

Agora, comparemos com o título da última sexta-feira (20/02/2009 - no "pé" da primeira página da Folha), sobre a denúncia do PSOL de Luciana Genro contra Yeda Crusius, governadora do PSDB:

"Sem provas, PSOL acusa tucanos de corrupção no RS".

Por que este "sem provas" tão cuidadoso, no título da última sexta-feira (20/02/2009)? Por uma questão de isonomia, o correto seria "Governo tucano tem corrupção e caixa dois, diz PSOL".

Por que o mesmo "sem provas" não apareceu na manchete quando Jefferson deu sua entrevista?

Hum...

Bem, talvez para a Folha, Jefferson valha mais do que o PSOL. Gosto não se discute. Ou, mais provável: qualquer denúncia contra o partido de Serra (o editorialista preferido da família Frias) merece todo cuidado! Por que a sigla "PSDB" não aparece nem na primeira página, nem na manchete de página interna?

(Isso me lembra a cobertura da Globo, na reta final da eleição de 2006. Os aloprados que tentaram comprar o dossiê contra Serra eram "petistas". O Freud Godoy era "petista". Na hora de falar de Abel Pereira, um sujeito que intermediaria negócios na gestão de Barjas Negri (PSDB) no Ministério da Saúde, aí ninguém falava em "governo do PSDB". A fórmula era: "ministro no governo anterior".)

Mas, voltemos ao caso da corrupção no Rio Grande do Sul. A denúncia é gravíssima. E já há um cadáver. Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda Crusius, apareceu morto no Lago Paranoá, em Brasília. Ele deveria ter uma reunião com o Ministério Público Federal em Brasília, logo após o Carnaval.Hum, hum...

Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura? Eu imagino: "Ex-assessor petista aparece morto em Brasília". Seria manchete semana inteira, com matéria na Veja, e editorial na Folha.

Nota do blogueiro: Nem só de financiamentos milionários de empresas com interesses escusos vive uma candidatura de direita, mas de torpes manipulações midiáticas, que através de um simples título, dos termos e da disposição desses na frase, invertem o ônus da prova, em qualquer situação, à que lhes convém.

Seguindo essa linha, temos um erro crasso, no caso da matéria do "mensalão", ROBERTO JEFFERSON ACUSOU, MAS LULA E O PT, TERIAM DE PROVAR O CONTRÁRIO. É, o título da matéria da capa da "Bolha de São Paulo", subverteu a lei. Mas tudo com os mais nobres motivos: Fo... com o PT e Lula, dando chances ao tucano Alckmin, no pleito que se seguia.

Agora a coisa é bem diferente: Como quem acusa é "inimigo", e a acusada, pertence ao partido da "Bolha", a notícia vem com mel. Praticamente, desqualifica a acusação, embora nenhum membro do governo acusado tenha questionado judicialmente as manifestações do PSOL.

Parabéns ao Rodrigo Viana, pelo "furo".

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