Texto extraído do blog La Vieja Bruja, de Marcelo Duarte:
Poucos argumentos políticos poderiam ser tão inconsistentes quanto o do progressista Otomar Vivian, chefe da Casa Civil do novo jeito de governar, a fim de desqualificar o acolhimento do pedido de impeachment da governadora tucana Yeda Crusius pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ivar Pavan (PT), protocolado na Casa pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais:
- "O prejuízo é enorme à imagem do Rio Grande do Sul, não só nacionamente como internacionalmente. Temos tratativas com organismos internacionais, inclusive com o próprio Banco Mundial, já com negociações andando. Isso naturalmente gera uma relação com o Estado que todos vão começar a reexaminar até muitos investimentos".
Ele mais ou menos quis dizer que Ivar Pavan, um agente público com responsabilidades perante a Constituição Federal, antes de obedecer ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) - que determina que cabe aos presidentes dos Poderes Legislativos estaduais examinar as condições mínimas de admissibilidade dos pedidos de cassação a eles dirigidos -, deveria ter pensado na imagem pública que o RS tem diante de investidores privados em potencial.
Disso se segue que, mesmo que estivesse o deputado petista diante das maiores evidências possíveis de corrupção, deveria, antes, ter priorizado a "imagem" do estado, seja lá o que isso signifique para um investidor.
A pergunta é inevitável:
De que imagem falas, cara-pálida?
Como diz o vulgo, o filme do estado está queimado. Ou torrado, como preferirem.
O escândalo do Detran ocorreu no primeiro ano de governo de Yeda Crusius, que não conversou mais com seu vice desde a primeira semana em que foi de mala e cuia para o Palácio Piratini, onde desfraldou uma bandeira de cabeça para baixo quando tomou posse, logo depois tomado por amigos imaginários, fantasmas e bebês japoneses.
Recentemente, depoimentos lidos em Plenário pela presidente da CPI da Corrupção dão conta que a troca da Fatec pela Fundae como prestadora de serviços ao Detran - fato que deu origem a uma reorganização no esquema criminoso montado a partir da autarquia, uma vez que Ferst estaria sendo "pouco profissional", donde a necessidade de o escantear - foi autorizada pessoalmente por Yeda Crusius, e que a própria governadora teria dividido os valores da propina em uma planilha.
A governadora é alvo de uma ação civil pública de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal, de uma CPI, pela Assembleia, e de um processo de impeachment, movido pelos servidores públicos gaúchos e aceito pelo presidente do Poder Legislativo.
Crianças são alfabetizadas em escolas de lata e o estado tem o maior número de óbitos no Brasil por conta da gripe causada pelo vírus Inluenza A H1N1, sendo que o país é o líder mundial em mortes pela referida gripe.
Agentes públicos sob suas ordens diretas executam deprimentes movimentos corporais de forma ritmada em locais públicos, ameaçam e chantageiam presidentes de autarquias e devassam vidas públicas através de escutas e de investigações documentais sem autorização judicial.
A polícia militar, sob seu comando, espanca mulheres e crianças ligadas a movimentos sociais, assassina pelas costas um trabalhador rural e reprime com violência ativistas políticos ligados aos movimentos bancário e estudantil.
O custo de seu propalado déficit zero é a ausência total de investimentos públicos e uma dívida em dólares de 30 anos com um organismo internacional, e tudo isso para comprar um avião capaz de conter seu ego, embora falte gasolina para viaturas da polícia Civil e da Brigada Militar.
Com que imagem, mesmo, Otomar Vivian está preocupado? Que imagem ele quer preservar?
Otomar Vivian, muito pelo contrário, deveria mesmo era se preocupar com a imagem de quem pretende vir para cá. Sua resposta a esses investidores deveria já estar na ponta da língua:
- "Procurem um estado onde o chefe do Poder Executivo não seja réu".
Simples assim.
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