segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Os "pacificadores" e o deserto da memória



O texto abaixo foi extraído do blog RS URGENTE, de Marco Aurélio Weissheimer. Este texto, explica de forma bem clara, a estratégia dos partidos das coligações de ocasião do Estado, cujo paradigma norteador é o Anti-Petismo:

Por que o presidente da República está proibido de apoiar candidaturas nas eleições municipais e os governadores estão liberados para manifestar tal apoio? Se o presidente é presidente de todos, independente de partido, o mesmo se aplica aos chefes dos executivos estaduais. O argumento é rigorosamente o mesmo. Não é o que pensa o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB). Em entrevista ao jornal Zero Hora (12/10/2008), Fogaça volta a defender a isenção presidencial na disputa municipal: “Considero o presidente Lula um estadista, que manterá posição de imparcialidade. Ele será justo no processo”.


O argumento que vale para Lula não vale para a governadora Yeda Crusius. Fogaça recebeu esta semana o apoio de Yeda e não argumentou que ela deveria ser imparcial. Não que o apoio de Yeda signifique um reforço para a campanha de Fogaça. Pelo contrário, o tema foi tratado com discrição até porque, dias antes, o vice de Fogaça, José Fortunatti (PDT), disse que não queria a presença da governadora na campanha do segundo turno. Mas fica evidente a falácia apresentada por Fogaça como um discurso republicano.


Outra falácia esgrimida pelo prefeito na entrevista consiste em afirmar que “Porto Alegre está pacificada”: “É uma cidade que não é mais dividida em dois blocos, o do governo e o dos que estão contra ele”.


Aqui, Fogaça requenta um discurso utilizado por Rigotto na campanha de 2002. A oposição ao PT no Estado gosta de usar as palavras “arrogância” e "autoritarismo" para definir o estilo petista. Mas o que dizer de forças políticas que simplesmente não suportam que seu principal adversário no Estado governe? Quando o PT está no governo, vive-se uma “guerra permanente”. Quando sai o PT ocorre uma “pacificação”. Quando o PT está no governo, há “guerra e ideologia”. Quando não está, há “paz e gestão técnica”. Rigotto, em 2002, Fogaça, em 2004, e Yeda, em 2006, repetiram esse discurso e seguem repetindo.


Segundo Fogaça, hoje, Porto Alegre “é uma cidade que não é mais dividida em dois blocos, o do governo e o dos estão contra ele”. Ou seja, há um só bloco, o do seu governo. E o PT é que é arrogante, ideológico e autoritário. Para completar a falsificação, Fogaça acusa o PT de querer “manipular” o Orçamento Participativo. O OP, que os partidos que apóiam Fogaça e Yeda, combateram sistematicamente quando de sua implementação. O OP, uma das terríveis criações do período em que Porto Alegre estava “em guerra”. A pacificação apregoada por Fogaça é a paz do cemitério da memória e da história.


Esse discurso falsário e mentiroso é o alimento que nutre as escolhas políticas dos “pacificadores”. Nas últimas décadas da história política do RS, esses partidos sempre estiveram juntos. Estiveram juntos no governo Britto e na escolha pelas privatizações de empresas públicas gaúchas. Estiveram juntos no combate ao OP e ao Fórum Social Mundial. Estiveram juntos aqui no Estado sustentando o governo Fernando Henrique Cardoso e suas políticas que apostaram nas teorias do Estado mínimo, das vantagens da globalização financeira e da desregulamentação do mercado como fator de desenvolvimento. Estão juntos agora no governo Yeda Crusius, que retoma essas idéias sob a máscara do “novo jeito de governar”. Sempre estiveram do mesmo lado procurando “pacificar” o Estado e acabar com a “divisão em dois blocos”. O objetivo, como confessou o prefeito, é que haja um só bloco, “plural e democrático” (sic).


Nenhum comentário: