Da Folha de São Paulo de ontem:
Lobão defende período ditatorial no Brasil
AGNALDO BRITO
AGNALDO BRITO
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu hoje 9ontem) num evento em São Paulo o regime militar no Brasil, que comandou com punho forte o país entre os anos de 1964 a 1985, quando o governo voltou às mãos civis.
Lobão é um dos principais ministros do atual governo, no qual fazem parte hoje alguns dos ex-presos políticos no período militar. Entre os nomes mais importantes do governo Lula está a atual ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Dilma foi presa e torturada durante o período militar. Hoje, Lobão a substitui à frente do ministério de Minas e Energia.
Segundo Lobão, o governo daquele período não pode ser taxado como uma ditadura. "Ditadura mesmo foi com o Getúlio [Vargas]", disse durante um discurso de quase uma hora para empresários paulistas. "Era um regime de exceção, autoritário com [uma] Constituição Democrática que fazia eleições regularmente", afirmou.
Durante 20 anos, o país foi comandado por presidentes da república escolhidos entre os militares e também não havia eleições para os governos estaduais e para as principais capitais. No parlamento, um terço do Senado era "biônico".
Noutro trecho do discurso, no qual defendeu o governo militar, disse: "Foi um momento em que o Brasil reencontrou seu futuro, sua vocação para o desenvolvimento." Numa rápida coletiva de imprensa, Lobão preferiu não voltar ao tema. Apenas reafirmou que um governo ditatorial só ocorreu mesmo no período do presidente Getúlio Vargas.
Ele citou várias vezes o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979).
Lobão foi deputado federal pela Arena e depois pelo PDS (posteriormente PFL e agora DEM), entre 1978 e 1982. É um homem público da linhagem política de José Sarney. Foi governador do Maranhão entre 1991 e 1994. Antes de assumir o ministério de Minas e Energia, em janeiro deste ano, havia migrado do DEM para o PMDB.
Nota do blogueiro. O governo Lula precisa rever com urgência seus critérios para a escolha de ministros. O título desse post pode ser utilizado como sugestão de anúncio de vaga, com algumas alterações básicas como: "conhecimento da área de atuação".
O Ministro faz por merecer o apadrinhamento político que tem, José Sarney, ex-ARENA, PDS, que brilhantemente migrou para o PMDB antes da anunciada derrota dos partidários da ditadura no colégio eleitoral que escolheu Tancredo Neves para a Presidência da República.
As afirmações do Ministro de que não houveram torturas e assassinatos no "Período de Exceção", vão de encontro a todos os movimentos que lutam pelo reconhecimento dessas, o julgamento dos responsáveis por esses atos, e o crescente clamor por justiça em todos os países latino-americanos que passaram por ditaduras militares.
Provavelmente a justificativa do Ministro, para o sem-número de cadáveres sem identificação encontrados em covas rasas do Cemitério de Perus (SP), reconhecidos como sendo de militantes torturados e assassinados pela ditadura, devem ser fósseis, de períodos pré-históricos. Os inúmeros depoimentos de torturados (inclusive o da Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Russef), amigos e familiares dos mortos, devem ser um caso de alucinação coletiva, o segundo na História, já que alguns também afirmam que não ocorreu extermínio de judeus na 2ª Guerra Mundial.
Convenhamos Ministro, deverias voltar às salas de aula, agora que não são tecnicistas como as que foram criadas durante a ditadura militar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário