Está em curso no Brasil uma campanha maciça e forte contra o delegado Protógenes Queiroz. O objetivo é aliviar o lado do bandido banqueiro Daniel Dantas, fazendo-o passar por vítima de um “endoidecido” (segundo a expressão do ex-presidente FHC), ou seja, de um endemoniado, um possesso, alguém que deveria arder no fogo do inferno, para todo o sempre.
É assim mesmo, quando a razão sai por uma porta, entra pela janela o Sobrenatural de Almeida – como diria Nelson Rodrigues. Se pela razão e pelo Direito não se pode salvar a pele de Dantas, pela desqualificação e a desconstituição pública através do apelo a imagens terríveis e supranaturais talvez se possa pelo menos anular o seu denunciador mais destemido.
O jornal Zero Hora, mostrando a má-fé de uma manchete (acima), se filia aos partidários de Torquemada e associados do bandido-banqueiro. O plural do vocábulo “fazenda” passa a idéia de que Protógenes é mesmo um incendiário enlouquecido, quando o próprio corpo do texto, informa que não, que o correto delegado está incentivando a ocupação de terras do mais novo latifundiário brasileiro, o indizível Daniel Dantas, e apenas deste.
Aliás, os crimes que imputam a Protógenes – investigação ilegal, escutas não-autorizadas, arapongagem criminosa, etc. – são os mesmos que o ex-ouvidor da Secretaria de Segurança da governadora Yeda denuncia como prática corriqueira no setor público estadual. Ainda não escutei nenhuma vestal da direita guasca condenar os excessos cometidos pela arapongagem de bombachas.
Acaso estarei eu, ficando surdo? Ou os que guardam o fogo sagrado da moral e da ética maragata estão - por ora - de férias?
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