Por Leonardo Sakamoto.
Um rapaz que trabalhava em uma empresa de call center em Goiânia pediu danos morais na Justiça do Trabalho por ter que solicitar autorização para o chefe toda vez que queria ir ao banheiro. Segundo ele, quando havia uma demanda grande de ligações, os trabalhadores eram impedidos de ir ao toalete sem uma justificativa.
O caso chegou até o Tribunal Superior do Trabalho (TST). A 7a turma da corte decidiu esta semana que – no caso das operadoras de telemarketing - um chefe que limita a ida de um empregado ao banheiro solicitando explicações não comete dano moral contra a imagem ou intimidade da pessoa.
Ou seja, alguém ter que se sujeitar a dizer “Chefe, vou ter que ir ao banheiro para fazer cocô por conta de uma feijuca que comi ontem e não me caiu bem. E olha… talvez não será a única vez” está dentro dos padrões de normalidade.
Ao avaliarem que não era caso para dano moral, os ministros confirmaram a decisão de instâncias anteriores. O ministro Guilherme Caputo Bastos ressaltou a necessidade do controle do uso do toalete. Segundo ele, do contrário, haveria desorganização no local de trabalho. Ah, sim! Afinal de contas, todos sabemos que o banheiro é o point social das empresas.
Qual dos operadores apertados atende melhor: o que está prestar a fazer um “número 1” ou o que está no limite de um “numero 2”? É claro que há situações em que ocorrem abusos por parte de empregados que querem simplesmente trabalhar menos que o combinado em contrato. Mas me pergunto se não existem outras formas de coibir isso do que coagir alguém a ter que dar a razão por estar indo ao banheiro.
A cereja do bolo foi a declaração do ministro Ives Gandra Martins Filho, relator do caso: “Pelo tipo de trabalho há uma necessidade de rapidez no atendimento, hoje há uma multa para a empresa que demora mais de 30 segundos para atender, então é necessário que haja um controle”.
Ou seja, como a empresa é pressionada por lei a atender o público com um mínimo de qualidade, o trabalhador deve arregaçar a camisa (e manter a calça ou saia no lugar) para tornar isso possível. Contratar mais gente, nem pensar.
Nota do blogueiro:
Sacos de urina utilizado pelos servos da Quest
Apresento a solução perfeita aos Calls Centers, às linhas de produção automatizadas, e a todas as empresas que dependem da agilidade e disposição total de seus poucos trabalhadores, para potencializar seu já "potente" lucro, sem gastar dinheiro à toa com mais servos:
Ponham um "urinol", "penico", ou "comadre" como se diz no pampa, ao lado do local de trabalho de cada empregado. Na hora que a coisa apertar, ele "arria" por ali mesmo. Claro, um empregado terá de ficar o dia todo recolhendo a merda dos demais, mas o motivo é nobre, seu patrão ficará ainda mais rico.
Antes que eu esqueça, a idéia não é original, foi copiada de uma empresa de comunicação dos Estados Unidos, chamada Qwest que obrigou seus trabalhadores a utilizar sacos de urina enquanto estivessem trabalhando. A idéia veio mais para o sul e na Colômbia, empresas que beneficiam flores, puseram saquinhos, pendurados nas máquinas, onde os funcionarios podem se "aliviar" sem deixar o posto de trabalho. Tomara que, ao reproduzir a idéia estadunidense eu não tenha de pagar pelos direitos autorais.
Não é uma prática nova. Muitas fábricas, especialmente no interior, onde os "poderes" são mais omissos, os sindicatos (pelêgos) amaciados pelo poder local, e a fiscalização leva anos para descobrir que a cidade existe.
E assim nossas elites continuam recebendo subsídios governamentais para não fechar as portas, demitem boa parte dos seus quadros, e os demais, são submetidos a todo o tipo de privação, até mesmo a esses absurdos, para manter a produção, e é claro, os lucros. E todo o sistema corrobora com essas sacanagens.
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