
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Racismo manifesto do Governador de Roraima

quarta-feira, 29 de abril de 2009
Entrevista com um tucano: "É hora de privatizar o Banco do Brasil"

Na edição de 22 de abril de 2009 da revista Veja, à página 76, li uma matéria produzida pelo exministro Maílson da Nóbrega com o título em epígrafe, mantenho-o aqui para fomento ao debate.
Tomo esta liberdade de debate por ter participado da discussão de privatização dos bancos públicos brasileiros, através da análise de relatórios elaborados por consultorias internacionais, com o apoio
de analistas brasileiros, os quais propunham a privatização do BB. Esses relatórios continham erros conceituais, erros de cálculo e afirmações equivocadas, sendo por mim completamente desacreditados.
Inicialmente, neste trabalho, acredito que seja necessário abordarmos a evolução recente da políticamonetária e o mercado financeiro, notadamente o de crédito, e, após, analisarmos o Banco do Brasil
neste contexto.
A Política Monetária no Brasil
O mercado financeiro brasileiro, ainda na atualidade, é fortemente influenciado pelas ações do Plano Real, de 1994. Naquele ano, para reduzir a taxa de inflação vigente no Brasil, conseqüência da forte emissão monetária realizada pelo governo federal, passou-se, em seu lugar, a fazer-se a emissão de títulos da dívida pública brasileira para cobertura dos déficits fiscais.
Em decorrência, a maior receita das instituições bancárias, o floating, desapareceu. Para evitar o colapso do sistema financeiro brasileiro, as autoridades monetárias resolveram aumentar substancialmente as taxas de juros reais, tanto básicas quanto nas operações de crédito, em substituição às receitas de floating, a seguir. Apenas para realce desta afirmação, o crescimento das receitas de serviços foi insuficiente para cobrir as perdas das receitas de floating.
Assim, a afirmação do Maílson de que “...já não existe falha de mercado...” é inadequada aos fatos.
Existe uma enorme falha de mercado fomentada por políticas monetárias, exercidas nestas últimas décadas no Brasil, de forma completamente equivocada, que geraram esta atual dependência do
setor bancário brasileiro a elevadas taxas de juros.
É importante ressaltar, ainda, que não é apenas o setor bancário que está dependente de elevadas taxas de juros. O setor industrial e o setor comercial geram, também, parte de sua rentabilidade em ganhos financeiros, cabe comentar que esta dependência de rentabilidade produziu anomalias de mercado nas quais empresas consistentes com um volume de produção real e efetivo, produziram perdas substanciais em razão de ganância financeira, mas este é um outro assunto.
Portanto, essa enorme falha de mercado exige a participação ativa de instituições públicas no fomento do mercado de crédito e de capitais, ou podemos imaginar que os bancos privados venham a reduzir suas taxas de juros sem ações públicas? A atual crise econômica internacional é um claro exemplo desta exigência. Basta pensar o que seria dos atuais tomadores de recursos financeiros sema participação do Banco do Brasil e dos demais bancos públicos. Em setembro de 2008 a participação do Banco do Brasil no mercado de crédito bancário era de 17,55% e em dezembro de 2008 foi de 18,26%. Ou seja, quando o mercado parou a instituição que manteve a economia funcionando foi o BB.
O Mercado de Crédito
Também em decorrência da equivocada política econômica, implantada há décadas neste país, temos um dos menores níveis de crédito sobre o PIB, atualmente em 42% contra níveis superiores a 100% na maioria dos países desenvolvidos e emergentes. Grande parte da pobreza deste país
advém, assim, da baixa oferta do mercado de crédito.
participação do Banco do Brasil e dos bancos públicos?
266%.
O maior problema que vejo no texto do ex-ministro é o pressuposto de que os Bancos Públicos são úteis somente para sanar falhas de mercado. Depois de aproximadamente 30 anos trabalhando quase que exclusivamente no setor, permito-me discordar.
Para citar apenas um exemplo, o volume de investimentos do BB nas ações de DRS chegaram, em 2008, a quase R$ 5,0 bilhões, atendendo 1,2 milhões de famílias - desconheço ações de outros bancos destinadas a este tipo de atendimento. Alguém pode dizer, “mas isso não é função de um banco”, ocorre que se esta ação for realizada exclusivamente como política pública não dignifica o cidadão, não o inclu socialmente, não gera movimento econômico e tão pouco desenvolvimento - veja do que estamos falando, um banco misto, que gera um resultado que pode ser aplicado emfunções de desenvolvimento; esta ação não onera o erário com a necessidade de destinação de recurso especial nem tão pouco prejudica o resultado do Banco, que por ser misto e não exclusivamente orientado ao lucro pode operar, em algumas operações, com rentabilidade menor.
Os bancos mistos, de algum modo, podem ser vistos como uma tendência de comportamento empresarial. Há uma discussão em torno da função das empresas na economia, que em tempos de crise econômica mundial, ganha coro e força: para que servem as empresas? Para gerar bens e
serviços? Para desenvolver produtos que preencham as necessidades das pessoas? Para gerar lucro? E este lucro deve ser gerado a que preço? Em tendência, como uma nova linha de conhecimento no campo da gestão, discute-se de modo premente e talvez urgente, a necessidade de as empresas se orientarem sim ao lucro, mas não de qualquer modo, não gerando custos ambientais ou sociais às comunidades circunvizinhas, preferencialmente deixando de usar o termo externalidade como se fosse algo quanto ao que nada se pode fazer. E porque os bancos mistos
representam essa tendência? Porque eles já cumprem este papel.
A inexistência de bancos públicos no ambiente internacional não deve nos preocupar, as economias já mostraram de modo suficiente que são capazes de gerar soluções originais e eficientes, ainda que sejam únicas.
A discussão que se apresentou, com a indicação de que o governo pretende utilizar o BB e a Caixa Econômica Federal para reduzir os juros do sistema bancário, ganha um ar desnecessariamente policialesco, pois todo o sistema financeiro mundial está trabalhando nesta linha e não se trata de uma medida popular, mas de instrumentalização para ampliação do crédito, fonte geradora de movimento econômico e estabilização da economia, com conseqüente redução das taxas de juros.
Mais do que sanar falhas de mercado, os bancos mistos tem a função de mostrar caminhos, estabelecer tendências, indicar e construir a direção que pode ser perseguida pelas demais instituições. Sua presença na economia não é apenas necessária, mas vital. Não é hora de privatizar
o BB, e talvez possamos dizer que esta hora não vai chegar, pois o Brasil precisa de desenvolvimento econômico e crescimento do bem estar social.
Efeitos da manipulação genética desordenada, e visando lucros mais fáceis.
Um exemplo claro e pouco divulgado pela mídia tradicional, é o da chamada, doença da Vaca Louca. A Encefalopatia Espongiforme Bovina, surgida em países europeus, pelo fato de que os criadores, alimentavam seu rebanho com ração de à base de carne. Vacas comendo carne? Uma alteração muito simples, e aparentemente inofensiva, mas sem nenhum estudo anterior à aplicação do método.
Abaixo segue texto extraído do blog Diário Gauche, do qual se extrai uma relação entre o modo de produção empresarial de alimentos, com a chamada gripe suína:
O nome da gripe é Smithfield Foods

Pedaço da ARENA defende Gilmar Mendes

Rodrigo Maia
Presidente Nacional do Democratas"
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Recuerdos.

Carta de Porto Alegre
Vírus.

Quartiero é um devastador convicto
O fazendeiro Paulo César Quartiero, maior produtor rural instalado no interior da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, decidiu adotar a política da terra arrasada. Insatisfeito com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a sua saída daquela área até quinta-feira, ele está disposto a não deixar nada em pé. Nenhuma casa, galpão, curral, rede de eletricidade, sistema de irrigação, nada que possa ser utilizado pelos índios, que, na sexta-feira, devem tomar posse das duas fazendas que ele possui naquela área.
Ontem à tarde, na Fazenda Depósito, que fica a cerca de 170 quilômetros da capital, Boa Vista, a movimentação era intensa. Carretas enormes e fechadas deixavam a fazenda levando o rebanho da raça canchim que Quartiero possui, com quase cinco mil cabeças. Em outra parte, grupos de peões retiravam telhas, portas, esquadrias, estruturas metálicas, enfim, todo o material que pode ser aproveitado em outra obra. Logo atrás deles, vinha uma enorme retroescavadeira, derrubando paredes e revolvendo pisos (foto).
Quartiero é o maior produtor de arroz irrigado de Roraima, com índices de produtividade que se aproximam dos obtidos nos Estados do Sul.Ele também planta soja e cria gado. Mas não possui títulos legais das terras que começou a ocupar como grileiro, no final dos anos 70. De acordo com as leis do País, ele não tem direito a indenização pelas terras nas quais investiu pesadamente, devendo receber apenas pelas benfeitorias. Mas, ele contestou o valor avaliado pelo governo e se recusou a receber a primeira parcela depositada. A decisão de destruir tudo, cria um novo atrito com a Justiça e com o governo.
Técnicos da área ambiental que estiveram em sua fazenda o acusam de ter destruído matas ciliares, áreas de preservação permanente, além de ter poluído os rios. As multas chegam a R$ 36 milhões. Comentando sua saída, Quartiero disse: "Perdemos. Mas vamos sair de cabeça erguida. Quem vai ficar aqui são os fundamentalistas da Igreja Católica (numa referência ao Conselho Indigenista Missionário), a serviço dos interesses internacionais." As informações são do jornal Estadão.
Nota do blogueiro: O latifúndio não está acostumado à derrotas. E essa foi histórica. Esses seres (gafanhotos, vírus, empreendedores)sempre tiveram suas demandas atendidas prontamente por governos submissos às suas bancadas legislativas.
É de se esperar que as reações a uma derrota sejam dessa forma, travessa, infantil, mas terrivelmente devastadora.
E um posseiro, praticante dos crimes ambientais descritos no texto de Cristóvão Feil, ainda vai ser indenizado, pelas benfeitorias que deliberadamente destruiu.
Já passou da hora de rever os critérios, tanto de retirada desses invasores, como de desapropriação de imóveis improdutivos, que está se tornando um bom negócio pro latifúndio falido.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Oito Ministros assinam nota de apoio a Gilmar Mendes, desses, seis trabalham para ele.
O texto é assinado por oito dos 11 ministros do STF: Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúci e Menezes Direito.

"Mário de Oliveira (23/04/2009 - 21:04)
Você já entrou no site do IDP - Instituto Brasiliense de Direito Público, que é de propriedade do Ministro Gilmar Mendes?
Entre os professores desse instituto estão os senhores Eros Roberto Grau, Marco Aurélio Mendes de Faria Mello, Carlos Ayres Britto, Carlos Alberto Menezes Direito e a senhora Cármen Lúcia Antunes Rocha (cinco Ministros do Supremo). Ou seja, alguns dos Ministros do Supremo também são funcionários, empregados, prestadores de serviço ou contratados, seja lá como possa ser definida legalmente, a relação deles com o IDP do Presidente do Supremo. Também está na relação o Ministro Nelson Jobim.
Será que não estariam ética e moralmente impedidos de se manifestarem acerca do entrevero Joaquim Barbosa X Gilmar Mendes? Nesse caso, não há conflito de interesses já que de alguma maneira os citados têm relação com Presidente do Supremo que envolve remuneração?
Ps do site: O comentarista não notou, mas o senhor Cezar Peluso trabalha para Gilmar e é também ministro do STF".
*O texto acima é de Mario de Oliveira, publicado no site Vi O Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha:
Agora pergunto aos meus quatro fiéis leitores: Quem, em sã consciência, e querendo manter o "bico" na escolinha, não assinaria a nota de apoio ao patrão?
Enquanto o Público for visto como uma forma de "ganhar um extra" de contemplar a voracidade, os desejos e prazeres privados, teremos um país de joelhos, frente a uma "elite branca, de olhos azuis", que quer diminuir o Estado, para que ele possa caber em seus cofres privados. Estaremos sujeitos às decisões mais absurdas, com vistas à manutenção da "ordem atual das coisas", da máquina, do "jeitinho".
E não teremos realmente uma república.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Eleição de Dilma seria simbólica para democracia brasileira, diz 'Le Monde'
"Imaginemos o Dilma representa: uma mulher, pela primeira vez presidente, oito anos depois da eleição de um operário", justifica o diário.
Em um artigo que traça o perfil e a trajetória política da ministra, o Le Monde a apresenta como a ex-militante radical de esquerda que hoje tem a reputação de "dama de ferro" e que é a mais provável candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições presidenciais do ano que vem.
Mais no site da BBC Brasil
Quem investiga o que foi dito no Supremo?
O embate, mostrado no vídeo acima, ocorreu ontem à tarde, em sessão do Supremo Tribunal Federal. O Ministro Joaquim Barbosa, foi as turras com o Supremo Presidente, Gilmar Mendes. No meio dessa discussão surgiram temas interessantes, como as atitudes de Mendes, que estariam denegrindo a imagem do judiciário brasileiro, a superexposição midiática desse e seus capangas no Mato Grosso.
Temas que deveriam ser explorados, pois tratam-se de acusações, proferidas contra a maior autoridade judiciária do país. Deveriam questionar, discutir, debater o que Mendes estaria fazendo que pode denegrir a imagem do judiciário. Investigar a existência dos tais capangas, se existem, que tipo de aividade desnevolve o Supremo Presidente, que necessitaria de capangas. O que ocorre em Diamantino, feudo da família Mendes.
Mas pelo que vi no PIG o texto de Luis Carlos Azenha, acerta em cheio:
Por que a mídia e Gilmar vão mudar de assunto rapidinho
*Por Luiz Carlos Azenha
Se um editor de jornal marciano desembarcasse hoje no Brasil e assistisse ao vídeo do bate-boca entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa com certeza faria algumas perguntas:
1. O que originou o bate-boca?
2. É fato que Gilmar Mendes está arruinando a imagem da Justiça brasileira?
3. É fato que Gilmar Mendes prefere os holofotes da mídia às ruas?
4. Quem são os "capangas" de Gilmar Mendes em Mato Grosso?
Assim sendo, o editor marciano arregimentaria seu exército de repórteres verdes para investigar. Além de ouvir as duas partes e mais os colegas de ambos, os repórteres ouviriam também gente como o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, a procuradora Janice Ascari, o juiz Fausto De Sanctis, e os juristas Wálter Maierovitch e Dalmo Dallari, entre outros.
Apesar de ser jornalista em início de carreira, o marciano gostaria de checar as informações publicadas pela revista CartaCapital sobre o empresário Gilmar Mendes, bem como considerar se elas configuram conflito de interesses. Ele, marciano, também investigaria se de fato Gilmar Mendes mandou tirar do ar, via prepostos, uma entrevista com o autor da reportagem, Leandro Fortes, feita pela TV Câmara.
O marciano despacharia um de seus repórteres verdes para visitar Diamantino, em Mato Grosso, para investigar se o afastamento do prefeito que faz oposição à família Mendes na cidade, pela Justiça Eleitoral, baseou-se em fatos ou foi uma decisão política.
Nosso visitante alienígina analisaria as carreiras de Gilmar e de Barbosa, bem como as eventuais ligações deles a algum projeto político.O marciano buscaria saber se existe base factual que justifique as acusações de Gilmar Mendes de que foi alvo de escuta ambiental e grampo telefônico, para os quais não existe áudio. As denúncias foram veiculadas na capa da revista Veja e resultaram no afastamento do delegado Paulo Lacerda da Agência Brasileira de Inteligência.
Não há qualquer indício factual de que Paulo Lacerda tenha monitorado o presidente do STF ou de que o delegado Protógenes Queiroz tenha feito isso a pedido de Lacerda.
De posse de todo esse material, nosso editor esverdeado faria fortuna se conseguisse publicá-lo na mídia brasileira.
Que é, justamente, onde reside o problema.Para a mídia corporativa brasileira, Gilmar Mendes não é empresário. Não é co-partícipe, ainda que involuntariamente, da farsa dos grampos sem áudio. Não adianta, em entrevistas, seus votos em questões em julgamento no STF. Não mandou tirar do ar a entrevista de Leandro Fortes.
Quase todos os fatos acima relatados foram simplesmente OMITIDOS pela mídia de seus leitores e telespectadores.
Ora, para explicar os motivos por trás do bate-boca entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, a mídia seria obrigada a fazer o que não fez até agora: informar.
Por isso, tanto ela quanto Gilmar Mendes vão mudar de assunto rapidinho.
Ou atribuir o bate-boca ao comportamento "destemperado" de Barbosa, como já faz o blogueiro Josias de Souza.
Em outras palavras, confundir para não explicar.
Nosso jornalista marciano só conseguirá publicar sua reportagem em Marte.
*Luiz Carlos Azenha é jornalista e editor do sítio Vi o Mundo http://www.viomundo.com.br
Isso se não houver alguma afiliada da Globo em Marte.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Racismo no dos outros é refresco...

sábado, 18 de abril de 2009
"Botaram ordem no feudo".
- Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney…

sexta-feira, 17 de abril de 2009
Eric J. Hobsbawn fala sobre alternativas.
Socialismo fracassou, capitalismo quebrou: o que vem a seguir?

Eric Hobsbawm - The Guardian
Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, o deslocamento do mercado livre para a ação pública deve ser maior do que os políticos imaginam. O século XX já ficou para trás, mas ainda não aprendemos a viver no século XXI, ou ao menos pensá-lo de um modo apropriado. Não deveria ser tão difícil como parece, dado que a idéia básica que dominou a economia e a política no século passado desapareceu, claramente, pelo sumidouro da história. O que tínhamos era um modo de pensar as modernas economias industriais – em realidade todas as economias -, em termos de dois opostos mutuamente excludentes: capitalismo ou socialismo.
Conhecemos duas tentativas práticas de realizar ambos sistemas em sua forma pura: por um lado, as economias de planificação estatal, centralizadas, de tipo soviético; por outro, a economia capitalista de livre mercado isenta de qualquer restrição e controle. As primeiras vieram abaixo na década de 1980, e com elas os sistemas políticos comunistas europeus; a segunda está se decompondo diante de nossos olhos na maior crise do capitalismo global desde a década de 1930. Em alguns aspectos, é uma crise de maior envergadura do que aquela, na medida em que a globalização da economia não estava então tão desenvolvida como hoje e a economia planificada da União Soviética não foi afetada. Não conhecemos a gravidade e a duração da atual crise, mas sem dúvida ela vai marcar o final do tipo de capitalismo de livre mercado iniciado com Margareth Thatcher e Ronald Reagan.
A impotência, por conseguinte, ameaça tanto os que acreditam em um capitalismo de mercado, puro e desestatizado, uma espécie de anarquismo burguês, quanto os que crêem em um socialismo planificado e descontaminado da busca por lucros. Ambos estão quebrados. O futuro, como o presente e o passado, pertence às economias mistas nas quais o público e o privado estejam mutuamente vinculados de uma ou outra maneira. Mas como? Este é o problema que está colocado diante de nós hoje, em particular para a gente de esquerda.
Ninguém pensa seriamente em regressar aos sistemas socialistas de tipo soviético, não só por suas deficiências políticas, mas também pela crescente indolência e ineficiência de suas economias, ainda que isso não deva nos levar a subestimar seus impressionantes êxitos sociais e educacionais. Por outro lado, até a implosão do mercado livre global no ano passado, inclusive os partidos social-democratas e moderados de esquerda dos países do capitalismo do Norte e da Australásia estavam comprometidos mais e mais com o êxito do capitalismo de livre mercado.
Efetivamente, desde o momento da queda da URSS até hoje não recordo nenhum partido ou líder que denunciasse o capitalismo como algo inaceitável. E nenhum esteve tão ligado a sua sorte como o New Labour, o novo trabalhismo britânico. Em suas políticas econômicas, tanto Tony Blair como Gordon Brown (este até outubro de 2008) podiam ser qualificados sem nenhum exagero como Thatchers com calças. O mesmo se aplica ao Partido Democrata, nos Estados Unidos.
A idéia básica do novo trabalhismo, desde 1950, era que o socialismo era desnecessário e que se podia confiar no sistema capitalista para fazer florescer e gerar mais riqueza do que em qualquer outro sistema. Tudo o que os socialistas tinham que fazer era garantir uma distribuição eqüitativa. Mas, desde 1970, o acelerado crescimento da globalização dificultou e atingiu fatalmente a base tradicional do Partido Trabalhista britânico e, em realidade, as políticas de ajudas e apoios de qualquer partido social democrata. Muitas pessoas, na década de 1980, consideraram que se o barco do trabalhismo não queria ir a pique, o que era uma possibilidade real, tinha que ser objeto de uma atualização.
Mas não foi. Sob o impacto do que considerou a revitalização econômica thatcherista, o New Labour, a partir de 1997, engoliu inteira a ideologia, ou melhor, a teologia, do fundamentalismo do mercado livre global. O Reino Unido desregulamentou seus mercados, vendeu suas indústrias a quem pagou mais, deixou de fabricar produtos para a exportação (ao contrário do que fizeram Alemanha, França e Suíça) e apostou todo seu dinheiro em sua conversão a centro mundial dos serviços financeiros, tornando-se também um paraíso de bilionários lavadores de dinheiro. Assim, o impacto atual da crise mundial sobre a libra e a economia britânica será provavelmente o mais catastrófico de todas as economias ocidentais e o com a recuperação mais difícil também.
É possível afirmar que tudo isso já são águas passadas. Que somos livres para regressar à economia mista e que a velha caixa de ferramentas trabalhista está aí a nossa disposição – inclusive a nacionalização -, de modo que tudo o que precisamos fazer é utilizar de novo essas ferramentas que o New Labour nunca deixou de usar. No entanto, essa idéia sugere que sabemos o que fazer com as ferramentas. Mas não é assim.
Por um lado, não sabemos como superar a crise atual. Não há ninguém, nem os governos, nem os bancos centrais, nem as instituições financeiras mundiais que saiba o que fazer: todos estão como um cego que tenta sair do labirinto tateando as paredes com todo tipo de bastões na esperança de encontrar o caminho da saída.
Por outro lado, subestimamos o persistente grau de dependência dos governos e dos responsáveis pelas políticas às receitas do livre mercado, que tanto prazer lhes proporcionaram durante décadas. Por acaso se livraram do pressuposto básico de que a empresa privada voltada ao lucro é sempre o melhor e mais eficaz meio de fazer as coisas? Ou de que a organização e a contabilidade empresariais deveriam ser os modelos inclusive da função pública, da educação e da pesquisa? Ou de que o crescente abismo entre os bilionários e o resto da população não é tão importante, uma vez que todos os demais – exceto uma minoria de pobres – estejam um pouquinho melhor? Ou de que o que um país necessita, em qualquer caso, é um máximo de crescimento econômico e de competitividade comercial? Não creio que tenham superado tudo isso.
No entanto, uma política progressista requer algo mais que uma ruptura um pouco maior com os pressupostos econômicos e morais dos últimos 30 anos. Requer um regresso à convicção de que o crescimento econômico e a abundância que comporta são um meio, não um fim. Os fins são os efeitos que têm sobre as vidas, as possibilidades vitais e as expectativas das pessoas.
Tomemos o caso de Londres. É evidente que importa a todos nós que a economia de Londres floresça. Mas a prova de fogo da enorme riqueza gerada em algumas partes da capital não é que tenha contribuído com 20 ou 30% do PIB britânico, mas sim como afetou a vida de milhões de pessoas que ali vivem e trabalham. A que tipo de vida têm direito? Podem se permitir a viver ali? Se não podem, não é nenhuma compensação que Londres seja um paraíso dos muito ricos. Podem conseguir empregos remunerados decentemente ou qualquer tipo de emprego? Se não podem, de que serve jactar-se de ter restaurantes de três estrelas Michelin, com alguns chefs convertidos eles mesmos em estrelas. Podem levar seus filhos à escola? A falta de escolas adequadas não é compensada pelo fato de que as universidades de Londres podem montar uma equipe de futebol com seus professores ganhadores de prêmios Nobel.
A prova de uma política progressista não é privada, mas sim pública. Não importa só o aumento do lucro e do consumo dos particulares, mas sim a ampliação das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das capacidades de todos por meio da ação coletiva. Mas isso significa – ou deveria significar – iniciativa pública não baseada na busca de lucro, sequer para redistribuir a acumulação privada. Decisões públicas dirigidas a conseguir melhorias sociais coletivas com as quais todos sairiam ganhando. Esta é a base de uma política progressista, não a maximização do crescimento econômico e da riqueza pessoal.
Em nenhum âmbito isso será mais importante do que na luta contra o maior problema com que nos enfrentamos neste século: a crise do meio ambiente. Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, significará um deslocamento de grande alcance, do livre mercado para a ação pública, uma mudança maior do que a proposta pelo governo britânico. E, levando em conta a gravidade da crise econômica, deveria ser um deslocamento rápido. O tempo não está do nosso lado.
Artigo publicado originalmente no jornal The Guardian
Tradução do inglês para o espanhol: S. Segui, integrante dos coletivos Tlaxcala, Rebelión e Cubadebate.
Tradução do espanhol para o português: Katarina Peixoto
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Tudo o que o PSOL queria
Amparada pelo PSDB nacional, a governadora Yeda Crusius prepara uma forte reação aos episódios recentes envolvendo seu governo. Líderes nacionais do partido vêm demonstrando preocupação com os sucessivos fatos negativos envolvendo a administração tucana no Estado e temem que eles respinguem na candidatura da sigla à Presidência em 2010. Yeda e o vice-presidente nacional do partido, deputado federal Claudio Diaz (PSDB/RS), se reúnem amanhã, no Piratini. Segundo o parlamentar, serão decididas 'questões importantes' relativas ao governo do Estado. O encontro entre Yeda e Diaz foi acertado ontem, em Brasília, onde ela participou de seminário do partido. Yeda também conversou com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, e com o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal.
Diaz admite que a rede política do governo Yeda está 'fragmentada'. 'Está na hora de juntar os pedaços. O governo deve ter a consciência das suas fragilidades.' O parlamentar reafirma a fidelidade da executiva nacional à governadora. 'A executiva está ao lado dela. Os partidos que não concordarem com as nossas ações (do PSDB) que saiam da base', ataca.
Nota do blogueiro: É difícil de acreditar que um advogado, um vereador e uma deputada federal, fariam uma denúncia vazia, sem ter nenhum tipo de evidência, ou sem saber de onde essas poderiam sair.
O PSOL afirma que o Ministério Público Federal teria áudios e vídeos, que comprovariam a pilantragem do governo do Estado. Se Yeda realmente processar aqueles que a denunciam, podem acabar solicitando as gravações como prova.
Quanto mais esse governo se mexe, mais ele prova que, sangra lentamente, agoniza, espera por seu termo.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
As jornadas de Abril. MST em campanha contra o latifúndio.

terça-feira, 14 de abril de 2009
Entrevista de Noam Chomsky
O trecho abaixo, extraído do site da agência Carta Maior, é de uma entrevista de Noam Chomsky, à The Real News Network, na qual debate questões relacionadas à crise, as medidas tomadas pelos governos até agora e alternativas reais à bancarrota.
Em entrevista à The Real News Network, Noam Chomsky defende as nacionalizações nos Estados Unidos e que as empresas nacionalizadas sejam administradas democraticamente. "Com a participação de conselhos de trabalhadores, da organização da comunidade em reuniões, discussões nas quais são delineadas as políticas". Chomsky defende também que, no atual contexto de crise, os sindicatos "são um dos poucos meios que permitem ao povo comum reunir-se, fazer planos e influenciar as escolhas públicas."
Por razões de espaço, publico apenas o trecho acima e o link, para a leitura integral, vale a pena.
Dois anos de cadeia para quem algemar Daniel Dantas de novo.
O tal pacote, que pretende "agilizar a ação do judiciário", apresenta algumas maldades (para nós, o gado), e benesses aos bandidos de colarinho branco.
Vamos usar um pouco da memória recente, não aquela que só lembra do último capítulo da novela, mas dos fatos que ocorreram com a prisão de Daniel Dantas, no auge da operação Satiagraha, conduzida pelo delegado Protógenes Queiroz, que pela ousadia, deve tirar umas "férias na Sibéria".
Escutas telefônicas autorizadas judicialmente, investigações sigilosas, colaboração entre as agências de segurança federais, e, enfim, um banqueiro, um "super-ultra-mega-maxi-investidor" (adoro quando a imprensa se rasga pra "adoçar" um parasita desses) e um ex-prefeito vão pra cadeia, algemados, expostos ao escárnio público, como se fossem reles ladrões de galinha, de pão, de itens para churrasco, de margarina, ou um simplório traficantezinho.
Um banqueiro branco de olhos azuis, algemado e preso, não poderia acabar bem, no País do Carnaval.
Além dos "Dantescos Hábeas-Corpus-Relâmpagus", ajeitados pelo Supremo Presidente do Supremo, uma série de medidas vem sendo tomadas, sistematicamente, para evitar que esse tipo de coisa horrenda ocorra novamente, no País do Futebol.
Não vou mencionar o arranjo da "imprensa" (o PIG de novo), que acabou invertendo o resultado da operação, punindo o investigador e libertando o criminoso, que seria vítima de uma máquina de fazer inveja à KGB.
Medidas como a tentativa de disciplinar o uso de escutas telefônicas, restringir o uso de algemas (só pra pobre mesmo), e a utilização da prisão temporária e a exposição "indevida" de presos (alguém pode acabar pensando que no Brasil se prende banqueiros brancos de olhos azuis, e isso é feio), vem sendo "debatidas" desde então.
E, de uma hora pra outra, surge o tal acordo assinado pelos três poderes onde constam exatamente essas medidas. Protinho. Banqueiro branco e de olhos azuis, não pode ser investigado, ter seus telefones grampeados, seus advogados devem saber "a quantas anda" a investigação em curso e, se com tudo isso ainda for preso (essa é boa), não pode ser algemado, exposto ao público com um reles ladrãozinho, e é claro, contará com toda a agilidade, que a Justiça ganhará com esse "pacto".
Abaixo texto extraído do Blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, no qual detalha esse "Pacto dos Lobos":
Essa história de apressar a Justiça.
.“Quadro vergonhoso” das prisões
- é tudo para passar mel no porrete.
. O que vem por aí é uma forma de vergonhosa capitulação do presidente Lula (o Legislativo não conta, como se sabe …) ao Supremo Presidente do Supremo, Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat. Trata-se de um conjunto de medidas que beneficiará os criminosos do colarinho branco e dificultará a ação dos agentes da Lei.. Sob a capa de proteger os presos das prisões vergonhosas e fazer a Justiça andar mais rápido, se escondem medidas como:
. Impedir uso exagerado (sic) de algemas, exposição indevida de presos e excessos de CPI.
. Impedir que o telefone de branco e rico como Daniel Dantas seja grampeado.
. O Supremo poderá intervir com facilidade nos Estados.
. O Supremo poderá punir rapidamente juízes desaforados como Fausto De Sanctis.
. Esse é o pacto mui justamente chamado de “republicano” – a república brasileira da minoria.
. Foi um “pacto republicano” desse tipo que Nelson Mandela rasgou depois que cumpriu a “prisão perpétua” na prisão de Robben ….
Paulo Henrique Amorim
sábado, 11 de abril de 2009
sexta-feira, 10 de abril de 2009
A vitória do MST sobre o MPE e o governo tucano do RS

ESCOLAS ITINERANTES VITORIOSAS
Governo Estadual e Ministério Público derrotados no Plenarinho O Plenarinho da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul esteve lotado na Audiência Pública da Comissão de Educação de 7/4/2009, que discutiu o “Termo de Ajustamento e Conduta (TAC)”, de responsabilidade da Secretaria da Educação e do Ministério Público Estadual, e que pretende desmantelar as escolas itinerantes do MST. Eis o relato:
A defesa do TAC nada teve de pedagógica, foi política
A representante da SEC na Audiência Pública, Sonia Balzano, questionou o convênio com o MST que mantém as escolas itinerantes, alegando a impossibilidade de supervisão e a precariedade das escolas, que não apresentam condições para receber os alunos. Estudar em barracas de lona e taquara não é um problema para os filhos dos sem terra dos acampamentos, por que faz parte da sua realidade. No entanto, a SEC cai na contradição, porque está introduzindo, na rede pública estadual, as insalubres e desumanas “escolas de lata”.
Gilberto Thums, Procurador de Justiça do Ministério Público Estadual, mostrou-se agressivo com a platéia, motivando uma vaia que moderou a sua atitude. Criticou a natureza da escola itinerante. Para ele “as escolas só andam, quando o MST tem que invadir alguma área de terra e nelas “as crianças são condenadas a seguir o modelo de vida dos pais”. Disse que acabar com a escola itinerante representará o fim do MST.
O Procurador do MP não está preocupado com educação e, sim, com a política, e política de direita. É um inimigo declarado do MST e da reforma agrária e, desde algum tempo, vem tentando, com o apoio da grande imprensa local, colocar este movimento na ilegalidade.
A defesa das escolas itinerantes foi pedagógica
O depoimento de Elizabeth Witcel, Ivanete Tonin e Cícero Marcolan, participantes das escolas itinerantes e do MST, é de que estas escolas surgiram da luta pela terra e tem 12 anos de história. Seis mil crianças passaram pelos seus bancos. É de 2002 o contrato que estava em vigor. A Escola Estadual Nova Sociedade é a escola base. Ali está sediado o acompanhamento pedagógico e estão guardados os diários de classe e a documentação.
As escolas estão abertas à fiscalização da SEC e podem receber estagiários. As crianças dos sem terra tem o direito de estudar e é a escola itinerante que permite isto. A luta pela terra é itinerante e a escola também precisa ser, para impedir a desarticulação da família camponesa, a verdadeira intenção do Termo de Ajustamento de Conduta (Esta expressão não poderia ser mais autoritária.). A escola, para os filhos dos sem terra, tem que respeitar a realidade e a cultura do camponês.
As escolas itinerantes possuem base legal
A lei garante que a criança deve estudar na proximidade de onde mora. Apenas para exemplificar, em São Gabriel, com o TAC, as crianças foram colocadas em escolas distantes 80 quilômetros em relação às suas moradias. A Prefeitura Municipal local, como outras, não tem condições de garantir o transporte escolar.
Segundo Cecília Farias, Presidente do Conselho Estadual de Educação, o TAC não tem base legal para sustentar o fim das escolas itinerantes. O Artigo 81 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional diz que é “permitida a organização de cursos ou instituições de ensino experimentais”. O Artigo 26 orienta que “Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”.
Wanessa Sechin, representante do MEC, explicou que o Artigo 28 da LDB define que “Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região”. O inciso I define “conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos das zonas rurais”. O Inciso II fala de “organização escolar própria” e o III fala em “adequação à natureza do trabalho na zona rural”. O TAC é que é ilegal.
O levantamento das escolas itinerantes, que não conseguiu captar a dimensão desta realidade, foi feito pela Brigada Militar, que não tem competência pedagógica para isto. Típico do atual governo.
Renderam-se no final
Na sua manifestação final, Gilberto Thums admitiu ter sido sensibilizado por alguns dos depoimentos e disse estar disposto a rediscutir o TAC e a abrir espaço para a participação de outros procuradores e para a nova direção do MP, recentemente escolhida. Repetiu o argumento de alguns, de que deveria ser buscada uma saída agregadora para as escolas itinerantes. Recuou radicalmente do seu discurso direitista.
Sonia Balzano, a representante da Secretária Mariza, tentou encerrar a sua participação sem se posicionar sobre a reconsideração da situação das escolas itinerantes, mas foi instada pelo plenário a se manifestar, quando admitiu a possibilidade de mudança no TAC. Admitiu também não saber a quantidade de crianças presentes nas escolas itinerantes.
Foi importante a contribuição dos deputados Raul Pont (PT), Stela Farias (PT), Dionilso Marcon (PT), Paulo Azeredo (PDT) e Marisa Formolo (PT), que além de defenderem as escolas itinerantes, denunciaram as escolas de lata; a precarização de professores e funcionários através da contratação emergencial; a suspensão dos concursos públicos; a tentativa de transformar em prisões, as escolas públicas fechadas e a interferência administrativa e pedagógica das fundações de natureza empresarial nas escolas públicas estaduais, área onde o Ministério Público nunca se preocupou em fazer uma investigação.
Sabemos que uma batalha vitoriosa não é suficiente para decidir a nosso favor a guerra que é movida pela direita contra as escolas itinerantes. A ameaça voltará. A mobilização e a unidade das forças populares é a saída para resistir à opressão.
As crianças deram a última palavra
O Procurador Gilberto Thums declarou na imprensa do dia 8 de abril, que recuou de sua posição original para “sair vivo de lá. Eram 500 contra 1”. Uma paranóia. No Plenarinho não cabem mais do que 200 pessoas. A verdade é que o Procurador recuou, porque ficou sem argumentos e foi derrotado. Mais, demonstrou sentir-se assim. Quando diz que está sendo perseguido ideologicamente, esquece-se que desencadeou uma perseguição ideológica ao MST, às escolas itinerantes e às esquerdas em geral. De qualquer forma, em momento algum a sua integridade física foi ameaçada. A não ser que tenha temido a proximidade das crianças.
Quem esteve no Plenarinho no dia 7 de abril sabe como foi decisiva a presença daquelas 70 crianças das escolas itinerantes, que lá estiveram presentes, de forma organizada e pacífica, postando-se a poucos metros da mesa, às vezes com os braços nela apoiados, ou sentadas no chão, espreitando curiosas e vigilantes aqueles que querem tirar o seu direito de estudar.
*Em 8/4/2009
CLOVIS OLIVEIRA (Secretário Geral do CPERS-Sindicato e participante do CEDS – Centro de Estudos e Debates Socialistas)
*Texto extraído do blog Dialógico.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
A história ainda cobrará caro de FHC por ter institucionalizado o crime organizado no centro do jogo político brasileiro.
Quando FHC saiu do governo, escrevi o artigo "Uma obra de arte política", descrevendo a habilidade da sua estratégia de governabilidade - e o desperdício de não ter sido utilizada para um plano de desenvolvimento amplo.
A estratégia consistia em cooptar chefes regionais com migalhas do poder, mantendo incólumes os pilares centrais do governo.Mas esta era apenas a perna conhecida do modelo criado por FHC.
A peça central, obscura, era o controle estrito sobre o Ministério da Fazenda e toda a estrutura debaixo dele - Banco Central, CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Secretaria da Receita Federal (SRF).Não se tratava apenas de manter o controle técnico sobre a economia.
Era nesses ambientes que se fortalecia a perna oculta do sistema de poder que estava sendo montado: a criação de um modelo sistêmico de aliança com o crime organizado (de colarinho branco), que se expandia na indústria de offshores, de bancos de investimentos, de gestores de recursos.
A maneira como Gustavo Franco autorizou as operações do Banco Araucária, os leilões da dívida pública (sempre com dúvidas sobre sua transparência), o caso emblemático do Banco Santo - desde 1994, um banco quebrado que, mesmo assim, enviava centenas de milhões de dólares para o exterior, com autorização do Banco Central - e, especialmente, o caso Opportunity, demonstravam uma ampla cumplicidade entre autoridades e transgressores. A estrutura de fiscalização do Estado ficou totalmente imobilizada pelas ordens que emanavam do centro do comando financeiro do governo.
O controle do Estado
Em entrevista que concedeu ao Terra Magazine, FHC definiu a Satiagraha como uma luta pelo controle do Estado. Estava completamente certo.
Quando o PT assumiu o poder, seguiu ao pé da letra a receita de FHC - tanto nos acordos fisiológicos inevitáveis, quanto na tentativa de cooptação desses grupos barras-pesadas.Esse trabalho foi conduzido por dois estrategistas políticos de Lula, José Dirceu e Antonio Palocci. Palocci atuava especialmente através do Conselhinho (o Conselho que julga os recursos dos agentes financeiros) e da CVM - nas gestões Marcelo Trindade e Cantidiano. Livra-se o Banco Pactual de autuações severas por crimes fiscais, livra-se Dantas por crimes de lavagem de dinheiro e de desobediência às regras cambiais brasileiras, permite-se que o Banco Santos se torne o maior repassador de recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) em uma leniência sistemática.
O Opportunity passa a financiar Delúbio Soares, através da Telemig Celular e Amazonia Celular. Palocci tornou-se próximo de André Esteves, do Banco Pactual. E o BC mantinha olhos fechados para os crimes de lavagem de dinheiro.
O Sistema Brasileiro de Inteligência
Esse esquema começa a esboroar não apenas com o chamado escândalo do "mensalão", mas pela iniciativa histórica do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de montar o Sistema Brasileiro de Inteligência, de forma paralela com o que ocorre em outros países, quando os Estados nacionais se organizam para enfrentar a internacionalização do crime organizado.
Nesse momento, começa a ruir o modelo de governabilidade baseado na aliança com o crime organizado. Com o Sisbin, o funcionário do BC não responde mais à sua diretoria, mas a uma estrutura superior e interdepartamental. O mesmo ocorre com outros funcionários da área econômica. O controle imobilizador acaba.
Sentindo que o processo era inevitável, e escaldado pelo "mensalão", Lula dá ampla liberdade para o aparato do Estado se organizar.Pela primeira vez, o Estado começa a cumprir suas funções e os funcionários públicos a se libertar das amarras impostas por esse pacto espúrio. Aumenta a colaboração com as forças internacionais anticrime, surgem as grandes operações combinadas de combate ao crime organizado.
Fiscais da Receita passam a conversar com a Polícia Federal, a Coaf troca informações com o Ministério Público, a ABIN é acionada. E dessa integração começa a nascer a esperança de uma mudança estrutural não apenas no combate ao crime organizado, como na redemocratização do Estado e no aprimoramento do jogo político.Era inevitável o choque com a estrutura de poder montada.
O ovo da serpente já estava incubado, eram muito profundas as ligações entre o crime organizado, estruturas de mídia, instâncias do Judiciário, Congresso Nacional, Executivo. O país havia se criminalizado.Pior, criminalizou-se com status.
Chefes de quadrilha passam a ser tratados como brilhantes executivos, aproximam-se de grupos de mídia, ajudam na capitalização de alguns deles.Um dos fatores que leva à inibição do crime é a condenação social do criminoso, a não aceitação de sua presença nos círculos sociais. Por aqui, Daniel Dantas continuou a ser aceito por praticamente todas as lideranças políticas. O ato comprovado de tentar subornar um delegado não mereceu a condenação explícita de ninguém.
Pelo contrário, Dantas é elogiado pelo mentor máximo da oposição, FHC, e defendido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.É essa lógica vergonhosa, para nós brasileiros, que explica toda a ofensiva para desmontar o Sistema Brasileiro de Inteligência.
Mudanças irreversíveis
A questão é que o mundo mudou. O crime organizado de colarinho branco tornou-se ameaça mundial, combatido por todos os países civilizados. A Internet rompeu com a barreira da informação. Pode custar mais ou menos, mas será impossível ao país não se curvar à grande onda anticrime que se seguirá à queda da economia global.
Algumas vezes critiquei a superficialidade de FHC, sua incapacidade de perceber os ventos, os grandes fatores de transformação que permitissem lançar o país rumo ao desenvolvimento. Bobagem minha! Seu foco era outro.
É por isso quem para ele, Protógenes é amalucado e Dantas é brilhante.A história ainda cobrará caro de FHC por ter institucionalizado o crime organizado no centro do jogo político brasileiro.
Nota do blogueiro: Excelente texto do Nassif, mas a máfia reage, com o triunvirato mídia golpista, capital privado e politiqueiros de aluguel. A "máquina" é tão viciada, que vi uma cena absurda hoje, da CPI que a revista VEJA criou e prorrogou: No noticiário global noturno, várias figuras se revezavam para discursar e questionar o delegado sobre os métodos cruéis e desumanos que foram utilizados na operação Satiagraha (afinal prenderam um banqueiro, branco e de olhos azuis). Sobre supostos grampos, que só a VEJA, Gilmar Mendes e o DEMOstenes Torres conhecem. Mas nenhuma menção aos crimes investigados, às ações parasitas dos elementos presos (até a intervenção da "máquina"). Nada, nada, nada. Não interessa a ninguém.
Ou melhor, interessa o fim do investigador, a descaracterização dos crimes, e a manutenção da "máquina", que não pode ter seus membros presos, por qualquer "amalucado".
Não foram mudanças tão profundas, que possam ser consideradas irreversíveis. Basta por outro tucano no poder, que desanda tudo de novo, a "máquina" se fortalece, e a máfia dos colarinhos brancos, retoma o que sempre considerou seu.