sexta-feira, 24 de abril de 2009

Oito Ministros assinam nota de apoio a Gilmar Mendes, desses, seis trabalham para ele.

"Os ministros do Supremo Tribunal Federal que subscrevem esta nota, reunidos após a Sessão Plenária de 22 de abril de 2009, reafirmam a confiança e o respeito ao Senhor Ministro Gilmar Mendes na sua atuação institucional como presidente do Supremo, lamentando o episódio ocorrido nesta data", destaca a nota.
O texto é assinado por oito dos 11 ministros do STF: Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúci e Menezes Direito.
*Texto extraído do site http://www.jusbrasil.com.br/.

Nota do Blogueiro: Logo após o encerramento da "tumultuada" sessão do STF, na qual o Ministro Joaquim Barbosa acusou o Supremo Presidente do Supremo, Gilmar Mendes, de "desmoralizar a justiça brasileira", A turma do "deixa disso" foi convocada por Mendes, para uma reunião à portas fechadas, sem a presença de Barbosa.
O resultado foi a nota postada acima.
Sabemos que Gilmar Mendes é um dos proprietários de um instituto de "educação jurídica" em Brasília, o IDP, Instituto Brasiliense de Direito Público. Conhecemos o histórico desse instituto, como foi criado, para que foi criado e com o que foi criado (din-din da onde?). Agora temos também a lista dos empregados da "escolinha do professor Gilmar Mendes" ("print screen + paint" abaixo):

"Mário de Oliveira (23/04/2009 - 21:04)

Você já entrou no site do IDP - Instituto Brasiliense de Direito Público, que é de propriedade do Ministro Gilmar Mendes?

Entre os professores desse instituto estão os senhores Eros Roberto Grau, Marco Aurélio Mendes de Faria Mello, Carlos Ayres Britto, Carlos Alberto Menezes Direito e a senhora Cármen Lúcia Antunes Rocha (cinco Ministros do Supremo). Ou seja, alguns dos Ministros do Supremo também são funcionários, empregados, prestadores de serviço ou contratados, seja lá como possa ser definida legalmente, a relação deles com o IDP do Presidente do Supremo. Também está na relação o Ministro Nelson Jobim.

Será que não estariam ética e moralmente impedidos de se manifestarem acerca do entrevero Joaquim Barbosa X Gilmar Mendes? Nesse caso, não há conflito de interesses já que de alguma maneira os citados têm relação com Presidente do Supremo que envolve remuneração?

Ps do site: O comentarista não notou, mas o senhor Cezar Peluso trabalha para Gilmar e é também ministro do STF".

*O texto acima é de Mario de Oliveira, publicado no site Vi O Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha:

Agora pergunto aos meus quatro fiéis leitores: Quem, em sã consciência, e querendo manter o "bico" na escolinha, não assinaria a nota de apoio ao patrão?

Enquanto o Público for visto como uma forma de "ganhar um extra" de contemplar a voracidade, os desejos e prazeres privados, teremos um país de joelhos, frente a uma "elite branca, de olhos azuis", que quer diminuir o Estado, para que ele possa caber em seus cofres privados. Estaremos sujeitos às decisões mais absurdas, com vistas à manutenção da "ordem atual das coisas", da máquina, do "jeitinho".

E não teremos realmente uma república.

Um comentário:

marcosomag disse...

STF e o Poder Judiciário como espetáculo.

Original em:http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2009/04/445417.shtml

Por Marcosomag.


Exibição de plenárias na televisão expõe Poder Judiciário às pressões da imprensa; exposição de diálogos privados entre Ministros do STF no julgamento da admissibilidade do suposto "mensalão" foi "faca no pescoço" que o STF aceitou passivamente; bate-boca que deveria ser intra-muros virou circo midiático.


A repercussão do bate-boca entre os Ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal foi o mais recente vexame da Corte Constitucional Brasileira; e aconteceu devido à espetacularização dos julgamentos no Poder Judiciário brasileiro, pela aceitação das pressões vindas da imprensa corporativa, inclusive pelos tribunais superiores, e pelo gosto que alguns magistrados têm pelos holofotes.

A transmissão de audiências, plenárias e julgamentos pela imprensa transformou o exercício de um dos Poderes do Estado em espetáculo. Quando do julgamento da admissibilidade ou não da denúncia contra os envolvidos no suposto "mensalão", as emissoras de televisão anunciavam com antecedência a plenária do STF, inclusive, com chamadas de seus patrocinadores para as transmissões diretas de Brasília. O mesmo acontece com julgamentos de crimes com grande repercussão popular. As câmeras são posicionadas dentro dos locais onde o Judiciário faz o seu trabalho. A solenidade que deveria ser a regra de tais acontecimentos é substituída pelos holofotes das emissoras de televisão. A Justiça é transformada em uma atração televisiva qualquer, como o "Domingão do Faustão" ou o "Programa Raul Gil".

A transmissão pela imprensa das sessões do Poder Judiciário expõe este Poder do Estado às pressões dos interesses da mídia. Um caso exemplar de como foi exercida essa pressão foi a reunião plenária do STF que julgou a admissibilidade do processo do suposto "mensalão". Os donos da imprensa são em sua grande maioria oposição ao governo do Partido dos Trabalhadores. Como a maioria dos acusados pelo suposto "mensalão" era composta de membros deste partido, a imprensa tinha interesse em que fossem indiciados pelo STF. As pressões pelo objetivo de indiciamento dos petistas eram exercidas contra os Ministros do STF de maneira indireta, com muitas matérias na imprensa buscando criar um "clamor popular" pela continuidade do processo; e direta, com seguidas entrevistas concedidas individualmente por Ministros do STF para a chamada "grande" imprensa.

Para o dia do julgamento no STF foi montada uma estrutura de imprensa para a cobertura da plenária similar a destinada aos clássicos de futebol. No dia dos debates foram fotografadas as telas de micro-computadores com diálogos entre os Ministros Ricardo Lewandowski e Carmen Lúcia. As fotos com os diálogos foram publicados no dia seguinte, na capa do jornal "O Globo", da cidade do Rio de Janeiro - RJ. A sua publicação foi uma clara ilegalidade, pois o diálogo entre os Ministros tinha caráter privado, e o seu objetivo político era demonstrar que "estamos vendo tudo o que vocês fazem", em clara intimidação política ao Supremo Tribunal Federal. Ao invés de darem queixa na Polícia pela violação de correspondência que significavam aquelas fotos, as vítimas silenciaram. Após terminada a sessão, o Ministro Ricardo Lewandowski desabafou com alguém, pelo telefone, que o STF decidiu sobre o suposto "mensalão" com a "faca no pescoço". Se tivessem sido firmes quando da intimidação midiática tudo teria sido diferente. Agora, não adiantava nada lamentar o ocorrido.

O gosto de alguns magistrados pelos holofotes da imprensa também colabora para o "circo de mídia do Poder Judiciário", que ora assistimos. O Ministro Marco Aurélio Mello, que não perdia uma oportunidade de ser entrevistado na televisão quando era o Presidente do STF e do TSE, iniciou tal prática nas altas cortes da Justiça no Brasil. Ele gostava de fazer malabarismos com a sua voz quando falava ao rádio e às emissoras de televisão. Talvez, seja um locutor de futebol frustado. O seu sucessor na Presidência do STF, Gilmar Mendes, não tem os supostos dotes vocais do antecessor, mas também gosta muito dos holofotes. Ambos, davam e dão declarações indevidas à imprensa, na maioria das vezes. Antecipar julgamentos sobre questões que podem chegar às suas mãos no STF não é boa prática. Antigos juristas lembram que o "magistrado só fala nos autos do processo", o que não parece constranger Mello e Mendes, que continuam tagarelando pela imprensa.

Juízes são gente, como todo mundo. Gente tosse, têm inveja, e até sai na porrada quando é preciso. A diferença é que os Ministros do STF devem ser exemplos para a sociedade, e suas misérias humanas não devem ser expostas no plenário do Tribunal pela televisão, para entretenimento do Brasil. Por esta simbologia, foi lamentável que o bate-boca entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa fosse exposto ao país, com a enorme repercussão garantida pela cobertura da imprensa.

A solução é que o Poder Judiciário recuse as pressões da mídia, e proíba a sua presença nas salas onde são realizadas as sessões da Justiça. Antes que algum bobalhão venha acusar a mim de ser um "autoritário", quero lembrar que nos EUA tal fato é tradição. Os leitores devem estar lembrados de julgamentos de casos rumorosos, mesmo na Suprema Corte, onde a única "imagem" que a imprensa têm da sala de sessões é um desenho da disposição das pessoas no recinto feito por um desenhista forense contratado para este fim.

Terminarão as indesejáveis pressões de interesses particulares (os da imprensa) sobre decisões de interesse público (as do Poder Judiciário) em nosso país.