Do blog Diário Gauche, do sociólogo Cristóvão Feil:
O governo argentino prepara denúncia contra os donos dos dois principais jornais do país, Clarín e La Nación, por homicídio e cumplicidade no sequestro e nas torturas sofridas por membros da família Graiver durante a ditadura (1976-1983). A herdeira do Grupo Clarín, Ernestina Herrera de Noble (na foto, de verde), de 85 anos, já teria contra si, de acordo com o jornal portenho Perfil, um pedido de "detenção imediata" tramitando nos tribunais de La Plata, capital da Província de Buenos Aires. As informações são da agência Efe.
A denúncia - vista pela oposição como mais um sinal da perseguição política radical lançada pela presidente Cristina Kirchner contra os meios de comunicação - refere-se ao papel que os donos dos dois jornais teriam desempenhado em 1976. Na época, eles compraram a empresa Papel Prensa, que fornece matéria-prima para o Clarín e o La Nación, beneficiados por uma venda vantajosa depois que a herdeira da empresa, Lidia Papaleo Graiver, foi presa e torturada pelos militares. O marido dela, David Graiver, que teria ajudado a financiar o grupo radical de esquerda Montoneros, morreu num misterioso acidente de avião antes da transação. A versão de que os dois jornais se beneficiaram dos crimes para assumir o controle da empresa que abastece 75% do mercado interno é respaldada por Lidia, viúva de David Graiver.
O embate entre governo e imprensa cresce no momento em que a Argentina se aproxima das eleições presidenciais de 2011.
Ontem, milhares de manifestantes saíram às ruas de Buenos Aires para protestar contra a imprensa e o Judiciário. Eles pedem que os juízes da Corte Suprema apliquem a Lei de Meios, que restringe o direito de um grupo de mídia controlar mais de um veículo na mesma cidade.
Leia mais no post Papel Prensa, o fordismo nos crimes de lesa humanidade, publicado aqui neste blog DG, em 26 de agosto último.
Nota do blogueiro: O canal fechado globonews definiu os crimes de tortura e assassinato, praticados pela ditadura argentina, em conluio com essas corporações midiáticas como "irregularidades". O noticioso anunciou que o governo argentino processaria os jornais por irregularidades na compra da "Papel Prensa".
Forçar a venda pela tortura, uma irregularidade.
Nada de estranho, vindo de uma rede de televisão montada sobre os cadáveres produzidos pela última ditadura.
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