quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Banqueiros rejeitam reivindicações dos bancários




As instituições financeiras acumularam ganhos de capital médio de 26.5% no último semestre, sendo que alguns bancos atingiram índices próximos a 70% de lucro no período. Diante de tal cenário, não se poderia esperar outra coisa senão uma justa reposição, reajuste e melhoria das condições de trabalho de seus empregados.
Mas não é o que se verifica, de acordo com o e-mail que recebi da federação dos Bancários do Rio Grande do Sul e que publico na íntegra abaixo. Além de não atender as mais básicas reivindicações dos trabalhadores, a banca tenta cortar direitos históricos como o auxílio creche e vale transporte, e nem cogitam ratificar a convenção 148 da OIT, que trata da garantia do emprego.
Dessa forma vão chegar rapidamente aos 100% de lucro, penalizando duramente seus quadros funcionais.
Bancos rejeitam todas as reivindicações e ainda querem retirar conquistas
Na rodada de negociação realizada nesta terça-feira 16, os representantes dos bancos não apenas rejeitaram todas as reivindicações dos bancários sobre saúde, condições de trabalho, igualdade de oportunidades e sobre emprego, como querem retirar direitos no auxílio-creche, na aposentadoria e no vale-transporte --conquistados pela categoria em décadas de luta."Essa postura dos bancos é inaceitável nesse momento que o setor bate novos recordes de lucro, muito acima de toda a economia. É uma postura que aponta para o confronto e para a construção da greve", adverte Vagner Freitas, presidente da Contraf/CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Nesta quarta-feira 17, começam as negociações sobre as cláusulas econômicas da pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários de 2008, que incluem aumento real de 5%, PLR maior e simplificada e valorização dos pisos salariais.
Sobre saúde, tudo é rejeitado
Na rodada desta terça-feira, os banqueiros rejeitaram todas as reivindicações dos bancários relativas a saúde e condições de trabalho. As principais cláusulas discutidas foram as seguintes:Isonomia de tratamento entre bancários afastados por motivos de saúde e os ativos. É uma antiga reivindicação da categoria, mais uma vez rejeitada pelos bancos.
Eliminação de riscos nos locais de trabalho
Os bancários querem que os riscos (ergonômicos, saúde mental, assaltos etc.) sejam eliminados. E que, enquanto os riscos permanecerem, os bancos precisam pagar adicional por insalubridade e por periculosidade, proporcional ao salário - e não ao salário mínimo como é hoje. Os banqueiros rejeitaram.
Intervalo para atividades repetitivas
A reivindicação é que o intervalo de 10' a cada 50' trabalhados seja estendido a todos os bancários que exercem atividade repetitiva. Mas os bancos insistem em restringir esse direito somente aos digitadores.
Custeio de tratamentos
Os bancários reivindicam que para os trabalhadores afastados por acidente de trabalho todo o tratamento seja custeado pela empresa, inclusive o medicamentoso e as terapias alternativas. Mais uma vez, os bancos não aceitaram.
Bancos se recusam a discutir emprego
Os representantes dos bancos se recusaram na rodada de negociação desta terça-feira a discutir o emprego, alegando que esse tema de extrema importância para os bancários não faz parte da Convenção Coletiva e que essa é uma questão que diz respeito exclusivamente às empresas."Eles deixaram claro que o emprego é propriedade do empregador e que essa é uma relação exclusiva entre o bancário e seu chefe", diz Vagner Freitas. "Consideramos essa postura dos bancos atrasada e inaceitável, uma vez que pretende alijar os sindicatos dessa discussão."Em relação ao auxílio-educação, os negociadores da Fenaban também se recusaram a discutir, alegando que cada banco tem o direito de fazer o que quiser sobre o tema.Igualdade de oportunidades:
quase nada avança
Licença-maternidade de 180 dias
Os bancários reivindicaram que os bancos façam a adesão em bloco, já este ano, à lei de licença-maternidade de 180 dias aprovada pelo Congresso Nacional, que entrará em vigor em 2010. Os banqueiros alegaram que a discussão é prematura e aguardarão a lei passar a valer. E não quiseram assumir compromisso de adesão dos bancos em bloco quando a lei entrar em vigor.
Mesa temática sobre igualdade de oportunidades
Os bancos aceitaram uma mudança na redação da cláusula sobre a mesa temática que está nos acordos dos anos anteriores, de forma a possibilitar que ela seja de fato implementada. "Apesar de tímido, consideramos que foi um avanço nessa discussão, uma vez que a nova redação dará maior efetividade e legitimidade à própria mesa", avalia Arlene Montanari, diretora de Políticas Sociais da Contraf/CUT.
Isonomia de tratamento para homoafetivos
Os bancários expuseram à Fenaban as vantagens legais, convencionais ou contratuais que se aplicam aos parceiros(as) de trabalhadores(as). Vale lembrar que a possível discussão do tema havia sido negada pela Fenaban na campanha de 2007.Desta vez, os representantes dos bancos se utilizaram de um subterfúgio legal para desqualificá-lo: o tema não poderia ser levada adiante porque bate de frente com os planos de saúde que não contemplam tais benefícios para casais homoafetivos.
Promoção da igualdade de oportunidade para todos e todas
Os dados divulgados no próprio Balanço Social da Febraban no ano de 2007 mostram que o setor bancário conta com apenas 2,4% de negros(as), 11,1% de pardos(as) e apenas 1,3% de pessoas com deficiência. Este artigo foi avaliado pelo Comando Nacional dos Bancários como prioritário, principalmente no tocante à contratação de negros(as) e a ascensão profissional de mulheres, negros(as) e pessoas com deficiência, tendo em vista que na questão de gênero a contratação está praticamente equilibrada.Para os banqueiros, o Programa de Valorização da Diversidade, do qual o Mapa da Diversidade levantado recentemente é uma etapa, dará conta de resolver essas questões a médio e longo prazo.
Quanto à contratação de trabalhadores com deficiência, a Fenaban alega que o Programa de Capacitação e Inclusão de Pessoas com Deficiência no setor bancário, lançado em julho deste ano, contempla as reivindicações dos trabalhadores.
O Comando Nacional discorda de tal afirmação. Pois, apesar de atender as reivindicações em parte, possui algumas restrições, como número de vagas limitado, não adesão de todos os bancos e restrição ao tipo de deficiência (visual, auditiva e física), excluindo, por exemplo, a pessoa portadora da síndrome de dawn.
O Comando Nacional avalia que apesar de ser um programa piloto, deve ser discutido dentro da mesa temática para que seja ampliado e aprimorado.
Fonte: Contraf/CUT - Sindicato Bancários São Borja/Itaqui




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