segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Os novos paradigmas do liberalismo econômico


Adan Smith, o "pai" do liberalismo econômico, se contorceria no caixão se pudesse ver o módus-operandi de seus pupilos do século XXI. Essa ideologia política pregava a não intervenção estatal na economia, que deveria ser regulada pelas leis do mercado (oferta e procura, para resumir).

O Estado deveria manter o monopólio da força, manter-se como órgão repressor e coercitivo, organizando o fluxo dos capitais, sem jamais intervir na economia.
Tal fórmula foi levada ao pé da letra, no início do século passado, culminando no "Crash" do sistema capitalista mundial em 1929.

E quem acabou salvando o capitalismo? O Estado! John Maynard Keynes, com sua "fórmula mágica" do emprego maciço de capital estatal como fórmula para vencer a crise econômica mundial tornou-se ícone do mundo ocidental, quando se comprovou que o Estado salvara o capitalismo.

No início dos anos 90, estando o mundo, ainda, sob o estigma de Ronald Reagan, os "Sábios" da economia mundial decidiram chutar as idéias de Keynes, do cenário político mundial, requentando a fórmula da destruição do pré 1929.

Recauchutaram o liberalismo econômico, lhe deram roupa nova, injetaram algum botox e o lançaram como a panacéia da recessão mundial (que deveria existir nos sonhos de alguns deles).

E assim adentramos em uma nova era dourada de prosperidade, obviamente que de uma minoria, dos Dantas "espertos", que conseguiram tirar vantagem do desmonte dos Estados pelo mundo.

Demoliram os Estados, pegaram o que era público, construído com o suor, as lágrimas e o sangue de muitos cidadãos e enfiaram nos cofres e nas contas bancárias de um seleto grupinho de "Neo-Liberais".

O interessante é que depois de dar fim ao público, afirmar aos quatro ventos que o Estado "só atrapalha o desenvolvimento de uma sociedade livre", depois de tantos "fóruns da liberdade" (pena que não dizem pra quem, ou para que, é essa liberdade), depois de toda a putaria que foi a pilhagem do patrimônio público, surge uma nova crise, e quem vai socorrer os "neo-liberais"?

Os "Sábios de Davos" afirmam ser mais uma crise passageira, fruto da má administração de um campos específico do Mercado. Mas é mais uma convulsão cíclica do capitalismo, a necessidade da potencialização dos lucros, mesmo sem lastro, para a expansão e devora de uns por outros.

O Estado, mais uma vez tem de partir em socorro desses "idealistas", o Estado, que deveria ser demolido, para que o mercado regulasse a tudo, socorre os liberais da crise.

Refiro-me obviamente ao "socorro" estatal que o governo Bush está dando às corretoras que quebraram após o calote sofrido nos últimos anos. Quando mais uma vez, a necessidade de potencializar os lucros para investidas vorazes na concorrência. O povo, pagador de impostos que os socorram.

Mais uma vez, os "Sábios" que conduzem a economia mundial se lambuzam, no pote do lucro indiscriminado, sem limitações, sem fiscalização e sem parâmetros de sustentabilidade, até que as consequências ameaçam seus cofres e suas contas. Aí entra em ação o Estado.

Eles deveriam publicar mais obras, rever a teoria do mestre Simth, especialmente no que se refere ao Estado, que deveria servir como força policial, coercitiva e também para socorrer os liberais quando suas aventuras econômicas acabassem em "lambuzo".

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