Recebemos o boletim nº 406 da AS-PTA "Por um Brasil livre de transgênicos" e lemos o seguinte:
O jornal gaúcho Zero Hora divulgou recentemente que a Monsanto aumentou em 16,67% o valor da taxa que cobrará dos agricultores que plantarem suas sementes transgênicas Roundup Ready na safra 2008/2009.
Segundo o Zero Hora, "Após dois anos de congelamento, os royalties cobrados pela multinacional Monsanto, detentora da tecnologia Roundup Ready (RR), subiram de R$ 0,30 para R$ 0,35 por quilo na compra de semente certificada".
Entidades como a Fetag e a Farsul, que historicamente defenderam a liberação da soja transgênica, criticaram o aumento do custo e o fato de ele ter sido decidido sem conversas com o setor.
Para os produtores que usarem sementes próprias, será cobrada uma taxa de 2% sobre o valor da saca de grão vendida, conforme informou a Abrasem - Associação Brasileira dos Produtores de Sementes. A cobrança representa uma indenização à Monsanto por parte dos produtores por terem usado indevidamente sua tecnologia patenteada, ou seja, por terem multiplicado sementes.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag) afirmou que "O repasse destes custos dificultará o plantio".
A Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) estima que nesta safra 40% da área de soja no estado será plantada com semente certificada. Se considerarmos que toda essa área será transgênica, a Monsanto recolherá mais de R$ 28 milhões em royalties sobre as sementes, já aplicando o novo valor.
O aumento do valor do royalty puxará para cima também o preço da semente, que deve ficar entre R$ 1,50 e R$ 2,0/kg.
Se o restante da área de soja no Rio Grande do Sul for plantado com semente transgênica produzida pelos agricultores e produzir em média 2.400 kg/ha, a Monsanto recolherá cerca de R$ 86 milhões de indenização pelo uso das suas sementes, considerando R$ 45 a saca de 60 kg de soja. Somado a isso, o preço dos fertilizantes não pára de subir e já dobrou em um ano.
No atual cenário de crise dos alimentos, aquecimento global e fim do petróleo, o atual sistema agroalimentar deve ser urgentemente repensado.
Tanto o setor das sementes como o dos fertilizantes são altamente concentrados e transnacionalizados. Monsanto, Syngenta, Cargill, Bunge e outras poucas capitalizam lucros recordes com este cenário de crise.
Enquanto lideranças dos produtores ficarem negociando qual porcentagem de royalty é a mais "justa", os agricultores continuarão assumindo riscos cada vez maiores e sem atacar as raízes do problema.
Apesar de não lemos a ZMentira, acreditamos que a notícia citada no boletim estava escondida no meio do jornal, sem chamada de capa e sem problematização. O seu Sirotsky permitiu a sua publicação, seguindo a lógica de que não se pode mentir, escamotear, dissimular a realidade o tempo inteiro, pois uma empresa privada de mídia necessita manter certa credibilidade frente ao seu público, senão vai à bancarrota pela queda da venda de seu produto.
Arte: "Transgênico 1" de Eugênio Neves
Texto extraído do blog Dialógico.
Nota do blogueiro:
Muitas vezes o tema dos royalties, foi levantado quando o latifúndio contrabandeou sementes transgênicas, plantaram contra a Lei Brasileira, e forçaram o Governo a liberar o seu comércio. Especialistas afirmava que os produtores seriam reféns das transnacionais que detém as patentes dessas sementes.
Será que ainda mantém o discurso, de que essas declarações eram alarmistas, de ambientalistas que se opunham ao progresso?
2 comentários:
O tom dos editoriais de ZH era esse. Lembro de um em particular, que dizia q já q a soja estava aqui, apesar de contrabandeada, deveríamos relaxar e gozar. A velha história das leis q são cum pridas conforme o interesse de cada um.
O mais engraçado disso tudo, é q esses produtores botocudos pensavam q poderiam "guardar" sementes e passar a perna nas multinacionais q as produzem.
Eugênio
Postar um comentário