Passados vinte e quatro anos do fim da ditadura civil-militar, que governou o Brasil com mão de ferro, porretes, choques, estupros, banimentos e balas, um membro do alto escalão da administração federal manifesta-se favorável à punição dos agentes do Estado que praticaram esses crimes nos chamados "Anos de Chumbo".
O raciocínio do Ministro fica um tanto vago quando ele fala em "limites legais da Ditadura". Não haviam limites, a ilegalidade era o próprio regime que destituiu um presidente legalmente empossado, instaurando um regime totalitário, arbitrário e criminoso em si, não em partes ou em certas ações.
O simples fato de ter existido, deve ser considerado como uma ilegalidade, passível de julgamento, e não somente seu modus-operandi.
Os torturadores e assassinos da excrescência que foi essa ditadura devem ser julgados e punidos sim, mas não podemos deixar de lado os articuladores, executores e mantenedores do terrorismo de estado que vigorou por vinte anos no país.
Estaríamos deixando sem punição os mandantes e mandatários da política de tortura e extermíno que implantaram no país.
A iniciativa é importantíssima, no sentido de reascender o debate, parcialmente oculo pela "auto-anistia" criada pelos militares, mas não pode se perder de seu contexto histórico, político e social: O julgamento de uma ideologia assassina, que volta e meia dá sinais de vida, cada vez que se enfrenta privilégios das elites do país.
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