segunda-feira, 21 de julho de 2008

As diretrizes nazistas da "Era Do Consenso"



O escritor inglês Eric J Hobsbawn, que insurgiu-se contra a estéril e burra divisão clássica da História, ao escrever uma série de livros, que definiu como as Eras, do mundo contemporâneo.


Sua análise inicia-se com o que define de forma brilhante como a "Dupla Revolução", onde explora a realidade construída a partir da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, que somadas, deram origem aos Estados como conhecemos hoje, análise realizada no livro "A Era Das Revoluções" (1789-1848).


Em seguida Hobsbawn parte para o estudo da gênese do acúmulo de capital, gerada pelo ciclo exploratório da produção de larga escala de matérias primas para a s indústrias inglesas, tudo no livro "A Era Do Capital" (1848-1875).


Seu próximo livro "A Era dos Impérios" (1875-1914)., destaca as disputas que levaram a formação dos Estados Nacionais, ao enorme crescimento da grande indústria, que precisava de mais mercados para continuar se expandindo, alçando-se aos dominios de outras empresas, desencadeando A Grande Guerra Imperialista, em 1914.


No último livro da série "A Era dos Extremos", o Historiador avança por seus estudos sobre a Guerra Imperialista (que ele não separa em duas, mas sim, uma guerra que teria começado em 1914 e "terminado" em 1945), chegando ate o cenário da chamada guerra fria.

Se houvesse uma continuidade nessa linha, o próximo título talvez devesse ser "A Era do Consenso".

O Comunismo foi por terra com seu muro, a corrida armamentista, a propaganda ocidental e seu próprio desvio ideológico, que transformou esses Estados em uma sociedade de duas classes, como a capitalista, só que em seu topo estavam os burocratas do Partido Comunista.

Não houve mais oposição estruturada às idéias liberais, o mundo foi rapidamente se encaminhando para uma espécie de "Internacionalismo" diferente do idealiado por Marx, o "Internacionalismo do Capital". Os grandes conglomerados econômicos das potências capitalistas centrais espalharam-se pelo mundo todo, sem encontrar muita resistência. Os Estados começaram a ser minimizados, serviços básicos privatizados e como reza a cartilha liberal, o lucro impera acima de qualquer tipo de Ética.

Os grandes conglomerados midiáticos tornaram a tarefa liberal muito mais fácil, movendo-se de acordo com os interesses de quem paga mais, deram total suporte às ideias globalizantes e unificaram seu discurso. Tudo o que contrariasse as "sagradas leis do mercado", deveria ser considerado reacionário, sem espaço no novo mundo, e não raro, comunista.

Em meio a esse caos, o capital não encontra resistências ao seu avanço, grandes, e cada vez maiores bolsões de miséria garantem a sobrevida do moedor de carne humana em que o "mundo do consenso" se tornou. Aqueles que se opõem a sua marcha insana são deixados à margem dos indescritíveis prazeres da sociedade de consumo.

Assim é fácil de compreender o que quis dizer o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorin, às vésperas de mais uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), de que os países ricos estão se utilizando da política Nazista de propaganda, ilustrada pela histórica frase do ministro do Terceiro Reich Joseph Goebbels, na qual afirma que "Uma mentira repetida por mil vezes passa a ser verdade".

Amorim referia-se a política de desinformação dos países ricos, como forma de espalhar pelo mundo, uma espécie de livre-comércio, na qual seus subsídios, poderio econômico e até mesmo bélico, possa se impor sem restrições a nações, antes chamadas de terceiro mundistas, agora modernamente denominadas, nações emergentes.

Poderíamos utilizar a expressão de forma mais ampla: "uma mentira repetida por mil vezes passa a ser verdade". A política nazista de propaganda, amparada por modernas formas de comunicação em massa, direciona o mundo, rumo ao consenso, rumo ao fim da resistência, rumo ao mundo totalmente globalizado, privado, da acumulação indiscriminada da riqueza, do terrorismo de Estado e da imposição desses conceitos, como sendo naturais, o caminho da evolução, o único modelo de desenvolvimento plausível.

Como forma de ilustrar a forma como se movimentam os neo-nazistas que dirigem a economia mundial, cito o texto de José Luis Fiori, intitulado "Escopetas Não São Chocalhos", Publicado na Agência Carta Maior, sobre a reativação da IV Frota Naval Estadunidense.

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